quarta-feira, 30 de outubro de 2019

ENQUANTO AS LUTAS SACODEM A AMÉRICA LATINA... FORD FECHA FÁBRICA NO ABC SEM RESISTÊNCIA DEVIDO A PARALISIA IMPOSTA PELA BUROCRACIA SINDICAL DA CUT E DIREÇÃO LULISTA DO PT


A Ford encerra, nesta quarta-feira (30.10), depois de 52 anos, a produção de veículos na fábrica de São Bernardo do Campo, no ABC paulista. A decisão foi anunciada 8 meses antes. A unidade do ABC era uma das fábricas de veículos mais antigas do Brasil. Ela empregava 2.350 funcionários no começo do ano. Essa derrota imposta pela patronal teve a cumplicidade direta da burocracia sindical da CUT e da direção lulista do PT que em nenhum momento convocou a greve com ocupação de fábrica e, muito menos, mobilizou por uma paralisação de toda a categoria da região para impor o controle da unidade pelos trabalhadores, exigindo a estatização da empresa. Na última assembleia da Ford realizada ontem a direção do sindicato usou o carro de som apenas para a avisar que “os trabalhadores fiquem atentos ao chamado do sindicato caso ocorra algum avanço das negociações com a CAOA” que é dona de metade da operação da chinesa Chery no Brasil e responsável por produzir e comercializar alguns carros da Hyundai no país. Nesse sentido, o sindicato vergonhosamente afirmou que só restava “pressionar o BNDES” para financiar um empréstimo milionário para a CAOA. Lembremos que em fevereiro de 2019, a política de traição da diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, controlada pela burocracia lulista, mandou os operários para casa diante do anúncio do fechamento da Ford de São Bernardo. Depois, longe de deflagrar a greve geral contra ocupação da fábrica aprovaram a ida de uma comitiva de burocratas aos EUA para “dialogar” com os patrões da multinacional ianque. O objetivo seria apresentar propostas contra o fechamento da fábrica de São Bernardo do Campo, tudo não passou de uma encenação para facilitar a vida da multinacional, voltada a não convocar a luta direta dos operários, que exigiria a mobilização de toda a categoria metalúrgica e a ocupação imediata da empresa, exigindo a sua estatização sob o controle dos trabalhadores. O balanço a fazer é que política da CUT e do PT foi na contramão das necessidades dos trabalhadores, optaram sempre por tentar pactuar com a patronal em detrimento aos interesses operários, alimentando ilusões distracionistas entre os explorados. Chegaram a apresentar o prefeito de São Bernardo, o tucano Orlando Morando e até mesmo o playboy neoliberal, governador João Dória, como aliados na luta contra o fechamento da Ford, como escandalosamente afirmou a nota da CUT nacional “Vamos à matriz discutir com a direção mundial, conversamos com prefeito da cidade. Não vamos desistir de manter uma empresa com essa importância em nossa região. Esperamos ainda que a empresa reveja sua decisão e que os governos estaduais, municipais e federal cumpram com suas obrigações, atuando para negociar com a companhia e impedir a demissão imediata de 3.200 trabalhadores” (Rede Brasil Atual, 21.02). A política de enrolação da diretoria sindical pelega foi tamanha que no início de fevereiro, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Wagner Santana, o Wagnão, entregou ao vice-presidente de Bolsoanaro, o general Hamilton Mourão, documento em defesa do setor industrial, reivindicando do Palácio do Planalto uma política para o setor “que contribua efetivamente com o desenvolvimento do país, articulada com as necessidades de superação dos gargalos econômicos e sociais, de modo a distribuir seus ganhos entre toda a sociedade e posicionando o Brasil entre as principais economias industriais do planeta” (Brasil de Fato, 26.02). Em resumo nossos algozes, parceiros da Ford contra os operários, passaram a ser apresentados como possíveis aliados contra o fechamento da planta de SBC! Como podemos observar, passados 8 meses do anúncio do fechamento e diante da ausência de luta direta, a multinacional ianque, provocando a demissão de 2.350 trabalhadores, que vão amargar miséria em quadro de profunda recessão que atravessa nosso país. O mais vergonhoso é que correntes como o PCO, corrompidas até a medula, ainda aplaudiram as manobras traiçoeiras da burocracia lulista, apresentando-as como “importantes medidas de luta”. Como alertamos no último período, é preciso dotar as lutas de uma estratégia revolucionária, para isso faz-se necessário superar a política de colaboração de classes da CUT e do PT, caso contrário, novas derrotas como o fechamento da fábrica da Ford e a imposição da Reforma neoliberal da previdência vão se repetir em breve!