sexta-feira, 25 de outubro de 2019

LEVANTES NA AMÉRICA LATINA: BOLSONARO TENCIONA UTILIZAR O “ARTIGO 142” CASO OCORRAM MANIFESTAÇÕES POPULARES NO BRASIL, PORÉM O MELHOR RECURSO CONTRA A REVOLTA DAS MASSAS AINDA É A POLÍTICA DA FRENTE POPULAR...


Em sua recente viagem à Ásia (Japão e China) o presidente neofascista Jair Bolsonaro declarou para a mídia corporativa que: “Caso houver no Brasil manifestações radicais como as que estão acontecendo na América Latina, as Forças Armadas estão preparadas para agir”. O capitão energúmeno também aventou a possibilidade de utilizar o "artigo 142" da Constituição Federal para restabelecer a “ordem com a utilização das Forças Armadas nas ruas”. Ainda segundo o estúpido  admirador do carniceiro Pinochet: “Esses manifestantes dos países latinos pretendem recolocar a esquerda no poder e atacar os Estados Unidos.” Poderia até ser risível tamanha idiotice, porém a questão é mais grave do que uma mera “diarréia verbal” do neofascista. O “artigo 142” representa um recurso draconiano que inclusive cogita a possibilidade de um golpe militar, mas também pode ser utilizado como repressão política e violência contra a população negra, pobre e trabalhadora. Sua inclusão foi imposta pela cúpula militar e pelo “Centrão” durante a constituinte de 87, que longe de ser soberana, foi tutelada pelo alto comando das FFAA. O “artigo 142” incluído na redação final da Constituição de 1988, preservou os privilégios dos militares, garantiu a impunidade dos torturadores, e principalmente gerou um mecanismo para acionar o braço armado da burguesia para defender o regime capitalista em situações de instabilidade política e institucional. Porém o mais eficaz recurso da burguesia nacional para manter a “ordem social” e a estabilidade do regime bonapartista vigente, ainda vem sendo a colaboração da política de conciliação de classes da Frente Popular. A “camisa de força” que o PT e a CUT impõe ao movimento de massas, espraiando as ilusões do “mundo melhor” com a realização das eleições de 2022 e o possível retorno de Lula ao Planalto, é a verdadeira barreira de contenção para que não “exploda” no Brasil gigantescas mobilizações populares contra o “desmonte” e o  “ajuste” que o governo neofascista vem descarregando nos ombros do proletariado e da juventude. 


Os levantes populares que vem ocorrendo no Equador e Chile se deram à margem das direções reformistas, bem mais frágeis politicamente do que o PT e a CUT no Brasil, com um “estopim” ligado a uma exigências direta do “ajuste” neoliberal orientado por Washington. Quando estas direções reformistas do Equador e Chile entraram em cena para “protagonizar” o movimento de massas, foi justamente aí que a burguesia pode manobrar a crise, cedendo algum ponto, mas se mantendo intacta no controle do Estado capitalista, obviamente com o suporte da política de colaboração de classes da Frente Popular, exatamente como ocorre no Brasil. Somente com a construção do Partido Operário Revolucionário, a classe operária poderá ir além das manifestações espontâneas contra o “ajuste”, galvanizando seus aliados históricos para a conquista do poder político (Estado), pela via da insurreição socialista.