domingo, 26 de janeiro de 2020

GREVE GERAL NA FRANÇA: DIREÇÕES SINDICAIS NÃO APONTAM A DERRUBADA DE MACRON E SEM UMA DIREÇÃO REVOLUCIONÁRIA A PARALISAÇÃO VAI SE “ESVAINDO” SETORIALMENTE APESAR DA COMBATIVIDADE DOS TRABALHADORES


Nesta última sexta-feira (24/01), milhares de trabalhadores foram as ruas na França, as linhas de metrô de Paris tiveram grandes atrasos, apesar do serviço ter sido quase normalizado esta semana, depois dos sindicatos optarem por outros formatos de “protestos” contra a “reforma da previdência” lançada pelo neoliberal Macron e seu governo conservador de direita. Ocorreu bloqueio de portos e cortes parciais de eletricidade, já que as cúpulas burocráticas abriram mão da greve geral com paralização total, o tráfego ferroviário foi menos afetado e os trens internacionais funcionaram normalmente. Na empresa pública ferroviária francesa, a Société Nationale des Chemins de fer de France (SNCF) e na Empresa Pública Autônoma dos Transportes Parisienses (RATP), os trabalhadores principalmente os maquinistas e condutores de trem, realizam uma “greve por intermitência”, alternando dias trabalhados, de repouso e de greve, sem poderem ser descontados. 0s 51 dias de grandes mobilizações contra o presidente Emmanuel Macron coincidiram com a apresentação no Conselho de Ministros da sua proposta de reforma da Previdência, a principal bandeira deste governo neoliberal e que faz parte da exigência de “ajuste” dos banqueiros e rentistas da União Europeia para a França. Em uma das mais longas greves de sua história, que já se estende por mais de seis semanas, a paralisação geral nas principais cidades francesas vem perdendo força, apesar da heróica combatividade demonstrada pelo proletariado. Para a próxima quarta-feira (29/01) os principais sindicatos do setor público francês convocaram um novo dia de protestos, a fim de “fazer o governo recuar nas suas sombrias pretensões”, porém sem a definição de um eixo político claro para derrotar Macron e impor um legítimo governo dos trabalhadores no lugar do capacho do capital financeiro. A votação da reforma da Previdência deve ser debatida pelo parlamento somente a partir de 17 de fevereiro, com vistas a ter sua primeira votação em março, o que aponta a necessidade de se manter vivo por uma longa jornada o movimento grevista, mesmo com os acenos de Macron para “suavizar” alguns itens do seu “pacote” neoliberal. O fato é que a burocracia das Centrais Sindicais estão “fracionando” a greve por categorias , retirando seu caráter de ação geral para toda a classe trabalhadora francesa. Sem o norte programático da conquista do poder político, os trabalhadores ficam limitados as reivindicações econômicas, que são importantes, porém não tem a capacidade de galvanizar o combate revolucionário para derrubar o governo burguês. A ausência de um genuíno Partido Revolucionário Comunista, com influência de massas, concede a burocracia reformista um amplo palco para “desfraldar” sua demagogia “sindicalista radical”, mas sem conteúdo algum da luta de classes contra o regime capitalista e o Estado Burguês. Por sua vez, o amplo espectro de correntes da esquerda revisionista existente na França, não faz mais do que “assessorar” politicamente a burocracia sindical, sem indicar a senda da revolução socialista como única alternativa para vitória da classe operária. Os Marxistas Leninistas acompanhando o movimento real das massas e sem nenhum “rompante” esquerdista, pacientemente publicitam para o proletariado francês a necessidade da construção de uma alternativa de poder, gestado a partir das bases do proletariado que não se deixou enganar pelas supostas “vantagens” da democracia burguesa liberal.