segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

POLITIZAÇÃO NOS ENREDOS DAS ESCOLAS DE SAMBA E REPÚDIO A BOLSONARO NOS BLOCOS DE RUA: PARA ALÉM DOS PROTESTOS NO CARNAVAL, É HORA DE ORGANIZAR A LUTA DIRETA PARA SUPERAR A PARALISIA IMPOSTA PELO PT E A CUT!


Em pleno carnaval vimos o enredo politizado da Mangueira no início da madrugada desta segunda-feira (24.02) no Sambódromo do Rio de Janeiro. Antes a Vigário Geral que participou da primeira noite dos desfiles da série A do carnaval carioca fez na passarela críticas ao neofascista Bolsonaro. A agremiação encerrou o desfile da sexta-feira (21.02) com um carro com o palhaço Bozo, vestido com uma faixa presidencial e fazendo o gesto de “arminha” com as mãos. O tema do desfile foi “O conto do vigário”. Por sua vez a Mangueira colocou na avenida Jesus da Gente, identificado com o povo oprimido. Na adaptação para os dias de hoje, logo na comissão de frente uma cruz era transportada por passistas que interpretavam pessoas que normalmente são vítimas da truculência policial. Na avenida, Jesus foi retratado também como índios, mulheres, gays e outras vítimas da opressão. Com diversas referências a Jesus, que na visão da escola era uma pessoa “da gente”, mostrado com rosto negro, sangue índio e corpo de mulher, a Mangueira fez um desfile visualmente elaborado e engajado, criticando a opressão e os “profetas da intolerância”. “Não tem futuro sem partilha nem messias de arma na mão", cantaram os integrantes em crítica aberta ao fascista Bolsonaro. Em São Paulo a Tom Maior teve um carro alegórico homenageando Marielle Franco e denunciando seu assassinato pelas mílicias! No resto do país blocos de rua também repudiaram o governo com alegria e irreverência. Passado o Carnaval, marcado por protestos populares espontâneos e os desfiles politizados, devemos organizar a luta direta nas ruas, fábricas, escolas e no campo. Para tanto é preciso superar a política de paralisia imposta pela burocracia sindical da CUT, controlada pelo PT, que impôs por exemplo o fim da greve nacional pretroleira às vésperas do carnaval. A reunião de mediação com o TST marcada para dia 27 de fevereiro deve ser mais um golpe contra luta contra a privatização da Petrobras. Ficou evidente durante a folia que parcelas cada vez mais amplas da população repudiam o governo de Bolsonaro e particularmente seu ajuste ultra-neoliberal. O fato de enredos progressistas como da Vigário Geral, Tom Maior e Mangueira tenham caído no gosto da pequena-burguesia “engajada” ou o grito “Bolsonaro vai tomar no cú!” ser ecoado por todo o país são apenas expressões do ódio popular crescente ao gerente de plantão da burguesia. Entretanto essa “puteza” justa é extremamente limitada e dissipa-se rapidamente se não for organizada imediatamente a resistência! Para que isso ocorra é preciso que a classe operária entre em cena. Desgraçadamente, a CUT e o PT levam a luta em “banho maria” visando apenas o desgaste eleitoral de Bolsonaro, “fritando” o fascista com olho nas eleições deste ano e da disputa presdencial de 2022. Essa perspectiva é suicida para o movimento operário porque coloca para a burguesia uma saída imediata ainda mais dura diante de uma crise prematura do seu fantoche. Os trabalhadores devem organizar a resistência nas ruas e construir sua alternativa de poder operário por fora da institucionalidade burguesa e do calendário eleitoral da democracia dos ricos! Nesse sentido, é preciso um forte 8 de Março nas ruas e exigir em assembleias de base a convocação da Greve Geral, retomando inclusive a paralisação dos petroleiros traída pela FUP-FNP! No carnaval e depois dele, com o país se politizando as ruas, devemos passar dos enredos e dos desfiles para a ação direta nas lutas!