terça-feira, 7 de abril de 2020

CRISE DE SUPERPRODUÇÃO CAPITALISTA É ANTERIOR A PANDEMIA: O CENÁRIO É DE QUEDA ABRUPTA NO PREÇO DAS COMODITIES E ESTAGFLAÇÃO


A crise econômica capitalista, potencializada pela pandemia do Coronavírus, mas não produzida por esta como nos querem fazer crer a mídia corporativa, está causando uma queda nos preços das principais commodities em todo o mundo, com destaque na baixíssima cotação do preço do petróleo. Apesar da histeria disseminada pela mídia, não se consegue esvaziar os estoques dos grandes supermercados no planeta, que chegaram a elevar alguns preços, especificamente ligados à epidemia do coronavírus. A insuspeita FAO da ONU, emitiu um comunicado afirmando que “abundam os estoques de alimentos no mundo” e que não se cogita uma crise de desabastecimento, a questão é quem tem acesso a esta “abundância”. Portanto a perspectiva para o médio prazo é inclusive a deflação, ou seja, superprodução de mercadorias e queda de preços. A queda no preço do petróleo e das matérias-primas é drástica, o barril caiu 52% no mês passado, platina 39%, prata 34%, algodão 21%, açúcar 20% e cobre 16%. Depois de décadas acostumadas às pressões inflacionárias, é impressionante ver que a paralisia econômica provocará um dos poucos episódios globais de deflação no grande fluxo comercial entre países. De fato, a última vez que os preços caíram em todo o mundo foi durante a “Grande Depressão” em 1929. Desde então, vários países sofreram episódios de deflação, como o vivenciado pelas principais economias asiáticas no final do século passado (crise dos Tigres) ou sofrido pelo Japão durante a última década. O capitalismo não será capaz de evitar a forte deflação das commodities, somada a quebradeira de grandes corporações transnacionais, pelo menos aquelas que não poderão ser socorridas pelo FED ou Banco Central europeu. O índice de preços ao consumidor poderá sofrer fortes oscilações, durante a pandemia, subindo em alguns ítens de segurança e produtos farmacêuticos e muito abaixo do nível de um ano atrás em outros produtos, marcando o primeiro período de deflação em décadas. Além disso, a estagflação econômica deverá levar a fortes reduções salariais, a interrupção do investimento das empresas estatais e a uma queda geral no consumo, que por sua vez pode resultar na falência ou no fechamento de milhares de empresas e no consequente aumento do desemprego. Na China, considerada o motor da economia mundial, os preços caíram 0,4% em fevereiro, em pleno pico da epidemia, e as projeções para a queda em abril são ainda mais acentuadas com a retomada das atividades comerciais. Como já vínhamos alertando em vários artigos anteriores no Blog da LBI, pandemia veio apenas  “coroar” (sem falso trocadilho) a enorme crise de superprodução de mercadorias e a crescente tendência a queda na taxa de lucro do capital. O ciclo de ondas curtas de crescimento, se alternando com a estagnação econômica da estrutura do modo de produção capitalista, somente poderá ser quebrado pela revolução socialista mundial, não será uma pandemia de vírus ou o crash financeiro nas bolsas que substituirá esta tarefa histórica da classe operária.