segunda-feira, 6 de abril de 2020

O “VÍRUS REVISIONISTA” NA ARGENTINA: GRUPO DE JORGE ALTAMIRA, PO(T), DEFENDE A REPRESSÃO ESTATAL COMO UMA “BOA MEDIDA” PARA PRESERVAR A SAÚDE DOS TRABALHADORES


O grupo revisionista de Jorge Altamira e Marcelo Ramal na Argentina, o Partido Obrero (Tendência), acaba de lançar um artigo escandaloso defendendo abertamente a repressão estatal para garantir a ordem de isolamento social (“Quarentena”) imposta pelo governo de centro-esquerda presidido por Alberto Fernández. A “pérola” intitulada “Un gran equívoco político... Acerca de la izquierda y la pandemia política” (Política Obrera, 03.04) foi elaborada a partir de uma resposta da direção de PO(T) a um “colaborador”. O texto qualifica como confusas e equivocadas as posições dos ativistas e correntes políticas que no interior da esquerda (como é o caso da LBI) denunciam o uso pelos governos burgueses, de todos os matizes políticos, do aparato repressivo estatal em suposto apoio as “medidas sanitárias” como parte uma ação global dos grandes capitalistas e seus gerentes de plantão em ataque as liberdades democráticas e de organização política dos trabalhadores com o objetivo de impor o recrudescimento global dos regimes políticos no lastro da pandemia mundial. Para não restar qualquer dúvida da posição direitista de PO(T) vamos citar em castelhano a posição: “La colaboración que el compañero Iván Marín ha enviado a Política Obrera encierra un equívoco político. Nos referimos a la caracterización de la presencia militar en tareas asistenciales y alimentarias como parte de una tendencia a crear un “Estado policial”. O la función asignada a policía y gendarmería en la tarea de hacer cumplir la cuarentena. Confunde la coerción estatal que se aplica para supervisar un régimen excepcional de salud, en Argentina y en todo el mundo, sin excepción alguna, como una expresión del propósito de producir un cambio de régimen político, hacia otro, que no define, de naturaleza esencialmente represiva.”. Como se observa, Altamira e Ramal saem, sem meias palavras, em defesa das medidas repressivas que o governo vem lançando na Argentina. Cinicamente alegam que a Polícia e a Gendarmeria (correlata a Força Nacional de segurança no Brasil) agem “excepcionalmente” para preservar a saúde dos trabalhadores! Trata-se da adesão da dupla revisionista, na sua versão “portenha”, ao “Pacto de União Mundial” que o imperialismo e as burguesias nacionais tentam construir em virtude da pandemia declarada pela OMS. Este pacto de colaboração de classes vem sendo levado a cabo em todo mundo pela esquerda reformista e seus satélites, como PO(T), em nome de apoiar “emergencialmente” as medidas dos governos burgueses locais para combater o Covid-19. Nós Marxistas Leninistas rejeitamos qualquer “acordo nacional” em função do Coronavírus, exigimos por meio da luta que Estado Burguês adote medidas que garantam a saúde pública e atendimento médico de qualidade para toda a população, sem que em contrapartida aceitemos a suspensão política das lutas e mobilizações do nosso povo e, muito menos, o combate a seus órgãos de repressão travestidos de “salvadores da pátria”.


Segundo o “grupito” expulso do PO, não cabe nesse momento de Pandemia essa frontal crítica Marxista. Não por acaso, vocifera “La decisión de imponer un régimen de cuarentena frente a la pandemia del Covid-19 es un acto típico de coerción estatal. Quienes la critican ‘por izquierda’ cumplen la cuarentena en sus casas y discuten por Skype. Todos propugnamos lo mismo para los trabajadores de industrias no esenciales. Atacan la coerción del estado, mientras la acatan sin chistar”. Para justificar sua posição anti-Marxista, PO(T) iguala os métodos que um Estado Operário teria que lançar mão para combater a pandemia com as atuais medidas repressivas tomadas por um Estado capitalista: “Un régimen proletario también recurrirá a la coerción en una situación parecida, claro que con sus milicias democráticas y mandos revocables, o con el ejército obrero, si fuera el caso. Cambia el carácter social de la coerción, y por supuesto los métodos con que se aplica, pero no su necesidad; la pandemia reclama una disciplina social excepcional, que no se presenta en circunstancias normales”. Com essa equivalência grosseira e anti-dialética, Altamira e Ramal simplesmente buscam diluir o caráter de classe do Estado burguês e o papel de seus gerentes de plantão, como Fernández na Argentina, na função de inimigos dos trabalhadores que movem absolutamente todos os seus atos e “esforços” para preservar a propriedade privada e defender os interesses da classe dominante, mesmo que travestidos em “ações sanitárias”. Os Marxistas Revolucionários defendem a Ditadura do Proletariado, uso da força militar para combater a burguesia e até mesmo os inimigos políticos e econômicos internos. “Por supuesto” apoiaríamos medidas repressivas necessárias para combater a Pandemia em um Estado Operário, como o cerco de cidades e o isolamento completo. Para tanto, acionaríamos as brigadas operárias, as milícias e os comitês de bairros eleitos e até mesmo o Exército Vermelho para impor essas medidas draconianas. Essa conduta é completamente oposta quando se trata de apoiar as ações repressivas lançadas por um governo burguês em um Estado capitalista. Neste caso, nosso combate de classe parte em denunciar essas medidas autoritárias que estão a serviço do fechamento do regime político burguês e da perseguição a conjuto dos explorados, como vem ocorrendo na Espanha e na própria Argentina, onde existem várias denúncias de ataques operados pela odiada “Bonaerense” (a polícia provincial de Buenos Aires) na repressão ao povo pobre sob o pretexto cínico de “garantir a Quarentena e a saúde dos argentinos!”. Nesse clima de cerco militar, grande parte dos “intendentes” (prefeitos) começaram a fechar os “acessos” a seus municípios e avançam em transformar os bairros populares em guetos isolados sob as baionetas policiais e das FFAA.

Por fim, assevera a dupla utra-oportunista: “Transpolar la coerción estatal de una cuarentena, o sea de preservación de la salud, a un estado policial, es una expresión de limitaciones políticas severas”. Ao contrário desses revisionistas vulgares, nós Leninistas denunciamos que os meios de comunicação e as autoridades sanitárias e governamentais globais estão provocando um verdadeiro “estado de exceção” excepcional, com graves limitações de deslocamento social e impedimento para as mobilizações dos movimentos operário e popular. As classes dominantes e seus governos até então usando o tradicional “perigo terrorista” como causa da adoção de medidas excepcionais, como o “toque de recolher”, encontraram no Coronavírus um pretexto mais “plausível e consistente” para amortecer a luta de classes. Nesse cenário entram as direções reformistas mundiais com sua política de colaboração de classes ladeadas pelos pseudo-trotskistas como PO(T). Contra o apoio as medidas dos gerentes burgueses locais e até mesmos de seus aparatos policias como faz Altamira e Ramal, apresentando essa ação como uma “boa medida” para preservar a saúde dos trabalhadores, é necessário convocar as massas para a luta ativa, e não simplesmente publicitar exigências (mesmo que na maioria dos casos corretas) e acreditar que os Estados da burguesia atenderão as reivindicações sem fortes mobilizações de rua, greves e ocupações de fábrica. A inação do proletariado, sob a justificativa de se precaver do contágio do vírus, é a principal arma do imperialismo para ganhar esta verdadeira guerra contra a humanidade, impondo um recrudescimento global dos regimes políticos!

No caminho oposto do que apregoa o “grupito” revisionista, pontuamos que a histeria provocada pelo surto do Coronavírus é uma manobra muito bem planejada pela burguesia central imperialista, e não estamos falando de setores “out sider” como Trump, Orban e Bolsonaro, por exemplo, para impor o avanço da ofensiva reacionária em escala exponencial. Medidas adotadas ou semi-adotadas, como a lei marcial, o toque de recolher e a anulação definitiva das garantias democráticas restantes e dos direitos e liberdades fundamentais de organização em todo o mundo inclusive por governos da centro-esquerda burguesa como Fernández na Argentina ou Pedro Sánchez (PSOE/PODEMOS) na Espanha, são aplaudidas pela esquerda reformista e os pseudo-trotskistas como Altamira/Ramal, com a justificativa de “preservar vidas humanas do contágio”. Desde a LBI alertamos que se um governo pode levar o exército para as ruas por “medidas sanitárias”, este também pode impor a censura típica de qualquer guerra, embora não precise mais impor por “decreto político”, pois é para isso que as corporações midiáticas entraram em cena para criar o pânico mundial, enquanto os mercados desabam e a produção industrial é drasticamente reduzida. A Pandemia do Coronavírus está servindo como treinamento, um verdadeiro “balão de ensaio”, para um recrudescimento global dos regimes, testando a capacidade de reação das massas diante do novo quadro de correlação de forças, com a esquerda reformista já totalmente integrada ao “politicamente correto” da crise mundial. Altamira e Marcelo Ramal, com suas “limitaciones políticas severas” integram esse arco contrarrevolucionário em nome do “trotskismo”. Seus parceiros de contenção das lutas e colaboração de classes pelo mundo celebram: “Bem vindo ao clube!”.