sexta-feira, 10 de julho de 2020

CAMPANHA SALARIAL BANCÁRIOS/2020: CUT EM “ISOLAMENTO SOCIAL E POLÍTICO”... BUROCRACIA SINDICAL VAI PASSANDO SUA “BOIADA” PARA GARANTIR LIBERAÇÕES SINDICAIS E BENESSES FINANCEIRAS!


A burocracia sindical da Contraf-CUT/CTB iniciou o processo formal da campanha salarial dos bancários para 2020 com a mesma estratégia surrada de consultas artificiais, calendário de eventos e fóruns viciados, inclusive com delegados biônicos, tudo para deter o controle político sobre os rumos, eixos e pautas da campanha salarial. É uma prática recorrente da camarilha sindical que busca domesticar a disposição de luta dos trabalhadores, subordinando suas necessidades e reivindicações históricas aos interesses dela própria: liberações sindicais e benesses financeiras como os valores das taxas negociais, além é claro, garantir uma estabilidade do regime em crise, de olho sempre nas eleições de 2022. Esse ano tem o agravante da pandemia. Por isso, a Contraf-CUT junto com as demais centrais como a CTB e a Intersindical utilizam-se do pretexto da crise sanitária do coronavírus, que impõe o distanciamento social, para intensificar seu controle político sobre os rumos da campanha. Não por acaso, todos os eventos são restritos e realizados de forma virtual, bem longe da pressão real das bases que foram traídas recorrentemente nas mobilizações anteriores e que, por isso, continuam desconfiadas de suas direções.

A farsa da Mesa Única continua e o teatro da campanha já se conhece: protestos verbais contra a intransigência dos banqueiros, aí vem as negociações faz-de-conta pra rebaixar salários e subtrair mais direitos e conquistas; negociações com concessões benévolas aos patrões, assembleias (virtuais) divididas por banco para vender pra categoria um acordo rebaixado como uma grande vitória do que foi possível.Enquanto os bancários estão adoecendo e trabalhando incansavelmente nas agências, os de grupo de risco em home office, a maioria na linha de frente das aglomerações, a exemplo dos bancários da Caixa, que pagam o auxílio emergencial, os dirigentes sindicais, passivos, descansados e acovardados, ficam em “isolamento social” ... em relação às suas bases, fecham os sindicatos, não fazem reuniões nem distribuem os boletins sindicais presencialmente, cooptam setores de oposição domesticados para chapas unitárias, não adiam eleições sindicais por conta da pandemia preferindo realizá-las virtualmente, a exemplo do sindicato de São Paulo. Enfim, o pretexto da pandemia caiu como uma luva para a burocracia sindical passar sua “boiada”, isto é, enfiar goela abaixo da categoria sua política de conciliação de classes e de traição sem a incômoda discussão ampla e democrática na base como foi o recente acordo aditivo do Banco do Brasil.

Essa política criminosa da burocracia sindical é uma rendição antecipada à feroz ofensiva neoliberal do governo dos banqueiros que ganham rios de dinheiro às custas do parasitismo financeiro. Por sua vez, o fascista Bolsonaro continua seus ataques contra os trabalhadores, passando sua boiada também, como as reformas neoliberais, privatizações das estatais, reestruturações de bancos públicos, arrocho salarial, demissões, assédio, etc. Também, Bolsonaro acabou de vetar o artigo da MP 936 que garantia a ultratividade que é a prorrogação de acordos coletivos até a assinatura do próximo. O acordo coletivo dos bancários, por exemplo, expira em 31.08 que é o prazo para se fechar novo acordo.

Atividades presenciais, guardadas as medidas de proteção sanitária, não são impossíveis de se realizar. A luta de classes não está de quarentena, os fascistas atacam, o governo subtrai direitos, os banqueiros exploram os trabalhadores, bancários estão trabalhando nas agências, então, SE POSSO TRABALHAR, POSSO PROTESTAR, MANIFESTAR! Isso, infelizmente, não está no horizonte de pelegos traidores que com uma retórica farsante se escondem, frente a pandemia, para impor o controle férreo sobre as entidades e uma camisa de força à base da categoria, minando a democracia na sua mais frágil aparência. Até mesmo sob a perspectiva desses pelegos de que tudo só pode ser virtual (congressos, conferências) pergunta-se: por que não democratizar e realizar todos esses eventos virtuais de forma aberta a base da categoria? Que tal um congresso do BB aberto a todos os bancários do BB? E o da Caixa pra todos? E a Conferência Nacional da Contraf? A resposta já se pode intuir.O fato do “Bostanágua” conseguir contornar as crises de seu governo reside justamente na inércia das direções sindicais e da esquerda reformista, reféns de uma política eleitoralista e que na pandemia conseguiram superar qualquer marco histórico de imobilismo e conciliação de classes.

Frente a essa situação nós, da Tendência Revolucionária Sindical (TRS), que impulsionamos o Movimento de Oposição Bancária (MOB-CE), nos opomos a essa traição e chamamos o ativismo classista e combativo da categoria a descolarem-se de suas direções corrompidas e, apesar da pandemia, entrarem em cena como protagonistas das lutas, unificando-as e resgatando seus métodos de ação direta para pôr  abaixo o fascista Bolsonaro e suas reformas neoliberais, além de conquistar bandeiras históricas como reposição integral das perdas salariais, aumento real, escala móvel de salários, fim do assédio moral institucionalizado, fim dos descomissionamentos, concurso já, estatização do sistema financeiro sob controle dos trabalhadores, fim das privatizações, estabilidade no emprego, anistia das horas negativas, jornada de 6 horas, isonomia de tratamento, etc.