quinta-feira, 6 de agosto de 2020

GREVE GERAL DA COB NA BOLÍVIA SE RADICALIZA APÓS QUARTO DIA: CHARLATÃES DA OMS DIZEM AOS MINEIROS QUE VOLTEM AO TRABALHO PARA NÃO “PROVOCAR UMA SEGUNDA ONDA” ...

A greve geral na Bolívia entra no seu terceiro dia ainda mais radicalizada. Convocada pela COB contra a fraude eleitoral golpista, que prorrogou a data da nova eleição presidencial para operar uma escandalosa farsa contra a vontade popular. As eleições estavam agendadas  para 03 de maio, depois para 06 de setembro e agora 18 de setembro, então as organizações sindicais, indígenas, camponesas e sindicais anunciaram uma greve geral indefinida que começou na última segunda-feira (03/08). O presidente do TSE golpista, Salvador Romero, confirmou no último domingo que 18 de outubro não será alterado como data eleitoral: “A data está marcada; o Supremo Tribunal Eleitoral e os tribunais departamentais estão dirigindo todos os nossos esforços para organizar o dia da votação no domingo, 18 de outubro, a decisão já foi adotada por toda a câmara”. O adiamento foi feito sem a aprovação de uma lei no parlamento, onde o MAS tem maioria.

A greve geral e os bloqueios de estradas começaram na segunda-feira passada em todo o país, sob o comando da Central Obrera Boliviana (COB) e das organizações sindicais, camponesas e indígenas. Os bloqueios foram realizados em cinco dos nove departamentos do país, o que forçou a suspensão de viagens entre as principais cidades, incluindo La Paz, Cochabamba (centro) e Santa Cruz (leste). Em Cochabamba também existem bloqueios e barricadas nas ruas e acessos que mantêm a cidade paralisada, onde existe um alto índice de desemprego. Os setores de manufatura, mineração, camponeses e sindicatos, entre outros, garantiram as medidas de COB.

O executivo da Confederação Única dos Trabalhadores Camponeses da Bolívia (CSUTCB), Jacinto Vega, anunciou que a decisão das organizações é "Continuar aumentando os protestos e não recuar". Há também entidades populares das cidades de El Alto e La Paz que pediram à população que estocasse alimentos, porque o bloqueio será total. No campo dos golpistas diante da situação de radicalidade da greve, parece que o governo golpista de Áñez também está se preparando para recrudescer suas posições. Uma amostra disso foi a recente nomeação, na noite de quarta-feira, do novo Ministro do Planejamento, um organizador de quadrilhas paramilitares durante a crise de 2006-2008, Branko Marinkovic. O governo também anunciou que denunciaria criminalmente Juan Carlos Huarachi, do COB, líderes da federação Tropico, vice Betty Yañiquez do MAS e Evo Morales, entre outros. As lideranças da paralisação são acusadas de supostos crimes contra a “saúde pública e  instigação à aglomeração”, na qual também receberam ameaças da OMS por supostamente estarem facilitando a “propagação do vírus na Bolívia”. 

As mobilizações, bloqueios, piquetes e greves que paralisam a Bolívia, não podem ceder a ameaças do governo golpista e nem tampouco a chantagem da OMS. Devem seguir o curso de radicalidade no sentido de superar o próprio eixo de sua convocação inicial (contra a fraude do adiamento das eleições), buscando a derrubada de todo o regime burguês e golpista na senda da construção revolucionária de um poder operário, camponês, indígena e popular.