quinta-feira, 29 de outubro de 2020

CIRO E LULA FECHARAM ACORDO EM SETEMBRO SOBRE FRENTE AMPLA: EM FORTALEZA O PACTO PT&PDT JÁ ESTÁ A “TODO VAPOR” NESTAS ELEIÇÕES, ONDE CAMILO SANTANA É O “PADRINHO DO PROMISSOR CASAMENTO”...

Vazou na imprensa nacional, o que todo observador político sério já estava sabendo no Ceará, foi celebrado em setembro um pacto de colaboração eleitoral entre Lula e o reacionário oligarca Ciro Gomes, tendo como padrinho político do coerente acordo para selar uma “Frente Ampla” entre as duas forças burguesas, o governador Camilo Santana. Assim caiu por terra a “última esperança” que alguns reformistas corruptos (PCO) mantinham de que Lula pudesse operar um “giro a esquerda” do PT no próximo período político. Lula, literalmente sem máscara, já tinha iniciado a costura da Frente Ampla com o grupo do Senador Renan Calheiros e seu filho governador de Alagoas. Após este episódio, Lula retomou o contato com o governador do Maranhão, Flávio Dino, demovendo o “comunista” de empreender sua candidatura ao Planalto em 2022, com a promessa de uma participação expressiva em um possível governo da Frente Ampla que “facilmente derrotaria” o neofascista Bolsonaro, isso é claro na ótica do líder petista. Agora veio a confirmação do conchavo político com Ciro, que já está em pleno andamento nas eleições municipais em todo o estado do Ceará, onde o coronel Gomes manda absoluto, com a chancela de quase todos os partidos, do PSOL ao DEM, passando pelo PT e Tucanos. Em Fortaleza onde já governa um dos mamulengos de Ciro, o acordo consistiu em impulsionar no primeiro momento a candidatura de Luizianne Lins do PT, com o maior fundo eleitoral da campanha a ex-prefeita teria a primazia da missão de “achatar a curva” ascendente do candidato bolsonarista, capitão Wagner líder nas pesquisas. No segundo momento (atual) com o capitão desgastado, sobe nas pesquisas fraudadas a candidatura de Sarto (nome do PDT cirista), deixando Luizianne para um terceiro lugar, fora do segundo turno. Em contrapartida a poderosa máquina do PDT apoia candidaturas do PT, que não teriam viabilidade de vitória, em municípios importantes, como Caucaia, cujo “apadrinhado” dos Gomes é um deputado do grupo petista da própria Luizianne Lins. Isso tudo sem falar é claro de negócios, ou seja “acordos financeiros” nas futuras gestões municipais, na verdade o grande móvel destas eleições fraudadas desde as pesquisas até o último momento da totalização eletrônica e virtual dos votos.

É óbvio que o acordo Lula e Ciro, caminha ainda lento nacionalmente, e teve como ponto de partida a interseção política do estado do Ceará, onde a oligarquia dos Ferreira Gomes controlam a direção do PT, através de “estafetas chaves”, como o próprio governador Camilo Santana e o deputado federal José Guimarães. Lula tem um potencial eleitoral no país dez vezes maior do que Ciro, e isso é consenso até para os Ferreira Gomes, porém as limitações impostas pela burguesia para um quinto governo petista “puro” são enormes, haja visto que sequer conseguiu concluir o quarto mandato, interrompido por um golpe parlamentar do Congresso em 2016, onde um pouco antes tinha uma maioria folgada com sua “base aliada” de uma dezena de partidos da direita neoliberal. Por isso Lula já aventou a possibilidade de utilizar a “tática portenha, utilizada pela ex-presidente Cristina Kirchner, abrindo a possibilidade de se colocar como vice em uma futura chapa presidencial da Frente Ampla.

Ciro Gomes é um político burguês em completa ascensão política, 30 anos de hegemonia total em seu estado o habilita para se postar como uma alternativa neoliberal confiável de “gerente geral” do país junto a governança mundial do capital financeiro, e eventualmente do próximo ocupante da Casa Branca, no caso é claro da derrota de Trump. Sua plataforma “neodesenvolvimentista”, elaborada por economistas brasileiros renomados, é sem dúvida alguma bem mais “sofisticada” do que o velho discurso populista de Lula. No entanto, ambos programas de governo tem a mesma essência de classe, as reformas propostas tanto pelo PT como PDT não dependem da capacidade das equipes de Lula ou Ciro, estão condicionadas a situação do mercado capitalista mundial, ou seja suas fases de contração ou extensão do fluxo financeiro, este sim é o “grande senhor” do planeta.

Como os partidos burguêses da centro esquerda, que vão do PSOL ao PSB e similares, não se propõe a nenhuma ruptura da ordem capitalista, simplesmente ficam reféns da intempérie do rentismo internacional, ocorrendo a tragédia que acometeu os governos do PT, transitando da enorme expansão creditícia do segundo governo Lula até a forte recessão do ajuste neoliberal levado a cabo por Dilma também em seu segundo mandato interrompido. A diferença entre as gestões petistas não foi provocada por uma questão de “programa”, que era exatamente o mesmo nas 4 administrações da Frente Popular, o modal foi as variações da conjuntura econômica capitalista no mundo do “cassino financeiro”.

Um governo de colaboração de classes, como os que ocorreram entre 2003 e 2016, tem claramente mais o perfil de um partido como o PT, com forte presença no movimento operário e popular, entretanto a burguesia também não descarta utilizar partidos neoliberais com história no nacionalismo burguês para cumprir esta mesma função, novamente nos remetemos ao caso da Argentina. A conjuntura da correlação de forças em 2022, é que irá determinar o “grau” de gerenciamento burguês mais adequado a realidade do capital financeiro neste momento da luta de classes. Enquanto não chega a troca de gerente do Planalto, cabe ao PT o protagonismo de frear a radicalização das massas, que estão submetidas a um duro arrocho diante da crise econômica, com desemprego e inflação em alta, sob um governo de extrema direita, sustentado por Lula.

O “legado” desastroso da pandemia não será pequeno, após o atual governo “negacionista” seguir todas as ordens da OMS e do rentismo financeiro para quebrar o Estado nacional com a contração de crédito internacional para “cobrir” o surto da Covid, “encharcando” de dinheiro os governos estaduais para a construção de hospitais de campanha e compra de ventiladores mecânicos, enquanto os setores essenciais e ordinários da saúde pública ficaram sem verbas federais. Neste cenário futuro, com a “explosão atômica” da dívida interna e a “conta” da falsa pandemia sendo cobrada com agressividade pelos bancos e rentistas, será muito improvável que o PT retorne ao governo central na forma  de cabeça de chapa, crescendo cada vez mais as apostas na composição política de Ciro e Lula, exatamente nesta ordem...