segunda-feira, 19 de outubro de 2020

LUIS ARCE O NOVO “LENINE MORENO” DA AMÉRICA LATINA: VITÓRIA ELEITORAL DO MAS FOI CONSENTIDA PELO REGIME GOLPISTA E O PENTÁGONO 

Uma surpreendente e folgada vitória do candidato do MAS já no primeiro turno das eleições bolivianas, anunciada em primeira mão na madrugada pela própria presidente golpista, Jeanine Áñez, quando a apuração oficial só computava 6,5 de votos contabilizados, estando o candidato Carlos Mesa (CC) um pouco a frente de Luis Arce. Fica evidente para qualquer observador minimamente atento a realidade boliviana, que o regime golpista recebeu um claro sinal para declarar a vitória eleitoral do MAS, contrariando a orientação anterior do TSE em retardar ao máximo a proclamação dos resultados (mesmo somente os parciais). A dinâmica dos fatos da conjuntura política da Bolívia, desde o golpe de Estado até o dia de hoje, nos remetem a outro país latino-americano, o Equador, onde a eleição do presidente Lenine Moreno, indicado e apoiado pelo movimento de esquerda liderado por Rafael Correa, representou um giro a direita do regime político deste país, que entre tantas traições políticas a base que o elegeu, foi o responsável por entregar o jornalista Julian Assange para o cárcere do imperialismo britânico. 

A figura de Arce guarda toda similaridade com a de Lenine Moreno. O candidato vitorioso da ala mais a direita do MAS, foi cúmplice do golpe de Estado em todo seu processo, desde sua gênese quando questionou a lisura do triunfo de Evo Morales, passando pelos parlamentares do partido que legitimaram a posse de Jeanine, até a sua indicação interna onde inviabilizou com ameaças a postulação da liderança camponesa de Andrónico Rodríguez. Arce como Ministro da Economia dos seguidos governos de Evo, foi uma espécie do corrupto Antonio Palocci que conhecemos bem aqui no Brasil, conduziu as finanças do país para o terreno do “neoliberalismo de esquerda”, exportando commodities minerais um um baixo preço no mercado mundial, às custas do extrativismo e devastação das terras demarcadas aos povos originários e camponeses da Bolívia. Arce logo ganhou o apoio das grandes empresas nacionais, mas sua “tática” econômica de barganhar preço das commodities no “leilão” das grandes corporações imperialistas, custou o próprio golpe de Estado, quando se inclinou para o mercado europeu, desagradando assim os lucros dos negócios protegidos pela Casa Branca. 

Arce e sua ala no interior do MAS foi responsável pela reconstrução de um novo perfil político para o partido, com uma plataforma agressiva de mercado e rompendo os vínculos com o populismo indigenista de Evo Morales, suas primeiras declarações ao estar seguro que foi bem aceito pelo regime, foram explícitas: “Começaremos uma nova etapa, sem olhar para o passado de erros e com os olhos no desenvolvimento da livre economia” (Página 7, 19/10). Já o ex-presidente Evo, um pouco melancólico, com a nova liderança do MAS afirmou: “Mais cedo ou tarde regressarei”... não se sabe quando nem como, frente ao silêncio de Luis Arce, que parece querer seguir os passos do colega Lenine Moreno, que deixou Rafael Correa amargar o duro exílio político.