sábado, 21 de novembro de 2020

GUATEMALA EM CHAMAS DA MOBILIZAÇÃO: MANIFESTANTES ATEIAM FOGO NO CONGRESSO CONTRA O “AJUSTE” NEOLIBERAL

Milhares de manifestantes invadiram neste sábado (21/11) o Congresso Nacional da Guatemala e queimaram parte do prédio, em meio aos crescentes e massivos protestos contra o governo neoliberal, após a aprovação de um orçamento que corta drasticamente gastos públicos em educação e saúde. A manifestação reuniu cerca de 7 mil pessoas em frente ao Palácio Nacional na Cidade da Guatemala, que gritavam palavras de ordem e mostravam cartazes com mensagens contra o orçamento recém-aprovado pelo governo neoliberal do presidente Alejandro Giammattei. Os atos começaram “pacíficos”, seguindo a orientação da direção reformista, mas a situação se radicalizou depois que alguns manifestantes conseguiram entrar na sede do Parlamento e atearam fogo no local, como um símbolo da rebelião popular que cruza o país.

O reacionário presidente Alejandro Giammattei, por sua vez rechaçou os atos, acusando de vandalismo os manifestantes que expressaram pela via da ação direta todo seu ódio ao plano de “ajuste” imposto pelos rentistas. Além do presidente, os corpos das forças militares de segurança também se manifestaram através das redes sociais: ”Arruaceiros tentaram retornar ao edifício do Congresso, mas foram contidos pela polícia; apesar das múltiplas provocações, as forças de segurança mantiveram a calma e agiram de maneira firme para manter a ordem". As ameaças policiais de repressão não surtiram efeito e novas mobilizações estão marcadas para o início desta semana.

As manifestações ganharam ainda mais intensidade depois que o vice-presidente da Guatemala, Guillermo Castillo, propôs a Giammattei uma renúncia conjunta "para o bem do país", diante do descontentamento gerado pela aprovação do orçamento de guerra aos trabalhadores. 

Vale lembrar que há vários anos a Guatemala arrasta uma intensa crise do seu regime político devido a denúncias de corrupção generalizada que causaram grandes mobilizações em 2015, e que culminaram na renúncia do então presidente Otto Pérez Molina.

Mas, como era previsível, a burguesia nacional subordinada ao imperialismo aplicou a tática de "mudar algo para não mudar nada", alternando gerentes para que continuassem os mesmos problemas estruturais de corrupção no país, somados aos graves problemas econômicos e sociais  que caracterizam à Guatemala, o maior país da América Central com população próxima a 17 milhões, 43% se identificam como indígenas, e não tem condições de permanecer no campo, ocupado pelo agronegócio industrial voltado a exportação. 

Em conjuntura explosiva, várias organizações sociais e sindicais convocaram mobilizações nestas semanas, exigindo a renúncia do presidente Giammattei, que assumiu o cargo em janeiro deste ano.  A crise do regime guatemalteco acontece em um contexto de polarização política internacional, onde são cada vez mais frequentes as rebeliões populares espontâneas contra os ataques de governos e da burguesia, como aconteceu há poucos dias no Peru. Porém a ausência de uma direção revolucionária para as massas, vem permitindo a burguesia alguma margem de manobra, sempre explorando as ilusões democráticas da classe trabalhadora, que acaba sendo desviada do seu curso histórico pela tomada do poder político.