terça-feira, 1 de dezembro de 2020

RESISTÊNCIA (PSOL) E SEUS SATÉLITES “MARXÓLOGOS” VENDERAM A CANTILENA DE “DERROTAR O FASCISMO” PELA VIA ELEITORAL... E ACABARAM APOIANDO A REACIONÁRIA OLIGARQUIA DOS FERREIRA GOMES EM FORTALEZA! 

O grupo Resistência (PSOL) apoiou no 2º turno em Fortaleza o candidato da reacionária Oligarquia Gomes, José Sarto (PDT), alegando que ser tratava de “derrotar o fascismo” nestas eleições municipais. Essa mesma política foi usada nacionalmente, como se a derrota eleitoral da extrema-direita colocando em seu lugar gestores burgueses ligados aos grandes grupos econômicos, a partidos golpistas e neoliberais, representasse um avanço do ponto de vista dos interesses do proletariado frente ao chamado “Bolsonarismo”. Nessa vereda do “campismo”, não há nenhum critério de classe, ao contrário, adota-se a política de alianças eleitorais com um grupo burguês contra outro, tanto que o tucano Tasso Jereissati (PSDB), dono de um dos mais importantes conglomerados econômicos do país e inimigo histórico dos trabalhadores, também estava com Sarto. Não por acaso, os revisionistas da Resistência afirmam: “Há também a situação de Fortaleza, onde o candidato do PDT (Sarto) disputa contra o Capitão Wagner, apoiado por Bolsonaro. Não há dúvida de que a esquerda deve se unificar chamando voto em Sarto contra o candidato da extrema-direita. No Rio de Janeiro, a situação fica mais complicada, pois o oponente de Crivella é Eduardo Paes, da direita neoliberal. Mas mesmo no Rio o voto deve ser hierarquizado pela luta contra o bolsonarismo. O principal, no momento, é impor uma derrota a Crivella”. (Esquerda On Line, Um segundo turno decisivo para a esquerda brasileira). O grupo de Valério Arcary abriu mão da independência de classe em nome de “combater a direita” nas eleições, votando em candidatos reacionários da burguesia neoliberal! Nesta posição foi seguido por seus satélites “marxólogos” do Emancipação do Trabalho, que embarcaram no eixo anti-marxista policlassista “civilização versus barbárie” para justificar “teoricamente” seu apoio a chamada “direita civilizatória”, como Sarto em Fortaleza. 

Como Trotsky nos ensinou não se “derrota o fascismo” pela via eleitoral apoiando a Frente Popular e a direita para vencer nas urnas a extrema-direita, mas sim atuar na vanguarda e no movimento de massas pela construção de uma alternativa revolucionária nas lutas do proletariado contra o conjunto da burguesia e seus partidos. Na Espanha Trotsky defendeu ampla unidade na luta contra o franquismo, porém criticou duramente o POUM (organização centrista) que votou a favor do governo Largo Caballero, derrubado posteriormente pela reação fascista... 


Mas a realidade brasileira e, em particular de Fortaleza, nem de longe se aproxima da Espanha na época. A oligarquia Gomes apoiada pela Resistência passa a anos luz à direita do socialista Caballero. Não é demais recordar a cena de Ciro Gomes expulsando agressivamente os “coxinhas” que se concentravam na porta da residência de seu irmão, o ex-governador Cid, como defensor do governo Dilma em 2016. Ciro rapidamente se transformou no “valente herói antifascista” da luta contra o golpe. 

O que não foi dito na época pela esquerda reformista (petistas e "parceiros") é que a suposta “valentia” de Ciro contra os manifestantes pró-impeachment estava resguardada por vários PM's que lhe prestam serviço de segurança permanente (a mesma que reprime as greves dos servidores públicos e demais categorias), afinal o governo do estado do Ceará faz parte do "espólio" de sua oligarquia familiar. Todos já conhecem a trajetória de Ciro Gomes e de seu pupilo Sarto, não perderemos tempo biografando sua vida política no interior das legendas que acumulou, desde a Arena até o atual PDT.

Resistência apoiou em nome de “derrotar o fascismo” a oligarquia Gomes que pretende se lançar ao comando geral de uma Frente Ampla, bem mais "folgada" e à direita do que a Frente Popular, para postular a presidência da república em 2022. Hoje a oligarquia Gomes representa um dos grupos econômicos mais fortes no Nordeste, de um pequeno patrimônio de uma família de classe média na cidadezinha de Sobral, Ciro tornou-se um próspero burguês regional somente às custas de sua atividade política, gerenciando negócios estatais há mais de vinte anos consecutivos. As guinadas políticas "a direita e a esquerda" da oligarquia Gomes correspondem todas aos interesses comerciais de seu grupo econômico. Quando era extremamente vantajoso ficar na sombra do tucanato, na condição de sócio minoritário do bilionário Tasso Jereissati, Ciro foi um disciplinado dirigente do PSDB, ali fez sua "base" para depois assumir o protagonismo da oligarquia industrial que controla com mão de ferro o Ceará há mais de trinta anos. Foi esse grupo politico que Resistência e seus satélites “marxólogos” apoiaram, os mesmos Gomes que já declaram que o PT sequer deve lançar candidato a presidente em 2022. 

O mais tragicômico é que "Emancipação do Trabalho" em sua declaração de apoio ao direitista Sarto em Fortaleza, além de afirmar que o capitão Wagner (PROS) é “apoiado pela ala direita da oligarquia regional, vinculada ao PSDB de Tasso Jereissati”, o que não é verdade pois o Tucanato apoiou o candidato da Oligarquia Gomes, com o PSDB integrando a coligação de Sarto desde o 1º turno, não toca uma linha sequer nas eleições do Rio de Janeiro, cidade onde a Resistência e o PSOL apoiou o golpista Eduardo Paes (DEM). Pelo visto preferiram manter o silêncio oportunista próprio da diplomacia pequeno-burguesa “acadêmica” a emancipar uma posição política clara no 2º turno carioca. 

Com essa política de fortalecer a “frente ampla” burguesa, o grupo Resistência do PSOL, teve um excelente desempenho nestas eleições municipais, elegeu vereadores em cidades importantes como São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Juiz de Fora, Aracaju etc... produto de uma forte inflexão ideológica, que fez o “milagre” de todos estes candidatos eleitos receberem apoio financeiro e logístico, de Fundações que financiam “novas lideranças políticas”. Não por coincidência estes vereadores da Resistência, agora já eleitos, participaram no final do ano passado em Recife de um “evento” chamado “Ocupa Política”, uma iniciativa empresarial (não “nominada”por motivos de esconder os seus patrocinadores) com o objetivo promover a eleição de parlamentares afinados com as seguintes ideias desta entidade: “Estamos juntas para ocupar a política institucional, potencializar candidaturas ativistas e articular uma política suprapartidária de renovação progressista nacional!”. Nesta altura já dá para desconfiar quem está por trás deste “Ocupa Política”, são os mesmos que criaram o “RenovaBR” e “Acredito”, nada menos que rentistas do porte de Paulo Lemann. Esse agrupamento passou vertiginosamente do Morenismo para os braços do identitarismo policlassista e ainda por cima financiado pelo clã de rentistas que promovem candidaturas com este perfil político.  

O “Ocupa” está direcionado a cooptar lideranças dos movimentos sociais, tendo seu foco principal nos ativistas do PSOL, porém também abriga alguns da Rede e, não por coincidência, o PDT de Ciro e Sarto. Seus princípios programáticos tem um corte neoliberal clássico, à semelhança do que pensa Lemann e Soros: “Responsabilidade no uso de recurso público, Estado como sinônimo de excelência”, além do enunciado básico dos populistas do mercado: “Redução das desigualdades, busca por justiça social e por outras economias, baseadas na cooperação e na solidariedade”. 

O “Ocupa” já está na sua terceira edição eleitoral e hoje contra com 17 parlamentares “associados”, como Marina Helou da Rede São Paulo, Renata Souza PSOL RJ e Goura do PDT Paraná (os três candidatos a prefeitura em suas respectivas cidades), agora em 2020 deve triplicar esse número. 

Valério Arcary e seu grupo buscou a qualquer preço garantir a eleição de parlamentares e encontrou a “vereda das pérolas”, colados à Jorge Lemann e George Soros. Uma corrente de esquerda, já com este grau de degeneração ideológica e programática, não surpreende mais a ninguém quando anunciou seu apoio a oligarquia dos Ferreira Gomes em Fortaleza (Sarto) e ao corrupto neoliberal Eduardo Paes, hoje no DEM, antigo PFL herdeiro do regime militar. Ciro Gomes e a direita agradece aos que não oferecem “resistência” a seus planos para ascender ao papel de “neocoronel” no Palácio do Planalto.