sexta-feira, 2 de abril de 2021

AS POSIÇÕES DO MORENISMO EM DOIS TESTES ÁCIDOS DA LUTA DE CLASSES: DA UNIDADE COM O DITADOR GALTIERI EM DEFESA DAS MALVINAS À ALIANÇA COM A OTAN E SEUS “REBELDES” MERCENÁRIOS NA LÍBIA PARA DERRUBAR KADAFFI

O PSTU (LIT) publicou um artigo intitulado “PCdoB, da selva aos gabinetes de Brasília” onde ironiza a trajetória de integração do Partido Comunista do Brasil e seu profundo grau de corrupção política e material ao estado capitalista. Concordamos em grande parte com a denúncia feita pela LIT acerca da conversão dos ex-maoístas tupiniquins à ordem burguesa, mas não poderíamos deixar passar em branco o fato da LIT padecer do mesmo mal, porém em uma escala muito maior, ao conceber uma aliança “tática” com o imperialismo quando apoiou a contrarrevolução dos “rebeldes” na Líbia, mercenários patrocinados pelo governo dos EUA, em sua ofensiva neocolonialista sobre o país norte-africano. Assim como o PCdoB apresenta a instauração dos governos da centro-esquerda burguesa na América Latina como “fenômenos progressistas”, a LIT considera a derrubada do regime Kadaffi, pelas mãos da OTAN e seus parceiros do CNT, como um elemento “altamente positivo” na conjuntura dos países árabes.

Pode-se comparar em certa medida a “evolução” do PCdoB, que protagonizou a Guerrilha do Araguaia e agora não passa de subgestor do Estado burguês no governo da frente popular, com a metamorfose operada pelos morenistas dos anos 80 para cá. Estes últimos passaram de paladinos da correta unidade de ação militar com o carniceiro Galtieri em defesa das Malvinas contra a agressão anglo-imperialista a Argentina no começo dos anos 80, a apologistas de uma “revolução democrática”, onde o imperialismo ianque é o ator principal do combate a “ditadura sanguinária” de Kadaffi. 

Passados 39 anos, a LIT que à época foi duramente criticada por outras correntes revisionistas (The Militant, SU, Lambert, etc...) por uma suposta capitulação a um regime militar assassino de mais de trinta mil militantes de esquerda, se converteu hoje em partidária da “frente única circunstancial” com a OTAN, em nome da defesa das “liberdades democráticas”. 

Estes revisionistas jogaram no lixo o abc do leninismo e do trotskismo, além de esquecerem as próprias lições deixadas por Moreno, quando afirmava que: “preferia estar no campo militar dos generais facínoras do que em nome da democracia apoiar a ocupação da Argentina pela frota imperial da Inglaterra”.

Apesar de não fazermos coro estúpido com a mídia “Murdochiana”, que afirmava ser o cambaleante regime nacionalista burguês, liderado por Kadaffi, uma “ditadura sanguinária”, é sintomático que a própria LIT, anteriormente na mesma trincheira da “ditadura sanguinária” de Galtieri contra o imperialismo britânico, tenha se utilizado do pretexto de que Kadaffi era um ditador para se postar no campo político e militar do imperialismo “democrático” e sua falsa “rebelião” que desembocou no governo títere (pró-imperialista) do CNT. 

Com a benção de Hillary e Obama, a “revolução” delirada pela LIT substituiu um regime que colocava alguns entraves na presença dos EUA na região por uma "associação” de mafiosos ex-kadafistas que prometeram lotear o país entre as principais potências imperialistas. 

Esses canalhas da direção da LIT, que hoje envergonhariam o próprio Moreno se vivo estivesse, são os mesmos que depois de saudarem a contrarrevolução que liquidou a URSS nos anos 90 como um “acontecimento revolucionário” se renderam à reação democrática mundial.