domingo, 25 de julho de 2021

FOME E DEMPREGO: TRABALHADORES SÃO ATACADOS ENQUANTO GRANDE CAPITAL CELEBRA “JANELA DE OPORTUNIDADES” NA PANDEMIA

A crise provocada pela pandemia de coronavírus deixou marcas profundas no mercado de trabalho. Em média, 377 brasileiros perderam o emprego por hora em um ano. Os números são de um levantamento realizado pela consultoria IDados com base nos indicadores de abril – os últimos disponíveis – da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua. Em abril, o Brasil tinha 85,9 milhões de ocupados, 3,3 milhões a menos do que no mesmo mês de 2020. Calculada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Pnad Contínua leva em conta tanto o mercado de trabalho tanto forma como o informal. 

Cerca de 3,5 milhões de trabalhadores brasileiros não conseguem emprego há pelo menos dois anos, é um recorde histórico alcançado em plena pandemia e sob a gerência estatal de Bolsonaro. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) do IBGE. Na análise do primeiro trimestre de 2021, que foi divulgada no final do mês passado (27/05), o IBGE constatou que o chamado desemprego de longa duração bateu novo recorde. Dos 14,805 milhões de desempregados 23,6%, ou 3,487 milhões de brasileiros estão nesta situação há mais de dois anos, o maior volume da série histórica do IBGE, iniciada em 2012. No começo de 2020, o Brasil tinha 3,075 milhões de desempregados de longa duração. 

O recorde anterior havia sido registrado no 2º trimestre de 2019,com 3,347 milhões de brasileiros nesta situação dramática. “O desemprego mais longo é resultado das duas últimas crises”, explicou o pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV/ IBRE), Rodolpho Tobler, em reportagem da Folha S.P, ao declarar que “a pandemia afetou diretamente o mercado de trabalho, mas já vínhamos em um momento que não era bom. Desde 2016, o Brasil tem mais de 11 milhões de desempregados [no total]”,disse Tobler, completando que “as pessoas que já tinham dificuldades para entrar no mercado ficaram com ainda mais dificuldades na pandemia”. 

Segundo o IBGE ainda, o desemprego com tempo de procura por trabalho há mais de um ano também bateu recorde no primeiro trimestre. Ao todo 2,557 milhões de brasileiros se encontravam nesta condição, o que representa uma alta de 58,4% em relação a igual período do ano passado, em que havia 1,614 milhão de trabalhadores em busca de uma vaga de emprego há mais de 12 meses.

Ao todo, no Brasil são mais de 33,2 milhões que compõem a chamada taxa composta de subutilização, que inclui desocupados, subocupados e pessoas que não procuraram trabalho por diversos motivos no período da pesquisa. O pesquisador da FGV destaca que para uma melhora do mercado de trabalho “a principal saída é o crescimento econômico, e o mais importante agora é acelerar a vacinação”.

O dramático quadro da crise capitalista, tem na face do desemprego o seu lado mais cruel. A política econômica do governo neofascista, regida pelo Ministro rentista Paulo Guedes, segue a risca o protocolo da governança global do capital financeiro, da mesma forma que seguiam seus antecessores FHC, Lula e o golpista Temer. A única diferença da atual gerência de Bolsonaro é que tenta passar a imagem do “out sider”, ao contrário dos Tucanos e Petistas que vestiam mesmo a camisa dos banqueiros sem nenhuma “firula demagógica”. Mas seja quem for o gerente estatal de plantão, o real mandatário do Estado nacional é o capital financeiro.

Diante do alarmante quadro crescente do desemprego, as direções sindicais da esquerda reformista convocam mobilizações exigindo “a compra de vacinas”, e sequer exigem uma saúde pública de qualidade porque para estes cretinos no Brasil somente se morre ou adoece de Covid. E como os números totalmente inflados da pandemia, contabilizados pelo consórcio da mídia corporativa, servem unicamente para os objetivos eleitorais da oposição burguesa, não há porque lutar por emprego, salário e saúde pública de qualidade. 

É urgente necessário organizar a greve geral pelas principais reivindicações da classe trabalhadora, ultrapassando a política eleitoreira da esquerda reformista que agora convoca mobilizações de rua com foco político exclusivo nas próximas eleições.