sexta-feira, 9 de julho de 2021

GOVERNO DEMOCRATA BIDEN “SOFISTICA” O PLANO IMPERIALISTA PARA VENEZUELA: O FOCO AGORA SÃO AS PRÓXIMAS ELEIÇÕES E NÃO MAIS UMA INTERVENÇÃO MILITAR 

Os governos imperialistas dos Estados Unidos e Canadá em conjunto com a União Europeia formalizaram há poucos dias uma nova tática da disputa internacional contra a Venezuela, mantendo o “ódio” da Casa Branca ao regime chavista, hoje sob o comando de Nicolás Maduro. Em um comunicado comum entre os dois países e a UE, se “enterra” a estratégia trumpista, conduzida pelos “falcões” Bolton e Mike Pompeo, que estavam convictos que o melhor caminho para os EUA era o de uma intervenção militar direta, combinada com uma sublevação interna das Forças Armadas contra Maduro.

Os falcões tentaram aplicar sua tática sem nenhuma dissimulação, primeiro em 23 de fevereiro de 2019, na incursão pela fronteira colombiana, também endossada por presidentes latino-americanos na área de fronteira (Bolsonaro e Duque), depois com a tentativa de golpe em abril do mesmo ano e depois, em 2020, com o desembarque de mercenários na costa marítima perto de Caracas. Todos esses planos da CIA exigiam um levante militar interno que nunca ocorreu e que também não tiveram o apoio de setores importantes da população, a não ser alguns fracos alinhamentos institucionais por trás do bandido Guaidó, que foram perdendo força gradativamente com o tempo e o acúmulo de fracassos militares e políticos.

Os Estados Unidos, e, portanto, seus satélites dentro e fora da Venezuela, não estão mais exigindo eleições presidenciais antes das previstas no calendário eleitoral venezuelano, no final de 2024. Na nova estratégia da Casa Branca para a Venezuela, que inclui a declaração conjunta com a UE e o Canadá, está sendo substituída a meta de derrubada violenta de Maduro por uma tática de cunho eleitoral e de longo prazo. O documento não fala mais em "governo interino", ou seja, a ideia de "poder duplo" projetada pelos falcões de Trump.

Surge no horizonte o dia 24 de novembro, a data das eleições regionais e municipais, o que pode ser um ponto de “virada” em termos da participação ou não de toda a oposição pró-imperialista. Por enquanto, o governo Maduro dá sinais de um acordo de “flexibilização”, mas por outro lado a tensão não diminui o suficiente, o presidente chavista denunciou nas últimas horas um plano da CIA para assassiná-lo, muito provavelmente repercutiu um “eco” do que acabou de ocorrer no Haiti.

Ao constatar a profunda crise da oposição reacionária interna, resta saber se até novembro próximo poderá surgir alguma nova liderança que unifique a extrema direita, o que parece muito difícil. Essa é a principal “tranquilidade” do governo Maduro, que além de uma diminuição verificável de apoio social e mobilização popular, ainda tem um núcleo duro no interior do Partido Socialista Unido da Venezuela, para resolver as disputas eleitorais. No último fim de semana o partido do governo iniciou seu processo de seleção de candidatos, com a participação de mais de dois milhões de membros, e mais de 183 mil candidatos propostos. Um “músculo” que outras organizações políticas não podem mostrar, nem as da oposição burguesa e tampouco a da esquerda socialista.

A disputa é de longo prazo no cenário de pressão permanente do imperialismo ianque sobre a Venezuela, porém aparecem outros atores internacionais, começando, nada mais, nada menos, do que Rússia e China. Os dois países dos quais, entre outras coisas, provém até agora a grande maioria das vacinas que a Venezuela aplica contra a Covid-19, tem uma “capacidade de fogo” capaz de fazer a Casa Branca mudar sua tática de intervenção direta, adotando a cooptação como uma possível estratégia.