quinta-feira, 9 de setembro de 2021

CUBA SUFOCADA PELA PANDEMIA E SOB PRESSÃO DA RESTAURAÇÃO CAPITALISTA: BLOQUEIO, APAGÕES E ATAQUE BACTERIOLÓGICO DOS EUA COLOCAM A ILHA COMO ALVO DE INTENSA OFENSIVA IMPERIALISTA

Os cortes de energia elétrica, que normalmente duram várias horas por dia, são frequentes em Cuba desde a década de 1990, embora tenham se intensificado nos últimos meses, com o agravamento da grave crise econômica. Em geral, o governo cubano atribui as interrupções de energia a avarias e limitações de combustível. O regime castrista acusa os Estados Unidos de tentar bloquear o fornecimento de combustíveis à ilha por parte de outros países, especialmente a Venezuela, em virtude das sanções que Washington impõe a ambos. 

Desde que realizou a revolução social, implantando o Estado Operário de Cuba, o país segue sob ininterrupto ataque do Império ianque e de seus comparsas dos governos burgueses, sejam da direita clássica ou da Social Democracia. Sua população sofre com as sanções e bloqueios econômicos, que comprometem muito também seus esforços de solidariedade internacional. Mesmo assim, esta pequena nação, sempre solidária aos povos, segue sendo um contraponto ao mundo capitalista, apesar dos esforços contrarrevolucionários da burocracia stalinista, que almeja a restauração capitalista para eliminar as grandes conquistas da revolução.

Cuba depende muito do petróleo estrangeiro para produzir energia e busca mudar sua matriz energética de modo que, até o ano de 2030, 24% da energia (cerca de 2.300 megawatts) venha de fontes renováveis.

O governo cubano justifica que, desde 2019, com a aplicação de novas sanções unilaterais pela Casa Branca, Cuba tem sérias dificuldades para importar combustível e abastecer as usinas termoelétricas nacionais.

De acordo com o ministro de Economia, são necessárias 207 mil toneladas de diesel para abastecer as termoelétricas e gerar energia para toda a ilha. A demanda mensal gira em torno de 60 e 70 mil toneladas de diesel, o que equivale a cerca de US$ 60 milhões. Além disso, somente em 2021 foram necessários US$ 350 milhões a mais para comprar combustível, devido ao aumento da demanda durante a pandemia e às dificuldades de importação.

"Muitos dos problemas que estão acumulados hoje não são pela pandemia, mas pelas restrições financeiras", disse o ministro de Economia, Alejandro Gil Fernández.

Desde janeiro de 2021, Cuba coloca em prática a Tarefa Ordenamento, uma reforma econômica que, entre outras medidas, unificou as duas moedas nacionais (peso cubano conversível - CUC - e peso cubano nacional - CUP), aumentou os salários em 450% e liberou a circulação do dólar estadunidense no país.

Paralelamente, também em janeiro, o governo dos Estados Unidos recrudesceu ainda mais o bloqueio econômico, aplicado desde 1962, incluindo o Banco Financeiro Internacional S.A. de Cuba na lista de empresas sancionadas.

De acordo com o ministro de Economia Alejandro Gil, o BFI seria a entidade bancária responsável por arrecadar os dólares do Estado e revendê-los no mercado internacional para reinvestir no país. Também é através do BFI que Cuba recebe doações internacionais. Atualmente cerca de US$ 1,5 milhão em ajuda internacional estão bloqueados na entidade bancária.

"Os objetivos [da Tarefa Ordenamento] foram parcialmente alcançados, porque o bloqueio nos restringiu a capacidade de utilizar esses dólares arrecadados para reinvestir no país", declarou Gil.

Em quase seis décadas, os EUA aplicaram 243 medidas coercitivas unilaterais contra Cuba, que geraram um prejuízo acumulado de US$ 147,8 bilhões.

Somente em 2020, durante a pandemia, o país registrou perdas de US$ 3,5 bilhões por conta da imposição do embargo, que em junho foi condenado pela 29ª vez pela Assembleia Geral das Nações Unidas.

Já em 2021, o país arrecadou US$ 400 milhões a menos que no primeiro semestre de 2020 por conta do bloqueio. A autorização da cobrança em dólares em uma rede de lojas nacional era um dos mecanismos previstos pelo governo para aumentar a arrecadação nacional. Porém, além de não atingir as metas de arrecadação estabelecidas, a reforma econômica também teve impactos negativos maiores do que o esperado pelo governo cubano.

Com a suspensão do subsídio às empresas importadoras de alimentos e produtos, de maneira imediata, os custos da indústria subiram 12 vezes, provocando uma inflação de 2.300%.

O primeiro semestre do ano era o período para que os cubanos trocassem todos os seus CUC a CUP e se adaptassem à nova realidade com moedas estrangeiras circulando livremente no país. No entanto, ao invés de aumentar o consumo, o efeito foi inverso, aprofundando a perda de capacidade de compra dos cubanos.

O câmbio oficial foi estabelecido em 24 CUP = US$1, mas surgem relatos sobre a dificuldade de acessar os dólares do Estado, enquanto o câmbio paralelo já é três vezes superior ao determinado pelo Banco Central cubano.

O Estado Operário cubano vive sua pior crise econômica em 30 anos. Em 2020, seu PIB caiu 11%, e a pandemia de coronavírus paralisou seu principal motor econômico, o turismo. "

Os Marxistas Leninistas que reconhecem o caráter Operário do Estado cubano, seguindo o arsenal teórico deixado pelo revolucionário Leon Trotsky (A Revolução Traída), continuaram o combate em defesa das conquistas históricas da revolução socialista, ocorrida na Ilha há cerca de 60 anos atrás. 

Neste combate não reconhecemos como uma “alternativa progressista” as reformas de mercado introduzidas pela burocracia castrista, com o objetivo da restauração capitalista similar a da “via chinesa”. 

Lutaremos em frente única com o Partido Comunista Cubano contra o imperialismo ianque e suas manobras econômicas e militares, porém no mesmo sentido revolucionário não apoiaremos qualquer passo do Castrismo em direção ao retorno de Cuba a um suposto “capitalismo democrático”!