sexta-feira, 15 de outubro de 2021

BATE-BOCA NA “FRENTE AMPLA”: CIRO GOMES ATACA LULA E O PT, O MESMO PARTIDO QUE ELE CONTROLA COM MÃO DE FERRO NO CEARÁ

O “bate boca” entre Lula e Ciro Gomes depois que o candidato do PDT afirmou que o petista havia pavimentando o golpe institucional contra Dilma, denunciando as atuais negociações do PT com os golpistas para as eleições de 2022 abriu uma crise na frente ampla burguesa. Ciro com essas críticas deseja ganhar o apoio eleitoral de setores da direita que não votam nem em Lula e muito menos em Bolsonaro. O que Lula e ninguém falou é que Ciro hoje controla o PT cearense através de um estafeta do seu clã, nada menos do que o governador Camilo Santana. É a partir de um "pé dentro" do PT e o outro no controle nacional do PDT, que a oligarquia Gomes pretende se lançar ao comando geral de uma Frente Ampla de centro-direita, bem mais "folgada" do que a Frente Popular, para postular a presidência da república em 2022.

Hoje a oligarquia Gomes representa um dos grupos econômicos mais fortes no Nordeste, de um pequeno patrimônio de uma família de classe média na cidadezinha de Sobral, Ciro tornou-se um próspero burguês regional somente às custas de sua atividade política, gerenciando negócios estatais há mais de vinte anos consecutivos.

Imediatamente a blogosfera petista, e até mesmo os "aliados" do PCdoB, reagiram aos ataques de Ciro, descredenciando o "neocoronel" filiado ao PDT. Levaram duas década para "descobrirem" que o ex-membro da antiga ARENA, nunca esteve na trincheira popular e nem sequer democrática. Porém o que a "família" reformista da Frente Popular não revela sobre a oligarquia Ferreira Gomes, é que continuam controlando com "mão de ferro" no estado do Ceará o mesmo PT que Ciro e seus irmãos tanto gostam de enxovalhar. É lógico que a cúpula nacional do PT é conivente política e se beneficia materialmente desta "parceria" com os Gomes no Ceará, talvez por isso Ciro fique tão à vontade de tratar a burocracia petista como "corrupta", sem que o governador Camilo Santana esboce alguma reação. 

Tanto o PT como Ciro vivem uma espécie de "faz de contas" na política burguesa, o primeiro "faz de conta" que não tem nada a ver com os Ferreira Gomes e o segundo ataca seus submissos "companheiros" petistas com um roteiro de "faz de conta" que não temos nenhuma relação política.

A "força" hegemônica dos Ferreira Gomes não se restringe simplesmente a política cearense, são proprietários ou sócios de grandes empresas na região, sempre é claro no nome de "laranjas", o que permite a Ciro se apresentar como um "pobre e modesto" professor universitário, sem nunca ter ministrado em toda sua vida uma única aula em nenhuma faculdade. Não se iludam os tolos e ingênuos honestos que ainda acreditam no PT, mesmo após ter sido humilhado por Ciro, o PT continuará a fazer apelos ao oligarca para que integre a Frente Ampla da conciliação de classes, "sonhando" que poderão derrotar o governo neofascista nas eleições de 2020, enquanto prossegue no dia a dia a brutal ofensiva imperialista contra nosso país. Os reformistas só conseguem apostar no calendário eleitoral previamente fraudado...

É hora de romper as ilusões na institucionalidade burguesa e "arregaçar as mangas" na organização da greve geral de massas, para derrotar já a ofensiva neofascista contra nossas conquistas!

As guinadas políticas "a direita e a esquerda" da oligarquia Gomes correspondem todas aos interesses comerciais de seu grupo econômico, tendo um ou mais "testas de ferros" formais, como o empresário Arialdo Pinho por exemplo. Quando era extremamente vantajoso ficar na sombra do tucanato, na condição de sócio minoritário do bilionário Tasso Jereissati, Ciro foi um disciplinado dirigente do PSDB, ali fez sua "base" para depois assumir o protagonismo da oligarquia industrial que controla com mão de ferro o Ceará há mais de trinta anos. Com os primeiros sinais dos estertores tucanos, Ciro que já tinha assumido o governo do Ceará e o ministério da Fazenda, começa a se metamorfosear de "liderança de esquerda" ingressando no PPS, antigo PCB. Logo após a vitória de Lula em 2002, os Ferreira Gomes pulam para o PSB e passam a administrar boa parte dos recursos federais para todo o Nordeste.

Em 2012 numa disputa intestina com a oligarquia Campos de Pernambuco, deixam o PSB, transitando pelo PROS até desembarcarem no PDT em 2015. Neste período que permeia a saída do ninho tucano em 1998 até hoje, os Gomes "ramificaram" seus apêndices para outras legendas, Patricia Ferreira (a esposa de Ciro) já estava no PDT desde 2000 e o "afilhado" Camilo Santana no PT desde 2006. Ciro mantém uma obstinação política de entrar para história como presidente do Brasil, a pequena Sobral, o modesto Ceará e resignado Nordeste já não lhe cabem mais em seu "sonho de poder".

Neste cenário o PT que via com simpatia a conformação de uma Frente Ampla com o PDT, PSOL e PCdoB, começa a se preocupar com a pretensões direitistas dos Ferreira Gomes, que poderão arrastar Lula para uma empreitada eleitoral que não leve nenhum traço do velho populismo nacionalista de esquerda. Por esta razão os reformistas que ontem bradavam o heroísmo de Ciro contra o golpe, como o PCO, começaram a se incomodar com uma possível aliança no campo da hegemonia dos Ferreira Gomes.

O mercado eleitoral de 202 ainda não está totalmente aberto, por isso é cedo para diagnosticar com precisão o rumo dos Gomes, sempre muito preocupados com seus negócios e "concorrentes", a única certeza é que quando o PT e seus acólitos corruptos (PCO e suas pulgas) proclamou o falso "heroísmo" de uma oligarquia reacionária e covarde contra os trabalhadores, decretou a morte da independência de classe, seja qual for a fórmula eleitoral da Frente Popular para 2022.