segunda-feira, 13 de junho de 2022

EUA PRETENDEU PARALISAR A INDÚSTRIA PETROLEIRA RUSSA: CONSEGUIU QUEBRAR SUA BOLSA DE VALORES E DISPARAR SUA TAXA DE JUROS

O governo Biden está elaborando ofensivos planos para sufocar as receitas petrolíferas da Rússia com o objetivo de longo prazo de destruir o papel central do país no mercado global de energia, em uma escalada que pode levar os Estados Unidos a entrar em conflito com China, Índia, e outros países que compram petróleo russo. Porém o que o Democrata demente colheu até agora foi uma disparada inflacionária em seu país, obrigando ao maior aumento de sua taxa de juros em 28 anos, e um default financeiro na bolsa de valores de Wall Street.

As medidas propostas pela Casa Branca incluem a imposição de um teto de preço do petróleo russo, apoiado pelas chamadas "sanções secundárias", que puniriam os compradores estrangeiros que não cumprirem os padrões dos EUA, impedindo-os de fazer negócios com empresas dos EUA e de países associados.

As sanções econômicas contra a Rússia falharam miseravelmente. De acordo com um novo relatório da Agência Internacional de Energia, as exportações russas de petróleo aumentaram em abril/maio e o aumento dos preços significa que a Rússia obteve 50% mais receita este ano do que no mesmo período do ano passado. A Índia e a Turquia, membros da OTAN, aumentaram suas compras. A Coreia do Sul compra menos, mas continua sendo um grande cliente, assim como a China, que critica as sanções dos EUA.

Apesar das sanções econômicas, a Rússia colhe quase 20 bilhões de dólares por mês com a venda de petróleo. Trata-se de privar Moscou desse dinheiro e, ao mesmo tempo, garantir que a oferta global de petróleo não caia, o que pode fazer com que os preços subam e piorem a inflação nos Estados Unidos e em outros lugares. Às vésperas das eleições parlamentares nos EUA, Biden declarou que a luta contra a inflação é uma prioridade.

Os Estados Unidos não podem retirar imediatamente grandes quantidades de petróleo russo do mercado internacional. O que faz é pressionar os países a se livrarem dessas importações nos próximos meses. A proibição dos EUA de vender tecnologia crítica para a Rússia pretende, em parte, prejudicar suas companhias petrolíferas por muitos anos.

A indústria petrolífera russa já está sob pressão. Os Estados Unidos proibiram as importações de petróleo russo em março e a União Europeia espera anunciar uma medida semelhante em breve. Seus ministros das Relações Exteriores discutiram um possível embargo em Bruxelas. O G7 concordou este mês em eliminar gradualmente as importações de petróleo russo, e seus ministros das Finanças devem se reunir esta semana em Bonn para discutir os detalhes.

"Não vai acabar da noite para o dia, mas a Europa está claramente no caminho certo para avançar decisivamente nessa direção", afirmou o secretário de Estado, Antony J. Blinken, ontem em Berlim quando questionado sobre futuras sanções energéticas em uma coletiva de imprensa da Otan.

Na quinta-feira passada, a secretária do Tesouro, Janet Yellen, disse que discutiu com seus colegas estrangeiros opções para reduzir as receitas do petróleo russo antes de um embargo europeu completo. "O objetivo é manter uma certa quantidade de petróleo russo no mercado para manter os preços mundiais baixos e não ter efeitos negativos indevidos em terceiros países", disse Yellen a repórteres.

Yellen citou tetos de preços, tarifas e "sanções secundárias" como possíveis maneiras de reduzir as receitas do petróleo da Rússia sem fazer com que os preços mundiais disparassem.Os Estados Unidos estão considerando o que mais podem fazer no curto prazo para reduzir a receita da Rússia com as vendas de petróleo e garantir que países que não fazem parte da coalizão de sanções, como China e Índia, não prejudiquem as sanções simplesmente comprando mais óleo.  O governo Biden está estudando diferentes tipos de “sanções secundárias” e ainda não decidiu um curso de ação.  Os Estados Unidos impuseram "sanções secundárias" para cortar as exportações do Irã.

Grandes empresas estrangeiras geralmente cumprem as regulamentações dos EUA para evitar sanções se negociarem com empresas dos EUA ou países associados. O slogan é "se você faz negócios com a Rússia, não pode fazer negócios com os Estados Unidos".

Mas as sanções imperialistas têm um histórico de fracasso. Em 2020, o governo Trump impôs sanções a empresas da China, Vietnã e Emirados Árabes Unidos por seu papel na compra ou transporte de petróleo iraniano. Mas o isolamento econômico nunca conseguiu mudar a política dos governos, do Irã à Coreia do Norte, de Cuba à Venezuela.

Uma das medidas em estudo em Washington obrigaria as empresas estrangeiras a pagar pelo petróleo russo abaixo do preço de mercado ou enfrentariam sanções. Washington precificaria o petróleo russo bem abaixo do valor de mercado mundial, que atualmente é de US$ 120 o barril. O último orçamento da Rússia estabeleceu um preço de equilíbrio para seu petróleo acima de US$ 40. Um teto de preço reduziria os lucros da Rússia sem aumentar os custos globais de energia.

O governo dos EUA também pode cortar a maior parte do acesso da Rússia aos pagamentos do petróleo. Para fazer isso, Washington promulgaria um regulamento que exigiria que os bancos estrangeiros que administram pagamentos colocassem o dinheiro em uma conta de garantia se quiserem evitar sanções. A Rússia só teria acesso a esse dinheiro para comprar bens essenciais, como alimentos e remédios.

Na medida que esses mecanismos forem implementados, os Estados Unidos pressionarão os países a reduzir gradualmente suas compras de petróleo russo, como fizeram com o petróleo iraniano. Não haveria uma proibição do petróleo e do gás russos porque isso aumentaria drasticamente os preços e a Rússia se beneficiaria desse aumento. Mas impor pagamentos de caução ou tetos de preços em escala global pode ser difícil. Com as novas medidas, os Estados Unidos teriam que enfrentar países fora da atual coalizão de sanções que, como Índia e China, querem manter boas relações com a Rússia.

Os EUA precisam orquestrar uma provocação de bandeira falsa para passar para “sanções secundárias”, como um ataque com armas químicas. Também precisa que seus parceiros europeus e asiáticos aceitem sua política sancionatória, o que não é fácil. Em Bruxelas, os governos neoliberais acreditam que algumas medidas, como limites de preços ou tarifas sobre o petróleo russo, seriam ineficazes ou muito complicadas de aplicar.

Em Bonn, Yellen reconheceu que todas as propostas apresentam "dificuldades práticas" e que os países europeus ainda não chegaram a um acordo sobre uma solução. “Acho que muitas pessoas, inclusive eu, acham atraente do ponto de vista econômico geral, mas colocá-lo em funcionamento é um desafio”, disse Yellen.

Enquanto isso, na Casa Branca os Democratas calculam a receita que a Rússia perderia se os principais compradores pagassem apenas uma fração do preço de mercado do petróleo. Se a União Européia decidir impor um teto de preço em suas compras em vez de um embargo total, os compradores asiáticos e do Oriente Médio de petróleo russo podem esperar pagar o mesmo preço reduzido.

O governo Biden também não descarta recorrer ao saque descarado dos ativos do Banco Central da Rússia que estavam congelados em contas no exterior no início da Guerra da Ucrânia, bem como dos magnatas russos, e entregá-los à Ucrânia sob a pretexto de "pagar a reconstrução". Entretanto o principal inimigo dos EUA não parece estar em Moscou, se apresenta na crise financeira de sua própria economia capitalista, alavancada artificialmente com trilhões de dólares durante a pandemia.