segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

NOSSA POSIÇÃO DIANTE DA “CORTINA DE FUMAÇA” DA ESQUERDA BURGUESA EM CONDENAR A SUPOSTA “TENTATIVA DE GOLPE DE ESTADO”: OS MARXISTAS REVOLUCIONÁRIOS LUTAM PARA DESMISTIFICAR O MITO DO RESPEITO A DEMOCRACIA DOS RICOS E A “SACRALIDADE” DAS INSTITUIÇÕES DO ESTADO CAPITALISTA! 

As manifestações Bolsonaristas de ontem (08.01) demonstram que é o impotente governo da Frente Ampla burguesa comandado por Lula que pavimenta o caminho para o verdadeiro fascismo ao se colocar na condição de refém do aparato repressivo do Estado burguês e das instituições da carcomida república burguesa. Para Lula ganhar de Bolsonaro nas últimas eleições foi preciso operar a fraude via as urnas roubotrônicas avalizada pelo TSE e as FFAA. Não por acaso, o petista voltou a cena com uma frente burguesa ainda mais direitista e vai atacar as conquistas operárias e impor um duro ajuste neoliberal, jogando as massas nas mãos da extrema-direita diante das profundas desilusões. Nesse movimento a Frente Popular, recorrendo ao discurso da “civilização versus a barbárie” ou “democracia contra o fascismo”, chantageia as organizações de esquerda e o ativismo classista a lhe dar um “cheque em branco”: aceitem todas as alianças, temos que nos unir para derrotar o fascismo! Nota-se que não há nenhum chamado a classe operária para entrar em cena, ao contrário, teríamos que dar as mãos aos inimigos históricos dos trabalhadores, assumidos neoliberais e rentistas, como Alexandre de Moraes, Alckmin, Marina, Múcio em nome de derrotar a “extrema-direita”, legitimando as instituições fraudadas do regime político pseudo-democrático que hoje são as que estão atuando para restringir as liberdades democráticas e incrementar as perseguições políticas, que hoje se voltam pontualmente contra as hordas bolsonaristas mas que tem como alvo a classe trabalhadora organizada e a esquerda revolucionária. A grande lição programática que a vanguarda classista dos trabalhadores deve abstrair é que a ação direta das massas deve ser o centro da luta de classes para demolir o Estado capitalista e suas instituições apodrecidas, porém desgraçadamente hoje é a extrema direita que detém esse protagonismo. O eixo principal dos Marxistas Revolucionários não é atacar a manifestação Bolsonarista como expressão do crescimento do fascismo, embora esse fenômeno é latente e deve se desenvolver no curso do desgaste do governo da Frente Ampla. O centro de nossa agitação e propaganda neste momento é desmistificar o mito do respeito à democracia e da "sacralidade" das instituições do Estado burguês!

Como vemos desde ontem, não há um chamado a luta direta e a resistência nas ruas, o PT pede que marchemos unidos com nossos algozes pretensamente “democráticos” para “golpear o fascismo”. Os Trotskistas da LBI denunciam que essa fórmula não é uma “frente única antifascista” e sim uma frente de colaboração de classes, uma aliança que não avança a resistência do proletariado, por essa razão seria uma profunda capitulação política apoiar o governo Lula mesmo criticamente, como faz o PSTU.

Com a derrota de Bolsonaro, o governo de “união nacional” comandado por Lula aplicará também o ajuste ditado pelo imperialismo. O “detalhe” é que em um quadro de profunda desmoralização do movimento de massas, exponencialmente perigoso e não de luta aberta direta.

A atual ofensiva fascista é produto direto do fracasso dos governos centrais do PT, que distribuíram farto crédito para uma parcela da população que também teve acesso a uma certa melhoria dos serviços públicos em geral. Mas como não deram um único passo na ruptura com o regime, quando a bolha de crédito internacional gerada pela venda de commodities retraiu com a desaceleração da economia, a massa despolitizada que hoje é base de Bolsonaro se virou contra o PT. Lembremos que Dilma, atendendo a exigência dos rentistas, colocou para comandar nossa economia um banqueiro do Bradesco para iniciar a retirada de direitos históricos dos trabalhadores. Tanto que no início de 2015, o “Fora Dilma” logo evoluindo para um fascismo declarado. A resposta do PT foi sempre a pior possível para cada avanço da direita, desde nomear Temer para comandar o gabinete político do governo em plena crise e conspiração aberta da direita.

Derrotar o fascismo, pouco tem a ver com “votar bem”, seu triunfo ou não está relacionado a correlação de forças da luta de classes. Na verdade, um novo estelionato eleitoral do PT com Lula terá proporções trágicas como vimos nos atos de hoje dos Bolsonaristas!

Muitos ativistas honestos questionam a LBI se não deveríamos apoiar “criticamente” o governo do PT para “derrotar o fascismo”, denunciando as alianças de Lula com a direita e proclamando formalmente a “independência política” diante da Frente Popular. Respondemos que NÃO! Os Trotskistas estão pela unidade de ação contra o fascismo e não pela formação de um bloco político comum com a Frente Popular, que desarma a resistência de classe.

Leon Trotsky no artigo “O perigo fascista ronda a Alemanha” (setembro de 1939) aponta lições importantes nesse sentido para nós que reivindicamos seu legado. Nosso mestre Bolchevique nos ensina que “A primeira qualidade de um autêntico partido revolucionário é a de ser capaz de olhar a realidade frente a frente. Para que a crise social possa ser conduzida para a revolução proletária, é necessário que, ao lado de outras condições, se dê um decisivo movimento das classes pequeno burguesas em direção ao proletariado. Isto daria ao proletariado a chance de se colocar à frente da nação e liderá-la. As últimas eleições revelam uma tendência na direção oposta. Sob o impacto da crise, a pequena burguesia tem se inclinado não pela revolução proletária e sim pela mais radical reação imperialista, levando consigo, nessa direção, um considerável setor do próprio proletariado. O gigantesco crescimento do nazismo é resultado de dois fatores: uma profunda crise social, que desestabiliza o equilíbrio das massas pequeno burguesas, e a carência de um partido revolucionário que apareça diante das massas populares como uma reconhecida liderança revolucionária. Se o Partido Comunista é o partido da esperança revolucionária, o fascismo é, como movimento de massas, o partido da desesperança contra-revolucionária. Quando a esperança revolucionária abraça as massas proletárias por completo, isso empurra inevitavelmente no caminho da revolução consideráveis e crescentes setores da pequeno-burguesia. Precisamente nesse plano, as eleições oferecem a imagem oposta: a desesperança contra-revolucionária abraça as massas pequeno burguesas com tanta força que empurra importantes setores do proletariado… O fascismo na Alemanha tem-se convertido num perigo real, como uma aguda expressão da posição de desamparo em que se acha o regime burguês, do papel conservador da social-democracia nesse regime e da impotência acumulada pelo Partido Comunista para derrubá-lo. Quem negar isto é cego ou um fanfarrão. É certo que a social-democracia preparou, com a sua política, o florescimento do fascismo, mas é certo também que o fascismo supõe uma ameaça mortal primeiramente para a própria social-democracia, cuja força está indissoluvelmente ligada às formas e métodos democrático-parlamentares e pacifistas de governo. A crise social produzirá inevitavelmente uma profunda cisão no seio da social-democracia. A radicalização das massas afetará os sociais-democratas. Nós teremos que chegar a acordos, inevitavelmente, com diversas organizações e facções sociais-democratas contra o fascismo, colocando condições precisas aos seus líderes, diante dos olhos das massas… Devemos abandonar as declarações vazias sobre a frente única e voltar à política de frente única tal como ela foi formulada por Lenin e sempre aplicada pelos bolcheviques em 1917”.

A extensa citação ao texto se faz necessária para apontar as tarefas dos revolucionários nesse momento no Brasil que poderíamos sintetizar no “Marchar separados e golpear juntos”, sendo necessário que as massas saiam às ruas para lutar contra o governo Lula e a extrema-direita, fazendo oposição operária, popular e revolucionária ao governo da Frente Ampla burguesa.

Longe de alimentar métodos “democráticos-parlamentares” ou “pacifistas” em nome do combate o fascismo como apregoa hoje o PT e o PSOL com seu chamado a apoiar uma frente neoliberal “democrática”, devemos como Trotskistas para combater decididamente contra a reação burguesa nas ruas, fábricas, escolas, construir a Greve Geral, o que exige combater o próprio governo Lula! 

A orientação nos legada pelo fundador da IV Internacional é justamente o oposto do que vem fazendo o PSOL, PSTU, MRT e todas as correntes revisionistas do trotskismo abrigadas na legenda. Chamam a unidade contra o fascismo, aceitando a “ampla frente” com os neoliberais e rentistas, rendem-se a chantagem do PT. Esse é o caminho suicida, o mesmo que levou ao golpe parlamentar de 2016, a prisão de Lula e a farsa eleitoral porque não é capaz de enfrentar a reação burguesa com os métodos da classe operária, pavimentando o sangrento caminho da derrota, como ocorreu no Chile de Allende ou no Espanha na década de 30, para não falar da Alemanha, como pontuou Trotsky.

A história cobrará um alto preço por essa decisão de capitulação da esquerda que se diz revolucionária ao PT, que como Trotsky nos ensinou, reflete uma “impotência acumulada” diante das necessidades da luta de classes, de combater o fascismo pela via da Revolução e não da capitulação ao PT, na medida que é o novo governo Lula que pavimenta o caminho para o verdadeiro fascismo! Apoiar o governo da Frente Ampla irá pavimentar um caminho muito perigoso, que é o de deixar para a extrema-direita, incluindo os fascistas, a captação da decepção que inevitavelmente ocorrerá entre os trabalhadores.