quinta-feira, 18 de maio de 2023

GOLPE DE ESTADO “DEMOCRÁTICO” NO EQUADOR: COM APOIO DA CASA BRANCA E DA ESQUERDA BURGUESA LATINA-AMERICANA, COMO LULA, BORIC E FERNÁNDEZ 

O presidente banqueiro do Equador, Guillermo Lasso, antecipou-se à decisão da Assembleia Nacional (Parlamento) de aprovar nesta última quarta-feira (17/05), o seu processo de impeachment por “malversação de recursos públicos”, dissolvendo o parlamento unicameral com a aplicação do decreto draconiano denominado de “Morte Cruzada”. A denominação se deve ao fato de que, ao dissolver o parlamento, Lasso encurta o mandato dos deputados, mas também o seu, uma vez que eleições gerais terão que ser convocadas em, no máximo, seis meses. Até lá o rentista Lasso governa por decreto e com o suporte do imperialismo ianque. O golpe “democrático” foi imediatamente contestada pelos mais amplos setores do movimento de massas do país, que já anunciaram uma jornada de luta rumo a greve geral.

O malfadado decreto da "morte cruzada" é uma espécie de ataque preventivo contra as massas, e que foi previamente negociado com o Departamento de Estado dos EUA. Com o reacionário recurso, Lasso evita ser expulso vergonhosamente da gerência estatal e tenta se manter o controle até pelo menos a realização das novas eleições. A medida é obviamente antidemocrática e permite que o banqueiro governe por decreto até eleições antecipadas. Porém para aceitar a manobra golpista de Lasso, a Casa Branca exigiu que o debilitado presidente abrisse mão de concorrer a um novo mandato, ficando a critério do Democrata Biden escolher um novo gerente para o Equador muito mais alinhado com a Nova Ordem Mundial.

É claro que esta é uma crise política profunda, inerente a própria estrutura capitalista periférica e que transcende ao próprio Lasso. A profunda instabilidade do regime político do país é permanente desde a rebelião popular de 2019, gerando as sucessivas derrotas parciais dos planos de ajuste neoliberal impostos pela Governança Global do Capital Financeiro.

A rebelião das massas que sacudiu o país, tanto em 2019 quanto em 2022, foi inicialmente dirigida pela CONAIE, a confederação indígena com uma orientação abertamente reformista e parlamentar. A resposta de Lasso a insurreição social foi uma repressão brutal. O rentista impôs o Estado de Exceção para potencializar a ação policial repressiva nas ruas “iluminadas” pela mobilização multitudinária. 

Entretanto faltava a classe operária e aos camponeses equatorianos uma direção revolucionária, não só para pressionar a burguesia direitista, mas essencialmente para derrotar a classe dominante em seu conjunto, construindo na rebelião uma alternativa de poder socialista. Essa é a tarefa que continua colocada em plena crise “cruzada” do conjunto das instituições do Estado capitalista.