terça-feira, 19 de dezembro de 2017

MACRI APROVA REFORMA DA PREVIDÊNCIA NA ARGENTINA: PARA IMPEDIR O “EU SOU VOCÊ, AMANHÔ AQUI NO BRASIL OS LUTADORES DEVEM ABSTRAIR AS LIÇÕES DA DERROTA, PRODUTO DA POLÍTICA DE COLABORAÇÃO DE CLASSES DO PERONISMO, DA BUROCRACIA SINDICAL (CGT, CTA) E DO IMPOTENTE ELEITORALISMO DA FIT


Quando as manifestações contra a Reforma da Previdência de Macri conseguiram adiar por alguns dias a aprovação da medida no parlamento argentino na semana passada, a esquerda brasileira, em especial os grupos revisionistas do trotskismo como o MRT, CST, PSTU, MAIS que apoiam a FIT naquele país disseram em uníssono: “Grande Vitória! Sigamos o exemplo de luta de nossos Hermanos!”. Agora que o neoliberal Macri aprovou seu ataque às aposentadorias por uma pequena margem, contando com o voto decisivo de setores da oposição burguesa ligados ao Peronismo, quais as lições a tirar dessa derrota profunda? Em primeiro lugar ficou evidente a fraude da patética avaliação da FIT e de seus apoiadores no Brasil de que as recentes eleições parlamentares foram uma “vitória histórica da esquerda revolucionária” devido a eleição de alguns poucos deputados nacionais. Macri e seu Cambiemos provaram que o novo congresso nacional argentino estava afinado com os ditames do imperialismo e não o contrário, a direita consolidou seu poder e avança no ajuste neoliberal, uma tendência em curso em todo o continente. Por seu turno, as manifestações em frente ao parlamento que pressionaram os deputados não foram suficientes para barrar a reforma porque não estavam baseadas em uma verdadeira greve geral por tempo indeterminado. A CGT e a CTA, assim como a CUT e a FS aqui no Brasil, desmarcaram uma paralisação nacional de verdade e apenas convocaram um “dia de luta” parcial na data da votação, seguindo a política da burocracia sindical de pacto com o governo e com setores do Justicialsmo em busca de pequenas concessões para apoiar o projeto, dando a Macri finalmente 19 votos a favor do ataque. Resultado: os trabalhadores dos transportes, servidores públicos e algumas categorias importantes como professores paralisaram na segunda-feira (18), mas o grosso do proletariado não foi organizado para a luta direta radicalizada, com uma greve geral que interrompesse a produção e ocupasse as fábricas, bancos e comércios. Ao PTS, PO, IS e seus afins agrupados na FIT coube fazer a pressão parlamentar com suas faixas em frente ao Congresso, com suas colunas enfrentando a repressão estatal duríssima, mas sem uma retaguarda de piquetes e greve com ocupação no centro da produção, distribuição e consumo da Argentina. Tanto que nem o parlamento chegou a ser ocupado! Coube aos poucos parlamentares da FIT tentarem apenas atrasar a sessão, sem grande sucesso, uma conduta típica do eleitoralismo sem maiores consequências. Essa mesma estratégia suicida tem levado o PSTU, PSOL, Conlutas e Intersindical no Brasil ao apoiarem o eixo distracionista “Se botar pra votar o Brasil vai parar” adotado pela CUT e o PT, inclusive assinando notas conjuntas com a Frente Popular que serve para dar um verniz de esquerda e combativo a política de colaboração de classes da burocracia sindical. A esquerda brasileira que fez “festa” com o adiamento da votação na semana passada na Argentina, agora apenas “lamenta” a importante vitória de Macri, da burguesia e do imperialismo. É preciso ir além dessa conduta cínica, a LBI convoca a vanguarda classista a lutar por uma verdadeira Greve Geral por tempo indeterminado em fevereiro, o que passa por romper a ilusória unidade com esses traidores da CUT, FS e a burocracia sindical amarela. Não será pressionando o corrupto parlamento brasileiro que venceremos, ao contrário, a continuar por esse caminho seremos derrotados em fevereiro-março. Nós da LBI defendemos mais uma vez a necessidade de se convocar um Congresso Nacional de base dos Trabalhadores que rechace esses burocratas canalhas e aponte o caminho da luta direta e revolucionária para derrotar Temer e suas reformas neoliberais, se constituindo como um embrião de poder proletário que supere a política de ilusões no circo eleitoral da democracia burguesa e na pressão sobre o parlamento burguês. Esta é a senda da vitória e não a fictícia unidade com esses verdadeiros traidores da classe operária que não passam de sustentáculos do carcomido regime político capitalista! A derrota argentina provou se não superarmos essa política de colaboração de classes, se imporá no Brasil a máxima do “Eu sou você, amanhã”!