domingo, 31 de julho de 2011

Morte do comandante militar dos “rebeldes” expõe crise dos mercenários a serviço da OTAN
A recente morte do comandante Abdul Fattah Younes, chefe militar dos grupos "rebeldes" financiados pelo imperialismo, é mais uma expressão da crise em que está mergulhada a ofensiva da OTAN após quatro meses de ataques à Líbia. As grandes potências capitalistas e a própria esquerda revisionista apologista da fantasiosa “Revolução Árabe” apostavam que o “ditador” Kadaffi logo cairia com o início da intervenção militar aprovada pela ONU, mas o apoio popular ao regime, devido às conquistas oriundas do movimento nacionalista que derrubou a monarquia no final dos anos 1960, vem impondo forte resistência das massas aos planos do imperialismo de impor um governo fantoche completamente aliado a seus interesses políticos e econômicos. Não temos dúvida em afirmar, contrariando toda propaganda enganosa da mídia burguesa, que as forças de rapina financiadas pela Casa Branca e a União Europeia estão sendo derrotadas pelas milícias populares armadas e o exército nacional líbio que apóiam o regime. A cidade de Benghazi, conhecida como a capital dos “rebeldes” por suas fortes relações comerciais com as transnacionais petrolíferas, ainda se mantém sob o controle das forças da contrarrevolução porque está fortemente protegida pela OTAN.

Apesar dos detalhes do assassinato permanecerem obscuros, as informações divulgadas sobre a morte de Younes levam a crer que este foi eliminado como produto da própria luta interna intestina entre as frações de mercenários que dirigem os “rebeldes”, alojadas em torno do chamado Conselho Nacional de Transição (CNT). A crise que se abateu no interior do CNT diante da resistência heróica das massas líbias, com milícias populares derrotando os arquirreacionários remanescentes da monarquia do rei Idris nas cidades, acirrou a disputa entre aqueles que se venderam ao império, a exemplo do próprio Younes, pelo controle dos milhares de dólares fornecidos pelas potências estrangeiras ante a possibilidade de uma derrota para Kadaffi. Esse conflito tem provocado forte divisão no seio do CNT. Vale lembrar que este “conselho” foi cinicamente reconhecido por Obama e Sarkozy como o “governo legítimo da Líbia” em uma tentativa desesperada do imperialismo centralizar as ações dos “insurgentes” por terra, fornecendo-lhe armas e tanques, mas até agora esta “ajuda” milionária não alterou em seu favor o quadro da guerra civil em curso, já que as grandes cidades com forte concentração popular rechaçaram as investidas pró-OTAN.
Logo após a morte de Younes, Kadaffi fez um pronunciamento em que afirmou: “A determinação do povo líbio é mais forte do que a determinação da Otan”. O dirigente líbio sabe que neste momento é impossível qualquer acordo com imperialismo, como o “plano de paz” que Kadaffi tentou até pouco tempo negociar com a União Europeia prometendo uma reforma eleitoral no país. Apesar das concessões feitas pelo regime líbio nos últimos anos, as grandes potências capitalistas, aproveitando-se das transições ordenadas que conseguiram operar no Egito e na Tunísia, desejam impor, neste caso pela via militar, sua rapina sobre o país do Magreb sem qualquer tipo de obstáculo, a exemplo do alto grau de controle estatal do petróleo líbio que impõe a atual Constituição aprovada após a queda da monarquia.

As massas líbias estão em luta pelas conquistas operárias existentes, hoje ameaçadas pela agressão imperialista e não por um sentimento abstrato de defesa da “soberania nacional”. Como revolucionários defendemos não só a frente única militar com Kadaffi, mas a própria vitória das forças que apóiam o regime e lutam em armas para derrotar o imperialismo. Na linha de frente deste combate revolucionário, publicitamos um programa comunista para forjar uma direção revolucionária e socialista que supere as próprias ilusões das massas com o nacionalismo burguês, incapaz por sua própria natureza de classe de defender de forma conseqüente as conquistas do povo líbio.

sábado, 30 de julho de 2011

Declaração do “Voto Jobim”: frente popular além de ser um governo burguês também é “frouxo”!

O atual ministro da defesa, Nelson Jobim, partiu mesmo para a desmoralização política completa do governo Dilma, ao declarar a TV Folha de São Paulo seu voto em Serra nas últimas eleições presidenciais. Não é a primeira vez que o peemedebista de plumas desafia a frente popular, há pouco tempo atrás em um discurso para FHC declarou que os “idiotas” agora estavam no poder, em uma referência aos petistas seus “colegas” de ministério.

Mesmo o todo poderoso Lula “amarelou” diante da ousadia de Jobim, minimizando sua declaração, ao afirmar que o ex-ministro de FHC foi convidado para seu governo por “qualificações técnicas” e não por sua coloração partidária. Na verdade a extrema covardia de Lula e Dilma diante de Jobim corresponde à própria subserviência da frente popular as instituições reais de poder do estado, ou seja, as forças armadas e a corte suprema da justiça, ambas representadas pelo ex-ministro do STF. O caso do acobertamento dos torturadores do regime militar por uma própria presidenta “torturada” revela que em última instância o poder de fato do Estado capitalista reside mesmo é na ponta do fuzil e não no proselitismo do Parlamento burguês.

Para todos os “naipes” da esquerda reformista que afirmaram que tinham finalmente chegado ao poder em 2002 com a vitória de Lula, deveria ficar a lição que o poder não trocou de mãos nesta e em nenhuma eleição presidencial, o caso da arrogância “castrense” de Jobim demonstra claramente esta lei de ferro da luta de classes. Como a política econômica e social da frente popular é exatamente a mesma dos governos “tucanos” anteriores, Jobim poderia transitar desapercebido entre as duas gerências do Estado burguês (PSDB e PT) se não fosse sua “intolerância xenófoba” contra a esquerda, escorada no poder militar. Para a esquerda revolucionária fica apontada a senda do combate pela construção do poder proletário, o que passa bem longe da institucionalidade “representativa” desta democracia dos ricos.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Zapatero “renuncia”, prenúncio de um cinturão de direita em toda Europa

O presidente do governo espanhol, Luis Zapatero, dirigente do PSOE (um partido social democrata que ainda insere a palavra “operário” em sua sigla), anunciou oficialmente nesta sexta-feira a antecipação em quatro meses das eleições gerais parlamentares, concomitante com sua decisão pessoal de não mais concorrer a nenhum cargo público depois de sete anos no “poder”. A definição política do ato de Zapatero corresponde a uma verdadeira renúncia em um regime parlamentarista de governo como o espanhol. Os “socialistas” neoliberais da Espanha, tal qual o PT brasileiro, já anunciaram o candidato do partido para as eleições que se realizarão no próximo dia 20 de novembro (simbolicamente dia da morte do fascista Franco), trata-se do ex-ministro do interior Alfredo Rubacalba, que enfrentará o direitista do PP Mariano Rajoy favorito absoluto das pesquisas para ocupar o Palácio de la Moncloa.

A movimentação política do PSOE corresponde a pactuar uma derrota “honrosa” para a extrema-direita espanhola, em um quadro de profundo desgaste do governo “socialista”. As recentes eleições regionais, ocorridas no ápice das mobilizações dos “indignados”, impuseram uma derrota humilhante ao governo Zapatero, obrigando o PSOE a operar uma saída “tática” antes do início do ano que vem onde o futuro governo terá que aplicar um drástico corte no orçamento estatal para tentar reduzir o déficit público. A Espanha, assim como Portugal, Grécia e Itália , padecem nas mãos dos rentistas internacionais que especulam os títulos da dívida destes países no mercado financeiro de derivativos, elevando seu valor nominal a cifras astronômicas. O resultado desta “operação” criminosa é a explosão da dívida pública, consumindo o grosso do orçamento nacional para saciar a voracidade dos parasitas de Wall Street.

Os partidos da direita europeia ,como o PP, que abrigam alas neofascistas em seu interior, têm pavimentado um forte crescimento político diante da crise econômica capitalista e a falência do chamado “estado do bem estar social”, modelo clássico da social-democracia. O crescimento desta direita, que extrapola um mero alargamento em seu peso parlamentar, tem suas raízes mais profundas nas derrotas consecutivas do movimento operário e na ausência de uma perspectiva revolucionária em seu conjunto. Como a própria ascensão de Hitler foi precedida de uma série de derrotas do proletariado europeu, a atual onda social de xenofobia é calcada no retrocesso na consciência dos trabalhadores e na ausência de um partido genuinamente comunista para enfrentar o fascismo com os próprios métodos da classe operária, bem mais além de uma disputa eleitoral. Os atentados monstruosos de Oslo se inserem nesta dinâmica política, ao contrário do que afirma a delirante esquerda revisionista (PCO e PTS) que insiste em “abstrair” sinais revolucionários destes acontecimentos. Longe de preparar a classe operária para embates “cruentos” com o fascismo, estes oportunistas semeiam a ilusão de uma “crise revolucionária” dobrando a esquina, apostando suas fichas na corrida eleitoral mais próxima. A tarefa vigente que se impõe neste período contrarrevolucionário, após a destruição dos Estados operários do Leste europeu e ofensiva imperialista em toda linha, é a da construção da Frente Única Operária, como nos ensinou Trotsky em situações similares. Compreendendo politicamente esta frente única com partidos e organizações verdadeiramente proletárias, que hoje nada tem a ver com os partidos “socialistas” europeus (no governo ou na oposição) que se converteram a súditos do capital financeiro.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Ollanta Humala seguirá cartilha do capital financeiro tendo como modelo o governo Lula

Ollanta Humala, recém-eleito presidente do Peru, tomará posse neste dia 28 de julho. O ex-tenente-coronel que prestou serviços ao facínora Alberto Fujimori na implacável e cruenta perseguição à guerrilha maoísta dirigida pelo Sendero Luminoso, derrotou no segundo turno das eleições peruanas a filha do próprio ex-presidente, Keiko Fujimori, por uma pequena margem de votos. Ironicamente, Humala tornou-se conhecido e ganhou popularidade entre as massas por organizar um golpe militar ao lado de seu irmão, Autoro, para derrubar o então odiado Fujimori no ano de 2000 tendo como base uma plataforma de corte nacionalista burguês que muito se aproximava do chavismo.

Com esta “popularidade” adquirida concorreu às eleições presidenciais pela segunda vez através da coligação “Ganha Peru” do Partido Nacionalista Peruano. Nesta disputa contou com o apoio do bloco denominado “Unidade de Esquerda” (PCP, PS, PSR, Movimento Político Voz Socialista e o Movimento Político Lima para Todos). Ou seja, detém apoio de quase todas as forças políticas de esquerda atuante no país. Mesmo assim, já mostrou a que veio, formando um ministério extremamente conservador balizado por empresários, latifundiários e políticos oriundos de seu antecessor Alan Garcia. Nas palavras de Humala, trata-se de um “gabinete de conciliação”, o qual abarca “aqueles que estão representando todo o país, não somente aqueles que votaram pelo projeto nacionalista” (UOL Notícias, 25/7). Eis aqui o claro anúncio de que seguirá à risca a velha cartilha “neoliberal” imposta pelo imperialismo ianque e o sistema financeiro internacional. Para Humala “nacionalismo” tornou-se uma abstração, um “conceito político, não econômico” no qual enquadra-se qualquer coisa, menos as medidas econômicas que se enfrentem com o imperialismo e a propriedade privada, tais como estatizações e expropriações.

Em face do desgaste político do nacionalismo burguês e da agonia do chavismo expresso no “Socialismo do Século XXI”, Humala seguirá uma via pró-imperialista baseada no modelo lulista: “Desde a campanha, Humala vem tentando se distanciar do presidente venezuelano, Hugo Chávez, e vincular sua imagem a do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Assim como o petista, divulgou uma carta na qual se comprometia com os fundamentos macroeconômicos no país e prometera levar o crescimento aos mais pobres” (O Estado de S.Paulo, 21/7). O que significa uma maior ofensiva contra as já empobrecidas massas exploradas peruanas, contando com a criminosa aquiescência das direções sindicais cooptadas pelo governo que logo assumirá a cadeira presidencial para servir aos grandes capitalistas.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Hyundai e Eike Batista anunciam megaprojeto no Rio, sob as bênçãos e benesses de Sérgio “Caveirão”

Avança a passos largos o projeto, levado a cabo pela frente popular, de potenciar o estado do Rio de Janeiro como o pólo industrial mais avançado do país. Após a Petrobras anunciar corte nos planos de investimentos em construções de novas refinarias no país, deixando o projeto da megarrefinaria de petróleo em Campos praticamente intacto e como prioridade nacional da estatal, a multinacional Hyundai anunciou a decisão de construir uma fábrica de veículos pesados (destinados à indústria de infraestrutura, mineração e construção civil) na cidade de Itatiaia, interior do Rio de Janeiro. O empreendimento contará, é claro, com a “ajuda” generosa da CODIN (Companhia de Desenvolvimento Industrial do RJ), controlada pelo governador Sérgio Cabral.

A mão do bilionário Eike Batista não poderia estar de fora deste negócio, que criou uma empresa (BMC) para se associar a Hyundai nesta empreitada. Os planos de burguês “emergente” Eike com a Hyundai vão bem mais além desta fábrica em Itatiaia, incluindo a construção do maior estaleiro do mundo em Porto Açu também no interior Fluminense. Por sinal, no complexo industrial de Porto Açu, Eike pretende aglutinar além do estaleiro, uma megassiderúrgica, sua refinaria “prive” e posteriormente seu maior “sonho nacionalista”, ou seja uma montadora de veículos automotivos com sua própria marca para o mundo.

Com toda esta soberba “visionária” Eike atraiu o apoio do governo Lula para “bancar” seus investimentos, ao mesmo tempo a frente popular teve como objetivo sedimentar um novo setor de grandes capitalistas fiéis aliados políticos ao seu projeto de colaboração de classes. O pano de fundo “escolhido” para este cenário foi o estado do Rio de Janeiro, sendo beneficiado com o maior pólo petroquímico do Brasil, uma Copa do Mundo e nada menos que os Jogos Olímpicos mundiais. O gerente local deste “projeto”, Sérgio “caveirão”, agradece tanta “fartura” em sua horta intensificando a repressão a população pobre e negra, e presenteando a ascendente burguesia carioca com mais “incentivos” fiscais.

O proletariado não pode cair no canto de sereia da “luta em comum” com os capitalistas, contra a desindustrialização do país, como atualmente fazem a CUT e CTB, promovendo marchas com a federações patronais. Os novos investimentos industriais, como os que hoje estão em curso no RJ têm como objetivo a acumulação capitalista concentrada em meia dúzia de “emergentes” burgueses, simpáticos a um modelo político de governo da colaboração de classes. O combate por uma plataforma transitória de reivindicações proletárias mantém toda sua atualidade em uma época marcada pelo “policlassismo” e ausência de uma perspectiva revolucionária.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Escândalo de corrupção no DNIT: Luiz Pagot “pede” exoneração após “acordão” do PR com o governo Dilma

O escândalo de corrupção generalizada no Ministério dos Transportes que resultou na queda do Ministro Alfredo Nascimento do Partido da República (PR) já provocou a degola de dezessete nomes, todos pertencentes aos primeiro escalões. O último a “pedir” exoneração foi o diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), Luiz Pagot, que cancelou as férias e anunciou nesta segunda-feira (25) sua saída do cargo. Por dirigir o principal órgão do ministério, onde se concentra toda operação de roubalheira, Pagot estava com a cabeça à prêmio desde o início do escândalo, mas foi o último a cair por ter, sob orientação de seu partido (PR), feito declarações em off na imprensa que comprometiam o Ministro do Planejamento Paulo Bernardes e a própria Presidenta Dilma Rousseff no esquema de corrupção através do superfaturamento das obras do PAC realizadas pelo DNIT.

O governo Dilma teve que por precaução manter Pagot no cargo, até que fosse estabelecido um acordo com o PR. Prova disso foi a posição de Lula expressa através de ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, em defender a permanência de Pagot até segunda ordem. Na mesma linha, Paulo Bernardes tentou minimizar a responsabilidade de Pagot, declarando que: “num Departamento com orçamento de R$ 13 bilhões é impossível não ter corrupção”. Não por coincidência, Pagot só deixou o DNIT após a queda do único representante do PT na cúpula do órgão, o diretor de Infraestrutura Rodoviária Hideraldo Caron, responsável por autorizar os recursos adicionais para obras rodoviárias em andamento, ou seja, a principal fonte de superfaturamento e desvios de recursos da parceria PR-PT no Ministério dos Transportes. Portanto, embora inevitável por toda a repercussão do escândalo, o PR condicionou a saída de um à queda do outro.

Vale destacar que o Senador Blairo Maggi (PR-MT) recusou-se a assumir o Ministério dos Transportes exatamente porque a situação de seu indicado para chefiar o DNIT, Luis Pagot, poderia fatalmente levar o megaempresário do agro-business para o centro do furacão do escândalo de corrupção. Acuado o PR teve que aceitar resignadamente a nomeação de Paulo Sérgio Passos, então Secretário-Executivo do ministério, como novo ministro da pasta. Apesar de ser das fileiras do PR, Passos é um burocrata técnico, sem qualquer traquejo de um quadro político, fato que o coloca na condição de eminência parda no ministério, agora completamente tutelado pelo PT.

Por tudo isso, o PR que tem sua boquinha na divisão do botim do Estado burguês garantida desde o primeiro mandato de Lula, na condição de membro da base aliada, perde espaço, mesmo que temporariamente até a poeira assentar, no governo do “poste” Dilma Rousseff. Outra conclusão óbvia foi a facilidade com que a frente popular está enfrentando esse período de turbulência política que teve início com a queda do ministro Palocci. Isso decorre por um lado pelo esfacelamento da decadente oposição de direita (PSDB/DEM) e a insignificante e inócua oposição de esquerda (PSOL/PSTU), totalmente refém da institucionalidade burguesa. Por outro, pela ausência absoluta da presença ofensiva do movimento de massas para combater a corrupção endêmica do Estado burguês, com seus próprios métodos de ação direta.


“Julgamento” de Brilhante Ustra: mais uma farsa para proteger os torturadores do regime militar!

Nesta quarta-feira, 27, o coronel reformado do Exército brasileiro, Carlos Alberto Brilhante Ustra, será confrontado com testemunhas pelo sequestro e assassinato do jornalista e militante de esquerda, Luiz Eduardo Merino, em 1971. Merino pertencia à época à organização POC (Partido Operário Comunista), uma dissidência de esquerda do velho Partidão.

Ustra comandou de 1970 a 1974 o DOI-CODI de São Paulo com mãos de ferro (centro de tortura da Rua Tutóia - Vila Mariana). Organizações de direitos humanos relatam que durante este período houve mais de 500 denúncias de tortura, muitas das quais implicando diretamente o nome de Ustra. Nomes conhecidíssimos foram torturadas sob o comando do coronel como, por exemplo, a então militante Bete Mendes. Anos depois, na condição de deputada federal (1983-87), já no governo Sarney, reconheceu o coronel em viagem pelo Uruguai: fora nomeado Adido militar neste país por Sarney. Várias outras denúncias e testemunhos apareceram, mas o presidente Sarney não só o manteve no cargo como anunciou que nenhum militar seria acusado de torturador em seu governo.

Não por coincidência, uma das principais testemunhas de defesa do coronel será... o Senador José Sarney, uma das principais figuras da base aliada do governo Dilma! Ao lado dele estarão figuras “intocáveis” do regime militar como o ex-ministro Jarbas Passarinho e outros três generais da reserva. Sarney e Jarbas Passarinho serão ouvidos por carta precatória. Trata-se de um “julgamento” de cartas marcadas. Em processo anterior, movido pela família de Merino, Ustra já havia conseguido obter a extinção do mesmo, e pouco mais tarde o juiz rejeitou novo recurso de acusação.

Acreditar que a “Justiça” burguesa irá “condenar” qualquer torturador é o mesmo que crer em conto de fadas, pois no regime democratizante vigente em nosso país os militares são “intocáveis” e gozam de toda proteção jurídica que lhes confere completa impunibilidade, a chamada “Lei da Anistia” que serviu apenas para proteger os torturadores. Para enfrentar esta “proteção” é necessário lutar pela abertura imediata dos arquivos dos órgãos de inteligência dos militares de ontem e de hoje. A construção  de tribunais populares, no bojo de um ascenso do movimento operário, para julgar e condenar os militares assassinos é parte integrante da tarefa democrática transicional da revolução socialista para pôr abaixo o Estado capitalista e seu tenebroso aparato repressivo.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

"Indignados" contra Zapatero e o socialismo revolucionário

A marcha dos "indignados" espanhóis terminou na Praça Puerta de Sol no domingo, 24 de julho e transformou-se nesta segunda-feira, 25, em uma verdadeira edição improvisada do Fórum Social Mundial em Madri, com direto a "tendas" onde se discute de tudo... menos a construção do partido comunista e a edificação do socialismo revolucionário, "receitas" tidas como ultrapassadas e anacrônicas por seus participantes. Frente à "indignação" com o governo Zapatero e suas medidas de ajuste típicas do chamado neoliberalismo, o 15M propõe, com uma roupagem "modernosa", as velhas fórmulas socias-democratas como "regular os mercados", "taxar os investidores", "justiça social" e uma "nova economia" ao melhor (ou pior!) estilo do lema oficial do FSM de que "outro mundo é possível", desde que não seja nada que se aproxime da ditadura do proletariado.

As cercas de 35 mil pessoas concentradas em Madri ficaram bem aquém do número de participantes esperado se compararmos as manifestações passadas, que em 15 de maio e 19 de junho agruparam cada uma aproximadamente 300 mil. O tom democratizante da marcha dominada por ONG’s e movimentos pequeno-burgueses democratizantes, seu caráter ordeiro, sem enfrentamentos com as forças de repressão estatal e sua transformação no chamado "Fórum Social 15M" com direito a participação de palestrantes do quilate do prêmio Nobel de Economia, Joseph Stiglitz, "teórico" da tese da "economia regulada pela sociedade" são demonstrações de que o movimento dos "indignados" além de está perdendo força nada mais é do que uma versão requentada do FSM, que de tão impotente a cada edição vem perdendo fôlego.

A macha popular indignada e sua versão programática (Fórum Social 15M), iniciativas completamente incapazes de armar os trabalhadores e a juventude de um programa para enfrentar o capital, vem sendo apresentada por toda sorte de revisionistas como a melhor expressão da "onda revolucionária que varre a Europa" depois do crash financeiro de 2008. Nada mais falso, tratam-se justamente o contrário, de fórmulas modernosas usadas pelas ONG’s e seus "movimentos de novas vanguardas" para amortecer a luta de classes enquanto a direita e a extrema-direita crescem eleitoralmente na Europa, organizam milícias neo-nazistas contra negros, imigrantes e mulçumanos, produzindo atentados terroristas como os da Noruega.

Seguindo essa lógica, a tarefa dos “indignados” expressa no vídeo 23 razões para marchar não seria mais derrotar pela via da ação direta os planos de ajuste do imperialismo e do FMI e organizar-se para derrubar os governos burgueses de plantão, sejam eles "socialistas" ou "conservadores", através da luta revolucionária sob a direção de um partido comunista, abrindo desta forma caminho para a construção de uma alternativa própria de poder do proletariado e do campesinato, mas simplesmente reafirmar alegoricamente que são homens e mulheres a favor de uma "cidadania planetária", de "referendos vinculantes" e da "paz mundial". Isso significa ir a fundo na lógica do aperfeiçoamento do próprio regime democrático-burguês, substituindo o enfrentamento entre as classes sociais pela "pressão das praças sem sindicatos e partidos" para que os governos capitalistas sejam sucedidos por gestores supostamente éticos e não corrompidos "que cumpram o que prometeram". Já a "paz" defendida pelos "indignados" resume-se a ocas palavras contra as "guerras" enquanto se colocam favor dos "rebeldes" apoiados pela OTAN na Líbia, já que são entusiastas da fantasiosa "revolução árabe" que não passa de uma trasição ordenada controlada pela Casa Branca.

Como o próprio nome "indignados" diz, inexistem para estes trabalhadores com interesses de classe antagônicos aos da burguesia, mas sim cidadãos do mundo com interesses sociais comuns básicos, como saúde, educação, habitação. Seria então necessário aplicar um programa de inclusão social, mantendo de fato o modo de produção capitalista intocável, recorrendo a políticas compensatórias e adotar uma forma com aparência democrática para gerir o Estado burguês para rumar na resolução de todos os problemas sociais da população do planeta. A partir desse programa, na prática, impõe-se aos explorados a lógica de aceitar o ônus da crise capitalista, amenizá-la a partir de ações assistencialistas e "humanitárias", opondo-se assim a defender que a única estratégia capaz de gerar um mundo livre, sem explorados e exploradores, é a luta pela revolução proletária mundial e pela construção do socialismo em todo planeta a partir da luta insurrecional dos explorados da cidade e do campo.

domingo, 24 de julho de 2011

Atentados na Noruega: PCO do delírio oportunista a quinta coluna do neofascismo europeu

“Em primeiro lugar, é evidente que se trata de um ataque ao governo, uma vez que os dois atentados se dirigiram contra organizações ligadas a ele. Por isso, o ataque é parte das ações das massas europeias que estão enfrentando o regime político de seus países como resposta à crise, principalmente nos países onde os capitalistas estão impondo seus planos de austeridade contra a classe operária”. Acreditem se possível for! A citação acima foi retirada da declaração feita pelo Partido da Causa Operária, PCO, logo após os atentados neofascistas que vitimaram mais de cem pessoas em Oslo, na Noruega. Com o seguinte título em seu artigo: “Crise européia se torna explosiva”, o PCO segue na linha de um delírio oportunista que agora serve para justificar as ações terroristas da extrema-direita europeia : “O ataque é parte da ação de massas européias que está se levantando contra governos” (Site do PCO, 22/07). Esta seita revisionista que até há pouco tempo era afiliada ao PO argentino, tenta a todo custo caracterizar a iminência da revolução na atual etapa de reação mundial, agora enxerga nos atentados monstruosos do fascismo uma “ação de massas”, ou seja, para encaixar sua “teoria” delirante de que a revolução dobra a próxima esquina, agora vale se emblocar com a direita terrorista para “combater os governos”! A evolução política das teses catastrofistas da esquerda revisionista a levou a uma completa perda de referência no marxismo revolucionário, e o que é pior ultrapassaram a fronteira de classe ao apoiarem a extrema direita em ações terroristas contra os governos sociais-democratas europeus, como o trabalhista norueguês.

O PCO que embeleza os “rebeldes” líbios, apoiados pela CIA e a OTAN, como “revolucionários”, e já se colocou no campo militar e político do imperialismo contra o que considera a “ditadura de Kadaffi”, soma-se neste momento às oposições fascistas da Europa contra os governos dirigidos pelos partidos “socialistas”, que aplicando a receita neoliberal do FMI vem sendo duramente castigados nas ruas e nas urnas. Como aconteceu recentemente em Portugal, e provavelmente nas próximas eleições gregas, a direita xenófoba vem assumindo o lugar de gerente do Estado capitalista diante da desmoralização política da demagogia social-democrata. Neste quadro onde o movimento de massas carece de uma direção revolucionária para impor seu próprio projeto de poder socialista (mais além de um economicismo defensivo), os movimentos neofascistas ganham força não só eleitoral e começam a organizar milícias armadas, que devem ser combatidas com a resposta violenta da classe operária através da construção dos Partisans, como ocorreu na segunda guerra mundial.

Falar a verdade às massas por mais amarga que seja, é parte integrante do processo de conscientização política do proletariado, preparando o combate para enfrentar uma etapa de contrarrevolução e profunda ofensiva imperialista contra os povos. Inocular o delírio político nas fileiras da classe operária longe de servir ao otimismo revolucionário, só nos desarma programaticamente e facilita a ação de nossos inimigos viscerais, como os fascistas. O PCO ao saudar uma atentado da extrema direita como parte de “uma ação revolucionária das massas” assinou seu próprio atestado de óbito enquanto uma organização que ainda se reclamava trotskysta.

Leia também:
QUASE 100 MORTOS EM DOIS ATENTADOS NA NORUEGA:
Uma trágica expressão do crescimento da extrema-direita na Europa

sábado, 23 de julho de 2011

Sérgio Cabral e Eduardo Paes doam R$ 30 milhões à “amiguinha” Rede Globo

O Comitê Organizador Local (COL) da Copa do Mundo de 2014 contratou em regime de exclusividade a Geo Eventos, ligada à Rede Globo e o Grupo RBS, para “conseguir” patrocínios para a festa na qual serão sorteados os jogos das eliminatórias, uma espécie de “preliminar” da Copa. Não teve dúvidas, foi direto ao governo municipal de Eduardo Paes e estadual de Sérgio Cabral, cada um doará, a fundo perdido, R$ 15 milhões. A farra com o botim estatal está prevista para o dia 30 de julho, evidentemente com transmissão ao vivo para todo o mundo pela Rede Globo. Mas, afinal quem pagará a conta? A Fifa, as empresas fantasmas de Ricardo Teixeira, a chamada “iniciativa privada”? Não. Mais uma vez será o “caixa da viúva”, ou seja o orçamento público.

Chama a atenção é de onde partem estes “recursos” públicos: nada mais, nada menos desviando verbas destinadas à prevenção de tragédias provocadas pelas enchentes na região serrana do Rio de Janeiro, da educação (os professores do estado estão em greve há quase dois meses) e do falido sistema de saúde! Em muitas regiões do estado a população segue à míngua até hoje, esperando por estas verbas em meio aos escombros provocados pelas enchentes. Na capital fluminense, com os morros sob estado de sítio, aumenta a criminalidade, bueiros explodem, trânsito caótico... Enquanto isto, a Globo que detém para si a exclusividade dos direitos de transmissão pela TV, a verdadeira dona da festança, arrecadará milhões e encherá os bolsos da família Marinho, que devolverá a “gentileza” com o apoio às falcatruas de Cabral e sua anturragem.

Aqui fica comprovado que o megaevento da Copa do Mundo em nada beneficiará a população brasileira. Ao contrário, servirá em essência para sangrar os já combalidos (desviados) recursos públicos destinados à área social, saúde e educação. A conta, em suma, será paga pela população pobre que será removida à força do entorno das obras dos estádios, seus bens tomado por atos de desapropriações ilícitas. Para os genuínos revolucionários está colocada a tarefa de denunciar, contra a maré da opinião pública burguesa, todas as mazelas provocadas pela Copa do Mundo das empreiteiras, da Rede Globo e da máfia multinacional que é a Fifa e seus consortes.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

PSOL quer entrar “pra valer” na disputa municipal de São Paulo... com Suplicy na cabeça!

A disputa para a prefeitura da capital paulista está muito “aquecida”, e até parece mesmo que já começou, mesmo faltando mais de um ano para sua realização. Desta vez a iniciativa ficou por conta do PSOL, que pela completa ausência de figuras com densidade eleitoral no partido está “alugando” sua legenda para políticos burgueses, desde que sejam “éticos”, é claro. Como abutres oportunistas sobrevoam o campo petista a procura de dejetos políticos que possam lhes ser útil, e acabaram por encontrar a patética figura do senador Eduardo Suplicy, que de bobo e vestal não tem nada.

O PT paulistano está dividido acerca do caminho eleitoral que irá seguir nas próximas eleições, tendo as opções de apresentar candidatura própria ou coligar-se ao PSD do atual prefeito Kasab ou ao PMDB de Temer que irá apresentar o ex-tucano Chalita. Neste debate “interno” só existe uma certeza para o PT: rifar as pretensões de Suplicy, seja para disputa a prefeito e até mesmo para concorrer a sua própria reeleição como senador. Neste quadro de “rejeição total”, Suplicy, como todo político burguês que não quer ficar sem mandato, bateu as portas do PSOL, que o acolheu de primeira. O picareta deputado Ivan Valente logo afirmou a profunda identidade “programática” entre o PSOL e o petista: “O Suplicy tem sido sistematicamente rejeitado no PT, mas seria bem vindo ao PSOL. Ele sempre foi muito solidário conosco no debate político nacional”. Suplicy agradeceu esta “generosidade” do PSOL, e a utilizará como barganha interna no PT, focando seus interesses, é claro, não na sucessão municipal, mas nas eleições de 2014.

A postura do PSOL neste episódio “suplicyano” só demonstra seu verdadeiro caráter de classe, ou seja um partido pequeno-burguês, profundamente entrelaçado com as instituições parlamentares deste regime capitalista. Seu companheiro de “oposição de esquerda”, o PSTU, segue na mesma direção de classe sonhando com um lugarzinho no Parlamento burguês, chegando mesmo ao ridículo de participar do “Domingão do Faustão” e repetir como um papagaio acéfalo as idiotices da Rede Globo sobre a guerra da Líbia. Ambos, PSOL e PSTU, são reféns políticos da democracia dos ricos e não sobrevivem sem o “oxigênio” do eleitoralismo burguês mais oportunista e decadente.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Leia a mais recente edição do Jornal Luta Operária nº 218, 1ª Quinzena de Julho/2011


    
EDITORIAL
Dilma dispersa "nuvens carregadas" com a ajuda do PMDB e ausência do movimento de massas

TURBULÊNCIA NO GOVERNO DILMA
Caiu o ministro Nascimento, mais uma vítima do "fogo-amigo" no ventre da frente popular

ESCÂNDALO NO DNIT
As denúncias de corrupção no Ministério dos Transportes favorecem ainda mais o lucro das empreiteiras

REPRESSÃO NO RIO DE JANEIRO
Assassinato do garoto Juan, mais uma "obra" macabra da polícia de Sergio caveirão

BANCÁRIOS - BALANÇO DA CONFERÊNCIA REGIONAL DA FETEC/NE
Construir pela base um pólo alternativo de direção classista

52º CONGRESSO DA UNE
Uma grande festa "chapa-branca" montada para bloquear a luta dos estudantes contra os ataques do governo Dilma e dos tubarões do ensino

MOBILIZAÇÃO DOS PROFESSORES
CNTE sabota greve nacional para preservar governo Dilma e as oligarquias nos estados

TPI EMITE "MANDATO DE PRISÃO" CONTRA MEMBROS DO REGIME LÍBIO
Imperialismo ordena que "rebeldes" assassinem Kadaffi para enfraquecer resistência popular contra as forças da OTAN

LÍBIA
"Rebeldes" agora são acusados de violação dos direitos humanos pelos próprios padrinhos

INCERTEZAS SOBRE A CONTINUIDADE DO PROJETO BOLIVARIANO
Mais que uma agrura pessoal, a doença de Chávez é uma expressão do ocaso do "Socialismo do Século XXI"

DOMINIQUE STRAUSS-KAHN É SOLTO
O acerto político da LBI ao denunciar armação da Casa Branca contra o ex-gerente "socialista" do FMI

GRÉCIA DE JOELHOS DIANTE DOS CRIMINOSOS RENTISTAS
Política reformista de pressão sobre o parlamento leva a uma fragorosa derrota do movimento de massas

INGLATERRA – ASSASSINADO REPÓRTER QUE DENUNCIOU ESCUTAS
Scotland Yard e premier David Cameron executam queima de arquivo no "Murdoch gate"

MÍDIA CAPITALISTA
Escândalos dos "grampos" do magnata das comunicações Rupert Murdoch, apenas a ponta do iceberg

ARGENTINA
Direita vence eleições para a prefeitura de Buenos Aires, desastre político da FIT (PO, PTS e IS) que alcança menos de 1% dos votos

http://www.lbiqi.org/
União Europeia libera “socorro” bilionário para os bancos na Grécia

A União Europeia acaba de anunciar a “liberação” de um pacote de ajuda de 109 bilhões de euros para a Grécia. Este valor está voltado a socorrer os bancos estrangeiros que dominam o mercado financeiro do país, evitando que o governo “socialista” fosse obrigado a decretar a moratória da dívida. Em resumo, depois das derrotas sofridas pelos trabalhadores gregos, com a aprovação do plano de ajuste e a confirmação de Papandreu a frente do governo, as potências imperialistas, via o BCE e o FMI, trataram de garantir a espoliação do país pelos banqueiros parasitas.

A ofensiva do capital tem deixado a Grécia de joelhos com o brutal corte de salários e ataques as conquistas. Essa realidade é a demonstração que o aprofundamento da crise econômica capitalista advinda do crash financeiro não abriu uma “etapa de revoluções” como alardeava a esquerda revisionista, mas um período de recrudescimento das investidas contra os trabalhadores, expressas no plano político no fortalecimento dos partidos de direita e extrema direita no velho mundo, enquanto os “socialistas” seguem aplicando os planos de ajuste onde governam, como no caso da Grécia.

Por mais radicalizadas que tenham sido as diversas greves gerais na Grécia, a luta nas ruas e praças, além de ter um caráter defensivo, esteve limitada a pressionar o governo do PS e o parlamento burguês por um recuo na aplicação das medidas ditadas pelos capitalistas (nativos e forasteiros) sem que as direções sindicais e o KKE tenham publicitado a derrubada de Papandreu pela via da ação revolucionária direta dos trabalhadores. O cínico socorro aos bancos por parte da UE é uma prova cabal da derrota sofrida pelas massas, que somente poderão reverter esse quadro dramático através da construção de uma direção genuinamente comunista que aponte uma alternativa de poder dos trabalhadores sobre os escombros das corruptas instituições do regime capitalista.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Mais um novo aumento da taxa de juros do BC, reedição da velha política monetarista aplicada por Meirelles
O COPOM (Comitê de Política Monetária), órgão do Banco Central que determina a taxa de juros que balizará o “spread” do pagamento dos títulos públicos ao mercado financeiro, elevou nesta quarta-feira, 20, pela quinta vez consecutiva a taxa Selic, atingindo a marca dos 12,5% ao ano. Com esta nova elevação o Brasil conquistou o título de campeão mundial da taxa de juros reais, ultrapassando a Hungria e Chile no ranking de países que melhor remuneram os rentistas (parasitas) internacionais.
Como de costume houve uma grita geral com a decisão do COPOM, emblocando as centrais sindicais chapa branca (CUT, Força, CTB etc.) e a FIESP, só faltou desta vez o finado burguês José Alencar entrar no “bloco dos desenvolvimentistas” descontentes com a política monetarista do BC. Como se pode aferir a saída do odiado banqueiro Henrique Meirelles da presidência do BC em nada alterou o curso “neoliberal” do novo governo da frente popular. Os juros efetivos que a população é obrigada a pagar aos bancos e financeiras tampouco se equiparam à taxa estabelecida pela Selic, chegando a casa dos 10% ao mês (!), muito distante do mísero 0,5% pago aos poupadores “populares” da nossa caderneta de poupança. Um tremendo hiato que vai remunerar o capital financeiro e penalizar a população trabalhadora, alvo da retomada da escalada inflacionária dos gêneros alimentícios.
A falsa polêmica travada pela esquerda reformista entre juros altos (vilão) versus juros baixos (mocinho), não resolve a questão de fundo para os trabalhadores, ou seja, de uma forma ou de outra há perdas: seja nos salários ou nos fundos de popança (FGTS, Caderneta de Poupança etc.). O verdadeiro combate a ser levado pela classe operária é o confisco de todos os títulos financeiros em poder dos rentistas e a estatização total do sistema financeiro nacional, sob controle dos trabalhadores e pequenos produtores. Qualquer alternativa de colaboração de classes em defesa da redução da taxa de juros, unificando burgueses “progressistas” e “lideranças” sindicais, só beneficiará “um ou outro” setor das classes dominantes.

Estudantes chilenos apontam o caminho da luta direta para derrotar a política de privatização do ensino do governo Piñera

Os estudantes chilenos estão nas ruas há vários dias, protagonizando manifestações multitudinárias, enfrentando as forças de repressão, exigindo melhorias na qualidade do ensino público e acesso da juventude à universidade. A onda de protestos, que conta com amplo apoio popular, inclusive com a adesão de importantes setores da classe trabalhadora, como os mineiros, tem provocado grave instabilidade política do governo de Sebastián Piñera, que já substituiu oito de seus ministros na tentativa de solucionar a crise. Porém, nem a reforma ministerial, nem a recente reforma educacional anunciada pelo governo, conseguiram esfriar os ânimos e deter a crescente onda de protestos estudantis.

A política de destruição do ensino público e de incentivos aos lucros das escolas e universidades privadas, não é apenas uma herança ou resquícios do modelo de privatizações adotado pelo regime fascista da ditadura militar chilena de Pinochet. Antes de tudo, atende as exigências do capital financeiro internacional, que através de suas agências (FMI, Banco Mundial, Unesco, etc.), ditam as regeras para as chamadas políticas públicas nos países semicoloniais.

A política de privatização da educação pública se manteve intacta mesmo depois da ditadura Pinochet, com os governos da chamada “Concertación” (PS-Democracia Cristã), porque estes representaram de fato os mesmos interesses do capital financeiro, que continua dominando no regime da falsa democracia dos ricos. Não é por acaso que a política de privatização do ensino no Chile guarda profundas semelhanças com a política educacional implementada pelo governo frente popular no Brasil, que também reduz a qualidade do ensino público, desvaloriza os profissionais de educação e corta as verbas para as universidades públicas, enquanto financia os lucros das universidades privadas através do Prouni. Mas ao contrário dos estudantes chilenos, o movimento estudantil no Brasil encontra-se completamente engessado pela direção governista da UNE, que sabota qualquer possibilidade de luta direta contra os planos de privatização do ensino.

Desgraçadamente, as manifestações dos estudantes chilenos continuam presas à idéia de que podem derrotar os planos governistas de privatização do ensino através de reformas promovidas pelo próprio governo Piñera. Cabe à vanguarda combativa da juventude e dos trabalhadores chilenos, romperem com essa concepção reformista, criando organismos de luta dos trabalhadores e apontando como saída não só a ação direta contra os ataques do governo Piñera, mas o combate estratégico pela completa destruição do Estado burguês. Somente assim a luta dos estudantes no Chile não será em vão e poderá estimular a juventude, o proletariado e o conjunto dos explorados da América Latina a romperem com a política de colaboração de classes de suas direções traidoras.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Scotland Yard e premier David Cameron executam queima de arquivo no “Murdoch gate”  


Como desdobramento do escândalo dos grampos telefônicos que levou ao fechamento do tablóide "News of the World" do magnata  mundial das comunicações Rupert Murdoch surgiram novos episódios que apontam a participação direta da Scotland Yard e do Primeiro Ministro David Cameron do partido conservador. No último dia 17/07, o chefe da Polícia Metropolitana de Londres (Scotland Yard), Paul Stephenson renunciou ao cargo por ter sido responsável pela "contratação" do editor-executivo do tablóide "News of the World", Neil Wallis, como consultor de comunicação da Scotland Yard. A “renúncia” de Paul Stephenson, nada mais representa do que a velha e surrada manobra de individualizar a culpa do crime, decapitando-o como forma de preservar a Scotland Yard, instituição que faz parte do poderoso aparato de inteligência e repressão do decadente império britânico.

O mais recente episódio do "Murdoch gate" envolve a morte de Sean Hoare, o primeiro repórter do tablóide "News of the World" a denunciar o esquema de escutas ilegais. Hoare, encontrado morto na última segunda-feira (18/07) em sua casa, foi também o pioneiro na denuncia da participação de Andy Coulson, então editor do "News of the World" e atual porta voz do premier David Cameron, como um dos mentores do esquema. Ao contrário da versão da polícia, celeremente divulgada grande mídia, de que o caso não era suspeito, a “morte” de Sean Hoare foi uma queima de arquivo, sentenciada pelo que denunciou e por outras informações que tinha ainda com maior grau de "octanagem", tornando-o uma verdadeira ameaça viva ao próprio Cameron e ao Partido Conservador.

Da mesma forma que divulgou as denuncias que gerou o escândalo dos grampos, tendo como start as ferozes pugnas entre frações da burguesia britânica, a mídia capitalista está nesse momento agindo como um verdadeiro partido "ultra centralizado" à serviço da dominação ideológica das massas, após os acordos celebrados no seio do estado burguês para estancar a crise, filtrando as informações e publicitando apenas as “verdades” construídas diretamente no gabinete do premier Cameron , na tentativa de preservar o oligopólio das comunicações chamado sordidamente de "imprensa livre".

Relatório da OPEP desmascara farsa do pré sal como a "redenção da lavoura" para o Brasil 



O boletim anual  da OPEP (Organização dos países exportadores de petróleo) divulgado no último dia 18/07 revelou que a grande operação de marketing montada pelo governo Lula em 2009, para anunciar a descoberta da camada de petróleo no  "pré sal" como a porta de saída do pais da etapa de subdesenvolvimento, não passa de uma farsa. O relatório da OPEP demonstrou que as reservas de petróleo do Brasil aumentaram somente 0,4% entre 2009 e 2010, enquanto as da Venezuela subiram 40% no mesmo período, isto quando ambos países anunciaram em 2009 a descoberta de novas reservas, no Brasil o pré sal e na Venezuela a bacia do Orinoco, a única  diferença é que as nossas não passam de uma ficção política  à serviço do engodo da frente popular vender a imagem de um "Brasil grande".

O relatório também apontou a ascensão da Venezuela como país detentor das maiores reservas de petróleo no mundo (296,5 bilhões de barris) superando pela primeira vez a Arábia Saudita. Já o Brasil continua colado ao México, atrás dos EUA e da própria Venezuela no continente americano. Registre- se que as reservas de petróleo do México, na marca dos 11,6 bilhões de barris estão sendo consideradas em franca decadência, ficando abaixo do Brasil em apenas um bilhão de barris. O pífio  resultado  do Brasil aferido pela OPEP, com a supervisão da ONU, é o retrato da real incapacidade de exploração econômica do óleo cru em larga escala, concentrado majoritariamente em faixa marítima de grande profundidade, ou seja com alto custo para sua prospecção. O ufanismo  Lulista em torno desta falsa questão serviu para potenciar a candidatura presidencial do "poste" Dilma, como denunciamos em editorial do jornal Luta Operária de março de 2009, agora comprovada por dados técnicos internacionais .

 A elevação do Brasil da situação de um país periférico da economia capitalista  mundial ao "primeiro mundo", como tanto sonha a frente popular, não se dará pela via da descoberta de nenhuma "milagrosa"  comoditie, por mais valor que possua no mercado internacional, o péssimo exemplo dos países árabes e da própria Venezuela demonstra isto. Nosso país só superará sua condição de subdesenvolvido (país semicolonial) através da ruptura das arcaicas relações de produção capitalista, vinculadas a exportação para os mercados da metrópole imperialista. Sem esta ruptura radical com o modo de produção vigente, continuaremos a ser um pais atrasado cientificamente (agro-mineral exportador), com poucos investimentos estatais na formação educacional de nossa juventude, sem falar na área social muito mais próxima dos padrões africanos que dos europeus .


 

segunda-feira, 18 de julho de 2011

A "operação Chalita" e a crise terminal do Serrismo no cenário nacional

 
O deputado federal Gabriel Chalita recém filiado ao PMDB depois de uma rápida passagem pelo PSB, ex vereador do PSDB paulista e quadro dirigente do movimento carismático da igreja católica (Opus Dei) junto com o padre Fábio de Melo, está sendo lançado a prefeitura da cidade de São Paulo em uma operação política que envolve uma aliança entre o vice presidente Temer e o governador Geraldo Alckmin, também membro da Opus Dei.

Seria a "vingança" política de Alckmin contra Serra pelo fato deste ter boicotado sua candidatura a prefeitura paulista em 2008. Nesta ocasião Serra, então governador de SP, decidiu apostar suas  fichas no "filhote" Kassab filiado ao DEM. Serra que tinha um projeto nacional, optou por criar um marionete por fora do ninho tucano já pensando que a luta interna do PSDB poderia lhe ser desfavorável. Com a derrota nas últimas eleições e a consolidação da hegemonia política da frente popular no cenário nacional, o prefeito  Kassab resolveu abandonar o padrinho a própria sorte, criando um novo partido filiado a base de sustentação parlamentar do governo Dilma.

O lançamento de Chalita pelo PMDB, com o apoio velado de Alckmin, deixaria Serra com a obrigação de disputar a indicação do PSDB à vaga de prefeito, correndo inclusive o risco de perder a disputa interna para Bruno covas, neto do ex governador Mario Covas. Quanto a Kassab que tenta uma coligação com o PT paulistano, ficaria a "missão inglória" de  jurar fidelidade a Serra enquanto nos bastidores da política suja burguesa já trabalha para viabilizar um nome de sua confiança a sucessão municipal, com o aval do palácio do planalto.

O ocaso da oposição Serrista corresponde a própria ascensão política da frente popular que poderá se dar ao "luxo" de apoiar três candidaturas a prefeitura paulista(PSD, PMDB e PT) e ainda por cima neutralizar o PSDB da ala Alckmin, deixando o isolado Serra afundar sozinho na oposição conservadora de direita ao atual  governo "ponte" para o retorno de Lula em 2014. O céu de "brigadeiro" da frente popular que esteve ameaçado  pelas nuvens  recentes dos escândalos ministeriais, volta a se recompor com o apoio decidido dado pelo PMDB no meio da "crise" e pela ausência absoluta da presença ofensiva do movimento de massas para combater a corrupção endêmica do estado burguês, com seus próprios métodos de ação direta.

domingo, 17 de julho de 2011

Escândalos dos “grampos” do magnata das comunicações Rupert Murdoch, apenas a ponta do iceberg

O megagrupo mundial das comunicações, News Corporation, de propriedade do magnata Rupert Murdoch, vem sendo sacudido pelos escândalos dos “grampos”, obrigando o fechamento do tablóide sensacionalista londrino “News of the world” um dos jornais do grupo. Segundo as investigações oficiais da Scotland Yard, que também envolvem o FBI norte-americano, cerca de quatro mil pessoas tiveram seus telefones “grampeados” a mando de Murdoch. Os “grampos” foram colocados em personalidades principalmente do mundo político britânico, chegando a atingir o ex-primeiro ministro Gordon Brown e até mesmo membros da família real. Murdoch tem ligações estreitas com o partido conservador do atual premiê David Cameron e teria usado as escutas telefônicas não só para potenciar as vendas de seus periódicos , com “furos” de reportagens, mas para obter através de chantagens vantagens do governo Inglês.

Na verdade, a relação promíscua entre os grandes grupos de comunicação e o Estado burguês vai bem mais além do que os meros “grampos” praticados por Murdoch. A mídia capitalista funciona como um verdadeiro aparelho ideológico do Estado, independente da coloração política do governo (gerente) de plantão. Em uma etapa histórica onde a ausência de referências socialistas, que foi agravada com a destruição contrarrevolucionária da União Soviética, a formação de uma “opinião pública” alienada e banal pela mídia capitalista passou a ser sua função estratégica para sedimentar a dominação de classe. A “informação” dada pela grande imprensa, longe de ser imparcial, não passa de um cardápio ideológico burguês, preparado segundo as “melhores” receitas da elite mais reacionária.

As “manchetes” fabricadas pela mídia capitalista passaram a ser consideradas verdades supremas, inclusive pela esquerda reformista completamente refém desta opinião pública “politicamente correta”, fruto de um período de completo retrocesso na consciência de classe do proletariado mundial. A imprensa operária que não se rendeu aos “modismos” ideológicos da mídia capitalista tem um enorme papel na formação e informação de uma nova geração de militantes revolucionários que “teimam” em não acreditar nas verdades absolutas do deus mercado.

sábado, 16 de julho de 2011

El Baradei: "A revolução não acabou", só não afirmou que era "made in CIA"

O prêmio Nobel da paz, o egípcio El Baradei, concedeu uma entrevista exclusiva ao portal G1(Globo), onde afirmou que: "A revolução não acabou. A revolução foi desencadeada. "Seria até muito estranho que uma figura direta do imperialismo ianqui tivesse o mesmo discurso de toda a esquerda revisionista, que também tenta vender a incautos o conto da "revolução árabe", se esta mesma esquerda (PSTU, PSOL etc...) não estivesse de malas e bagagens no campo militar e político do imperialismo como na guerra civil da Líbia. El Baradei que é candidato da casa branca as próximas eleições presidenciais, ainda sem data definida pelos generais golpistas que tomaram o governo do Egito ao derrubarem o decrépito Mubarak, foi enviado direto de Washington para coordenar a chamada "revolução da praça Tahir". Agora sua prioridade (também a dos generais) é a elaboração de uma nova constituição para o país, celebrando o pacto social para instaurar um regime político democratizante, voltado aos interesses dos EUA e Israel na região . 

Fica absolutamente cristalino para os marxistas que as mobilizações que varreram o Egito contra a ditadura de Mubarak, estiveram muito distantes de  se configurarem como uma "revolução  democrática", sem falar dos idiotas que afirmaram ser "uma revolução socialista em curso". O que ocorreu de fato foi um processo de reação democrática, desembocando na atual junta militar que governa o pais, sob o controle político de Obama e da própria CIA. El Baradei, muito provavelmente o próximo presidente eleito com o apoio inclusive da esquerda reformista, simboliza a natureza do processo da reação democrática, ou seja uma transição política ordenada pelas classes dominantes  para se livrarem do velho regime corrupto e desgastado.

A prostituição do legado do Leninismo é tamanha que faz com que os revisionistas do marxismo se igualem a gente como El Baradei, para celebrar a instauração (pela via golpista) da  democracia dos ricos  como uma verdadeira "revolução". A classe operária e as massas árabes só protagonizarão uma genuína revolução socialista, ou mesmo democrática como ante sala da tomada de poder, quando construírem de forma independente seus próprios organismos soviéticos (conselhos operários e populares), para a destruição violenta do estado capitalista. Como nos ensinou o atualissimo  Lenin: "Fora da tomada do poder é tudo uma ilusão", desgraçadamente o proletariado mundial está acaudilhado por toda sorte de charlatões de esquerda que se transformaram em porta vozes das manobras políticas do imperialismo.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

UNASUL: Mais um arremedo de unidade burguesa da América Latina


Com a aprovação do tratado de criação da União Sul-Americana de Nações (UNASUL) pelo Congresso Nacional, em 7 de julho, o Brasil passa a ser o décimo integrante do bloco de países que em tese busca a integração econômica e política da região. Desde março, o tratado já havia sido aprovado pela Argentina, Bolívia, Chile, Equador, Guiana, Peru, Suriname, Venezuela e Uruguai. Com a adesão do Brasil, faltam agora somente dois dos doze Estados burgueses independentes da América do Sul, o Paraguai e a Colômbia.

A UNASUL, idealizada por Lula em 2008, não passa de mais um arremedo de unidade burguesa da América Latina, como foi o falido MERCOSUL. Longe de alavancar o crescimento econômico harmonioso da América do Sul, como afirmou recentemente Dilma  Rousseff, o bloco político de países da UNASUL não poderá suprimir as disputas comerciais  entre as burguesias nacionais e na prática se constitui somente numa tentativa dos governo burgueses sul americanos de tornarem a região mais atraente para investimento de capitais imperialista norte-americanos e europeus. Não é por acaso que a tão alardeada integração da América Latina através da UNASUL, deixa de fora a Guiana Francesa, reconhecendo o domínio francês sobre essa área de 86.504 km² da América do Sul.

O caminho para eliminar a pobreza e a miséria na América Latina, não é a farsa da UNASUL, e tampouco o nacionalismo Bolivariano,  mas sim a unidade do proletariado e das massas exploradas pela derrubada do regime capitalista através da vitória de uma revolução socialista em todos os países da região, substituindo os atuais Estados burgueses e seus governo lacaios do imperialismo por uma verdadeira União de Republicas Socialistas da América Latina. Somente a reconstrução revolucionária da IV internacional, depurando-se do revisionismo vigente em suas fileiras, poderá levar a frente esta tarefa histórica .

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Moratória Norte americana ou mais grana "fácil" para os rentistas de Wall Street


 O governo Obama enfrenta um momento decisivo para os planos de sua reeleição, e isto passa bem longe da possibilidade de uma moratória da dívida pública ser decretada em função de um impasse no congresso ianque, como vem divulgando para "tolos" a mídia internacional. A verdadeira questão em jogo sobre o alargamento do teto da divida a ser autorizado pelo congresso, dominado pelos Republicanos, é aferir a capacidade do futuro governo Obama (em um cenário de sua futura reeleição) de continuar privilegiando os ganhos do capital financeiro em detrimento de uma política de retomada da produção industrial. Quando a divida norte americana atingiu o seu ápice institucional em maio último,  cerca de 15 trilhões de dólares, precisaria do estabelecimento de um novo teto máximo pelo congresso e isto ocorria quase que automaticamente até que setores da burguesia industrial e rural dos EUA decidiram "pressionar" os congressistas republicanos  para que imponham algum limite a política de Obama em beneficiar os barões de Wall Street .

Em torno desta questão real foi criada a panacéia da moratória, uma verdadeira cortina de fumaça  onde até as agencias de risco como a Moody's ameaça rebaixar a classificação dos títulos do tesouro norte americano. Obama entrando no teatro montado pelos grandes bancos logo afirmou: "concordamos que não podemos simplesmente tolerar deixar de pagar nossas obrigações nacionais pela primeira vez na nossa história". Enquanto mostra-se mais confiável ao setor financeiro internacional para obter carta branca em sua ofensiva contra os povos orientais, o desemprego interno atinge níveis alarmantes, ameaçando toda a cadeia produtiva nacional. É o "preço "que o proletariado mais importante no mundo deve pagar para "bancar" o parasitismo  da atual etapa da crise do capitalismo, onde a primazia financeira determina todos os rumos da economia . 

A última vez que o congresso norte americano  paralisou as "atividades" do país   para debater a instituição do teto da divida foi no governo Wilson em 1917 as vésperas da revolução russa e durante a I guerra mundial, quando foram emitidos os "títulos da liberdade", onde Wilson precisava capitalizar os EUA diante da turbulência política mundial. Com certeza não estamos diante da iminência de uma nova guerra mundial e tampouco atravessamos a possibilidade de uma revolução socialista no horizonte mundial, como deliram alguns catastrofistas de plantão. Mas sem sombra de dúvida a ofensiva mundial  contra revolucionária ditada pelo imperialismo, no marco de um profundo retrocesso político da classe operária,  exige  recursos "extras"  do estado ianque pavimentando a atual vaga neo -fascista que ameaça o proletariado .

quarta-feira, 13 de julho de 2011


Crise do “default" europeu, uma via estrutural da acumulação financeira

A crise das dividas públicas dos estados que fazem parte da chamada zona do Euro, vem ganhando o foco da mídia burguesa, assim como a "preocupação" central  da esquerda que se reclama socialista. Agora não só os países "periféricos" (não imperialistas) como a Grécia, Irlanda e Portugal estão "enforcados" com seus déficits, mas também a Itália enfrenta uma turbulência com uma divida que corresponde a 120% do produto interno bruto. A crise já forçou uma reunião de emergência dos lideres europeus convocada para a próxima sexta feira, na seqüência de um encontro dos ministros das finanças da UE. O ministro da economia da Itália, Giulio Tremonti já anunciou um "pacotaço a la Papandreu" para tentar reduzir o déficit estatal. A situação política é tensa e o BCE já admite absorver um "calote" greco  para evitar uma contaminação da crise para as economias centrais européias, o que não agradou os rentistas que pretendem tirar o "sangue"  da população, pouco importando se o pais é rico ou pobre.

Um importante debate vem permeando a esquerda "socialista" sobre esta questão, um setor defende o controle do fluxo de capitais e a renegociação das dívidas sob uma redução drástica da taxa de juros. Outra ala aparentemente mais radical advoga a suspensão da dívida e prenuncia  uma crise apocalíptica do capitalismo, como  se o "default" não fosse um mecanismo intrínseco da própria acumulação financeira, principalmente, em economias semicoloniais. Ambas as "alas" padecem do mesmo  mal da reforma capitalista, ou seja, pensam que a crise dos mercados poderá ter resolução pela via do "controle" ou pelo caminho da "auto-destruição". Tanto a vertente social democrata como a revisionista descarta a possibilidade da própria barbárie fascista diante da profunda crise estrutural do capitalismo (com ou sem default), caso não ocorra uma revolução socialista dirigida conscientemente por um partido revolucionário.

A recente greve geral na Grécia contra as medidas de arrocho impostas pela UE para a concessão de um novo  empréstimo para a rolagem  da dívida, demonstrou que sem uma alternativa de poder operário, pela senda da destruição revolucionária do estado burguês, o capitalismo não cederá o terreno de sua "sangria  financeira" sob a mera pressão institucional. Novas crises surgirão ainda mais intensas do que a da Grécia, atingindo inclusive países imperialistas, o mecanismo da primazia financeira da atual etapa histórica necessita destas crises para sua própria dinâmica de acumulação de capital. Os marxistas só não podem esperar o "apocalipse socialista" como um determinismo inexorável da crise vigente.

terça-feira, 12 de julho de 2011

 "Rebeldes" Líbios agora são acusados de violação dos direitos humanos pelos próprios padrinhos


"Os rebeldes líbios cometeram incêndios, saques e abusos contra civis durante sua ofensiva em Tripoli", a acusação foi feita  nesta terça-feira (12) pela Human Right Watch, a mesma ONG imperialista  que há cerca de quatro meses atrás divulgou um relatório acusando o governo Kafaffi  de cometer crimes hediondos contra a população civil. Nunca é demais lembrar que foi este suposto relatório da HRW, feito sob encomenda da Casa Branca, que "detonou" as mobilizações reacionárias contra o regime nacionalista burguês Líbio . Agora diante da iminência da derrota dos "rebeldes" financiados e armados pela OTAN, em razão da completa ausência de base social proletária e de massas, os falsos arautos dos direitos humanos são obrigados a reconhecer que os verdadeiros criminosos são os "rebeldes" pró monarquia.

Apesar da intensa ofensiva militar e política, patrocinada pelo imperialismo, o regime de Kadaffi tem imposto derrotas significativas ao comando "rebelde", começando a fazer "água" na imensa coalizão imperialista que agora incentiva as maiores atrocidades contra o povo Líbio . A esquerda revisionista, que apostava em uma queda rápida de Kadaffi, encontra-se completamente perdida diante da resistência das massas em defender suas conquistas históricas. Estes senhores, crédulos da mídia capitalista mundial, agora devem uma explicação a classe operária diante do novo relatório da HRW, ou então irão continuar a fabricar suas próprias mentiras, classificando  os "rebeldes" da CIA como autênticos revolucionários .

A tarefa que se impõe a todas as forças marxistas e revolucionárias nesta nova conjuntura que se abre para o povo líbio, é a intensificação da campanha internacional de solidariedade, lutando decididamente pela vitória do exército nacional do regime Kadaffi  na guerra civil  sobre os "rebeldes" e simultaneamente também contra os bombardeios da OTAN. Qualquer tentativa centrista de separar em etapas distintas estas duas tarefas (combater ao mesmo tempo os "rebeldes" e as Tropas da OTAN) representa uma tremenda capitulação ao imperialismo. 

Parcerias Público-Privadas (PPPs) nas obras dos estádios da Copa 2014, uma orgia financeira para as empreiteiras garantida pelo Governo Dilma



O atraso das obras de preparação da Copa do Mundo de Futebol de 2014 não ocorre por uma simples questão de excesso de burocracia, mas como um artifício já conhecido para facilitar a orgia financeira com o dinheiro "público". Assim, as obras serão realizadas a toque de caixa, superfaturadas e com toda sorte de desvio de recursos do cofre do estado. Um bom exemplo disso vem ocorrendo com as construções e reformas dos estádios onde serão realizados os jogos da Copa-2014. Ao contrário de serem financiadas pela iniciativa privada, como foi anunciado cinicamente pelo governo da frente popular de Dilma/Lula através do Ministério dos Esportes (PCdoB), as obras dos estádios estão sendo custeadas pelas PPPs (parcerias público-privadas), nas quais mais de 60% destes recursos são bancados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Só os governos da Bahia, Ceará e Pernambuco receberam um financiamento total de R$ 1 bilhão do BNDES para erguer arenas que vão custar, juntas, R$ 1,76 bilhão. A reconstrução do estádio da Fonte Nova, em Salvador, tem 80% do orçamento aportado pelo estado. Vale mencionar ainda que em Natal (RN) para a construção do estádio Arena das Dunas foi formulado um pedido de crédito ao BNDES que equivale simplesmente a 96,5% da obra. Outra aberração ocorre na construção do estádio do Corinthians, orçado em cerca de R$ 700 milhões, dos quais R$ 420 milhões estão garantidos por meio da emissão de Certificados de Incentivo ao Desenvolvimento (CIDs) emitidos pela Prefeitura de São Paulo, enquanto a outra parte do dinheiro será proveniente de uma linha de crédito do BNDES.  Como mostram estes números, as PPPs representam uma manobra jurídica e contábil para que o setor privado possa se locupletar fartamente com o botim do estado burguês, neste caso, ganhando tanto na execução das obras através das empreiteiras, quanto por meio do direito à concessão dos estádios.  

Já as obras de infraestrutura, sobretudo de mobilidade urbana, 70% estão ainda em fase de projeto como as construções de linhas de veículo leve sobre trilhos (VLT), corredores de ônibus, amplia das vias rodoviárias e etc. No que se refere às reformas de ampliação dos aeroportos e portos as obras sequer saíram do papel. Fica evidente que nesse setor, á pouco menos de três anos da Copa de 2014, tudo não passará de um mero arremedo sem nenhuma contribuição significativa para pelo menos minimizar o caos do transporte coletivo na qual está submetida a população pobre do país.

Como ocorreu nos jogos Pan-americanos realizados no Rio de Janeiro em 2007 o único legado da Copa 2014 para os trabalhadores e o conjunto os explorados será uma estratosférica conta a pagar que, via de regra, será cobrado na forma de aumento de impostos, arrocho salarial e corte no orçamento público dos recursos destinados as já precarizadas áreas da saúde e educação.