Escândalo de corrupção no DNIT: Luiz Pagot “pede” exoneração após “acordão” do PR com o governo Dilma
O escândalo de corrupção generalizada no Ministério dos Transportes que resultou na queda do Ministro Alfredo Nascimento do Partido da República (PR) já provocou a degola de dezessete nomes, todos pertencentes aos primeiro escalões. O último a “pedir” exoneração foi o diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), Luiz Pagot, que cancelou as férias e anunciou nesta segunda-feira (25) sua saída do cargo. Por dirigir o principal órgão do ministério, onde se concentra toda operação de roubalheira, Pagot estava com a cabeça à prêmio desde o início do escândalo, mas foi o último a cair por ter, sob orientação de seu partido (PR), feito declarações em off na imprensa que comprometiam o Ministro do Planejamento Paulo Bernardes e a própria Presidenta Dilma Rousseff no esquema de corrupção através do superfaturamento das obras do PAC realizadas pelo DNIT.
O governo Dilma teve que por precaução manter Pagot no cargo, até que fosse estabelecido um acordo com o PR. Prova disso foi a posição de Lula expressa através de ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, em defender a permanência de Pagot até segunda ordem. Na mesma linha, Paulo Bernardes tentou minimizar a responsabilidade de Pagot, declarando que: “num Departamento com orçamento de R$ 13 bilhões é impossível não ter corrupção”. Não por coincidência, Pagot só deixou o DNIT após a queda do único representante do PT na cúpula do órgão, o diretor de Infraestrutura Rodoviária Hideraldo Caron, responsável por autorizar os recursos adicionais para obras rodoviárias em andamento, ou seja, a principal fonte de superfaturamento e desvios de recursos da parceria PR-PT no Ministério dos Transportes. Portanto, embora inevitável por toda a repercussão do escândalo, o PR condicionou a saída de um à queda do outro.
Vale destacar que o Senador Blairo Maggi (PR-MT) recusou-se a assumir o Ministério dos Transportes exatamente porque a situação de seu indicado para chefiar o DNIT, Luis Pagot, poderia fatalmente levar o megaempresário do agro-business para o centro do furacão do escândalo de corrupção. Acuado o PR teve que aceitar resignadamente a nomeação de Paulo Sérgio Passos, então Secretário-Executivo do ministério, como novo ministro da pasta. Apesar de ser das fileiras do PR, Passos é um burocrata técnico, sem qualquer traquejo de um quadro político, fato que o coloca na condição de eminência parda no ministério, agora completamente tutelado pelo PT.
Por tudo isso, o PR que tem sua boquinha na divisão do botim do Estado burguês garantida desde o primeiro mandato de Lula, na condição de membro da base aliada, perde espaço, mesmo que temporariamente até a poeira assentar, no governo do “poste” Dilma Rousseff. Outra conclusão óbvia foi a facilidade com que a frente popular está enfrentando esse período de turbulência política que teve início com a queda do ministro Palocci. Isso decorre por um lado pelo esfacelamento da decadente oposição de direita (PSDB/DEM) e a insignificante e inócua oposição de esquerda (PSOL/PSTU), totalmente refém da institucionalidade burguesa. Por outro, pela ausência absoluta da presença ofensiva do movimento de massas para combater a corrupção endêmica do Estado burguês, com seus próprios métodos de ação direta.