Estudantes chilenos apontam o caminho da luta direta para derrotar a política de privatização do ensino do governo Piñera
Os estudantes chilenos estão nas ruas há vários dias, protagonizando manifestações multitudinárias, enfrentando as forças de repressão, exigindo melhorias na qualidade do ensino público e acesso da juventude à universidade. A onda de protestos, que conta com amplo apoio popular, inclusive com a adesão de importantes setores da classe trabalhadora, como os mineiros, tem provocado grave instabilidade política do governo de Sebastián Piñera, que já substituiu oito de seus ministros na tentativa de solucionar a crise. Porém, nem a reforma ministerial, nem a recente reforma educacional anunciada pelo governo, conseguiram esfriar os ânimos e deter a crescente onda de protestos estudantis.
A política de destruição do ensino público e de incentivos aos lucros das escolas e universidades privadas, não é apenas uma herança ou resquícios do modelo de privatizações adotado pelo regime fascista da ditadura militar chilena de Pinochet. Antes de tudo, atende as exigências do capital financeiro internacional, que através de suas agências (FMI, Banco Mundial, Unesco, etc.), ditam as regeras para as chamadas políticas públicas nos países semicoloniais.
A política de privatização da educação pública se manteve intacta mesmo depois da ditadura Pinochet, com os governos da chamada “Concertación” (PS-Democracia Cristã), porque estes representaram de fato os mesmos interesses do capital financeiro, que continua dominando no regime da falsa democracia dos ricos. Não é por acaso que a política de privatização do ensino no Chile guarda profundas semelhanças com a política educacional implementada pelo governo frente popular no Brasil, que também reduz a qualidade do ensino público, desvaloriza os profissionais de educação e corta as verbas para as universidades públicas, enquanto financia os lucros das universidades privadas através do Prouni. Mas ao contrário dos estudantes chilenos, o movimento estudantil no Brasil encontra-se completamente engessado pela direção governista da UNE, que sabota qualquer possibilidade de luta direta contra os planos de privatização do ensino.
Desgraçadamente, as manifestações dos estudantes chilenos continuam presas à idéia de que podem derrotar os planos governistas de privatização do ensino através de reformas promovidas pelo próprio governo Piñera. Cabe à vanguarda combativa da juventude e dos trabalhadores chilenos, romperem com essa concepção reformista, criando organismos de luta dos trabalhadores e apontando como saída não só a ação direta contra os ataques do governo Piñera, mas o combate estratégico pela completa destruição do Estado burguês. Somente assim a luta dos estudantes no Chile não será em vão e poderá estimular a juventude, o proletariado e o conjunto dos explorados da América Latina a romperem com a política de colaboração de classes de suas direções traidoras.