quinta-feira, 24 de julho de 2025

CONFLITO MILITAR ENTRE CAMBOJA E TAILÂNDIA: O QUE ESTÁ POR TRÁS DESTA NOVA GUERRA?

Um confronto militar, com armas de guerra, eclodiu na manhã desta quinta-feira(24/07)em um trecho disputado da fronteira entre Camboja e Tailândia. Segundo a a agência de notícias Reuters, citando o Ministério da Defesa do Camboja e os exércitos de ambos os países, o incidente começou com uma troca de artilharia entre soldados. Ambos os lados se acusaram mutuamente de atirar primeiro. Os combates rapidamente se intensificaram em diversas áreas ao longo da fronteira, com ambos os campos acusando um ao outro de iniciar as hostilidades bélicas. O conflito fronteiriço entre a Tailândia e o Camboja, que se arrasta há mais de um século em vários pontos não demarcados ao longo de sua fronteira de 817 km, tem gerado escaramuças recorrentes há vários anos. As tensões voltaram a se intensificar em maio, após a morte de um soldado cambojano em uma breve troca de tiros. Entretanto é preciso compreender as razões de fundo que fizeram reacender as escaramuças militares de hoje, Camboja e Tailândia são apenas peões no jogo de confronto de interesses entre o velho imperialismo europeu que dominou por séculos uma parte da Indochina, e o proto-imperialismo chinês que se expandiu para a Tailândia.

O atual conflito militar teve enormes ramificações políticas na Tailândia. A Primeira-Ministra tailandesa, Paetongtarn Shinawatra, foi suspensa de suas funções neste mês de julho após o vazamento de uma ligação telefônica entre ela e o poderoso ex-líder nacionalista cambojano Hun Sen, na qual Shinawatra parecia criticar as ações do próprio exército na disputa territorial. O escândalo político e sua posterior suspensão trouxeram novas incertezas para a Tailândia, que vem sendo abalada por anos de turbulência econômica e várias mudanças na cabeça do regime vigente.

Por outro lado, o Primeiro-Ministro cambojano, Hun Sen, solicitou uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU nesta quinta-feira para “Colocar fim à agressão militar tailandesa contra a soberania do Camboja”, de acordo com uma carta endereçada ao presidente do Conselho de Segurança da ONU. Segundo o país do antigo “Khmer Vermelho” a ofensiva militar da Tailândia tem o suporte de uma potência imperialista, ainda que não a nomine diretamente. Todos os historiadores devem recordar que Pequim nunca assimilou bem a dissolução forçada do “Khmer Vermelho” no Camboja, um forte aliado geopolítico da burocracia stalinista chinesa.

Não por coincidência o líder máximo chinês reuniu-se nesta mesma quinta-feira com o presidente do Conselho Europeu, António Costa, e a presidente da Comissão Europeia, a criminosa Ursula von der Leyen. De acordo com o dirigente do Partido Comunista Chinês, Xi Jinping: “As relações entre seu país e a UE estão em um momento mais crítico da história”. Tudo aponta que o confronto bélico entre as duas nações oprimidas do Sudoeste Asiático seja uma “medição de forças” na disputa interimperialista pelo controle destes mercados capitalistas “emergentes”. Neste caso concreto, os Marxistas Leninistas devem defender o “derrotismo revolucionário” das duas burguesias envolvidas no conflito militar, proclamando a necessidade da instauração de um governo socialista nos dois países.