sábado, 29 de setembro de 2012


“Fora Collor”: Há vinte anos a burguesia se livrava de um “ladrão de galinhas” para preparar a era das grandes privatizações

Há exatos vinte anos, no dia 29 de setembro de 1992, o Congresso Nacional votava o relatório da CPI do “PC Farias” que encaminhava a perda do mandato do então presidente da república Fernando Collor de Melo por crime de responsabilidade, era o início do fim para o alagoano conhecido como o “caçador de marajás”. A “histórica” sessão do Congresso, presidida pelo deputado gaúcho Ibsen Pinheiro (pouco tempo depois o próprio parlamentar peemedebista foi cassado pelos seus pares) teve um resultado acachapante a favor do “impeachment”, 441 votos sim e somente 38 contra, pela primeira vez a burguesia brasileira descartava um presidente eleito, pela via institucional, sem recorrer aos tradicionais golpes de estado comandados por milicos treinados pela CIA. As acusações que pesavam contra Collor foram concentradas contra seu tesoureiro de campanha, o lendário “PC Farias”, por ter recebido de “propina” de corrupção um automóvel Fiat Elba, uma verdadeira piada da vida real, chancelada como verídica por todos seus ex-apoiadores, como seu próprio irmão (Pedro) e a poderosa organização mafiosa Globo. Fiel politicamente até o fim ao amigo Collor somente o falecido ACM, que com uma fração de seu partido, o PFL, lhe brindou os 38 votos contrários a sua cassação. Mas, o “inferno astral” do primeiro presidente eleito após o fim do regime militar, começou mesmo no mesmo dia que assumiu o governo, em março de 1990, com um decreto de congelamento da poupança popular, Collor iniciava uma sinuosa trajetória de “rupturas” que poucos anos depois acabaram por deflagrar o movimento dos “Cara Pintadas”, considerado pelos revisionistas da LIT, como a “segunda revolução democrática no país” (a primeira teria sido a campanha das “Diretas Já”), na verdade mais uma manobra política das classes dominantes que granjeia o apoio das massas. Para compreender as razões da queda de Collor, de um ângulo marxista, será necessário retroceder um pouco mais na história e voltar ao final dos anos 80, precisamente no processo de esgotamento da chamada “Nova República” do biônico Sarney.

No ano de 1989, o Brasil se preparava para realizar o “sonho” das eleições diretas, após cinco anos de uma gestão estatal de profunda crise política, estamos nos referindo ao presidente Sarney que chega ao fim de seu mandato biônico, “eleito” pelo Colégio Eleitoral da ditadura, sem nenhum apoio popular. O oligarca maranhense, ex-presidente da ARENA (partido dos militares golpistas de 64), que assumiu o comando da “Nova República” por conta da estranha morte do governador mineiro Tancredo Neves, tinha na figura do então líder do PRN, Collor de Melo, seu principal adversário político no campo da burguesia. Como o isolado Sarney não tinha sequer um partido político para enfrentar as eleições de 89 (que eram exclusivamente para a presidência da república), rejeitado tanto pelo PMDB como pelo PFL, partidos da base de apoio do regime, resolveu impulsionar materialmente o minúsculo PCB, lançando a candidatura do deputado Roberto Freire, único candidato que não “batia” no “cachorro morto” Sarney. Em um quadro de completa crise dos partidos tradicionais da burguesia, o PMDB sob controle do decrépito Ulisses e o PFL nas mãos do esclerosado Aureliano Chaves, a possibilidade concreta do operário petista “radical” Lula ganhar as eleições presidenciais acionou o “alerta vermelho” da burguesia nacional, que de forma emergencial organizou às pressas a “alternativa” Collor, mesmo consciente dos riscos posteriores que esta opção política engendraria.

As eleições de 89 se iniciam desbloqueando um sentimento de revolta das massas com os cinco anos da falida “Nova República”, os atos-comícios de Lula logo se tornam multitudinais, superando inclusive os da campanha das “Diretas Já”. Acompanhando este fenômeno, o movimento operário assiste um colossal assenso de massas, a CUT protagoniza importantes greves nacionais, se consolidando como a central sindical do proletariado brasileiro. As candidaturas do PMDB, PFL e PTB naufragam eleitoralmente desde o início e Freire, o candidato do Sarney, não passa de um folclore do “comunismo” domesticado. A burguesia tenta conter a “avalanche” Lula com a aposta no populista Brizola do PDT, que não consegue chegar ao segundo turno, crivado pelo “caçador de marajás” e o “sapo barbudo” que a elite dominante não admitia engolir.

Não restando outro caminho à burguesia, orientada diretamente pelo imperialismo ianque, opera a maior fraude político eleitoral da história do país e empossa Collor como vitorioso das eleições presidenciais de 1989. O PT capitula vergonhosamente e desmobiliza suas bases sociais contra o escandaloso estelionato eleitoral, mesmo diante dos apelos do próprio Brizola que denuncia vigorosamente o roubo descarado sofrido pelo PT. Collor toma posse como um presidente a frente de um partido lumpen burguês (PRN) e sem base no Congresso Nacional. Logo de saída, a nova equipe econômica promove uma trapalhada para tentar conter a inflação, gerando uma profunda recessão no consumo, é o encerramento do curto namoro entre Collor e as oligarquias capitalistas que começaram a preparar antecipadamente sua saída do poder.

Com o surgimento das denúncias plantadas na mídia “murdochiana” que o braço direito de Collor, Paulo Cesar Farias, gostava de se dedicar a recolher pequenas “comissões” para seu “chefe”, ficou fácil montar um “teatro” político onde Collor era apontado como o presidente mais corrupto da história da República, logo ele o produto criado pela Globo como o “caçador de marajás”. Diante da “comoção nacional” contra a corrupção, os estudantes logo foram às ruas e sob o comando da UNE, presidida pelo picareta Lindberg Farias, deram vida ao movimento pretendido pela burguesia para retirar Collor do Planalto e começar a ofensiva neoliberal das privatizações, que exigiriam um novo presidente com forte legitimação social. Posto para fora o “ladrão de galinhas”, sob a aura de ter ocorrido uma verdadeira “revolução democrática” no Brasil, o establichment político organiza uma rápida transição com o governo de “união nacional” de Itamar, onde em um balão de ensaio se realiza a primeira grande privatização, a da CSN em Volta Redonda, sob o silêncio criminoso do PT.

Passados vinte anos do “Fora Collor”, a esquerda reformista e seus assemelhados da LIT/PSTU, ainda insistem no “conto fabuloso” do resgate da democracia com o advento do impeachment. Defendem até hoje as instituições do Estado burguês como fórum legitimo “para o julgamento de governantes corruptos”. Teriam que responder porquê a cada “revolução democrática” que caracterizam ocorrer, sempre se sucedem gerências estatais ainda mais entreguistas e subordinadas ao capital imperialista. Como nos ensinou Marx há bem mais de um século, sabemos claramente que a melhor forma de dominação do capital se expressa pela via do regime democrático burguês e que a única e verdadeira revolução da classe operária é a socialista, onde as velhas instituições da república representativa são demolidas para dar lugar à democracia direta dos conselhos soviéticos.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012


STF prepara condenação dos “mensaleiros” do PT com o aval (velado) do Palácio do Planalto

O espetaculoso julgamento do chamado esquema do “mensalão” prossegue sem grandes alterações no STF avançando ao que se propunha: defenestrar das hostes do Palácio Planalto o antigo núcleo político ligado ao ex-presidente Lula do chamado “Campo Majoritário” representado pela figura de José Dirceu e Delúbio. Os ministros do Supremo Tribunal Federal acabam de condenar figuras já completamente marginais do cenário político nacional como Roberto Jefferson (PTB), José Borba (PMDB), Pedro Corra (PP) e Valdemar da Costa Neto (antigo PL). José Dirceu, o ex-presidente do PT José Genoino e o ex-tesoureiro Delúbio Soares devem estar na pauta apenas na próxima quarta-feira, 03/09, às vésperas das eleições municipais. Porém, neste grande show midiático os holofotes estão muito mais apontados para os “astros” do STF, os “ilustres” ministros desta instituição que é considerada o sustentáculo “ético” do atual regime e que expressam as pugnas políticas existentes nas entranhas do poder republicano. O julgamento do “mensalão” na verdade representa uma disputa interburguesa revestida com uma fina camada de verniz jurídico para enganar os incautos, onde a direita arquirreacionária visa “punir” setores do PT que representam o lulismo com o aval da presidente Dilma. Os “ilustres” ministros togados cumprem o papel espetaculoso de arrefecer a ira da oposição demo-tucana após três derrotas consecutivas para a frente popular na eleição presidencial.

O ministro Joaquim Barbosa é o próprio palhaço que quer chamar a atenção para si, uma vez que com a aposentadoria de Ayres Britto, assumirá o cargo de presidente do STF em novembro. Outro “togado”, Marco Aurélio Mello, nomeado por Collor em 1990, ficou conhecido por conceder “habeas corpus” a Salvatore Cacciola, ex-dono do Banco Marka e responsável direto pelo rombo de 1,5 bilhões de reais nos cofres públicos e por conceder o mesmo benefício jurídico à máfia dos caça-níqueis em 2007. Não muito diferente, o ministro Ricardo Lewandowski, também indicado por Lula em 2006, a quem até hoje demonstra prestar fidelidade ao contribuir para aprovar a farsesca “Lei da Ficha Limpa”, uma medida voltada para a “moralização” do Parlamento, além de ter uma postura mais branda em relação aos réus do “mensalão” próximos ao ex-presidente. Gilmar Mendes, não foge a esta cepa de togados: latifundiário grileiro de Mato Grosso está a serviço do tucanato paulista, haja vista ter sido nomeado por FHC em 2002. Deu liberdade a ninguém menos que Daniel Dantas, e responde a inúmeros processos de falsidade ideológica, de manipular processos e ter vínculos com Carlinhos Cachoeira. Estes são apenas alguns dos atuais 10 “togados” do STF, considerados os baluartes da “ética” do regime capitalista, cada qual a seu modo com sua participação em esquemas de rapinagem do Estado, respondendo a uma fração da burguesia nativa.

Os “crimes” aos quais são imputados os “mensaleiros” do PT ligados ao governo Lula são uma piada se comparados aos cometidos pelo tucanato de “alta plumagem”, enquanto o deputado petista João Paulo foi condenado por desviar a “imensa” quantia de 50 mil reais (e outros com no máximo 200 mil reais!), FHC e sua anturage está livre e solta após a privataria tucana que desviou bilhões de reais para contas em paraísos fiscais. Está mais do que claro que se trata de um julgamento eminentemente político da frente popular (que de inocente não tem nada), cujo objetivo é torná-la ainda mais dócil aos interesses do mercado e do imperialismo no país, o que implica eliminar o que lhe resta de lideranças ligadas ao movimento de massas em seu interior.

Os marxistas revolucionários sabem perfeitamente que os cofres do Estado burguês não são nada públicos, os recursos acumulados pertencem a uma elite capitalista que os utiliza como uma espécie de “fundo de reserva” para seus interesses, que faz da corrupção parte inerente essencial do regime político. A não inclusão do principal mentor do “mensalão”, Lula, revela quão fraudulento é todo este processo armado pelo imperialismo e a mídia murdochiana que montou o palco do “espetáculo” avalizado pela presidente Dilma. O proletariado não deve ter nenhuma ilusão de que o julgamento do “mensalão” resolverá o problema da corrupção no país ou que represente algum aspecto positivo em sua consciência. Em um período de retrocesso ideológico das massas em todo o mundo, é necessária uma luta sem tréguas às tentativas de “moralização” do regime da democracia dos ricos, o que significa combater não só as “vias éticas” tão vulgarizadas hoje pela esquerda revisionista do trotskismo (PSOL, PSTU), como confrontar-se abertamente com a frente popular nos sindicatos, no movimento estudantil e popular. Nesse sentido, é sintomático que José Maria de Almeida, dirigente do PSTU, declare que “O STF está frente ao desafio de, além de condenar aqueles contra os quais haja provas de corrupção no processo em curso do mensalão, também julgar com celeridade, e condenar aqueles contra os quais haja provas de corrupção no processo de mensalão de Minas. Isso para não falar de tantas outras denúncias paradas nos escaninhos da Justiça brasileira. Se não o fizer, estará apenas confirmando mais uma vez o caráter político, e não jurídico, da atuação dos tribunais em nosso país” (site PSTU, 26/9). Com essa política domesticada, a “oposição de esquerda” patrocina ilusões profundas no papel de “árbitro” da justiça burguesa para simplesmente tirar dividendos eleitorais ao denunciar que “PT e PSDB são iguais”. Os chamados “mensalões” sempre existiram e são a razão de ser do Estado capitalista, onde o Parlamento é o comitê de negócios da burguesia e a sua Justiça é o cimento que molda as estruturas do establishment contra os interesses dos trabalhadores. Cabe ao proletariado, guiado por um genuíno partido revolucionário, a tarefa de derrubar com sua ação violenta as instituições do Estado capitalista, não reformá-lo através da “tese” da radicalização da democracia burguesa.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012


Espanha: entre a reação neofranquista e a inofensiva política dos “indignados”

Milhares de trabalhadores e estudantes espanhóis protestaram na noite desta terça-feira em torno do parlamento em Madri, transformado em um verdadeiro “bunker” protegido por uma forte barreira de mil policiais antes do anúncio de novas medidas de austeridade no orçamento de 2013 por parte do governo arquirreacionário do PP. Mais de 50 mil pessoas denunciaram a política de arrocho salarial, cortes de verbas e ataques de direitos do governo neofranquista de Rajoy. Durante o protesto foram registrados confrontos entre manifestantes e policiais. O aparato repressivo recorreu a cassetetes, bombas de gás lacrimogêneo e tanques com jato d’água para dispersar a multidão que forçava a barreira de segurança que protegia o Congresso. Desgraçadamente o principal eixo político da manifestação era a exigência de maior “democracia econômica” como reivindicam os indignados agrupados em torno da coordenadora S25.

Várias organizações e movimentos de indignados convocaram esta manifestação através das redes sociais alegando que “Eles roubaram nossa democracia. Nós perdemos a liberdade, o nosso Estado social, com os cortes na saúde e na educação... A democracia foi sequestrada. Em 25 de setembro vamos salvá-la”, declara o manifesto das organizações que convocaram o protesto em seu site, Coordinadora #25S. Tendo como principal lema “Democracia Real Já”, os autoproclamados “indignados”, reclamam corretamente que os dois principais partidos do regime PP e PSOE não representam os interesses do povo. Mas em vez de defenderem a construção de organismos de poder do proletariado e a destruição do Estado burguês propõem medidas ilusórias para regenerar as corrompidas instituições do regime, reivindicando a realização de “referendos obrigatórios”, “modificação na Lei Eleitoral”, “independência do poder judiciário” e mecanismos que garantam a “democracia interna nos partidos políticos”. Tais reivindicações revelam o caráter pequeno-burguês desse movimento e a recusa em admitir o princípio científico marxista de que o Estado burguês é essencialmente uma máquina a serviço dos interesses dos capitalistas, um balcão de negócios comuns da burguesia, e como tal não deve ser regenerado para dar continuidade à exploração capitalista, mas destruído pelo proletariado revolucionário através de uma revolução socialista.

Esse movimento, já é em si uma tentativa de omitir qualquer identificação política e ideológica, logo obteve o apoio de ONGs e foi saudado com grande alarde pela grande família da esquerda revisionista e pseudotrotskistas, que o apresenta como a “Revolução dos Indignados” inspirada na “Revolução Árabe”, outra grande farsa montada cinicamente por esses traidores para justificar seu criminoso apoio aos “rebeldes” aliados das forças de intervenção militar da OTAN na Líbia. Os organizadores do movimento responsável pela convocação e organização das manifestações nesse 25 de setembro apresentaram um conjunto de medidas que consideram “essenciais para a regeneração de nosso sistema político e econômico”, entre as quais se destacam as reduções de jornada de trabalho para acabar com o desemprego estrutural, ou seja, manter as taxas de desemprego abaixo de 5%; aposentadoria aos 65 anos; auxílio aluguel para jovens e para as pessoas de poucos recursos. Na área educacional em vez de defender a educação pública e gratuita em todos os níveis, reivindicam a “redução do custo da matrícula em toda a educação universitária, equiparando o preço de pós-graduação aos de graduação”. A maioria dessas reformas não podem mais ser realizada no atual estágio de decomposição do capitalismo e muito menos na atual conjuntura de crise. Mas se isso fosse possível, tais medidas não poriam em risco a existência desse regime de exploração de classe.

Ainda mais utópicas são as propostas de controle sobre as instituições financeiras, que reivindicam a devolução aos cofres públicos de todo o capital público fornecido aos bancos, sanções aos movimentos especulativos e às “más práticas bancárias”, o controle da fraude fiscal e da fuga de capitais para paraísos fiscais. Tudo isso realizado nos marcos da ordem social burguesa, por meio de uma regeneração do sistema político com a “eliminação dos privilégios da classe política”, objetivos que seriam alcançados, segundo o manifesto da “Democracia Real Já!”, através de uma “revolução ética”. Esse programa tão rebaixado e utópico não atrai os setores mais combativos e conscientes do proletariado, como os mineiros que encabeçaram a luta classista recentemente. Essas reivindicações estão a anos-luz das reais necessidades dos trabalhadores, que quando se levantam em defesa de seus interesses, questionam a propriedade burguesa e utilizam seus próprios métodos de luta, greves, ocupações de fábrica e enfrentamentos com as forças de repressão estatal, métodos com certeza considerados “anti-éticos” aos olhos desses filisteus pequeno burgueses.

Sob essas bandeiras reformistas, a juventude e as massas exploradas que se mostram “indignadas”, não poderão se armar politicamente para enfrentar a onda reacionária que se aprofunda com a agudização da crise econômica e a ascensão política da direita fascistizante de Rajoy e do PP. Para romper essa encruzilhada, somente uma política de independência de classe do proletariado baseada num programa que defenda a necessidade da destruição do Estado burguês através de uma revolução socialista pode armar a juventude e os trabalhadores para enfrentar a catástrofe gerada pela agonia do sistema de exploração capitalista. A tarefa que se coloca, portanto, para a juventude e as massas trabalhadoras na Espanha e outros países da Europa é transformar sua indignação em ação consciente, construindo o instrumento capaz de levantar esse programa revolucionário, o partido da revolução proletária mundial.

terça-feira, 25 de setembro de 2012


ONU promove cerco diplomático ao Irã enquanto Casa Branca impulsiona oposição “democrática” interna contra Ahmadinejad

Começa nesta terça-feira, 25 de setembro, a Assembleia-Geral da ONU, este verdadeiro covil de bandidos a serviço dos interesses das potências capitalistas, como declarou Lênin referindo-se a sua precursora, a antiga Liga das Nações. O tema que mais polarizará a Assembleia será o Irã, já que os EUA e a União Europeia buscam centralizar seus aliados do planeta na ofensiva política e diplomática contra o país persa, visando impor o fim de seu programa nuclear e a liquidação do próprio governo de Ahmadinejad. No lastro da vitória alcançada com a fantasiosa “revolução árabe”, que promoveu com sucesso a transição conservadora no Egito e na Tunísia além de derrubar o regime nacionalista líbio e está impondo a desestabilização do governo da oligarquia Assad na Síria, Obama vai anunciar na ONU seu objetivo de, após sua reeleição em novembro, dar início a sua sanha neocolonialista contra o Irã. Apesar do enclave nazi-sionista de Israel ter como opção preferencial a intervenção militar direta imediata, ao que parece a Casa Branca deseja primeiro construir no Irã um cenário de fortalecimento da oposição interna “reformista” que saia às ruas contra o governo para só então valer-se da suposta repressão desferida por Ahmadinejad sobre os “rebeldes” para atacar o país e apresentar tal medida como mais um capítulo da chamada “Primavera Árabe”.

Lembremos que a oposição “democrática” interna a Ahmadinejad é relativamente forte no país e durante todo o último período da onda de “protestos contra as ditaduras sanguinárias” no Oriente Médio ainda não entrou em cena. Esse retardamento não é um acaso, o imperialismo e seus agentes internos esperam primeiro enfraquecer ao máximo o regime da oligarquia Assad e ter mais controle da Líbia através de sua balcanização para desferir uma ofensiva direta contra o Irã. Esta ação deve ter como pretexto, como foi nestes dois países, as supostas mobilizações populares “made in USA”. Lembremos que em 2009, o Irã foi palco da chamada “revolução verde”, quando o imperialismo apoiou as manifestações contra Ahmadinejad, acusando-o de fraudar as eleições. Na época, não podendo derrubar o governo iraniano, Washington buscou desestabilizá-lo, apoiando-se em um amplo setor da burguesia iraniana, alinhada em torno da candidatura de Mir Hossein Moussavi, uma caixa de ressonância das pressões imperialistas, turbinada após a campanha midiática contra os resultados eleitorais.

Hoje, a maior força da trama orquestrada no lastro da fanstasiosa “revolução árabe” no Irã obviamente não reside no apoio popular à oposição pró-imperialista, já que esta é carente de peso social suficiente para impor a queda do atual governo, mas da fissura crescente dentro da cúpula teocrática, corroída pela sedução imperialista que tem em Obama um poderoso operador. Tanto a situação linha dura xiita quanto a oposição “reformista” buscam uma reaproximação estratégica com o imperialismo ianque. Moussavi – ex-premiê durante a Guerra entre o Irã e o Iraque – foi apoiado nas eleições de 2009 pelo imperialismo ianque, europeu, pelo sionismo e pelos dois ex-presidentes do país que antecederam Ahrmadinejad. Um dos quais, o arquicorrupto empresário e aiatolá Hashemi Rafsanjani, quem detém nada menos que o posto de presidente da Assembleia dos Especialistas, órgão composto por 86 aiatolás com poderes para destituir tanto o líder Supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, quanto o Conselho de Discernimento (um colegiado não eleito, que resolve conflitos legislativos entre o parlamento iraniano, o Majlis, e o Conselho dos Guardiães). Ahrmadinejad e Mousavi são respectivamente aríetes de Khamenei e Rafsanjani. Este último, representante da parcela da burguesia que se ressente por ser mantida afastada da globalização econômica pelos setores conhecidos como linha-dura do regime islâmico.

Em 2009, a LIT e o PSTU usaram no Irã o mesmo script “democrático” que agora reproduzem na Síria e antes usaram na Líbia, acusando os que denunciaram a provocação made in CIA como partidários da “ditadura dos aiatolás”. Não se trata de “mera coincidência”... Os cretinos morenistas nos diziam na época: “Uma parte significativa da esquerda defende o governo de Ahmadinejad, classificando os protestos como uma ‘conspiração da CIA’. Dessa forma, acabam defendendo a sangrenta repressão do governo iraniano sobre as massas, alegando que ele reprime o povo para se defender do imperialismo. No entanto, esses setores da esquerda acabam prestando uma valiosa ajuda ao imperialismo, pois jogam em suas mãos a bandeira da defesa das liberdades democráticas. Isso é ainda mais nefasto quando o imperialismo apresenta um novo rosto para a dominação, o de Barack Obama, visto com mais simpatia por setores oprimidos da população”. Como podemos ver, um ataque dos EUA ao Irã contra a “ditadura dos Aiatolás” e em nome dos “direitos humanos e da democracia” deve ter a simpatia da LIT já que assim como na Síria e na Líbia as manifestações pró-imperialistas contra Ahmadinejad devem ser apoiadas, segundo a visão desses cretinos! É preciso recordar que apesar dos“rebeldes” líbios terem sido a força terrestre da OTAN, esses ratos sempre foram saudados pelos morenistas como “revolucionários” assim como o assassinato de Kadaffi pela ação conjunta das caças da OTAN com os mercenários do CNT foi apresentado como uma “vitória das massas”. Por que seria diferente no Irã? A resposta a essa pergunta já foi dada pelos próprios morenistas: em nome da vitória de sua delirante “revolução democrática” a LIT aliou-se abertamente ao imperialismo e suas agressões genocidas contra as “ditaduras sanguinárias” no Oriente Médio!

Os revolucionários não são partidários do regime dos Aitolás no Irã, embora reconhecemos os avanços anti-imperialistas conquistados pelas massas em 1979. Ao mesmo tempo, defendemos integralmente o direito deste país oprimido a possuir todo arsenal militar atômico ao seu alcance. É absolutamente sórdido e cretino que o imperialismo ianque e seus satélites pretendam proibir o acesso à tecnologia atômica aos países que não se alinham com a Casa Branca, quando esta arma “até os dentes” Estados gendarmes como Israel com farta munição atômica. Como marxistas não dissimulamos em um só momento o caráter burguês e obscurantista dos regimes nacionalistas do Irã ou do próprio Hezbollah, braço armado do islamismo mais “radical”. Mas estes fatos em nada mudam a posição comunista diante de uma agressão imperialista contra uma nação oprimida. Não nos omitiremos de estabelecer uma unidade de ação com o regime dos aiatolás, diante de uma agressão imperialista, utilizando a lógica canalha de que se trata um estado “fundamentalista”, como fazem os bastardos da LIT. É bom lembrar que os marxistas já estabeleceram uma frente única com os aiatolás na derrubada do Xá Reza Pahlevi e seu regime pró-imperialista, apesar de conhecermos o caráter de classe da direção religiosa muçulmana. Alentado pelo suposto “êxito” das operações político-militares na Líbia, Obama agora tenta uma vingança contra a humilhação sofrida pelos EUA na desastrosa tentativa de intervenção militar no Irã, ainda sob o governo democrata de Jimmy Carter. Pretende o império em crise econômica, somar para suas empresas as reservas de petróleo do Iraque, Líbia e Irã e assim deter a hegemonia absoluta do controle energético do planeta. Somente idiotas úteis a Casa Branca podem ignorar estes fatos e declarar “solidariedade” às ações militares da OTAN contra os “bárbaros ditadores” que se recusam a aceitar a “democracia made in USA”.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012


Artigo extraído do Boletim de boca de urna da Chapa 2 para as eleições do Sindiágua-Ceará (24 a 27 de setembro/2012)

Só a FRAUDE impedirá a vitória da
Chapa 2 - Unidade na Luta

Finalmente chegou o momento decisivo para os trabalhadores em saneamento básico e meio ambiente do Ceará. Depois de 30 anos de domínio do Sindiágua pelo grupo político de Sérgio Novais (PSB), chegou a hora dos trabalhadores dizerem não ao continuísmo e apostarem na mudança, votando massivamente na Chapa 2 - Unidade na Luta. Nos dias 24 a 27 de setembro será realizada a eleição da chapa que irá dirigir o sindicato nos próximos três anos. Nesse momento, a categoria deve refletir sobre as consequências das desastrosas posições políticas desse grupo que está a frente do sindicato há três décadas, levando a cabo uma política de colaboração de classe. Em 1985, a direção do Sindiágua apoiou a transição conservadora que levou José Sarney a Presidência da República após a morte de Tancredo Neves, que com o Plano Cruzado congelou os salários dos trabalhadores, em 1986 fez campanha para eleger Tasso Jereissati, “novo coronel” do Ceará. Já em 2006 foi a vez de patrocinarem a candidatura de Cid Gomes (PSB). Atualmente, a chapa 1, da direção do sindicato, diz que lutará pelas reivindicações dos trabalhadores, mas de fato seu apoio incondicional é para os governos burgueses de Dilma e Luizianne Lins, tanto que faz campanha por Elmano de Freitas, do PT, para Prefeito de Fortaleza. Seu desgaste profundo e o rechaço da categoria a sua política indica que só a FRAUDE impedirá a vitória da Chapa 2 - Unidade na Luta nas eleições do Sindiágua-Ceará!

Ao longo de todos esses anos, os resultados dessa política de colaboração de classes são as derrotas das campanhas salariais, os acordos coletivos rebaixados, a perda de conquistas históricas como o anuênio dos trabalhadores da Cagece, o abandono das reivindicações da categoria e a traição aberta e declarada, como ocorreu na assembleia do dia 31/05 e na negociação do reajuste de zero por cento para os trabalhadores do SAAE de Sobral. Para se perpetuarem a frente do sindicato, os governistas da atual direção ligada a CTB, burocratas sindicais do PSB e PCdoB, que contam com o apoio do PT, suprimiram toda a democracia nos congressos e assembleias da categoria, ampliaram para 12 meses o tempo mínimo de sindicalização para que os trabalhadores possam votar nas eleições do sindicato e aumentaram de 39 para 61 o número de diretores para impedir o surgimento de uma chapa de oposição.

Mas todos esses obstáculos foram vencidos pela vontade férrea de mudança dos trabalhadores, que apoiaram política e materialmente a construção da Chapa 2, encabeçada pelo companheiro Antonio Luiz, militante da Liga Bolchevique Internacionalista (LBI) e integrada por simpatizantes da TRS, ativistas independentes classistas da categoria e companheiros próximos ao PSOL. Durante a campanha que fizemos em todos os locais de trabalho na capital e no interior, na Cagece, nos SAAEs e na Cogerh, a adesão dos trabalhadores à nossa chapa de oposição deu a convicção de que só uma enorme FRAUDE poderá impedir a vitória da Chapa 2 - Unidade na Luta. Os sinais dessa FRAUDE já são evidentes, no próprio período de realização de quatro dias de eleição, quando dois dias são mais que suficientes. A direção do sindicato quer que todos os aposentados votem, mesmo sem estarem de acordo com as regras que eles mesmos criaram (12 meses de associados e contribuição mensal de 1%). Das 36 urnas que serão utilizadas, 30 são itinerantes e boa parte delas foram conduzidas para os locais de votação por diretores do sindicato e membros da chapa 1. Sabemos que existe um histórico de fraudes nas eleições anteriores do sindicato e uma direção que frauda publicamente o resultado de uma assembleia, como ocorreu em 31/05, é capaz de qualquer coisa.

Nesse sentido, a categoria deve está preparada para rechaçar a fraude eleitoral nestes dias 24 27 de setembro e na própria apuração da eleição! Cada eleitor da Chapa 2 deve ser um fiscal ativo da nossa chapa classista e combativa nessas eleições, em que de um lado está a chapa 1, da atual direção governista, que representa o continuísmo da política de derrotas para a categoria e, do outro, está a Chapa 2 - Unidade da Luta, que reflete o desejo de mudança da categoria e a perspectiva de transformar o Sindiágua num verdadeiro instrumento de luta e de defesa das reivindicações dos trabalhadores, em uma entidade que defende um programa revolucionário! Vamos votar na chapa 2 e barrar a FRAUDE orquestrada pelos governistas que desejam manter o sindicato servil a oligarquia dos Ferreira Gomes (PSB)!

domingo, 23 de setembro de 2012


Assim como na Líbia e Síria a família revisionista se junta a extrema direita argentina para torcer pelo “derrumbe” de Cristina

Na semana passada as principais cidades argentinas e centralmente Buenos Aires foram palco de “massivos” protestos contra o governo de Cristina Kirchner. Organizados pela extrema direita “sojera” em aliança com a reação portenha, estas “mobilizações”, denominadas de “cacerolazos” tiveram como eixo o descontentamento da alta classe média com as recentes iniciativas da presidenta Cristina, a qual com cartazes e faixas consideraram uma “Égua comunista”. Não são propriamente uma novidade as manifestações “callejeras” da direita contra o governo dos “K”, ainda mais neste momento em que Cristina enfrenta uma verdadeira guerra dos barões da mídia no curso de medidas como a estatização da YPF e de um maior controle institucional dos meios de comunicação. Incomodada com a possibilidade de uma mudança na legislação eleitoral que permita um quarto mandato para os “K”, a reação argentina resolveu “atirar” primeiro, lançando uma vasta campanha em que identifica Cristina com os rumos “autoritários” do governo de Hugo Chávez na vizinha Venezuela. Mas a “surpresa” política desta vez ficou por conta da família da “esquerda” revisionista (PO, PTS, MST e afins) que saudou entusiasticamente a iniciativa dos novos “companheiros” da direita, como Macri e De Narvaez. Esta “esquerda” revisionista, postando-se até mesmo à direita de um governo burguês “neoliberal” como os do “K”, perdeu completamente a noção política do trotsquismo e também qualquer conteúdo de classe, repetindo a mesma “santa” aliança imperialista realizada na Líbia e na Síria contra governos nacionalistas burgueses.

Após uma folgada reeleição em 2011, o governo “K”, que reclama ser “nacional e popular”, impulsionou uma pauta “populista” que vem desagradando interesses de setores das classes dominantes rurais e seus congêneres urbanos. O controle do câmbio e uma proposta de revisão constitucional em curso, que permitiria inclusive o voto opcional aos dezesseis anos, parece ter atiçado a ira da direitona “sojera” e de seus comparsas políticos da burocracia sindical. Somado a este elemento está em pleno ápice uma crise de comando no próprio campo “Justicialista”, de olho nas próximas eleições legislativas de 2013, onde se renova um terço do Congresso Nacional. No terreno econômico, há uma certa estagnação das exportações argentinas, em função da crise internacional, acrescida da forte concorrência dos produtos brasileiros no mercado externo, como por exemplo a carne bovina. Neste cenário de relativa estagnação, onde o movimento operário não foi capaz de produzir politicamente uma alternativa revolucionária de poder, a direita “levanta a cabeça” e com o apoio da mídia “murdochiana” (o periódico Clarin cumpre a função de um verdadeiro partido fascista) se lança em uma cruzada reacionária pelas supostas “liberdades”, contando desgraçadamente com o suporte político de uma esquerda revisionista absolutamente degenerada e corrompida ideologicamente.

Não se pode acusar a canalha revisionista de desconhecimento da composição política dos “cacerolazos”, são estes senhores mesmos que nos relatam o “universo” dos protestos anti-“K”. Segundo o Partido Obrero, PO: “simplemente está señalando que la protesta contra el régimen actual se manifiesta en todas las clases sociales - incluso las menos necesitadas.” ( Jorge Altamira). Já para o outro agrupamento morenista, Convergência Socialista (integrante da FIT), ainda mais descarado, não há porque omitir a presença das personalidades da direita nos protestos: “Es cierto que se notaba la presencia de activistas de derecha y de varios de sus representantes más notorios – como Macri, De Narvaez o Binner” (Notícias Socialistas). Segundo a caracterização do “patriarca” revisionista MST, que agora integra o “projeto Sur” do nacionalista Solanas, os protestos “sojeros” foram um marco na conjuntura do país: “Las masivas movilizaciones del jueves 13/9 en Plaza de Mayo y muchos de los principales centros urbanos del país, significaron una importante demostración de sectores medios de la población que han expresado un profundo y justo descontento con el gobierno”. Como se pode aferir, a empolgação desta “esquerda” com a velha e tradicional direita antiperonista só não é maior do que quando vibraram com os covardes  bombardeios da OTAN sobre o “ditador Kadaffi”.

Os Marxistas leninistas não nutrimos a menor simpatia política pelo governo burguês da senhora Cristina, ainda mais no momento em que este comprime os salários da classe trabalhadora através de um pacote de novos impostos, mas jamais nos uniremos à escória direitista como Macri, De Narvaez ou o grupo Clarin para “derrubar os K”, com métodos típicos do fascismo clerical, em sua cruzada contra o “comunismo e por liberdade”. O proletariado argentino está convocado a cerrar fileiras contra a política do embuste peronista da colaboração de classes, mas sem nunca abdicar de sua completa independência de classe. Não serão estes incuráveis catastrofistas (dos quais o PO e a LIT são os campeões), que sonham alucinadamente com a “chegada da crise” para poder aspirar um lugarzinho no parlamento burguês, que poderão apresentar uma perspectiva revolucionária para a classe operária. A tarefa de construção de um genuíno partido operário (favor não confundir com a fraude política Altamirista) se coloca na ordem do dia, diante da tentativa de ascenso da direita latino americana, apoiada na atual ofensiva imperialista sobre os povos.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

30 anos do massacre de Sabra e Shatila: nossa melhor homenagem à causa palestina é o combate mortal ao imperialismo e a luta pela destruição do enclave sionista no Oriente Médio!

“Escute, eu sei que você está gravando, mas eu pessoalmente
gostaria de ver todos eles mortos... Eu gostaria de ver todos
os palestinos mortos porque são uma doença em
qualquer lugar que vão.” (Tenente do exército israelense
ao invadir o Líbano,
16 de junho de 1982)

Passados 30 anos do mais sangrento genocídio contra o povo palestino da história, ainda está presente a ação covarde das Falanges maronitas (aliadas de Israel) contra os campos de refugiados de Sabra e Shatila no oeste de Beirute, Líbano, na macabra noite de 16 de setembro de 1982, em meio à guerra civil deflagrada após o assassinato de um líder da extrema-direita cristã. Neste contexto de guerra, Israel invade o Líbano em junho de 1982. Poucos meses depois iria consumar um ato nitidamente inspirado nos métodos nazistas de extermínio, um ataque a uma população completamente desarmada e pega de surpresa, sem qualquer poder de se defender ou de reação. Os campos de refugiados palestinos foram invadidos pelas falanges da extrema direita cristã explicitamente estimuladas pelo exército israelense que “garantia a salvaguarda” dos palestinos. Mas ao invés disso, sob o comando do facínora genocida Ariel Sharon, forneceu armamentos pesados, sinalizadores para iluminar os caminhos da invasão, tanques etc. Tanques Merkeva, que partiram de Israel, cercavam os dois campos de (concentração) refugiados palestinos, impediam que crianças, mulheres grávidas, idosos e outros civis escapassem do massacre. Foram mais de 62 horas de um terror extremo, sem precedentes na história contra uma população indefesa, cujo resultado foi o assassinato de aproximadamente 3.500 civis que já viviam em uma situação de miséria e abandono. Uma típica política de extermínio étnico, uma vez que se trataram de execuções sumárias com requintes de crueldade: estupros, facadas (degola), tiros na nuca, esquartejamentos... O pretexto para um crime desta magnitude foi o assassinato do líder falangista Bachir Gemayel poucos dias antes supostamente – nunca comprovado – por um palestino. O genocídio não poder ser encarado como um fato isolado: envolveu um enorme operativo de guerra, um jogo “diplomático” articulado desde a Casa Branca, o enclave militar de Israel e a conivência da OLP de Arafat.

O massacre ocorreu quando a minoria maronita, que expressava os interesses da alta burguesia nacional libanesa aliada ao capital imperialista, viu sua supremacia ameaçada pela ascensão política da maioria muçulmana (sunitas e xiitas) e da esquerda nacionalista, que se apoiavam nas lutas dos explorados libaneses e dos refugiados palestinos, explodiu a guerra civil no país (1975-1989). Refugiados no sul do Líbano, espalhados em acampamentos próximos às principais cidades, os palestinos estabelecem uma importante aliança com a resistência dos trabalhadores libaneses em luta contra o regime títere do imperialismo francês. Estava mais uma vez colocada a possibilidade de uma revolução, desta vez com características nitidamente proletárias, já que a divisão social estabelecida no Líbano, rotulada pela imprensa mundial como sendo entre cristãos versus mulçumanos, refletia na verdade diretamente a luta entre explorados e exploradores. Em função da ameaça da perda do controle no Líbano, o imperialismo francês aciona seu enclave na região, que sob o comando nazi-sionista Menahem Beguin desencadeia em junho de 82 uma operação militar de invasão do Líbano, chamada cinicamente de “paz na Galiléia”. Agindo em conjunto com os milicianos falangistas, o exército sionista massacra mais de três mil civis nos acampamentos palestinos de Sabra e Shatila. 

Durante a guerra civil, a direita maronita, organizada na Falange, aliou-se ao sionismo que financiou a criação das milícias falangistas, armadas e treinadas pelo Exército israelense e o Mossad. Em 16 de setembro de 1982, foram essas milícias que, cumprindo ordens do Exército sionista comandada pelo assassino Ariel Sharon, invadiram os campos de Sabra e Shatila e chacinaram cruelmente mais de 3.000 refugiados palestinos, a maioria idosos, mulheres e crianças indefesas. Esse massacre, realizado ao estilo dos pogroms nazistas, foi apresentado pelos falangistas como uma vingança pela morte de Bachir Gemayel, que havia sido eleito presidente e assassinado naquele mesmo mês de setembro, antes de sua posse. Substituindo Bachir, seu irmão Amin Gemayel assumiu a presidência da república libanesa.

Poucos meses antes do massacre, Ronald Reagan mediou um acordo entre o enclave sionista de Israel e a OLP a fim de “encontrar uma solução” para os refugiados palestinos no Líbano e a guerra civil, com vistas a instalar um governo títere no Líbano. Pura enganação, haja vista que o imperialismo tratava de fortificar seu domínio geopolítico na região, ao mesmo tempo em que visava aniquilar qualquer possibilidade de organização política palestina contra sua hegemonia, se valendo de seu cão de guarda israelense. Após várias rodadas de negociações, a OLP aceitou sair do Líbano, consumando uma traição sem comparativos na história da luta do povo palestino, deixando para trás milhares de refugiados civis desprotegidos. As bases do “acordo” foram que Israel e os EUA garantissem não atacar os palestinos. No entanto, somente a OLP “cumpriu” sua parte... Enquanto isso, Sharon reunia-se secretamente com partidários de Gemayel para “a necessidade de o partido vingar-se do assassinato de Bachir” (Times, 21/2/1983) com plena aquiescência do imperialismo ianque.

Nos dias atuais a situação dos campos de (concentração) refugiados palestinos pouco mudou, a não ser o fato de ter aumentado o nível de penúria e opressão, não há infraestrura de água potável, saúde, alimentação, imperando a miséria extrema. Com o passar de 30 anos, a OLP, através da Autoridade Nacional Palestina (ANP) de Abbas, se converteu em polícia de seu próprio povo após reconhecer a existência de Israel. Hoje, atravessamos um período de ofensiva militar do imperialismo no Oriente Médio com a sua fantasiosa “Primavera Árabe”, vergonhosamente encampada pela esquerda revisionista do trotsquismo, que avança sobre a Síria, após ter destruído com as bombas da OTAN a Líbia, as guerras de rapina colonialista serão a tônica do Pentágono para o próximo período que buscam eliminar todos os resquícios nacionalistas de resistência a seu domínio político (Hezbollah, Síria e Irã). Por estas razões, mais do que nunca, para honrar os mortos de Sabra e Shatila e a miríade de palestinos trucidados ao longo do combate contra o exército israelense e o imperialismo ianque, é necessário defendermos todos os povos ameaçados de invasão pelas grandes potências capitalistas. Os revolucionários devem ter como eixo programático a formação de uma frente única com todas as forças que se enfrentam e trabalham pela derrota da OTAN e a destruição do enclave de Israel no Oriente Médio: na Palestina, Líbia, Síria e Irã... Só há uma saída progressista para conter a barbárie capitalista, a derrota do inimigo número um de todos os povos do planeta, o imperialismo e a liquidação da máquina de guerra sionista.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012



De barbas de molho com processo do “mensalão”, direção do PT centraliza “aliados” na defesa de Lula

Nos últimos dias está havendo uma ofensiva de parte de mídia burguesa, o chamado PIG (Veja, Estadão, Folha e O Globo) e da oposição demo-tucana contra Lula e o núcleo histórico do PT. Embalados pelo resultado do julgamento do “mensalão”, que em pleno governo Dilma e com a maioria esmagadora dos membros do STF indicados pelas gestões do PT, já condenou João Paulo Cunha e irá fazer o mesmo com José Genuíno, Delúbio e Dirceu, a direitona e seus pastelões se voltaram agressivamente contra Lula, anunciando que vão pedir abertura de processo contra o ex-Presidente da República por comandar o esquema de compra de deputados desde o Palácio do Planalto. Em resposta a esse processo, logo depois que FHC atacou Lula e foi advertido por Dilma que o tucanato estava ultrapassando os “limites”, já que tentava desmoralizar o principal pilar de sustentação do regime político hoje, houve uma articulação do PT e dos partidos da base aliada para defender Lula. A nota assinada neste 20 de setembro por PT, PSB, PMDB, PCdoB, PDT e PRB é claramente uma articulação preventiva, apesar de ter um efeito mais midiático do que político propriamente dito. Isso ocorre porque a ofensiva contra Lula acontece justamente porque Dilma deu sinal verde para o STF “guilhotinar” de Dirceu, Genuíno, Delúbio e João Paulo como parte da construção de um novo núcleo de poder no Planalto e no Partido dos Trabalhadores, ligado diretamente a gerentona e distante do lulismo. O grosso da burguesia, apesar de ter acordo em manter Lula fora do alvo das denúncias, já optou por reeleger Dilma em 2014 e prefere deixá-lo de “pijamas”, como reserva a ser acionado sempre que preciso.

A nota denuncia que “As forças conservadoras revelam-se dispostas a qualquer aventura. Não hesitam em recorrer a práticas golpistas, à calúnia e à difamação, à denúncia sem prova. O gesto é fruto do desespero diante das derrotas seguidamente infligidas a eles pelo eleitorado brasileiro. Impotentes, tentam fazer política à margem do processo eleitoral, base e fundamento da democracia representativa, que não hesitam em golpear sempre que seus interesses são contrariados”. O tom alarmista da declaração não é só uma manobra de fachada da frente popular contra o já surrado “golpe da direita”. Reflete um alerta diante da conduta dos setores mais reacionários da burguesia que desejam manter a oposição de direita demo-tucana viva, degastando sempre que possível Lula. Não por acaso, esse mesmo espectro político tenta desesperadamente “eleger” Serra prefeito de São Paulo ou pelo menos levá-lo ao segundo turno na capital paulista, já que o tucano é um homem ofensivo no ataque ao lulismo e mantém boas relações com Dilma. Ao mesmo tempo, nesse processo de reorganização de forças, está claro que o imperialismo estrategicamente aposta em Marina Silva como sua escolha futura para o Brasil como uma “alternativa” no arco da centro-esquerda burguesa diante do desgaste do PT.

Ao afirmar que “Os partidos da oposição tentam apenas confundir a opinião pública. Quando pressionam a mais alta Corte do país, o STF, estão preocupados em fazer da ação penal 470 um julgamento político, para golpear a democracia e reverter as conquistas que marcaram a gestão do presidente Lula” está claro que a nota foi uma iniciativa própria da direção nacional do PT, que nos últimos dias pressionou Dilma, principalmente em virtude de sua conduta dúbia durante o julgamento do chamado “mensalão”, a entrar de cabeça em campanha por Haddad e a defender publicamente Lula. Dilma o fez protocolarmente, já que o tucanato exagerou na dose no ataque ao ex-presidente, porém esses desdobramentos possibilitaram que a direção nacional do PT centralizasse a base aliada do governo da frente popular no apoio a Lula e fosse para a ofensiva política além dos limites que gostaria o Planalto.

Essas escaramuças burguesas não estão voltadas “apenas”, como alega a nota, a defender um “Brasil que entrou na rota do desenvolvimento com distribuição de renda, incorporando à cidadania milhões de brasileiros marginalizados, e buscou inserção soberana na cena global, após anos de submissão a interesses externos”. Na verdade, os partidos burgueses aliados de hoje são os mesmos que durante a gestão do tucanato estiveram na vanguarda das privatizações, submissão ao imperialismo e ataques a direitos dos trabalhadores. O melhor exemplo disso é o PMDB. Acontece que a frente popular é hoje o eixo de poder da burguesia e para manter assegurada sua política de “paz social” precisa preservar Lula. Os trabalhadores devem entender que os mesmos interesses políticos e sociais que desestabilizaram Getúlio Vargas, levando-o ao suicídio e perpetraram o golpe militar contra Jango em 1964, hoje estão integralmente representados no governo petista, assim como estiveram na gestão do tucanato, não é o contrário como tenta vender espertamente a nota petista. O fantasma do “golpismo” utilizado como “espantalho” pela direção do PT é mais uma chantagem para prender a vanguarda dentro do velho esquema da “direita versus esquerda”, sempre muito útil em época de circo eleitoral, mas que em nada reflete interesses de classes distintos, já que todo esse espectro político, do PT ao PSDB, representam a burguesia de conjunto em suas diversas variantes. Não cabe aos trabalhadores defender Lula, seu “legado” e muito menos os “mensaleiros” do PT em sua guerra de quadrilha interburguesa que agora tem como palco o STF e seus bandidos de toga, mas sim buscar construir uma alternativa política a frente popular e ao tucanato, o que nada tem haver prestar qualquer apoio a “oposição de esquerda” (PSOL, PSTU e PCB), mergulhada até último fio de cabelo no eleitoralismo mais vulgar.


quarta-feira, 19 de setembro de 2012


Os ex-“camaradas” Ivan Pinheiro e Roberto Freire novamente unidos na eleição municipal de Macapá!

Desde que houve a ruptura do PPS, em 1992, o PCB vem tentando se apresentar como um partido principista, crítico do período em que a “troika” Giocondo Dias, Salomão Malina e Roberto freire afundou o “partidão” na lama do oportunismo, portanto seria agora herdeiro das melhores tradições marxistas-leninistas. A esse processo a direção do ex-partidão auto-intitulou de “reconstrução revolucionária”, inclusive salientando que nos últimos anos havia saído até mesmo do arco de alianças encabeçado pelo PT e PCdoB, para impulsionar a chamada “oposição de esquerda” junto com o PSOL e o PSTU. No ato de 90 anos de sua fundação, o atual secretário-geral do PCB, Ivan Pinheiro, declarou que o partido estava fazendo uma séria autocrítica das suas ilusões na democracia burguesa nos anos 50 e 60 e de suas alianças com as forças liberais na década de 80, inclusive atacando violentamente o canalha Roberto Freire, denunciando que este não passa de serviçal a soldo da oposição de direita demo-tucana. Não para nossa surpresa, agora nas eleições para a capital do Estado do Amapá, a cidade de Macapá, o PCB está coligado com ninguém menos que o PPS do mesmo Roberto Freire. O PPS inclusive indicou o vice candidato a prefeito na chapa encabeçada por Clécio Luis Vieira, do PSOL, em uma coligação denominada emblematicamente de “Unidade Popular” que conta ainda com outras legendas de aluguel da burguesia como PRTB, PMN, PTC e PV. Como se vê, todo discurso acerca do “novo” PCB não passa de uma fraude política, chegando ao ponto do ex-“partidão”, atual neorreformista “partidinho” estar unido novamente com o arquidireitista PPS, um apêndice venal dos Demos-Tucanos, antes acusado por Ivan Pinheiro como mais um partido da burguesia.

Nem a denúncia da aliança entre PSOL, PCB e PPS, feita recentemente pelo dirigente camponês Osmarino Amâncio, que anunciou publicamente sua desfiliação do PSOL porque o partido estaria “traindo os povos da floresta” ao se coligar com o PPS, abalou a aliança do PCB com o PPS de Roberto Freire. Ao contrário, o Secretariado Nacional do PCB manteve a posição que divulgou anteriormente, reafirmando a aliança com o PPS e outras legendas patronais que já havia sido noticiado pela imprensa burguesa em sua eterna campanha voltada a desmoralizar a esquerda domesticada. Em nota, a direção do PCB afirma textualmente: “A política eleitoral adotada pelos camaradas do PCB Amapá foi indicada e aprovada por unanimidade pelo Comitê Central do Partido e respeita totalmente os parâmetros que estabelecemos para as alianças. O PCB em Macapá tem candidatos apenas nas eleições proporcionais (à frente o camarada Nelson, atual vereador e membro do CC), em coligação única e exclusivamente com o PSOL, sem a presença nela de qualquer outro partido. Os demais partidos citados na matéria, a rigor legendas para disputas eleitorais sem qualquer conteúdo político ou ideológico, participam da coligação na eleição majoritária, em apoio ao candidato a prefeito de Macapá pelo PSOL, Clécio Vieira” (Sítio PCB, 26/07). O que a direção do PCB espertamente tenta encobrir, obviamente sem sucesso, é que apesar do partido estar coligado na proporcional “apenas” com o PSOL, o PCB participa da coligação na eleição majoritária que inclui o PPS e outras legendas burguesas, apresentadas cinicamente pela experiente direção do PCB como se não tivessem um caráter de classe! Se ainda restar alguma dúvida do que afirmamos, bastar ir ao sítio do TSE para confirmar! (http://divulgacand2012.tse.jus.br/divulgacand2012/mostrarFichaCandidato.action?sqCandidato=30000000648&codigoMunicipio=06050&dtUltimaAtualizacao=20120908180920&ie=t).

Note-se que o próprio PSOL já é uma legenda de aluguel de Sarney no Amapá, controlado por seu afilhado, o senador Randolfe Rodrigues, o mesmo que chegou a elogiar rasgadamente Demóstenes Torres. Em Belém, capital do Pará, estado vizinho ao Amapá, o PSOL está coligado com o PCdoB e conta com o apoio de Marina Silva, além é claro do PSTU! O mínimo que se exigiria de um partido que se diz “revolucionário, marxista-leninista” seria denunciar o PSOL e suas alianças burguesas. Mas o PCB fez justamente o contrário! Não só se coligou com o PSOL para garantir a reeleição de seu vereador em Macapá, diga-se de passagem membro de seu Comitê Central, como ainda embarcou de cabeça na coligação majoritária que inclui o PPS! Sem dúvida, Roberto Freire deve estar rindo da escandalosa aliança estabelecida por seus ex-“camaradas” do partidão. Mas essa trajetória não é nenhuma novidade. Quando Ivan Pinheiro era presidente do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, discípulo fiel de Giocondo Dias, representava as posições mais à direita no movimento operário brasileiro em uma época de clara radicalização das lutas, com a vitória das oposições sindicais cutistas. Ivan e Freire combateram a fundação da CUT e do PT, atacando-os violentamente como instrumentos da ditadura militar, “divisionistas da esquerda”. Na verdade, quem fazia o jogo da oposição burguesa à ditadura militar contra o novo sindicalismo e o PT, que na época agrupava o grosso da vanguarda classista e se colocava como alternativa política ao PMDB, era o stalinismo agrupado no PCdoB e PCB, juntos na arquipelega CGT. Não por acaso, apoiaram o golpe do Colégio Eleitoral com a indicação de Tancredo Neves e, logo depois, com a ascensão da “Nova República”, viraram “fiscais do Sarney” e de seu Plano Cruzado.

Durante todo esse período, Ivan Pinheiro foi entusiasta defensor dessa política que resultou no lançamento da candidatura de Roberto Freire em 1989 (apoiada por Sarney) para combater o PT nas eleições presidenciais. Foi essa trajetória tão direitista que levou em 1992 a maioria do PCB a se converter no núcleo fundador do PPS sob a direção de Salomão Malina e Freire. Só aí Ivan Pinheiro rompeu com esse grupo revisionista que tinha ido longe demais em seus ataques aos princípios do marxismo em função da onda contrarrevolucionária mundial desencadeada com o fim da URSS que converteu vários partidos comunistas do planeta em partidos sociais-democratas. Agora os ex-“camaradas” Ivan Pinheiro e Roberto Freire estão novamente unidos na eleição municipal de Macapá! Como se observa, essa aliança vem de longe! Cabe aos militantes do PCB que se reivindicam defensores do marxismo-leninismo romper com esse partido cuja direção aceita se coligar ao PPS, uma legenda dirigida por uma canalha anticomunista vendida a burguesia!

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Leia a mais recente edição do Jornal Luta Operária, nº 243, 1ª Quinzena de Setembro/2012



EDITORIAL
As greves “ordeiras e pacíficas” são a cara metade do circo eleitoral da democracia dos ricos


CEDENDO AO “DEUS” MERCADO
Mantega anuncia em única tacada mais renúncia fiscal e retração do PIB


SOB PRESSÃO DO PT
Dilma entra na campanha de Haddad, mas não abandona o “pastor” Russomano


LULA É ALVO DO TUCANATO
FHC ataca o “ponto de equilíbrio” da estabilidade do regime e recebe advertência de Dilma


7 DE SETEMBRO
LBI intervém no “Grito dos Excluídos” denunciando a ofensiva imperialista contra os povos árabes e o circo eleitoral


CAMPANHA SALARIAL DOS BANCÁRIOS/2012
Organizar a greve pela base para derrotar os banqueiros, o governo Dilma e as direções sindicais “chapa branca”!


ELEIÇÕES PROFESSORES SINDIUTE – FORTALEZA
A Chapa 3 - Oposição Unificada na Luta é uma alternativa classista aos capachos da prefeitura petista e a falsa oposição divisionista do PSTU


ELEIÇÕES URBANITÁRIOS – CEARÁ
Governo da oligarquia Ferreira Gomes (PSB) utiliza justiça burguesa para tentar intervir nas eleições do Sindiágua


EM DEFESA DO TROTSKISMO
Quem representa uma verdadeira ameaça de destruição do Sindiágua-Ceará?


CRISE NA UNIÃO EUROPEIA
Agora é o “socialista” Hollande que anuncia o duro “ajuste” da troika contra o proletariado francês


ASSASSINATO DO EMBAIXADOR STEVENS NA LÍBIA
Os EUA provam de seu próprio veneno


TALEBÃ ATACA FORÇAS DA OTAN NO AFEGANISTÃO
Aprofunda-se a crise da ocupação imperialista e do governo fantoche de Karzai


REVOLTA ISLÂMICA CONTRA OS EUA
Uma “revolução árabe” fundamentalista?


LIGA BOLCHEVIQUE INTERNACIONALISTA


segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Artigo extraído do Boletim da Chapa 2, Unidade na Luta, setembro/2012
Quem representa uma verdadeira ameaça de destruição do Sindiágua-Ceará?

A diretoria do Sindiágua decidiu abrir um debate de caráter ideológico com a chapa 2 – Unidade na Luta, nos acusando de que pretendemos destruir o sindicato e atacando ferozmente o que chamam de “alguns segmentos vinculados a uma tradição revolucionária de origem Trotskista”. As posições da atual direção do sindicato, publicadas no blog da chapa 1, em 12/09, chamam atenção não só pela ignorância sobre o assunto que abordam, mas, principalmente, pelo ranço ideológico anticomunista e reacionário que exalam delas. Em respeito à categoria dos trabalhadores em saneamento básico do Ceará, cuja consciência política tem sido entorpecida ao longo de 30 anos por esses verdadeiros agentes da burguesia na direção do sindicato, é necessário que façamos inicialmente um breve esclarecimento sobre o significado do trotskismo.

Em geral, denomina-se de trotskismo as concepções políticas e ideológicas elaboradas pelo revolucionário bolchevique Leon Trotsky, complementando o marxismo como teoria revolucionária do proletariado, para que as massas exploradas possam superar a barbárie capitalista e construir uma sociedade socialista.

Diante da degeneração burocrática da URSS (União Soviética), causada pelo controle da direção stalinista sobre o Estado operário nascido da revolução bolchevique de 1917 na Rússia, o trotskismo tornou-se também uma corrente política de combate à ameaça de restauração capitalista na União Soviética e de defesa da revolução proletária mundial.

Agora, vejamos o dizem os membros da chapa 1 sobre o trotskismo. Segundo os burocratas da direção do sindicato, os trotskistas “são grupamentos agindo em torno de um único objetivo que seria a destruição total do capitalismo pela realização de uma sociedade comunista radical”. Observam ainda que os trotskistas “se opõem a todos os partidos, mesmo aqueles de esquerda, socialistas, marxistas”.

O objetivo estratégico dos marxistas revolucionários e, consequentemente, dos trotskistas, é a constituição de uma sociedade sem exploradores e explorados, a sociedade comunista. Para cumprir esse objetivo, evidentemente, é necessária a destruição do sistema de exploração capitalista. O que a burocracia sindical da CTB encastelada na direção do Sindiágua chama de “partidos de esquerda, socialistas e comunistas”, entre os quais com certeza incluem o PSB dos Ferreira Gomes e o PCdoB, são siglas eleitorais que nunca tiveram qualquer identidade com o marxismo ou organizações corrompidas, que se adaptaram ao regime da falsa democracia dos ricos, na medida em que participam da atividade política institucional, legitimando o circo eleitoral burguês, atuando no parlamento e disputando o papel de gerentes dos negócios da burguesia.

Os interesses desses partidos são absolutamente opostos aos da classes trabalhadora, não tendo também nenhum objetivo comum com os trotskistas, visto que não são partidos operários, mas sim partidos burgueses ou pequeno burgueses, que têm como único objetivo mergulhar no mar de corrupção das apodrecidas instituições do Estado burguês.

No Manifesto do Partido Comunista de 1848, Marx afirma que “o objetivo mais próximo dos comunistas é o mesmo do que o de todos os restantes partidos proletários: formação do proletariado em classe, derrubamento da dominação da burguesia, conquista do poder político pelo proletariado”. Nenhum desses chamados “partidos de esquerda” da direção do sindicato defende esses objetivos. Eis porque os trotskistas se opõem a eles.

Completamente hostil ao socialismo científico, a burocracia sindical lança mais críticas contra o trotskismo, afirmando que “para eles só existem duas classes: a burguesa e a proletária”. Dessa forma, revelam mais uma vez sua ignorância sobre a teoria de Marx, que dizia em 1948: “a nossa época, a época da burguesia, distingue-se, contudo, por ter simplificado as oposições de classes. A sociedade toda cinde-se, cada vez mais, em dois grandes campos inimigos, em duas grandes classes que diretamente se enfrentam: burguesia e proletariado”(idem).

Em defesa de sua política de colaboração de classes, a direção do sindicato afirma que a “verdadeira beleza do socialismo (parece que não compreendida por esses grupos) proclamada por Marx, Lênin e Hegel, está na sua dinâmica natural de adaptações com a evolução da humanidade”. Antes de tudo é preciso que se diga que Marx e Lênin nunca proclamaram as mesmas ideias de Hegel, nem do ponto de vista filosófico e menos ainda sobre o socialismo. Duas visões de mundo absolutamente opostas os separam. Hegel era um filósofo idealista. Já Marx e Lênin eram materialistas e militantes revolucionários.

Apesar da sua concepção filosófica idealista, Hegel não via o processo de evolução como “adaptações”, mas como resultado do choque entre forças contrárias. Quanto a Marx e Lênin, basta que recordemos o que diz o parágrafo final do Manifesto Comunista, para desmontar de vez a teoria da “dinâmica natural de adaptações” da direção do Sindiágua: “Os comunistas rejeitam dissimular as suas perspectivas e propósitos. Declaram abertamente que os seus fins só podem ser alcançados pelo derrube violento de toda a ordem social até aqui. Podem as classes dominantes tremer ante uma revolução comunista! Nela os proletários nada têm a perder a não ser as suas cadeias. Têm um mundo a ganhar”.

Além do raciocínio tacanho, a direção do Sindiágua parece que sofre também de miopia, pois para eles o mundo atual é visto como “um processo histórico contínuo de racionalidade, equilíbrio, responsabilidade, paz e perfeição cada vez maiores”. Esse mundo só existe na visão torpe da direção do sindicato. Na realidade, vivemos num mundo de exploração irracional dos recursos naturais; de desequilíbrio ecológico provocado pela irresponsabilidade e pela ganância dos grandes capitalistas; de constantes guerras de rapina movidas pelo imperialismo, que ataca covardemente países como o Afeganistão, Iraque, Líbia e agora a Síria, para saquear suas riquezas naturais, investindo cada vez mais na indústria bélica, enquanto milhões morrem de fome em todo o planeta.

Mostrando sua face reacionária, a direção do sindicato condena os trotskistas por mobilizarem as massas em protestos públicos contra os “poderes constituídos”, chamando de “atos de vandalismo” as manifestações públicas e atos de protesto das massas trabalhadoras em defesa de seus direitos, contra os baixos salários e por melhores condições de vida. É esse o verdadeiro papel que cumprem os burocratas sindicais, defender as relações de exploração, a propriedade privada capitalista e o poder instituído da burguesia. Esses “socialistas” jamais admitirão que o progresso das condições materiais de vida depende da abolição das relações de produção burguesas, o que só é possível através da revolução proletária. Para eles, que afinal defendem que “um governo burguês não se derruba, muda-se”, é necessário apenas fazer algumas melhorias administrativas que em nada alteram a relação de exploração entre o capital e trabalho assalariado.

Ao ouvirem falar que os trotskistas desejam suprimir as instituições que representam o poder político da classe capitalista, ou seja, a destruição do Estado burguês através da revolução proletária, esses lacaios da burguesia concluem que desejamos também destruir os sindicatos, uma vez que atrelam os sindicatos ao Estado e, como direção sindical, não cumprem o papel de defender as reivindicações dos trabalhadores, mas sim de servir aos interesses dos patrões. Os sindicatos são organizações criadas pela lutas espontâneas da classe trabalhadora contra a exploração capitalista e os baixos salários. Nossa tarefa não é destruí-los, mas sim livrá-los das direções traidoras, dos agentes da burguesia, esses sim a verdadeira ameaça à existência dos sindicatos como instrumentos de luta da classe trabalhadora, independentes dos patões e do governo. Por isso, somos oposição à atual diretoria do Sindiágua.

domingo, 16 de setembro de 2012


Talebã ataca forças da OTAN no Afeganistão: aprofunda-se a crise da ocupação imperialista e do governo fantoche de Karzai

Nos últimos dias, as forças de ocupação da OTAN sofreram vários ataques por parte do Talebã. Primeiro, um comboio de caminhões que levava combustível para veículos militares sofreu uma emboscada e foram incendiados. Depois, a base da OTAN de Camp Bastion, tido como ultrassegura, onde se encontra o Príncipe Herry, foi atacada e seis aviões de combate norte-americanos AV-8B Harrier foram destruídos em solo. Três estações de reabastecimento foram pelos ares e seis hangares de aviões afetados, além de vários soldados ianques mortos. Nunca antes, em mais de dez anos de ocupação, as forças da coalizão imperialista haviam sofrido tais perdas materiais e humanas, em ataques coordenados pelo Talebã. Em “resposta”, um bombardeio aéreo da OTAN deixou vários mortos, entre eles 8 mulheres civis. Esse quadro demonstra claramente o clima de instabilidade que vive o país. O governo fantoche Hamid Karzai, eleito em 2009 por meio de uma fraude escandalosa, está extremamente frágil e pode até vir a cair em um futuro próximo, já que os EUA buscam uma saída de acordo com setores mais moderados do próprio Talebã antes de 2014, data prevista oficialmente para a retirada das tropas do país.

A mídia murdochiana logo tentou ligar os ataques às forças da OTAN à revolta islâmica contra os EUA por conta do filme ofensivo a Maomé, mas a situação no Afeganistão é bem mais complexa, já que as ações contra os alvos militares imperialistas são constantes e foram planejadas com grande antecedência com um nível de profissionalismo militar extremo. As ações do Talebã são um claro aviso ao imperialismo ianque que a resistência popular afegã está em luta aberta contra a ocupação imperialista imposta logo após os ataques à sede da CIA nas Torres Gêmeas e ao Pentágono pela Al-Qaeda há dez anos. Depois de sofrerem esta humilhação histórica pela ação espetacular do grupo islâmico em seu próprio território, os EUA bombardearam o Afeganistão e até hoje ocupam o país através das forças da OTAN, impondo um regime títere. Os espetaculares ataques deste final de semana mostram que passada mais de uma década da ocupação militar ianque após o 11/9, os EUA não conseguiram impor sua dominação sobre o país. A Casa Branca pode até derrubar governos nativos incômodos, como foi o caso do Afeganistão, mas não consegue colocar nada em seu lugar que garanta estabilidade política para as potências capitalistas. O nível de instabilidade no país é o maior desde que os abutres imperialistas agrediram militarmente o país no final de 2001, com alto índice de mortes entre as tropas invasoras.

Frente aos ataques no Afeganistão declaramos que toda nossa simpatia está ao lado dos “bárbaros talebãs” que se levantam com os meios militares de que dispõem, como fizeram no 11 de Setembro, para atacar os alvos do imperialismo. Não fazemos parte da esquerda revisionista, como a LIT, UIT... que “chorou” os mortos das Torres Gêmeas (onde se localizavam os escritórios da CIA em New York) e condenou o Talebã pelo ataque, formando uma frente na época com Bush e se emblocando com o imperialismo “democrático” contra setores das burguesias nacionais, tradicionalmente atrasadas e conservadoras. São os “civilizados” facínoras imperialistas que impõem pela força das armas mais sofisticadas da OTAN seu domínio colonial no planeta. Neste momento, os verdadeiros terroristas ianques, britânicos e franceses e em nome do combate a suposta “ditadura de Assad” fazem provocações contra a Síria depois de terem bombardeado a Líbia e assassinado Kadaffi com o auxílio dos “rebeldes” para impor um regime títere como ocorre atualmente no Afeganistão.

Diante da impossibilidade de derrotar a resistência dos povos oprimidos, Obama vem ampliando a chamada “guerra ao terrorismo”, agora também com a maquiagem de “revolução árabe”, utilizando-se cada vez mais de mercenários “rebeldes” made in CIA, bombardeios com aviões não tripulados ou mísseis altamente letais disparados de longa distância, atingindo propositadamente alvos civis, chacinando principalmente mulheres e crianças, para provocar terror e desespero na população. Essa verdadeira guerra de terror imperialista é a política da Casa Branca para auferir lucros para a poderosa indústria bélica ianque, controlar o petróleo e avançar em seus ditames sobre a região!

Como marxistas revolucionários, apoiamos cada ofensiva sobre os agressores imperialistas e suas tropas de ocupação no Afeganistão, postando-se em frente única, com absoluta independência política, com as forças que enfrentam as tropas de rapina das potências capitalistas. Cada revés sofrido pelos invasores dos EUA e da OTAN no Afeganistão ajuda a elevar o nível de consciência do proletariado e aumenta a sua confiança de que o imperialismo pode ser derrotado, forjando as condições para a construção de uma autêntica direção revolucionária que lute pela edificação do socialismo. Esses ataques representam uma resposta militar dos povos oprimidos e suas organizações ao imperialismo, muitas vezes por meios não convencionais de combate militar. Defendemos a unidade de ação com as forças que estão em luta contra o imperialismo. Nesse combate consideramos justa toda e qualquer ação de resistência armada das massas à dominação belicista das metrópoles capitalistas sobre os povos oprimidos! Lutamos vigorosamente pela expulsão das tropas da OTAN de toda região, impulsionando uma frente de ação político e militar com as forças da resistência nacional afegã contra os saqueadores imperialistas, forjando a construção do partido revolucionário para superar as direções burguesas em suas mais variadas facetas.