Os ex-“camaradas” Ivan Pinheiro e Roberto Freire novamente unidos na eleição municipal de Macapá!
Desde que houve a ruptura do PPS, em 1992, o PCB vem tentando se apresentar como um partido principista, crítico do período em que a “troika” Giocondo Dias, Salomão Malina e Roberto freire afundou o “partidão” na lama do oportunismo, portanto seria agora herdeiro das melhores tradições marxistas-leninistas. A esse processo a direção do ex-partidão auto-intitulou de “reconstrução revolucionária”, inclusive salientando que nos últimos anos havia saído até mesmo do arco de alianças encabeçado pelo PT e PCdoB, para impulsionar a chamada “oposição de esquerda” junto com o PSOL e o PSTU. No ato de 90 anos de sua fundação, o atual secretário-geral do PCB, Ivan Pinheiro, declarou que o partido estava fazendo uma séria autocrítica das suas ilusões na democracia burguesa nos anos 50 e 60 e de suas alianças com as forças liberais na década de 80, inclusive atacando violentamente o canalha Roberto Freire, denunciando que este não passa de serviçal a soldo da oposição de direita demo-tucana. Não para nossa surpresa, agora nas eleições para a capital do Estado do Amapá, a cidade de Macapá, o PCB está coligado com ninguém menos que o PPS do mesmo Roberto Freire. O PPS inclusive indicou o vice candidato a prefeito na chapa encabeçada por Clécio Luis Vieira, do PSOL, em uma coligação denominada emblematicamente de “Unidade Popular” que conta ainda com outras legendas de aluguel da burguesia como PRTB, PMN, PTC e PV. Como se vê, todo discurso acerca do “novo” PCB não passa de uma fraude política, chegando ao ponto do ex-“partidão”, atual neorreformista “partidinho” estar unido novamente com o arquidireitista PPS, um apêndice venal dos Demos-Tucanos, antes acusado por Ivan Pinheiro como mais um partido da burguesia.
Nem a denúncia da aliança entre PSOL, PCB e PPS, feita recentemente pelo dirigente camponês Osmarino Amâncio, que anunciou publicamente sua desfiliação do PSOL porque o partido estaria “traindo os povos da floresta” ao se coligar com o PPS, abalou a aliança do PCB com o PPS de Roberto Freire. Ao contrário, o Secretariado Nacional do PCB manteve a posição que divulgou anteriormente, reafirmando a aliança com o PPS e outras legendas patronais que já havia sido noticiado pela imprensa burguesa em sua eterna campanha voltada a desmoralizar a esquerda domesticada. Em nota, a direção do PCB afirma textualmente: “A política eleitoral adotada pelos camaradas do PCB Amapá foi indicada e aprovada por unanimidade pelo Comitê Central do Partido e respeita totalmente os parâmetros que estabelecemos para as alianças. O PCB em Macapá tem candidatos apenas nas eleições proporcionais (à frente o camarada Nelson, atual vereador e membro do CC), em coligação única e exclusivamente com o PSOL, sem a presença nela de qualquer outro partido. Os demais partidos citados na matéria, a rigor legendas para disputas eleitorais sem qualquer conteúdo político ou ideológico, participam da coligação na eleição majoritária, em apoio ao candidato a prefeito de Macapá pelo PSOL, Clécio Vieira” (Sítio PCB, 26/07). O que a direção do PCB espertamente tenta encobrir, obviamente sem sucesso, é que apesar do partido estar coligado na proporcional “apenas” com o PSOL, o PCB participa da coligação na eleição majoritária que inclui o PPS e outras legendas burguesas, apresentadas cinicamente pela experiente direção do PCB como se não tivessem um caráter de classe! Se ainda restar alguma dúvida do que afirmamos, bastar ir ao sítio do TSE para confirmar! (http://divulgacand2012.tse.jus.br/divulgacand2012/mostrarFichaCandidato.action?sqCandidato=30000000648&codigoMunicipio=06050&dtUltimaAtualizacao=20120908180920&ie=t).
Note-se que o próprio PSOL já é uma legenda de aluguel de Sarney no Amapá, controlado por seu afilhado, o senador Randolfe Rodrigues, o mesmo que chegou a elogiar rasgadamente Demóstenes Torres. Em Belém, capital do Pará, estado vizinho ao Amapá, o PSOL está coligado com o PCdoB e conta com o apoio de Marina Silva, além é claro do PSTU! O mínimo que se exigiria de um partido que se diz “revolucionário, marxista-leninista” seria denunciar o PSOL e suas alianças burguesas. Mas o PCB fez justamente o contrário! Não só se coligou com o PSOL para garantir a reeleição de seu vereador em Macapá, diga-se de passagem membro de seu Comitê Central, como ainda embarcou de cabeça na coligação majoritária que inclui o PPS! Sem dúvida, Roberto Freire deve estar rindo da escandalosa aliança estabelecida por seus ex-“camaradas” do partidão. Mas essa trajetória não é nenhuma novidade. Quando Ivan Pinheiro era presidente do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, discípulo fiel de Giocondo Dias, representava as posições mais à direita no movimento operário brasileiro em uma época de clara radicalização das lutas, com a vitória das oposições sindicais cutistas. Ivan e Freire combateram a fundação da CUT e do PT, atacando-os violentamente como instrumentos da ditadura militar, “divisionistas da esquerda”. Na verdade, quem fazia o jogo da oposição burguesa à ditadura militar contra o novo sindicalismo e o PT, que na época agrupava o grosso da vanguarda classista e se colocava como alternativa política ao PMDB, era o stalinismo agrupado no PCdoB e PCB, juntos na arquipelega CGT. Não por acaso, apoiaram o golpe do Colégio Eleitoral com a indicação de Tancredo Neves e, logo depois, com a ascensão da “Nova República”, viraram “fiscais do Sarney” e de seu Plano Cruzado.
Durante todo esse período, Ivan Pinheiro foi entusiasta defensor dessa política que resultou no lançamento da candidatura de Roberto Freire em 1989 (apoiada por Sarney) para combater o PT nas eleições presidenciais. Foi essa trajetória tão direitista que levou em 1992 a maioria do PCB a se converter no núcleo fundador do PPS sob a direção de Salomão Malina e Freire. Só aí Ivan Pinheiro rompeu com esse grupo revisionista que tinha ido longe demais em seus ataques aos princípios do marxismo em função da onda contrarrevolucionária mundial desencadeada com o fim da URSS que converteu vários partidos comunistas do planeta em partidos sociais-democratas. Agora os ex-“camaradas” Ivan Pinheiro e Roberto Freire estão novamente unidos na eleição municipal de Macapá! Como se observa, essa aliança vem de longe! Cabe aos militantes do PCB que se reivindicam defensores do marxismo-leninismo romper com esse partido cuja direção aceita se coligar ao PPS, uma legenda dirigida por uma canalha anticomunista vendida a burguesia!