quarta-feira, 8 de outubro de 2025

A DIMENSÃO HISTÓRICA DO “7 DE OUTUBRO”: UMA AÇÃO REVOLUCIONÁRIA QUE ALTEROU A CORRELAÇÃO DE FORÇAS ENTRE AS CLASSES EM NÍVEL MUNDIAL

Desde “7 de Outubro” de 2023, o consórcio mundial da mídia corporativa, governos burgueses Sociais-Democratas e a esquerda revisionista em todo o mundo têm caracterizado continuamente a ação revolucionária do Hamas no sul do enclave sionista de Israel como um “ataque terrorista”. O conjunto da exquerda reformista fez o coro do “imperialismo democrático”, clamando demagogicamente “contra o genocídio”, porém excluindo qualquer apoio político e material para a Resistência Armada Palestina. A dimensão histórica da ação heroica do 7 de Outubro, no entanto, teve características para alterar toda a correlação de forças entre as classes sociais no mundo inteiro, colocando o proletariado internacional na ofensiva contra a reação imperialista.

O Hamas não foi o único partido envolvido no 7 de Outubro, pelo menos cinco organizações guerrilheiras armadas e um número imenso de civis palestinos estiveram conectados na ação da Resistência. O papel de cada organização palestina no ataque ao enclave sionista ainda não foi determinado, nem se os dirigentes do Hamas planejaram sozinhos a operação, entretanto a imensa vitória da ação pertence ao conjunto da Resistência Palestina.

O Hamas e suas colaterais armadas na Faixa de Gaza realizaram uma operação relâmpago sem precedentes em toda a longa trajetória do conflito árabe-israelense. O objetivo era invadir bases militares israelenses para capturar reféns, com o objetivo de trocá-los por alguns dos milhares de prisioneiros palestinos que sofreram torturas e abusos em Israel durante anos sem qualquer processo legal. A troca deveria elevar o espírito político das massas palestinas e reforçar a autoridade política da Resistência. Cerca de seis meses antes, o exército sionista havia invadido o sul de Gaza, matando centenas de palestinos. Em 2011, o Hamas conseguiu trocar um soldado israelense, Gilad Shalit, por 1.027 prisioneiros palestinos, contando também com o apoio do Hezbollah, que respondeu militarmente aos ataques de Israel a Gaza.

Qualquer tipo de “massacre” premeditado ou violação dos direitos humanos contra a população israelense minaria esse objetivo primordial do Hamas. Movimentos islâmicos se opõem ao estupro de mulheres, com base em princípios religiosos, o mesmo não se aplica às mulheres palestinas estupradas por tropas do exército israelense.

O ataque da Resistência Armada a uma região fortemente protegida, incluindo os mais modernos sistemas de vigilância eletrônica, por brigadas militares irregulares contra um bastião das forças armadas mais poderosas do planeta, foi um ato histórico extraordinário!

Naquele ano, 2023, a grilagem de terras na Cisjordânia e os ataques fascistas contra os palestinos pelo governo genocida de Netanyahu se intensificaram. O regime sionista atingiu um novo recorde de crianças palestinas assassinadas. Essas achaques sionistas também incluíam as repetidas e públicas operações policiais contra a Mesquita de Jerusalém.

A conjuntura aberta no início de 2023 levava Israel a um processo de “normalização” das relações diplomáticas com as oligarquias governantes dos países árabes (os “Acordos de Abraão”, facilitados por Donald Trump), com o objetivo de relegar a “questão palestina” ao esquecimento eterno. Mas o “7 de Outubro” alterou radicalmente esse quadro político.

A incursão militar do Hamas rompeu o cerco mais fortemente protegido e tecnologicamente avançado do mundo. O ataque de 7 de Outubro foi planejado como “uma missão tática destinada a garantir no máximo duas dúzias de reféns militares, porém transformou-se em caos completo para o gendarme sionista. Dos 1.500 combatentes palestinos enviados para a missão, presumindo-se que a maioria não sobreviveria, cerca de 1.400 retornaram ilesos.

O colapso das forças israelenses abriu caminho para que os várias organizações da Resistência e até mesmo civis palestinos, que entraram em Israel, continuassem avançando e atacando bases dos colonos sionistas que não constavam da lista de alvos originais do Hamas. Segundo fontes do próprio Hamas, o colapso do exército israelense permitiu que outras forças da Resistência “cruzassem a cerca” imposta há décadas pelo ocupante sionista.

Esse colapso militar israelense foi tão impactante que, tanto dentro quanto fora de Israel, levantou-se suspeitas (infundadas) de falha proposital da inteligência sionista e de cumplicidade do governo Netanyahu com o Hamas.

O balanço político geral da heróica ação do “7 de Outubro”, ainda está longe de ser encerrado. Entretanto já figura no maior feito militar e político de toda a histórica das guerras árabes contra o enclave sionista de Israel, desde sua imposição na Palestina, bancada pelo imperialismo ianque com a valorosa “ajuda” da burocracia stalinista da antiga URSS, em 1948.