DO CORONELISMO AO TRABALHISMO E AGORA O RETORNO AO NEOLIBERALISMO SEM MAQUIAGEM: CIRO UMA TRAJETÓRIA DE ABSOLUTA COERÊNCIA POLÍTICA
Muitos leitores poderão pensar que o título desse artigo, publicado no Blog da LBI, é uma ironia ao intenso e longo trânsito partidário do ex-governador do Ceará, Ciro Gomes. Porém não se trata disso, muito pelo contrário! Não iremos cansar nossos leitores com a longa lista de partidos políticos que já abrigaram Ciro, desde sua juventude até o dia de hoje. Essa informação é facilmente encontrada em qualquer site de pesquisa na internet, e o Blog da LBI não se propõe a “ser mais um do mesmo “… Também não iremos trilhar na crítica moralista, porque simplesmente na política burguesa nacional, de Deodoro a Lula, todos representaram os mesmos interesses de classe. Esse artigo se propõe exatamente o contrário do “senso comum” da exquerda reformista, ou seja, demonstrar a profunda coerência ideológica de Ciro Gomes, que em seus mais de 40 anos de atividade política nunca trocou de lado, sempre foi um exímio e competente defensor e gestor dos interesses econômicos dos capitalistas, independente da coloração partidária.
Entretanto não podemos negar que a saída de Ciro do PDT e seu reingresso no debilitado “ninho tucano”, mais de vinte e cinco anos depois, representou uma derrota política para o conjunto da esquerda burguesa, e muito em particular para o campo reformista. Ciro foi apresentado pela esquerda, neste quarto de século após sua ruptura com o PSDB, como uma figura programática representativa do nacional desenvolvimentismo econômico, combinado com um projeto de “soberania democrática e popular”. Nada poderia ser mais equivocado do que apresentar um oligarca de origem na extrema direita estudantil do final dos anos 70, com maquiagens que variavam do “socialista” ao “trabalhista”, como um “símbolo moderno do nacionalismo”. Agora a casa parece que desabou para a “máscara política” de Ciro, justamente porque decidiu bater de frente justamente contra a esquerda que o alabava, porém Ciro nunca mudou suas concepções originárias, apenas trocou mais de dez vezes de partido.
A imersão partidária do clã Ferreira Gomes no PT durou cerca
de uma década e meia, paralelamente enquanto ocuparam as siglas do PSB e PDT no
estado do Ceará. Com o governo nas mãos, os Gomes chegaram a controlar quase
todos os partidos na região, desde o PT até o antigo Democratas, porém Ciro em
particular fixou por último sua “residência” no berço do PDT, estabelecendo uma
ponte privilegiada com o lulismo através do seu “pupilo” e “pau mandado” Camilo
Santana, inserido no PT por ordem dos Gomes. Até então, ou seja em 2022, Ciro
era considerado pela “inteligência da esquerda reformista” como o mais
promissor quadro político para suceder Lula em um futuro não muito distante.
Seu livro sobre um “Projeto Nacional para o Brasil” era peça obrigatória nas
bibliotecas dos supostos “intelectuais progressistas”.
Acontece que algo deu errado no “planejamento estratégico” de Ciro. Seu pupilo Camilo, empoderado no Palácio da Abolição, resolveu romper com o mestre e de quebra arrastou para si a maior parte do clã Gomes, incluindo os irmãos Cid e Ivo. Camilo( outro oligarca de família rica do Ceará) que tinha se filiado no PT mas que nunca vestiu a “camisa do partido”, dando uma brusca guinada oportunista, se converteu no mais fiel lulopetista, trazendo para seu novo “bloco de poder” o próprio PDT, além de quase todos os partidos existentes no Ceará. Santana não fez mais nada do que copiar o antigo mestre, que agora só tinha a única opção de sobrevivência política no retorno ao PSDB e no “namoro” eleitoral com o bolsonarismo.
Da “noite para o dia”, a exquerda reformista defenestrou Ciro, que até pouco tempo era idolatrado como o mais lúcido desenvolvimentista e portador de um projeto “autenticamente nacional”. Por absoluta falta de espaço no botim estatal, bastou denunciar a burlesca farsa do governo da Frente Ampla burguesa que virou um “lixo reacionário”…
