A “FLOTILHA DE AMOR A GAZA” ESTEVE A SERVIÇO DA POLÍTICA DE CONCILIAÇÃO DA ANP COM O SIONISMO: UMA INICIATIVA DOS GOVERNOS SOCIAIS DEMOCRATAS PARA SELAR O “ACORDO DE PAZ” TRUMPISTA
Nesta semana os ativistas que integraram a “Flotilha de Amor a Gaza” chegaram são e salvos em seus países de origem, foram recepcionados como heróis pela esquerda reformista e muitos pavimentaram suas candidaturas parlamentares para as próximas eleições, como no Brasil. Desde a LBI distribuímos nos atos de recepção a estes companheiros nossa declaração política: “A dimensão histórica do 07 de Outubro: uma grande ação revolucionária do Hamas!” fazendo um balanço da vitoriosa operação político-militar “Inundação Al-Aqsa” que desmoralizou Israel e colocou a nu a fragilidade do enclave sionista armado até os dentes pelo imperialismo ianque! Desde a trincheira de apoio ao Hamas e a Jihad Islâmica saudamos estas organizações políticas por sua coragem e iniciativa (apesar das profundas divergências que temos com ambas) e levantamos a seguinte questão fulcral diante do “aceite parcial” pelo Hamas do “plano de paz” de Trump apoiado pela socialdemocracia mundial: a “flotilha” foi um ponto de apoio à luta da resistência armada contra Israel ou foi uma “cortina de fumaça” a serviço de toda uma operação político-midiática para gerar a comoção mundial por um “acordo” cujas condições impostas pela Casa Branca e apoiadas pela ONU são abertamente desfavoráveis a causa palestina? A “flotilha de amor a Gaza” esteve a serviço da política de conciliação da ANP com o sionismo, sendo uma iniciativa dos governos sociais democratas para selar o “acordo de paz” trumpista!
Abrimos essa polêmica porque deste dois anos atrás, no 07 de Outubro de 2023, saudamos como Marxistas Leninistas a operação comandada pelo Hamas e a caracterizamos como uma ação justa, heroica e legítima de uma guerra de libertação nacional contra o enclave genocida de Israel ocupante e nunca como um “ato terrorista” com o acusou a esquerda reformista e os revisionistas do Trotskysmo (LIT, UIT, PTS e afins…).
O ataque da Resistência Armada a uma região fortemente protegida, incluindo os mais modernos sistemas de vigilância eletrônica, por brigadas militares irregulares contra um bastião das forças armadas mais poderosas do planeta, foi um ato histórico extraordinário de dimensão revolucionário!
O arco político revisionista pagagaio da esquerda reformista, ao contrário, sempre se limitou a clamar “contra o genocídio palestina” reivindicando da ONU a negociação de um “cessar-fogo” mas nunca defendeu a resistência que com armas nas mãos e utilizando heroicamente os meios de combate militares regulares e irregulares que tinham conseguiram impor pesadas baixas a Israel!
A “Flotilha” de ajuda humanitária foi parte de uma iniciativa desse campo político reformista patrocinado pelos governos sociais-democrata que apoiam a ANP do corrupto Abbas e não dos apoiadores da resistência armada que defenderam levar armas, munições e comida para os combatentes do Hamas e a Jihad seguirem mais fortes em sua luta contra o enclave sionista que matou mais de 100 mil palestinos!
A sincronia temporal entre a “chegada” da Flotinha nas proximidades de Gaza, a prisão de seus integrantes sem nenhuma baixa (Israel se quisese poderia explodir todas as embarcações mas obviamente não o fez) e o anúncio do “acordo de paz” foi milimétrica, com o drama da detenção de seus integrantes ganhando os holofotes do consórcio mundial da mídia e a solidariedade internacional… enquanto o Hamas era pressionado pela Turquia, Egito e Catar a aceitar a proposta de Trump em nome de uma falsa “paz duradoura” assegurada pela ONU, as reacionárias burguesias árabes, a socialdemocracia europeia por um lado e a Casa Branca “monitorando” o seu cumprimento por Israel por outro… que seguiu bombardeando Gaza e matando centenas de palestinos até a véspera do anúncio do “aceite” pelo Hamas e enquanto a flotilha navega no entorno de Gaza!
O “plano de paz” de Trump e Netanyahu apoiada pela ONU, Rússia, Espanha e até Lula completamente imperialista simplesmente porque deixaria a governança de Gaza nas mãos de um comitê tecnocrático supervisionado pelo “Conselho da Paz” (controlado por Trump e incluindo também o carniceiro Tony Blair) e, então, quando tudo estiver “atado e garantido”, deixá-lo talvez nas mãos da traidora Autoridade Nacional Palestina, controlada por Mahmoud Abbas.
Anexar definitivamente o território da pátria Palestina, pela via do desarmamento do Hamas, este é o verdadeiro objetivo do execrável “Plano de Paz” apresentado pela dupla de carniceiros, Trump e Netanyahu, e agora também avalizado pelo governo do pelego petista que apoiou a Flotilha, que é apresentado cretinamente pela exquerda reformista como um símbolo político do “anti-imperialismo”.
Os 20 pontos do “Plano de Paz” unilateral firmado entre Trump e Netanyahu exigem a rendição incondicional da Resistência Palestina, e que o Hamas deponha suas armas e entregue os 48 reféns. Todo o restante do “acordo” carece de garantias e especificidades. O sinistro plano está repleto de ambiguidades e brechas que deixam o caminho aberto para que Israel permaneça em Gaza e retome seu ataque genocida contra a Faixa de Gaza a qualquer momento.
Na proposta da Casa Branca, em troca dos reféns judeus, o enclave de Israel devolveria 1.700 ativistas palestinos de Gaza detidos desde o início da guerra e 250 prisioneiros condenados à prisão perpétua. Assim que o “acordo” foi aceito pela Resistência Armada começou a “ajuda humanitária” à Faixa de Gaza e a reconstrução da infraestrutura básica por investidores internacionais que anseiam em explorar a região comercialmente.
Desgraçadamente enquanto a exquerda burguesa organizou midiáticas as “Flotilhas do Amor a Gaza” omitiu completamente a solidariedade política e material ao Hamas e Jihad Islâmica, organizações dirigentes da luta armada para derrotar os genocidas sionistas que foram brutalmente atacadas nesse momento em Gaza junto com a população civil!
O que realmente é mais abominável na política pacifista dos revisionistas do Trotskysmo em relação ao combate da Resistência Palestina, é que só reverenciaram a iniciativa da “Flotilha da Solidariedade” rumo a Faixa de Gaza, colocando-a como centro de sua ação de agitação de propaganda. Além de pedirem para que o covil de bandidos da ONU e os governos burgueses consigam “parar o genocídio” e “rompam relações diplomáticas com Israel”, os revisionistas comemoram cada frase demagógica de Lula, Pedro Sánchez, Macron e da ONU em “favor do reconhecimento da Palestina”, mas que não tem qualquer implicação material ou concreta contra o governo sionista do carniceiro Netanyahu.
Chega a soar como uma piada de mau gosto, a pseudo polêmica travada no seio da família Morenista sobre a palavra de ordem “Palestina do Rio ao Mar”. Para a LIT/PSTU, os seus “primos” do PTS/MRT abandonaram a consigna histórica palestina, o que configuraria uma renúncia da luta pela destruição do enclave sionista. Agora, até mesmo uma criança sabe que a única forma da destruição do Estado artificial de Israel é pela via militar, ou seja, da guerra dos povos árabes e palestinos contra os ocupantes sionistas. Entretanto como tanto a LIT, como os pacifistas do PTS não apoiam sequer as ações diretas de guerrilha da Resistência Palestina, fica a pergunta, será que pretendem aniquilar o enclave judeu com apelos à ONU, Lula, Pedro Sánchez e Macron?
Desde o Blog da LBI, a voz da resistência palestina no Brasil, reafirmamos nestes dois anos que o Hamas e a Jihad necessitavam de suporte político e militar de todas as forças revolucionárias e antimperialistas para enfrentar Israel na guerra em Gaza e alertamos que palavras ocas e demagogia pacifista não servem para enfrentar a máquina de guerra sionista!
Para os revisionistas, o fato da Resistência Palestina pegar em armas para atacar os verdugos sionistas do gendarme de Israel, não deveria ser sequer mencionado, seguiram nas passeatas levantando as bandeiras da “Paz” e pelo “Fim do conflito militar” e apoio a “flotilha”. A questão é que a tão almejada “Paz” e “Fim do genocídio” só poderá vir com a derrota militar do enclave terrorista!
Enquanto esse arco político estava em silêncio sepulcral a LBI lançou um chamado público ainda em 2023 às correntes políticas revolucionárias e anti-imperialistas que se postassem em defesa da Palestina para a organização concreta de brigadas internacionalistas para combater pela derrota do enclave terrorista de Israel! LIT, UIT, PTS… nada disseram, não responderam ao nosso chamado e não tomaram nenhuma iniciativa concreta nesse sentido!
Por fim é preciso registrar que a maioria dos integrantes da “Flotilha” defendem a chamada “Solução de dois Estados”. A LBI reafirma nessa polêmica sua histórica e correta oposição à existência do enclave artificial de Israel e o decidido apoio a um Estado Palestino único! Vale lembrar que a defesa dos “Dois Estados” é levantada na ONU pelas principais potências imperialistas, incluindo o próprio EUA, e até mesmo seus “cães de guerra” sionistas de Israel.
Como uma “profecia” do Marxismo já alertávamos há anos e reafirmamos nessa polêmica que não poderia haver uma solução capitalista “intermediária e parcial” acerca da questão palestina, mesmo que este “esforço” concentrasse todas as atenções do imperialismo ianque e europeu. A única resolução possível para deter a exterminação de um povo: a destruição completa do enclave militar imperialista na região pela via revolucionária das massas árabes e judias! A única alternativa que poderá dar uma resolução cabal à legítima reivindicação nacional do povo palestino, assim como livrar as massas e trabalhadores da região de seus gigantescos sofrimentos ao longo de vários séculos, é a defesa de uma Palestina Soviética única baseada em conselhos de operários e camponeses palestinos e judeus! A verdadeira unidade de todos os povos milenares que habitam esta região, só será possível no marco de uma Federação Soviética das Repúblicas Socialistas Árabes!