GOLPE DENTRO DO GOLPE NO PERU: PAÍS VIVE “INSTABILIDADE PRESIDENCIAL PROGRAMADA” HÁ DÉCADAS…
Mais uma mudança presidencial no Peru, pela via do golpismo, como já virou “regra” no país andino. Desta vez foi dado um golpe dentro do próprio golpe que depôs o presidente eleito, Pedro Castillo, atualmente preso. A presidente golpista Dina Boluarte foi destituída do cargo pelo Congresso peruano na manhã desta sexta-feira (10/10). José Enrique Jerí Oré assumiu a Presidência da República após o Congresso aprovar a vacância de Dina. Em sessão expressa, o plenário do Congresso empossou José Enrique para servir até 28 de julho de 2026, como mandatário interino.
Essa mudança política, quase mecânica no alto comando do Estado burguês, não implica uma alteração real no quadro de forças do regime golpista. Representa, ao contrário, uma manobra política urgente para descomprimir a pressão social crescente nas ruas do país. Após dias de mobilização de massas contra o regime golpista e a deterioração do sistema institucional, o Parlamento peruano impôs a sucessão constitucional como resposta tática preventiva.
O novo presidente interino do Peru é um advogado de 38 anos que iniciou uma carreira política burguesa há pouco mais de uma década, marcada por múltiplos escândalos e acusações legais. Um dos mais graves é um caso de estupro que enfrentou este ano, arquivado por falta de provas em agosto passado. José Jeri também foi acusado de suposto suborno e enriquecimento ilícito.
Em seu primeiro discurso como presidente, Jerí abordou a crescente incidência do crime organizado, o que motivou diversas greves de trabalhadores. O presidente neófito também prometeu redobrar os esforços para militarizar ainda mais o país.
O governo dos Estados Unidos não emitiu nenhuma declaração sobre a sumária demissão de Boluarte, assim como o chinês, o que equivale a um endosso político de ambos regimes imperialistas que exploram economicamente o Peru. Agora a tarefa dos sindicatos é dar continuidade as jornadas de luta, que diante do “vácuo” de legitimidade do novo governo, devem ser unificadas politicamente com o eixo de todo poder ao proletariado e camponeses.