quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Serra e Kassab são “convidados de honra” da festa de aniversário do presidente do PCdoB, Renato Rabelo



“70 anos: Renato Rabelo é homenageado por camaradas e amigos”. Com esta manchete o site “Vermelho” do PCdoB definia a composição política dos presentes à festança realizada no dia 27/02, em um restaurante de alto luxo na capital paulista, para homenagear o aniversario de 70 anos do presidente nacional do partido, o veterano estalinista Renato Rabelo. Até aí nenhuma grande novidade, já que há muito tempo o PCdoB realiza seus “eventos” sociais em locais requintados para recepcionar seus “amigos” da burguesia “progressista”. A surpresa ficou por conta da presença do facínora Serra, que veio acompanhado de seu pupilo Kassab, anunciados como “convidados de honra” do PCdoB. Considerado um amigo de longa data do partido, Serra sentiu-se muito à vontade para declarar aos presentes sua intenção de abandonar definitivamente suas pretensões nacionais, focando sua “aposentadoria” política nas próximas eleições municipais. Parecia mesmo que este anúncio de “pendurar as chuteiras” era o presente de Serra dado a Renato e seus convidados “ilustres”, entre os quais o “capo” petista José Dirceu. O prefeiturável do PT em São Paulo, Fernando Haddad, também participou da comemoração do PCdoB, celebrando um verdadeiro pacto político para livrar o bandido da privataria tucana da prisão, em troca de sua prematura retirada da disputa presidencial de 2014. Caminhando para o “cadafalso” eleitoral em 2012, Serra contribui decididamente para legitimar a fraude do circo das eleições, que sob a égide da frente popular já estabeleceu preventivamente a divisão política de “poderes” entre as diversas camarilhas partidárias da política burguesa nacional. Por isto não causa espanto aos marxistas leninistas a celebração da “festa” do PCdoB, que reúne no mesmo espaço Serra, Dirceu, Temer, supostamente adversários “renhidos” na véspera das próximas eleições.


Para aqueles que ainda acreditam na “verdade das urnas”, em plena época histórica da decadência capitalista, a festa dos ex-estalinistas revelou que a soberania do “voto universal” há muito já foi substituída por um conluio das frações burguesas na repartição do botim estatal. Não afirmamos que este processo de falsificação da verdadeira vontade popular ocorra de forma pacífica entre as frações políticas das classes dominantes, ao contrário, muitas vezes se processa com disputas intestinas ferozes e até com assassinatos (físicos e políticos) entre “pares” da burguesia. A única certeza que os revolucionários mantém na atualidade é de que o povo realmente não decide mais nada no jogo pesado da institucionalidade republicana. Lenin no começo do século passado afirmava que as eleições parlamentares revelavam de forma muito deformada a vontade das massas. Acompanhando a própria decadência da democracia burguesa, que já não apresentava nenhuma característica progressista para a classe operária após o término da Primeira Guerra Mundial, a Terceira Internacional recomendava aos Partidos Comunistas que se abstivessem de participar de eleições para postos de gestão do Estado burguês (executivos), em função da impossibilidade de imprimir qualquer traço socialista em cargos da administração capitalista. Desgraçadamente, alguns dirigentes das seções da III Internacional rejeitaram esta orientação, como o húngaro Georg Lukács, e enveredaram para o campo do reformismo, “inaugurando” as primeiras revisões da teoria leninista do Estado. O PCdoB, que já passou pelas fases “Maoísta” e “Albanesa”, ambas variantes do estalinismo clássico, aderiu de malas e bagagens a farsa da democracia burguesa como um valor pétreo e universal, portanto para estes domesticados “comunistas” todos os atores do espetáculo político da democracia, sejam semifascistas de direita ou neoliberais de esquerda, merecem as mais altas honrarias, em seus atos comemorativos.



Com a entrada de Serra na disputa para a prefeitura de São Paulo, a Blogosfera chapa branca e os velhos reformistas de plantão, tentarão recriar a falsa dicotomia que tanto os agrada, ou seja, a luta do “bem” contra o “mal”. A direita agrupada no barco furado dos tucanos, sabotado pelo próprio “comandante” Alckmin, e a esquerda reunida em torno do jovem flamante Haddad, acalentado pelos ventos vindos do Planalto Central. Como em um “gran finale” de uma ópera bufa, a tragédia da população marginalizada do “deus” mercado, que sequer pode ter sonhos de consumo, em um período de franca ascensão social de camadas proletárias. Os “esquerdistas” de ontem e monetaristas de hoje apostam mais uma vez no triunfo acachapante da frente popular, em um território de forte presença da reacionária classe média, como a cidade de São Paulo.

Para a vanguarda da classe operária, em nada interessa a falsa polarização entre “esquerda” e “direita”, desprovida de qualquer conteúdo programático de classe. As eleições burguesas são exatamente como a festa promovida pelo PCdoB, onde só entram os convidados “VIPs”, pouco importando se pertencem a “direita” recalcitrante ou “esquerda” modernosa, o que realmente interessa é que comungam da mesma crença do regime da democracia dos ricos, onde o respeito à propriedade privada é sagrada. Os genuínos comunistas, que nada tem em comum com os corrompidos do PCdoB, definem claramente sua tática de publicitar a revolução socialista na tribuna das eleições parlamentares burguesas, afirmando abertamente que a ditadura da burguesia não será removida pela senda institucional, representada pela fraude do “voto universal”.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Sob pressão da reação democrática, FARC anuncia libertação de todos prisioneiros políticos de guerra e o fim das “retenções”

O Secretariado do Estado Maior Central das FARC anunciou neste dia 26 de fevereiro a libertação unilateral de todos os prisioneiros políticos de guerra. Mas não “só” isso. A direção da guerrilha também decidiu pôr um fim à chamada política de “retenção” de adversários políticos para a obtenção de recursos financeiros. Em seu comunicado a FARC declara: “Muito se tem falado acerca das retenções de pessoas, homens ou mulheres da população civil que, com fins financeiros, nós das FARC efetuamos para sustentar nossa luta. Com a mesma vontade indicada acima, anunciamos também que, a partir desta data proscrevemos a prática delas em nossa atuação revolucionária. A parte pertinente da lei 002, expedida pelo nosso Pleno do Estado Maior, no ano de 2000, fica, por conseguinte, revogada. É o momento de começar a esclarecer quem e com quais propósitos se sequestra hoje na Colômbia”. Como se vê tratam-se claramente de medidas tomadas com o objetivo de buscar o chamado “diálogo” com o facínora governo Santos, no marco de um profundo isolamento político e militar da guerrilha. Ainda que consideremos justo que as FARC tomem medidas de autopreservação neste momento delicado do combate, pois a guerrilha tem todo direito de negociar a liberdade de seus presos políticos através da troca de reféns, definitivamente não é anunciando o fim das “retenções” e a libertação unilateral de todos os prisioneiros políticos de guerra o melhor caminho para se defender dos ataques do genocida regime colombiano, muito menos tendo ilusões de que este possa chegar a algum acordo com a guerrilha que não seja baseado na sua liquidação enquanto força política e militar.

Ainda segundo o comunicado das FARC “Sérios obstáculos se interpõem à concretização de uma paz concertada em nosso país. A arrogante decisão governamental de aumentar o gasto militar, o corpo de força e as operações, indica a prolongação indefinida da guerra. Ela trará consigo mais morte e destruição, mais feridas, mais prisioneiros de guerra de ambas as partes, mais civis encarcerados injustamente. Além disso, ela indica a necessidade de recorrer a outras formas de financiamento ou pressão política de nossa parte. Essa é a hora do regime pensar seriamente numa saída distinta, que comece ao menos por um acordo de regularização do confronto e da libertação de prisioneiros políticos”. Como se vê, a própria FARC reconhece que enquanto a guerrilha vai cedendo à pressão “democrática” por libertar unilateralmente os prisioneiros políticos, o fascistizante governo Santos incrementa sua ofensiva arquirreacionária em conluio com a CIA e o exército ianque. Diante disso, o que fazer? As FARC devem pactuar com o governo Santos a “paz” dos cemitérios ou chamar publicamente a unidade com o movimento operário para derrotá-lo? Somos partidários da segunda opção, ainda que estejamos cientes de todas as dificuldades que enfrenta a guerrilha!

Nesse sentido, é preciso dizer em alto e bom som que a captura de adversários políticos como prisioneiros de guerra é uma medida justa em meio à guerra que se trava na Colômbia. Os marxistas revolucionários defendem que a guerrilha recorra a tais medidas não só para o seu financiamento assim como para se defender dos ataques do regime narcoterrorista. Trotsky invocava Marx para refutar os filisteus que condenavam não apenas a utilização de reféns, mas a execução dos mesmos pelas forças insurgentes durante a Comuna de Paris: “Quando os Communards fuzilaram 64 reféns, entre os quais o arcebispo de Paris, Marx não hesitou um só instante em assumir a defesa dessa sanguinolenta ação da Comuna. Na circular do Conselho Geral da Internacional, Marx relembra que a burguesia usou o sistema de reféns na luta contra os povos coloniais e na luta contra seu próprio povo. E em seguida às execuções sistemáticas dos Communards prisioneiros, pelos reacionários: ‘Para defender a vida de seus combatentes prisioneiros, não restava à Comuna senão recorrer ao método dos reféns, habitual aos prussianos. A vida dos reféns foi perdida e reperdida pelo fato que os versalheses continuavam fuzilando os prisioneiros. Teria sido possível poupar os reféns depois da horrível carnificina com que os pretorianos de MacMahon celebraram seu ingresso em Paris? O último contrapeso oposto à barbárie do governo burguês – a tomada de reféns – deveria transformar-se numa irrisão?’” (A revolução e os reféns, L. Trotsky, 16/02/1938). Tragicamente, com o anúncio sistemático da libertação unilateral de reféns, as FARC vem abrindo mão da bilateral troca de prisioneiros políticos e por conta disso sofrendo golpes a granel e mortais, sendo que os últimos vêm acompanhados de uma profunda desmoralização em suas fileiras, no marco da ofensiva global do imperialismo contra as forças políticas e regimes que tem fricções com a Casa Branca.

É preciso entender que as medidas anunciadas pelas FARC estão sendo tomadas no marco de uma enorme pressão “democrática” de seus “aliados”, particularmente do governo Chávez. Esse há tempos vem exigindo que a guerrilha “entregue as armas, que forme um partido político”. Tal política trata-se de um chamado à completa rendição militar das FARC pela via de um acordo para esta se integrar ao simulacro da democracia burguesa colombiana. A proposta do chavismo tem como consequência direta e prática não só o enfraquecimento político da guerrilha, mas a sua completa exterminação física, tendo em vista a experiência das próprias FARC, que na década de 80 deslocou parte de seus quadros para a constituição da Unidade Patriótica e impulsionou um partido político legal, tendo como resultado o assassinato de cerca 5 mil dirigentes pelas forças de repressão do Estado, pilar mestre da democracia bastarda colombiana. Essa tragédia teve como base as mesmas ilusões reformistas hoje patrocinadas de forma requentada pelo presidente venezuelano. Mais uma vez, alertamos que ao narcotraficante regime burguês colombiano não interessa sequer a conversão da guerrilha em partido político desarmado, apenas sua extinção. A ofensiva militar imperialista na Líbia e na Síria apoiando-se na onda de “reação democrática” que varre o Oriente Médio é a prova do que afirmamos. Não por acaso, o mesmo Chávez que clama pela deposição das armas pelas FARC tem colaborado vergonhosamente com Santos na perseguição aos quadros políticos e militares da guerrilha, justamente porque o caudilho bolivariano deseja ter as FARC como moeda de troca em seus acordos com a Casa Branca, ainda mais com o agravamento de seu quadro de saúde.

Frente a essa conjuntura dramática, os revolucionários bolcheviques criticam publicamente as decisões tomadas pela direção das FARC porque estas medidas desgraçadamente levam paulatinamente a sua rendição política e não “só” militar. A direção pequeno-burguesa da guerrilha alimenta ilusões na mediação contrarrevolucionária de direções burguesas como Chávez e Dilma Rousseff, chegando mesmo a agradecer a “disposição generosa do governo que preside” a petista, que neste momento, sob a fachada “humanitária”, está a serviço de converter a guerrilha em uma força inofensiva para ser esmagada em futuro próximo. Através de concessões crescentes como a libertação unilateral dos presos políticos e a decretação do fim das “retenções” se aposta na via da conciliação de classes e na política de integração ao regime títere como prega a senadora Piedad Córdoba e seu movimento “Colombianos pela Paz”. Nesse sentido, consideramos uma utopia reacionária o PCB, que integrou a delegação brasileira ao fórum “Colômbia entre Grades”, realizado em nestes dias em Bogotá, defender uma “paz justa e democrática” no exato momento em que esta iniciativa política baseada na política de reação democrática está voltada a saudar as medidas anunciadas pelas FARC como uma prova de “boa vontade” da guerrilha. Na Colômbia, mais que em qualquer outra parte do mundo, hoje a simples luta sindical contra os patrões e as multinacionais exige a ruptura do proletariado com os limites da legalidade burguesa e a construção de milícias operárias armadas para desarmar os exércitos paramilitares e as escaramuças do aparato repressivo. Não é por acaso, que os mesmos moralistas pequeno-burgueses de “esquerda” se mostram tão preocupados com os danos que os métodos da guerrilha causam à consciência e à organização dos trabalhadores, sejam incapazes de conclamar a organização de milícias operárias para combater o assassinato sistemático de trabalhadores pelas milícias burguesas. Isso se deve porque tal tarefa deve ser encabeçada por um genuíno partido trotskista completamente independente da opinião pública burguesa e de sua moral, armado de um programa revolucionário capaz de preparar pacientemente a insurreição das massas colombianas. É vital para o movimento de massas colombiano organizar milícias operárias tão fortes que sejam capazes de acaudilhar atrás de si as organizações guerrilheiras, submetendo-as militarmente à democracia das assembleias proletárias para desarmar o aparato repressivo oficial e paramilitar assassino.

Frente ao cerco crescente neste momento de maior fragilidade das FARC, os marxistas revolucionários declaram seu apoio incondicional à guerrilha diante de qualquer ataque militar do imperialismo e do aparato repressivo de Santos. Simultaneamente, apontamos como alternativa a superação programática da estratégia reformista da direção das FARC baseada na reconciliação nacional com a oposição burguesa e a unificação da luta armada com o movimento operário urbano sob a estratégia da revolução socialista para liquidar o regime facistóide e organizar a tomada do poder pelos explorados colombianos. Em oposição pelo vértice aos revisionistas do trotskismo (LIT/PST) e dos estalinistas “moderados” que condenam as FARC pela adoção da luta armada, isolando-a ainda mais para que seja presa fácil da burguesia, defendemos que uma política justa para o confronto entre a guerrilha e o Estado burguês passa por aplicar a unidade de ação contra Santos, com a mais absoluta independência política em relação ao programa reformista das FARC. Ao lado dos heróicos guerrilheiros das FARC e honrando o sangue derramado pelos comandantes Afonso Cano, Manuel Marulanda e Mono Jojoy, que morreram em combate, apontamos como alternativa programática a defesa da estratégia da revolução socialista e da ditadura do proletariado, sem patrocinar nenhuma ilusão na possibilidade de construir uma “Nova Colômbia” sem liquidar o capitalismo e seus títeres.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

O conto do “etanol brasileiro” como supercombustível fez a estação na Antártica ir pelos ares

O uso de etanol em um gerador de energia na estação Comandante Ferraz foi causa do incêndio que destruiu 70% das instalações da base do programa brasileiro na Antártica, vitimando dois militares da Marinha e deixou outro ferido. No final do ano passado, como parte da campanha midiática enganosa de vender ao mundo o etanol brasileiro como uma alternativa em termos de combustível “sustentável” para grandes motores, o governo Dilma ordenou que fosse instalado ao lado dos geradores que utilizam diesel outro movido a etanol. Testes anteriores já haviam comprovado que geradores abastecidos com etanol rendem menos e podem explodir com mais facilidade, porque o biocombustível brasileiro não tem condições de manter em funcionamento estável motores de grande potência. O diesel é usado em geradores porque o rendimento é melhor e não superaquece os motores. Apesar dessa constatação, o governo manteve a mudança e apenas dois meses após o início de sua operação ocorreu à tragédia. Apesar do Planalto tentar esconder a verdade, já se sabe que o incêndio iniciou-se na chamada “praça de máquinas”, a partir do gerador de energia movido a etanol.

Segundo a Petrobras, o motogerador movido a etanol entrou em operação no dia 10 de janeiro. Na época o “feito” foi comemorado como a expressão da viabilidade do uso biocombustível nacional para motores e geradores de grande potência, cuja comercialização impulsionaria extraordinariamente não só a indústria nacional como incrementaria em muito as exportações de álcool para o mundo! “Com a iniciativa, o Brasil será o primeiro país do mundo a utilizar biocombustível para produção de energia no continente. O equipamento tem capacidade para suprir toda a energia necessária às operações e aos programas científicos realizados na estação”, frisou a estatal em comunicado. O ministro da Defesa, Celso Amorim, apresentado pela esquerda “chapa-branca” como um “nacionalista”, foi quem deu partida na operação durante visita à estação na Antártica. Segundo o ministro, a iniciativa brasileira colocava o país em destaque no cenário tecnológico mundial: “A utilização pioneira deste tipo de equipamento em uma região estratégica no mundo do ponto de vista ambiental amplia as perspectivas do biocombustível brasileiro no mercado internacional. Por ter um ponto de congelamento extremamente baixo, o etanol é mais apropriado que a gasolina ou o óleo diesel para operar nas baixas temperaturas observadas na Antártica”. Tratava-se de mais uma falácia do governo da frente popular para vender gato por lebre em seu sonho de “Brasil potência”. A Petrobras usou no equipamento da estação Comandante Ferraz etanol idêntico ao utilizado nos veículos nacionais, que utilizam motores leves e não superaquecem, porém exigem alto consumo. No caso dos geradores, além do alto-consumo há o superaquecimento, em um quadro literalmente explosivo onde o etanol é mais inflamável do que o diesel. O uso do etanol na Antártica foi claramente uma fatal propaganda enganosa que colocava em risco a própria estação, hoje destruída, pois como o álcool é muito volátil, ocorreu um vazamento de vapores na praça de máquinas, o vapor se misturou com o ar e uma faísca provocou a explosão.

A iniciativa da implantação do gerador “experimental” foi motivada por uma parceria entre a Petrobras, o BNDES e a Vale Soluções em Energia (VSE), empresa ligada a companhia Vale do Rio Doce. Esta negociata tinha o claro objetivo de fazer propaganda do suposto desenvolvimento de uma tecnologia totalmente nacional que geraria energia limpa, o conto do “etanol brasileiro” como um “supercombustível” que acabou fazendo a estação brasileira na Antártica literalmente ir pelos ares. Longe de representar uma fonte de “energia limpa” ou mesmo uma oportunidade para o Brasil encabeçar uma nova “OPEP do etanol” como demagógica e falsamente propagandeia o governo, o uso dos biocombustíveis visa atenuar a dependência das grandes potências capitalistas em relação ao petróleo, com base no aprofundamento ainda maior do papel das semicolônias latino-americanas como produtoras de matéria-prima por grupos multinacionais, dentro da divisão internacional do trabalho e do processo de recolonização imperialista. Por outro lado, o fato do combustível produzido a partir de vegetais ser tão ou mais poluente que os derivados do petróleo por liberar para a atmosfera gás carbônico (CO2), além de ser responsável pelo desmatamento de grandes florestas para plantio, problemas que a grande maioria dos cientistas e representantes políticos já foram obrigadas a reconhecer.

Enquanto servia aos interesses comerciais privados sob a fachada de um falso nacionalismo, o Programa Antártico Brasileiro (Proantar) era alvo de cortes orçamentários, tanto que o governo Dilma não liberou parte dos recursos para o programa em 2011, justamente para atingir a meta do superávit primário. Em 2012 houve redução de recursos para o Proantar, o menor montante dos últimos sete anos. A expressão desse quadro é que o Navio de Apoio Oceanográfico Ary Rongel – essencial às operações no continente gelado – está quebrado há quase dois meses no porto de Punta Arenas (Chile), uma barca cheia de combustível afundou perto da base em dezembro sendo o acidente escondido pela Marinha e a estação estava superlotada no momento da explosão, como 60 pessoas quando sua capacidade é de 40.

A farsa do “desenvolvimento nacional” pela via da produção de biocombustíveis, que se mostrou de uso restrito a motores leves e com grande impacto destrutivo ambiental, é a cara metade do conto do pré-sal, de difícil viabilidade econômica de extração devido ao seu alto custo de prospecção em águas profundas. Embora seja prática do governo da frente popular propagandear a anedota de que o Brasil se transformaria numa potência graças à produção do etanol, o desastre na Antártica mostrou que esta farsa fez ir pelos ares a estação Comandante Ferraz, justamente porque nosso país continua de fato como uma semicolônia sem capacidade tecnológica e que se vale de engodos nacionalistas para encobrir que todos os “esforços” do governo do PT estão a serviço das oligarquias, das grandes empresas como a Vale do Rio Doce e dos monopólios imperialistas, utilizando as pesquisas do programa antártico brasileiro e suas instalações na tentativa desesperada de incrementar os lucros das companhias privadas.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

PCdoB: um instrumento político e eleitoral da oligarquia corrupta dos Gomes no Ceará

A disputa pela hegemonia nas eleições municipais de Fortaleza encontra-se em um impasse no campo “uterino” da própria frente popular. A atual prefeita “fake trotsquista” (DS), Luizianne Lins não poderá concorrer à sucessão, pois já cumpre seu segundo mandato, tenta então emplacar no PT um nome de seu círculo “íntimo” para a disputa em outubro. Acontece que a asquerosa oligarquia dominante dos Gomes (PSB), que recebeu o apoio de Luizianne em 2010, não aceita nenhum dos nomes “prefeituráveis” indicados pela prefeita petista. O governador Cid Gomes chegou a apontar um nome petista de sua estreita confiança “pessoal” para solucionar o impasse, o deputado Camilo Santana, sendo categoricamente rejeitado pela “entourage” de Luizianne. Com uma disputa eleitoral praticamente sendo travada no campo da frente popular, onde não existe nenhuma oposição (de “esquerda” ou “direita”) que possa ameaçar a perda do controle da prefeitura pela base de apoio do governo Dilma, o nome que seria indicado pelo PT, com apoio dos Gomes, teria o passaporte de entrada carimbado rumo ao Paço Municipal (sede da prefeitura em Fortaleza). Mas, contrariado com o veto ao petista Camilo Santana (considerado quase da família) o ex-ministro Ciro Gomes, chefe político do clã, resolveu manobrar por fora do PT e nos bastidores articula a candidatura do senador “fake comunista” Inácio Arruda do PCdoB. Com seu nome “plantado” Inácio já aparece em primeiro lugar nas pesquisas eleitorais encomendadas pelos Gomes, que formalmente seguem buscando uma solução ao impasse em sintonia com Luizianne.

Não é a primeira vez que o PCdoB serve de estafeta aos Gomes, em 2006 o próprio Inácio Arruda conseguiu seu atual posto de senador graças a um outro veto, na ocasião feito contra o então deputado federal Eunício Oliveira (PMDB), chantageado por Ciro a renunciar de sua indicação ao Senado. Os ex-Estalinistas, agora convertidos ao nacional-desenvolvimentismo, também tem uma longa ficha de serviços prestados a outros clãs oligárquicos no Ceará, como aos Jereissati (PSDB) na final década de 80. Sem nenhum critério de classe ou mesmo princípios revolucionários, o PCdoB assim como seu “primo” reformista PCB, participou dos oito anos da gestão corrupta e repressora de Luizianne, mas só agora quando são “convocados” pelos Gomes a fazer o trabalho sujo dos “bastidores” da política burguesa descobriram que Fortaleza “precisa mudar”, talvez passando das mãos da pequena-burguesia inteiramente cooptada pelos grupos capitalistas do Estado, para as “garras” de uma oligarquia reacionária regional. A verdade é que a “rebelde” Luizianne, eleita com o decisivo apoio da corrente política do deputado João Alfredo do PSOL, transformou-se em uma aprendiz de ditador, inclusive demitindo grevistas, sem que houvesse a menor resistência, por parte das camarilhas de “esquerda” que se venderam ao capital.

Ao reivindicar completar “90 anos”, o PCdoB chega ao fundo do poço em sua história de traições à classe operária, convertido em um instrumento das classes dominantes e sem o menor pudor marxista de ter integrado governos como o do fascista Kassab em São Paulo ou dos Sarney no Maranhão. Servindo a família burguesa dos Ferreira Gomes no Ceará, que agora se dizem “socialistas”, o PCdoB prostitui totalmente o legado do genuíno comunismo e até mesmo das tradições democráticas mais elementares, se juntando a próceres da ditadura militar. Seus mortos da guerrilha do Araguaia foram profanados em seu passado de luta, pela atual direção do PCdoB que vendeu o partido em troca de algumas migalhas “cedidas” pelas corporações capitalistas “modernas” e as “velhas” oligarquias fundiárias do nordeste brasileiro. O sangue derramado pelos heróicos guerrilheiros do Araguaia desgraçadamente servem agora de elemento de barganha política, para traficar benesses no botim estatal, controlado secularmente por esta mesma elite racista e decomposta moralmente.

As eleições municipais que se aproximam são mais uma etapa política da farsa montada por este regime da democracia dos ricos. Mais uma vez, não serão as massas, com seu voto popular, que decidirão os prefeitos eleitos em outubro. As grandes empreiteiras, detentoras dos contratos públicos das “megas”obras da copa, é que decidirão o futuro eleitoral das principais capitais, para isso utilizarão as urnas eletrônicas, impossíveis de qualquer aferição minimamente séria e democrática. O papel político destinado aos partidos da “ordem” (institucionalidade burguesa) é avalizar e legitimar as decisões do “sagrado” mercado e suas corporações, afinal para estes senhores do capital o que é melhor para o mercado é também melhor para o povo... Depois é só midiatizar os “resultados” eleitorais forjados e contar com a “generosa” colaboração desta “esquerda” corrompida.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Marie Colvin, a jornalista “heroína”: mídia murdochiana chora a morte de um dos seus

Foi divulgada como destaque pela grande mídia internacional nesta quarta-feira, 22/02, a morte de dois jornalistas ocidentais na cidade síria de Homs, foco da “oposição” pró-imperialista ao presidente Bashar al-Assad. No ataque a bomba atribuído às forças do governo sírio, morreram o repórter fotográfico francês Rémi Ochlik e a jornalista norte-americana Marie Colvin, correspondente do Sunday Times, jornal britânico pertencente ao mafioso magnata das comunicações Rupert Murdoch.

Marie Colvin, veterana repórter de guerra tinha uma longa folha de serviços prestados ao imperialismo, contribuindo para a derrubada de governos nacionalistas através de provocações organizadas sob a fachada da cobertura jornalística, nos países em conflito, sobretudo, da chamada “Primavera Árabe”. Longe da suposta “preocupação humanitária” em retratar jornalisticamente os horrores das guerras de rapina das potências capitalistas no Oriente Médio e suas consequências para a população civil, a jornalista norte-americana realizava o trabalho sujo de gerar, através de factóides midiáticos que eram reproduzidos pelos jornais burgueses e as cadeias de TVs pelo mundo afora, a justificativa para as intervenções militares imperialistas da OTAN, como ocorreu na Líbia ou fazer coberturas simpáticas aos mercenários travestidos de “opositores democráticos”, como estava fazendo na Síria.

Enquanto a mídia “murdochiana” chora a morte de um dos seus, santificando o nome da jornalista “heroína” Marie Colvin, o conjunto dos meios de comunicação da burguesia em todo o planeta silenciou de forma criminosa ao bárbaro assassinato da jornalista Hala Misrati, âncora da televisão estatal líbia durante o regime Kadaffi. Ela ganhou destaque porque aparecia em pleno ar empunhando um fuzil chamando a resistência do povo líbio contra intervenção militar imperialista e seus “rebeldes”. Hala Misrati foi assassinada cruelmente em uma prisão controlada pelo CNT no dia 19/02, sendo estuprada e torturada (sua língua foi arrancada), antes de ser executada por estes canalhas que foram apresentados como revolucionários pela esquerda revisionista. Toda nossa dor está com a jornalista Hala Misrati, mártir da resistência nacional antiimperialista na Líbia, nenhuma lágrima para a escriba da OTAN, Marie Colvin!

Vale destacar que muito provavelmente a repórter do Sunday Times tenha sido morta por um atentado planejado pela CIA ou o Mossad e executado pelos “rebeldes” sírios ligados ao chamado “Exército Livre”. Marie Colvin foi vítima de seu próprio trabalho sujo, uma vez que para provocar um ambiente de indignação internacional que possibilite sua estratégia de realizar uma intervenção militar na Síria, via tropas da OTAN, para desestabilizar ou derrubar o regime da oligarquia Assad, o imperialismo ianque não vacila em sacrificar seus próprios pares, transformando em “heróis” os que não passam de serviçais dos planos de recolonização das potências capitalistas.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

O agravamento do câncer de Chávez diante do débil “Socialismo no Século XXI”

O presidente venezuelano Hugo Chávez anunciou que nos próximos dias será submetido a uma nova operação em Havana, depois que foi localizada uma lesão de dois centímetros de diâmetro no mesmo lugar em que foi extraído um tumor cancerígeno em junho do ano passado, ou seja, na região pélvica na altura da bacia. Trata-se de um claro agravamento da doença, produto direto da extrema tensão política que o líder bolivariano atravessa em meio a campanha presidencial cujas eleições ocorrerão em outubro deste ano. O retorno ao tratamento em Cuba a apenas oito meses da eleição para presidente, governadores e prefeitos abre novamente uma crise política provocada pela ofensiva da direita. Ao contrário do que ocorreu em eleições anteriores, desta vez os “esquálidos” se apresentam com candidato único, o ex-governador Henrique Capriles Radonski. Ele foi “eleito” nas primárias da oposição de direita com o comparecimento de 3 milhões de pessoas, um patamar acima do esperado pela própria Mesa de Unidade Democrática (MUD). O candidato fascistizante da MUD liderou as agressões contra a sede da embaixada de Cuba em Caracas durante o golpe em 2002.
Vale lembrar que Chávez havia anunciado anteriormente que estava curado e que não tinham mais células cancerosas em seu corpo. Diante do revés em seu quadro de saúde, um Chávez claramente tenso afirmou em cadeia de TV: “Iremos adiante! Me operarão de novo, me extrairão essa lesão, se verificará se tem ou não relação com o tumor anterior, e com base nisso informaremos depois da operação. Desminto totalmente o que circula de que tenho metástases no fígado e não sei aonde mais, que o câncer se espalhou por todo o corpo e que já estou morrendo. Há pessoas que querem que eu morra, porque me odeiam. Que fiquem longe, eles e seus maus desejos. Durante todos esses meses se encarregaram, com muita frequência, de difundir rumores. Começam a gerar todos esses rumores para tratar de criar angústia e desestabilizar o país” (Cubadebate, 22/02). Apesar das pesquisas indicarem que Chávez tem uma ampla vantagem eleitoral sobre Capriles é evidente que seu pseudo “Socialismo do Século XXI” está extremamente fatigado pela desmoralização imposta ao movimento de massas, inclusive com revezes no campo eleitoral, como foi a última eleição parlamentar. Neste contexto, o repique do câncer do “comandante” sinaliza a extrema fragilidade que o projeto bolivariano atravessa com a direita aliada ao imperialismo ianque “salivando” para ocupar, seja pela disputa eleitoral ou mesmo diante da morte ou debilitamento da saúde de Chávez, o controle do país. Embora ainda detenha o apoio popular majoritário, Chávez vai perdendo paulatinamente sua base social para a oposição de direita que, pelo profundo desgaste de sua gestão, se lança como uma alternativa eleitoral viável para os capitalistas e, via de regra, usam as FFAA para chantageá-lo.

Representantes das diversas camarilhas “bolivarianas” se preparam para se credenciar como uma alternativa burguesa diante da débil saúde de seu “comandante”, tirando as lições da própria conduta de Chávez que vem paulatinamente trabalhando para garantir sua reeleição como parte de um grande acordo com a burguesia e o imperialismo. As relações “carnais” com a Colômbia de Santos, tendo para isto Chávez sacrificado claramente seu prestígio “anti-imperialista” entre a vanguarda, são uma demonstração clara que ele e seu staff estão sempre dispostos a atacar o movimento de massas e os lutadores para conseguirem as bênçãos dos amos do Norte. A alta cúpula das FFAA, principal pilar de sustentação política do regime, que dará a palavra final da transição em comum acordo com Washington, buscará se apropriar do espólio político de Chávez de forma figurativa para comandar com mais legitimidade este processo. O certo é que todas essas frações, com interesses particulares dentro do aparato estatal, com ou sem Chávez, desejam manter o regime de exploração capitalista, seja com cores “nacionalistas” ou entreguistas. Por fim, Chávez sabe que a direita golpista está ávida para desferir um golpe letal contra seu governo. Esta manobra pode assumir a feição de uma falsa “mobilização democrática” tramada com a ajuda da CIA diante do agravamento de sua doença, com reivindicações, por exemplo, que se afaste da presidência ou abra mão de sua candidadura. O apoio do imperialismo aos ex-rebeldes na Líbia “vendidos” ao mundo como “amantes da democracia” é o modus operandi que a Casa Branca pretende usar na Venezuela para colocar em marcha a contrarrevolução.
Para os trabalhadores venezuelanos e latino-americanos, que acompanham apreensivos o debilitamento do quadro de saúde de Chávez e buscam intervir de forma independente no desenrolar dos acontecimentos, deve-se abstrair a lição de que é preciso, desde já, preparar uma alternativa política dos explorados tanto ao chavismo decadente como à direita reacionária. É necessário preparar o terreno para a construção de um genuíno partido revolucionário capaz de enfrentar a onda de reação “democrática” ou mesmo a direita fascista no caso de um novo golpe “cívico-militar”, fazendo um combate programático completamente oposto à cantilena pregada por toda sorte de revisionistas de que está em curso uma “revolução” na Venezuela, cabendo agora mais do que nunca segundo estes senhores, com a doença do “comandante”, cerrar fileiras em apoio eleitoral ao governo burguês centro-esquerdista de Chávez e sua corte.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

A nova prisão de Strauss Kahn e o desespero eleitoral da direita francesa

A polícia nacional da França deteve o ex-diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI) Dominique Strauss-Kahn para questioná-lo nesta terça-feira sobre acusações de que ele teria participação em orgias sexuais em Paris e Washington pagas por dois empresários e membros do PS. Kahn era o favorito nas pesquisas eleitorais para concorrer a presidência da república e possivelmente venceria as prévias internas do Partido Socialista francês quando foi “abatido” em pleno vôo,por um escândalo “fabricado” de estupro nos EUA, em maio de 2011. Na ocasião já apontávamos que o dirigente “neoliberal” do PS, indicado pela social democracia europeia para comandar o famigerado FMI, teria sido alvo de uma grotesca armação, urdida entre Obama e Sarkozy para defenestrar as chances do PS em retornar ao “Palácio Élysée” após a histórica gestão de François Mitterrand finalizada em 1995. Kahn, ainda professor, participou da esquerda revisionista “trotsquista” (Lambert), conjuntamente com o ex-primeiro ministro Lionel Jospin e o deputado Cristophe Cambadélis, quando foram corrompidos pela ascensão do governo pseudo“socialista” de Mitterrand em 1981. Quando assumiu a gerência do FMI em 2007 passou a traficar sua influência em favor de grandes grupos econômicos europeus, ligados à social democracia, desagradando a Casa Branca e os“barões” de Wall Street. A abrupta saída de Kahn do FMI acabou servindo a dois “senhores”, os rentistas ianques e a direita recalcitrante francesa.

Mas se a prisão de Kahn em Washington liquidou completamente suas pretensões políticas, coincidentemente só foi absolvido da acusação de estupro quando renunciou de sua candidatura à  presidência, não conseguiu abalar o prestígio eleitoral do PS francês, que com a candidatura de François Hollande mantém a dianteira nas pesquisas de opinião pública. Sarkozy somente anunciou oficialmente na semana passada que concorreria à presidência, retardou ao máximo este ato político em função de seus baixos índices eleitorais, não conseguindo se descolar muito da candidatura de extrema-direita de Marine Le Pen (frente nacional), que atinge cerca de 20% de preferência “popular”. Com um desastre anunciado em seu horizonte político, o ultradesgastado Sarkozy mandou sua polícia “requentar” o caso Strauss Kahn, desta vez em solo gaulês, com o objetivo de atingir a forte decolada eleitoral do PS, que até o momento parece inabalável.

A crise capitalista europeia vem provocando um novo desenho político nas gerências estatais, enquanto nos países de economia periférica mais afetados com a crise, como Portugal, Espanha, Grécia etc..., as tendências da burguesia apontam para empossar forças semifascistas ou da direita “moderada”, nos países imperialistas como Alemanha, França e Inglaterra, a opção dos capitalistas se volta para o retorno das gestões sociais democratas. Embora este movimento das burguesias não seja totalmente homogêneo, é relativamente fácil encontrar a razão, ou seja nos países “quebrados” pela banca de parasitas financeiros, a melhor alternativa é o fascismo, diante da ameaça do movimento de massas. Já nos centros imperialistas, também castigados pela crise, a melhor política é a da cooptação do movimento operário pela via da democracia parlamentar e sua “salutar” alternância política. O papel sujo da social democracia, em formular sua tática da frente popular (colaboração de classes), continua em plena vigência em tempos de profunda crise estrutural do capital.

A esquerda revisionista europeia que durante décadas seguiu a reboque da social democracia, apoiando “criticamente” suas candidaturas a gerência do Estado burguês, agora ensaia uma relativa “independência”, apresentado “fórmulas” eleitorais ainda muito distantes de uma verdadeira estratégia revolucionaria de poder proletário. Na França onde foi fundada a Quarta Internacional, o trotsquismo chegou a ganhar uma importante influência junto aos setores mais avançados da classe operária. No entanto, a política desastrosa dos “mestres” do revisionismo, como Lambert e Mandel, acabou por “fornecer” seus “quadros” para o PS, como o degradante caso de Strauss Kahn, que após se “vender” (ele é o único “prostituto” verdadeiro deste escândalo) por um cargo no FMI, foi humilhado pelos seus amos imperialistas e agora é considerado um pária no próprio campo da social democracia. Hoje na França as correntes revisionistas atravessam um profundo ocaso, se dividindo entre as inofensivas variantes “anticapitalistas”, domesticadas à sagrada institucionalidade da democracia dos ricos (V República), ou às patéticas “invenções” eleitorais policlassistas dos parcos seguidores do finado Lambert.


segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

O carnaval “globeleza” ou a história da deculturação de um país

Nestes dias, mais uma vez, o povo brasileiro se lança nos “festejos” do carnaval. Longe do espírito popular de sua origem, a “festa da libertação”, eminentemente pagã, é hoje convertida na “festa” da alienação montada a serviço da deculturação do país pelos grandes meios de comunicação de massa, acompanhando o próprio processo de destruição da genuína cultura popular pelos capitalistas. O carnaval “globeleza” promovido pela TV dos Marinhos, cujos holofotes se concentram nos sambódromos do Rio e São Paulo, com milhares de pessoas nas arquibancadas vendo os “vips” desfilarem, além dos “trios elétricos” de “axé” em Salvador, com sua música pasteurizada e bestializante é a melhor expressão desse processo de contrarrevolução no terreno da cultura nacional. Em nada tem a ver com o carnaval popular, de traço boêmio e contestador, próprio dos blocos de rua do passado (os chamados “cordões” e “ranchos” nascidos no final do século XIX). O primeiro “samba enredo” que se tem conhecimento e que se popularizou foi composto por Chiquinha Gonzaga em 1890 (“ô abre alas”) para o cordão “Rosas de Ouro” do carnaval carioca, outrora ungido pela vida boêmia das primeiras décadas do século XX e pelo autêntico samba negro dos morros cariocas que descia para as ruas da cidade para o “horror” da classe dominante branca. Pode-se dizer que desta festa popular que tomava de folia as ruas de forma espontânea e “desordenada” surgiram as “escolas de samba” organizadas profissionalmente, no entanto, hoje também em avançado processo de domesticação pelos padrões impostos pela Rede Globo e seus anunciantes.

A burguesia controla o Carnaval de rua (transformado hoje em sambódromos e trios elétricos milionários voltados unicamente para a “espetacularização” do evento) nos grandes centros urbanos como São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Recife, Olinda e tem interferido não só na organização do evento (algo perceptível, particularmente, nos elevados preços dos ingressos e de tudo que está em torno da festa), como também, na transformação desta festa em um espetáculo para a exibição de valores e comportamentos que não têm qualquer correspondência com o espírito popular de sua origem chamado “entrudo”, ou seja, a festa “de libertação” que antecede a quaresma, uma vez que o Carnaval era sinônimo de subversão dos “bons costumes” da elite oligarca ultrarreacionária. Hoje a “festa” que vemos na TV não representa mais o caráter contestatório político-religioso presente até meados da década de 50 (a sátira política como crítica ao regime político vigente).

O Carnaval, para ser palatável aos “turistas” do mundo inteiro e para os interesses comerciais da televisão, foi pari pasu “embranquecido” e “filtrado” de seus autênticos elementos de samba feito no morro, ou seja, foi instrumentalmente “desfavelizado”. Em decorrência da quebra de seus elementos originais quase desapareceram no Rio de Janeiro temas vinculados à cultura popular e às próprias raízes do Carnaval ou à história em versos da formação do povo negro. Até nos locais onde as tradições sempre foram mais preservadas, como em Olinda e, no ultrapopular “Galo da Madrugada”, no Recife, as garras dos patrocinadores capitalistas já chegaram. Somam-se a isso as festas e os camarotes exclusivos que, entupidos de celebridades descartáveis e “saradas”, servem para rechear centenas de páginas de publicações e programas globais que buscam entreter para alienar as massas.

De um lado, o pasteurizado carnaval “globeleza” e suas escolas de samba, completamente adaptadas aos interesses capitalistas, com músicas de letras vazias, vulgarizando e explorando o corpo das mulheres como uma simples mercadoria a ser “exposta” na mídia e para ser “consumida” virtualmente pelos telespectadores ou em carne e osso pelos “clientes” em seus camarotes de celebridades. Tudo isso em carros alegóricos e trios elétricos milionários bancados pelo Estado em associação com as grandes empresas, privatizando espaços públicos em uma verdadeira política de pão e circo, com a “diferença” de que neste show há que se pagar elevados preços dos ingressos, em geral loteados entre os turistas e “populares” indicados pelas diretorias das escolas de samba para fazer a “torcida organizada” nos desfiles. De outro lado, como produto da barbárie cultural, aparecem os paredões com seus incansáveis axés procurando alienar a população trabalhadora acerca de suas reais condições (ritmos de trabalho alucinantes, arrocho salarial, desemprego...). Seja na “luxúria” dos sambódromos, nos trios elétricos baianos com seu lixo cultural ou ao som dos paredões, a manipulação do carnaval o transforma em cultura de massa atrasada, completamente esvaziado de sentido. Desta forma os grandes meios de comunicação com o auxílio dos governos burgueses, como a frente popular petista, cumprem um papel nefasto de deculturação e alienação, ou seja, destroem qualquer traço de cultura genuinamente popular para melhor dominar o povo explorado, como os portugueses colonialistas fizeram com os índios.

Caminhando no processo de deculturação e alienação nos deparamos com Arlindo Cruz, outrora um sambista ligado a composições populares de qualidade, fazendo o papel de garoto propaganda da Rede Globo e, consequentemente, jogando o samba e sua história no lixo em uma ode a “globalização”, ou seja, ao processo de recolonização cultural e político que vive nosso país. Seguindo o mesmo caminho vem Diogo Nogueira que aparece de programação em programação, assumindo o papel de jovem queridinho da TV dos Marinhos e destruindo todo um legado de seu pai João Nogueira. O jovem sambista mauricinho vai no caminho inverso do “velho”, que na década de 80, quando o samba começou a ser abafado pelo mercado fonográfico e pela mídia cada vez mais controlada pelo jabá, fundou o “Clube do Samba” para resistir à influência cultural ianque devastadora sobre nosso país. Sua ruptura com a Portela e a fundação da escola de samba Tradição foi uma tentativa de romper com esse esquema mercenário. Nessa empreitada teve ao seu lado Paulo César Pinheiro, Nésio Nascimento  (filho de Natal da Portela) e nomes da velha-guarda da antiga escola de samba.

Como marxistas revolucionários dizemos que não há nada a “festejar” nestes dias se não rompemos com o móvel cultural desse carnaval mercenário, vazio e banal imposto pela mídia “murdochiana”, a burguesia e seus agentes. Contra a “carnavalização” comercial empurrada acriticamente goela abaixo da população pela mídia, é preciso “brincar” o carnaval com o genuíno espírito de resistência, lutando ideologicamente para dotar o movimento operário de uma clara conscientização programática acerca do que representa o carnaval no regime capitalista e o caráter nefasto da política de aprofundamento da submissão ao imperialismo e da deculturação do país patrocinada pelo governo Lula/Dilma.


sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Presidente da Alemanha renuncia, um prenúncio do retorno da velha social democracia à gerência do estado capitalista

O presidente da Alemanha, Christian Wulff, renunciou ao cargo nesta sexta-feira (17/02), após o aumento da escalada de denúncias de corrupção e favorecimento pessoal, praticadas quando ainda exercia o cargo de governador do estado da Baixa Saxônia. O ápice da crise ocorreu justamente no momento em que a justiça alemã estava prestes a pedir autorização do Parlamento Nacional (Bundestag), para retirar a imunidade do presidente e iniciar um processo de investigações sobre as denúncias de corrupção. Diante da possível humilhação, Wulff um democrata-cristão conservador, decidiu pela renúncia, abrindo uma crise política para o governo de Angela Merkel , sua “madrinha” política que com muito custo o elegeu em 2010.

A coalizão conservadora cristã que governa a Alemanha atravessa um período de profundo desgaste político com a crise fiscal dos países europeus da zona do Euro, além da impopularidade em suas próprias fronteiras, em função das medidas de “austeridade” contra a população trabalhadora. A função de presidente da república na Alemanha não ocupa nenhuma responsabilidade administrativa, mas é permeada de grande influência política, uma espécie de “patriarca” moral do povo germânico. A premiê Merkel que está em plena “cruzada” para espoliar nações não-imperialistas da Comunidade Europeia, preservando seu parceiro preferencial (França) desta operação de rapina, agora terá que indicar um novo nome para a presidência alemã com o apoio da “oposição” social-democrata. Acontece que o velho SPD pretende fazer valer a cláusula da “alternância democrática”, planejando assumir o gabinete Alemão em plena bancarrota do Euro.

A social democracia alemã, a mais antiga de todo continente europeu, permitiu a ascensão da reacionária Merkel, justamente para que os democratas cristãos descarregassem sobre o proletariado todo o ônus da crise capitalista. Agora, com uma economia nacional “ saneada” às custas dos imensos sacrifícios do povo europeu, o SPD cobra o seu retorno imediato à chefia do governo alemão. Como “locomotiva” da economia europeia, a Alemanha vem saqueando financeiramente países inteiros, como a Grécia, por exemplo, fomentando novamente um sentimento antigermânico entre os povos europeus. É neste cenário de tensão que a social democracia surge mais uma vez como uma alternativa do capital para gerenciar a crise do enorme descompasso das assimétricas economias europeias.

O último governo “neoliberal” de Schroeder, dirigente do SPD, deixou muitas sequelas políticas, entre as quais um racha à “esquerda” no partido e um vertiginoso crescimento do Partido Comunista, anteriormente considerado morto. As próximas eleições ao Parlamento indicam uma dispersão de forças, sem a hegemonia absoluta da democracia cristã e do SPD, o que implica em um novo governo de “união nacional”, ou seja, as frações da burguesia unidas sob a batuta da social democracia.

Os trotsquistas devem intervir nas próximas eleições alemãs publicitando as conquistas históricas perdidas pelo proletariado com o fim do Estado operário, além da defesa vigorosa (e corajosa) do muro de Berlim, entendido como uma barreira militar de contenção às investidas da OTAN sobre o Leste europeu. Neste sentido não se pode descartar a priori uma aliança política, mesmo que absolutamente crítica do ponto de vista programático, com o Partido Comunista, sobre a base da luta para a reconstrução revolucionária do Estado operário alemão, em toda sua plenitude territorial (Ocidente e Oriente). O bom combate de classe do proletariado alemão e europeu, não é simplesmente pela dissolução da zona do euro ou da própria União Europeia, como advogam os Stalinistas e congêneres revisionistas, mas pela retomada do “cinturão” soviético, do Pacto de Varsóvia e, por que não, do próprio COMECON, estendido até as terras da “realeza” britânica, passando por todas as falsas democracias, agora sob o controle dos rentistas e tecnocratas do mercado.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Rentistas em festa: governo Dilma corta R$ 55 bilhões do orçamento para bancar a orgia do capital financeiro

Mal havia batido o martelo da privatização dos aeroportos, Dilma anunciou um corte de R$ 55 bilhões nas despesas previstas no orçamento da União para 2012. A tesoura neomonetarista do PT atingiu em cheio as aposentadorias, com uma “economia” de R$ 20 bilhões nas áreas de Previdência e Assistência Social, FGTS e outros. Impôs também a redução das despesas com a Saúde em R$ 5,47 bilhões e na Educação, onde foi contingenciado R$ 1,93 bilhões. Não escaparam nem mesmo as verbas destinadas para a Defesa Civil e prevenção de desastres – isto que as calamidades “naturais” são muito comuns nesta época do ano. Todo esse “esforço” tem como objetivo alcançar um famigerado superávit primário de R$ 140 bilhões do Tesouro Nacional em 2012 com o objetivo de pagar os juros da dívida “pública”, ampliada em duas vezes nos últimos nove anos. As altas taxas de juros pagas pelo Banco Central aos rentistas internacionais vêm atraindo para o Brasil um enorme contingente de investimentos, na busca de um mercado seguro e estável. A bolha de crescimento econômico é inflada via crédito fácil oferecido pelo grande capital, bancado em última instância através dos cortes orçamentários do orçamento estatal. Desta forma, o governo da frente popular patrocina uma ciranda financeira que se tornou essencial à valorização do capital que “investe” no país, ganhando os tubos com tal rendimento de juros dos títulos públicos, mas quem paga a conta de fato são os trabalhadores com o arrocho salarial e o corte de direitos.

Esse verdadeiro assalto ao tesouro nacional em benefício da oligarquia financeira significa um ataque direto às condições de vida do nosso povo, que morre nas filas dos hospitais e não tem acesso a educação de qualidade, sofre na carne com inundações e deslizes de encostas, cuja população fica relegada ao abandono. Aqui todo o mito acerca de qualquer vestígio progressista do governo petista de desmancha no ar! O mais tragicômico neste cassino financeiro é que por mais que o governo Dilma deixe de investir nas chamadas “áreas sociais” para engordar o bolso dos banqueiros, obviamente a questão não se resolve. A dívida pública aumenta a cada ano, uma vez que o setor público é “forçado” a contrair novos débitos para pagar a totalidade dos juros. É um círculo vicioso montado claramente a serviço do capital financeiro, um dos grandes apoiadores do governo da frente popular.

O mais hilário em isso tudo é ver a CUT, CTB, UNE e MST afirmarem na reunião da CMS que “a profundidade e a irracionalidade do montante retirado do orçamento vão na contramão dos compromissos assumidos pela presidenta Dilma nas últimas eleições e contradizem o discurso realizado recentemente no Fórum Social de Porto Alegre, onde se contrapôs à lógica da subserviência aos ditames do capital financeiro internacional. Os compromissos de campanha, setores estratégicos e altamente sensíveis como saúde, educação e desenvolvimento agrário foram guilhotinados para alimentar a agiotagem, num claro desserviço ao país e ao povo brasileiro” (sítio CUT, 16/02). Trata-se de uma verdadeira farsa montada pela burocracia sindical “chapa branca”, já que Lula em sua conhecida “Carta aos Brasileiros” e o “poste” Dilma, que teve o apoio público dos banqueiros em sua campanha, sempre se “comprometeram” com o capital financeiro e nunca em combatê-lo. Por sua vez, a esquerda reformista, inclusive os revisionistas do trotskismo que se mantêm no PT, como “O Trabalho” e Esquerda Marxista (já não falamos da DS há tempos convertida a socialdemocracia), abandonaram a defesa da consigna do não pagamento da dívida interna e externa, clamando no máximo por uma “renegociação justa”. Fingem desconhecer que a chamada “dívida pública” é hoje a principal fonte da especulação financeira do país. O perfil da dívida “pública” concentra nas mãos das grandes corporações econômicas a grande maioria dos títulos estatais negociados no mercado financeiro.

A estatização de todo o sistema financeiro, contemplando o não pagamento das dívidas interna e externa, além da adoção de uma política de juros negativos para os empreendimentos dos trabalhadores e dos pequenos produtores rurais, é a única plataforma progressista para a classe operária. Toda demagogia da burocracia sindical “chapa branca” contra os atuais cortes no orçamento, no que é seguida pela “oposição de esquerda”, não serve aos interesses imediatos e históricos do proletariado, já que não está baseada na luta direta contra o governo burguês da frente popular! Portanto, cabe aos trabalhadores e sua vanguarda classista abstrair como lição que a única forma de romper com suas miseráveis condições de vida é lutando decididamente pela liquidação revolucionária do modo de produção capitalista, rompendo com a cadeia de espoliação que a frente popular e o tucanato impõem sobre o povo pobre para manter a festa bilionária dos rentistas e banqueiros!

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Eleições em São Paulo: Alckmin quer empurrar José Serra para o abismo

A “revoada” do prefeito da capital paulista, Gilberto Kassab, e seu recém-criado partido, o PSD, para os braços da frente popular provocou mais uma crise no ninho do tucanato paulistano. José Serra, apoiado por um grupo de deputados estaduais, resolveu voltar atrás e cogita novamente ser candidato às eleições para a prefeitura de São Paulo. Está em uma “sinuca de bico”: ou é candidato para manter na sua órbita o PSD, mesmo sabendo da grande possibilidade de derrota e da resistência interna tucana ou assiste seu afilhado político e a legenda que ajudou a criar como alternativa ao próprio PSDB ser tragada de vez pelo PT em plena capital paulista. Kassab planeja indicar Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central durante o governo Lula e hoje no PSD, como candidato a vice-prefeito na chapa de Fernando Haddad. Nesse cenário dantesco, o atual governador do estado, Geraldo Alckmin, demonstrou para a platéia “apoiar” esta decisão de Serra, embora de forma lacônica e sarcástica: “Se ele quiser ser, é um ótimo candidato. Essa é uma decisão pessoal do Serra que nós devemos aguardar” (Folha de S.Paulo, 15/02). Evidentemente que este “apoio” do governador tem um objetivo bem específico – o de liquidar Serra politicamente – “retribuindo” a sabotagem que este fez à sua candidatura nas eleições municipais de 2008 ao apoiar Kassab contra o próprio candidato tucano, ninguém menos do que Alckmin!

Caso venha a se confirmar as intenções de Serra, todo um cenário já definido teria que ser alterado drasticamente, pois as atuais quatro pré-candidaturas (Andrea Matarazzo, Bruno Covas, José Aníbal e Ricardo Tripoli) teriam que abrir mão das mesmas na convenção partidária marcada para o dia 4 de março e decidir pela aliança com o PSD kassabista. Além disso, o PSDB teria que atrair o PSB e o PDT para a aliança, comprando essas legendas com cargos importantes no governo estadual. Estas são as principais “exigências” do ex-governador para negociar com Alckmin. O declarado antisserrista José Aníbal advertiu que “se o Serra quer ser candidato terá que disputar as prévias. Estamos trabalhando nisso há seis meses” (O Estado de S.Paulo, 15/2) e dá a dimensão da crise da “oposição conservadora”. Declarações do ex-presidente da República, FHC, vêm jogar gasolina na fogueira da corrida eleitoral paulistana e na futura disputa pela presidência da República: “Se Serra se convencer de que seu sonho de disputar pela terceira vez a Presidência da República não passa disso, e cair na realidade, ele terá uma disputa difícil, mas viável, para encerrar sua carreira (…)” (Blog Tijolaço, 15/2). Tanta preocupação da “alta plumagem” tucana está relacionada a uma possível aliança de Kassab com o PT nas eleições para prefeito, a qual, se efetivada, seria compreendida como uma tremenda derrota para a “oposição” ao Planalto não só em nível municipal, mas em âmbito nacional. Ela seria colocada praticamente do campo da insignificância. O jornal serrista Folha de S.Paulo,15/2, alfineta: “Para o ex-governador, isso seria a vitória do projeto do ex-presidente Lula e transformaria a oposição numa ‘minoria absoluta’”.

O “apoio” de Alckmin colocou Serra na beira do precipício. Uma vez configurada a candidatura de Serra (que pesquisas demonstram ter uma rejeição superior a 30% do eleitorado e está sendo bombardeada pelo livro sobre a “Privataria Tucana”), o PSDB teria que se aliar a Kassab, sua criatura ou então correr “por fora” para a derrota com um dos quatro pré-candidatos contra a coligação PT/PSD. Porém, tanto em uma projeção como na outra, a possibilidade de perder é muito grande, levando Serra a se desmoralizar ainda mais, bastando um empurrãozinho para despencar ao fundo do abismo.

Neste quadro, uma possível candidatura de Serra, antes de demonstrar a “unidade” do PSDB, é o sintoma da profunda crise na qual mergulhou a “oposição conservadora” durante o governo Lula/Dilma que, em aliança com as principais oligarquias regionais, praticamente aniquilou os demo-tucanos e sua ala paulista. Além do mais, os “Democratas”, aliados do PSDB, tendem a refutar uma aliança com o ex-demo, que hoje prestigia eventos do PT e vive em visitas ao Planalto negociando seu apoio ao governo federal. Os demos agem como uma fera ferida que tenta mostrar seus dentes e suas garras como “instinto de sobrevivência” perante as articulações políticas do PT com o PSD de Kassab.

Cabe ao movimento operário e sua vanguarda intervir diretamente neste processo, apresentado uma plataforma marxista e revolucionária, apontando que o caminho é o enfrentamento político dos explorados contra os aprendizes de Hitler, Alckmin, Serra e Kassab, assim como com a frente popular, ambos são partes das camarilhas burguesas que disputam entre si o assalto ao botim estatal via um violento ataque às condições de vida dos trabalhadores. A publicidade de uma plataforma comunista nas eleições, mais além da demagogia social democrata do revisionismo (oposição de esquerda), é uma tarefa que se coloca independente da legalização ou não do genuíno partido da classe operária.


terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

TPOR reclama que a assassina Tropa de Choque da PM baiana foi vítima de “infâmia”!

A TPOR é conhecida por sua defesa entusiasta das greves policiais. Portanto, não foi para nossa surpresa que esta corrente revisionista do trotskismo declarou ser uma “infâmia” a acusação de que os policiais grevistas impuseram na Bahia um estado de terror contra a população trabalhadora durante os 12 dias de paralisação, ampliando a matança contra os pobres e negros que praticam em seus dias “normais” de expediente. Seu manifesto de apoio à greve faz um chamado em tom de profunda revolta: “É fundamental desmascarar a farsa montada pelos governos e pela imprensa em torno da infâmia de que a greve da polícia é criminosa e que tomam parte dela aqueles dispostos ao ‘vandalismo’, ‘terrorismo’. Demonstrar que a greve tem por base a difícil situação das famílias dos policiais que ganham baixos soldos” (Sítio Massas, 12/02). Espertamente, a TPOR quer nos fazer crer que o verdadeiro extermínio aos moradores de rua em Salvador, conhecido como “faxinaço” ou a ameaça dos policiais colocarem fogo em carretas em via pública, foi simplesmente uma invenção da mídia e do governo do PT para isolar a greve! Os mais de 160 mortos, em sua maioria pobres e negros, assim como as gravações do mafioso líder grevista, o direitista Marco Prisco, ligado ao PSDB, organizando a queima de caminhões de carga em plena BR para forçar as negociações, não deixam dúvidas que tais fatos não se trataram “apenas” de mais uma campanha arquirreacionária e fantasiosa da Rede Globo contra uma singela greve de “combativos” trabalhadores, como cinicamente tenta nos apresentar a TPOR usando como escudo o justo ódio popular contra a TV dos Marinhos, que hoje vende seus serviços para a frente popular!

A TPOR copiou esta posição escandalosa de apoio às reacionárias greves policiais do falecido dirigente máximo do POR boliviano, Guillermo Lora. Ele chegou a afirmar a seguinte “pérola” sobre o caráter das polícias: “uma frente antiimperialista pode englobar a polícia em seu conjunto, como instituição e não unicamente a uma facção antifascista” (Resposta ao impostor Nahuel Moreno, página 48). Não por acaso, esta seita brasileira, que hoje não passa de linha auxiliar do PSTU morenista que antes tanto criticava seu “guru” messiânico, chega ao extremo de “vender” o conto que os policiais em sua “luta salarial” buscaram a unidade com os operários um pouco antes do golpe militar de 1964! Em seu delírio ultrassindicalista, esses revisionistas defendem serem progressistas as reivindicações da polícia que serviu a ditadura militar para assassinar e torturar militantes de esquerda nos porões do DOPS e da OBAN!!! Exagero da LBI? Nada disso, deixemos que a própria TPOR se autodenuncie em sua cantilena reacionária: “A burguesia não pode nem imaginar que uma greve dos policiais venha confluir com uma situação de greves operárias. Lembremos que os movimentos no interior desse braço armado do Estado não é novo. Antes do golpe de 1964, houve importantes conflitos nesse sentido. A ditadura disciplinou todo o aparato, assim como fez com os sindicatos e toda vida política. No pós-ditadura, principalmente a partir de 1995, os policiais se animaram em reivindicar salário e condições de ‘trabalho’. Os governos fortaleceram o aparato, mas pouco fizeram para elevar os salários” (Sítio Massas,12/02). Esses estúpidos veem com simpatia o fato dos chacais do DOPS e da polícia militar reivindicarem serem melhores remunerados para caçar e matar os militantes que combatiam a ditadura militar! Informamos a TPOR que Roberto Marinho, Octávio Frias com sua Folha de São Paulo, o grupo Ultragaz e seu “comandante” Henning Boilesen assim como vários empresários também muito preocupados em “elevar os salários” dos policiais fizeram caixinhas milionárias para dar “melhores condições de trabalho” a seus serviçais civis e de farda!

E que não nos venha a TPOR “forçar a barra” e comparar as reacionárias greves policiais de hoje ou mesmo de 1995 com o levante dos cabos e soldados da marinha brasileira contra o comando militar e em defesa de sua organização sindical e política ocorrido em uma etapa pré-revolucionária às vésperas do golpe “cívico-militar” de 1964! São movimentos de móveis políticos absolutamente distintos. Os revolucionários devem aferir o apoio a estes movimentos a partir de critérios políticos e não economicistas, impulsionando a defesa dos direitos políticos e democráticos da tropa como em 64 e rechaçando os movimentos de caráter reacionários como as atuais greves policiais que reivindicam melhores salários para aperfeiçoar sua atuação na repressão aos explorados. Até porque como nos ensina Trotsky em sua famosa História da Revolução Russa: “Os policiais são inimigos ferozes, implacáveis, que odeiam e são odiados. Nem sequer pensar em ganhá-los... É diferente com os soldados: a multidão busca por todos os meios evitar confrontos hostis com eles; pelo contrário, busca maneira de influir neles a seu favor, convencer, atrair, fraternizar, fundir-se”. Como se vê, não existe um sinal de igual entre os soldados e cabos da PM com os recrutas e militares de baixa patente das FFAA.

Buscando sensibilizar ingênuos ou tolos de ocasião, a TPOR ainda sai em defesa das famílias dos “pobres” policiais, assassinos de trabalhadores, inimigos de nossa classe! Para isso afirma descaradamente que “O Estado burguês recruta entre as famílias pobres milhares de jovens que ingressam na polícia como tábua de salvação. Mas os submetem a um soldo que mal dá para viver... Em casa, com sua mulher e filhos, não se distinguem socialmente dos explorados. Daí a importância das mulheres nas greves policiais. Eis por que afirmamos que na reivindicação salarial e no uso do método da ação direta coletiva se manifesta a luta de classes deformada e limitada”. Mais uma vez somos obrigados a recorrer ao “velho” para demolir as supostas justificativas “sociológicas” de porque deveríamos ser solidários a greve policial. Para Trotsky “O fato de que a polícia foi originalmente recrutada em grande número dentre os trabalhadores social-democratas não quer dizer nada. Aqui também a consciência é determinada pela existência. O trabalhador que se torna um policial a serviço do Estado capitalista, é um policial burguês, e não um trabalhador” (E agora, questões vitais para o proletariado alemão, 1932).

Apesar de usar todo seu malabarismo político, a tentativa da TPOR em dotar a greve policial de alguma característica “progressiva” é absolutamente inútil. Para realizar a pirueta de apoiar a greve das PMs sem manchar-se com o sangue derramado quotidianamente dos trabalhadores pelos policiais nos dizem com ar angelical: “O POR apoiou a greve rechaçando as reivindicações de aumento do contingente militar, ou outras que pudessem ganhar relevo como melhor armamento, mais viaturas, melhorias nas unidades militares” (Jornal Massas, 246). Desta forma busca estabelecer a política de um ovo em cada cesto, justificam o apoio à greve (baixos salários) com o mesmo argumento de que dizem oporem-se às reivindicações da greve (melhoria de condições de trabalho). Só mesmo uma organização ultra-oportunista pode fazer tantas acrobacias políticas sem o menor princípio programático. Longe das ficções criadas pela TPOR para justificar sua frente com os policiais fascistas, como se estes fossem “pobres” trabalhadores, o movimento grevista na Bahia foi dirigido pelas direções reacionárias das Associações de Cabos e Soldados da Bahia, como a ASPRA, que nunca se opuseram às prisões e repressão dos trabalhadores e estudantes. Lembremos que para Trotsky, “inclusive as frações mais avançadas (do exército) não passarão aberta e ativamente para o lado do proletariado até que vejam com seus próprios olhos que os operários querem lutar e são capazes de vencer” (Aonde vai a França?). Ou seja, a unidade do proletariado mesmo com os setores mais avançados do exército só se dará em situações pré-revolucionárias. No entanto, na falta do proletariado em cena, os loristas tupiniquins seguem a reboque dos interesses reacionários das polícias, que uma vez vitoriosos, só reforçariam o aparelho repressor do Estado burguês, garantindo a continuidade da opressão sobre o proletariado. E não adianta a TPOR dizer que se trata de mais uma “infâmia” da LBI ou cortinas de fumaça do gênero, até porque já conhecemos a verdadeira “folha corrida” da corrente lorista em apoio as forças da reação, seja no Brasil ou na Bolívia!

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

As duas tragédias da crise grega

A Grécia foi palco de gigantescos protestos nestes últimos dias contra os duros ataques do governo contra os trabalhadores. O “novo” plano de ajuste, que prevê demissões e a redução do salário mínimo, foi aprovado no parlamento nesta segunda-feira, 13/02. A troika (UE, BCE e FMI) exigiu estas medidas para que o país receba uma nova “ajuda” de 130 bilhões de euros voltados a pagar os bancos estrangeiros. Em Atenas, milhares se mobilizaram em uma demonstração de ódio popular contra a política levada a cabo pelo governo da coalizão Nova Democracia-Pasok comandado pelo tecnocrata Lucas Papademos. Mais uma vez, a pressão sobre o parlamento não teve qualquer efeito e deputados aprovaram o corte de 15 mil empregos públicos, uma diminuição de 22% no salário mínimo, flexibilização de leis trabalhistas (para facilitar a demissão de trabalhadores) e um pacote de impostos e reformas previdenciárias.

O quadro de profunda crise econômica em que está mergulhado o país é uma tragédia social em si mesmo. Os rentistas puseram a Grécia em uma completa bancarrota, de joelhos, através de um endividamento “alavancado”, baseado no cassino financeiro internacional. Agora, esses parasitas estão impondo mais uma vez duros ataques aos trabalhadores com o objetivo de liberar o máximo do orçamento nacional para o pagamento de juros e amortizações. Como o país está complemente quebrado, a crise política vem debilitando o governo de plantão, porém não há uma alternativa política revolucionária, já que todos os partidos apóiam o plano de ajuste e o stalinista KKE joga suas fichas na pressão sobre o parlamento burguês como faz novamente agora, advogando “nenhum memorando deve ser assinado, nenhum acordo novo” (Comunicado KKE, 12/02), quando estava na ordem do dia a organização do chamado à derrubada revolucionária do governo burguês, através de uma greve geral política por tempo indeterminado com ocupações das empresas e a formação de comitês populares de autodefesa para enfrentar a repressão capitalista.

Aqui adentramos na segunda tragédia que vive a Grécia. Ao lado do avanço da barbárie social, assistimos a crise de direção política dos trabalhadores em luta. O KKE atua para desgastar eleitoralmente o governo, com vistas às eleições de abril. Sua tática distracionista está condensada no slogan “A Troika deve ir-se! Desligamento da UE” (Comunicado KKE, 12/02), mas esta impotência política tem aberto caminho para uma senda cada vez mais autoritária do regime, com as tendências fascistas ganhando força entre o povo pobre desesperado. A coligação governamental PASOK-ND tende a se esfacelar, porém em seu lugar a burguesia e o imperialismo planejam um governo puro da Nova Democracia (ND) em aliança com os partidos da extrema-direita! As pesquisas eleitorais apontam apoio popular a essa “saída”! Nesse sentido, chamando as “eleições agora! Cancelamento unilateral da dívida e desligamento da União Europeia!” (idem) o KKE não faz mais que dar fôlego à burguesia por meio das ilusões eleitorais!

Tragicamente, longe de abrir caminho para o socialismo e a revolução, como apregoavam desde o stalinismo até o revisionismo do trotskismo, a dramática situação grega está assentando as bases para a barbárie social sob o tacão da direita tradicional, que vai assumindo as rédeas do regime. Insistimos na lição de que não haverá mobilizações, por mais multitudinárias e heróicas que sejam como as que estamos presenciando na Grécia hoje, capazes de derrotar a burguesia e seus governos lacaios sem a adoção de uma estratégia revolucionária de luta pelo poder operário. Se não tirarmos estas lições para forjarmos no combate em curso a construção de um autêntico partido revolucionário, jamais romperemos com a onda de derrotas que estão sendo impostas aos trabalhadores no campo econômico e político, duas faces dramáticas dessa verdadeira tragédia grega!

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Acaba a greve da PM baiana após denúncias de assassinatos de moradores de rua praticados pelos “combativos” policiais

Foi encerrada sábado à noite (11/02) em uma reduzida assembleia a greve da PM na Bahia, após doze dias de paralisação. O movimento perdeu força social já há alguns dias, o que obrigou a desocupação do prédio da Assembleia Legislativa, importante “ícone” da greve e elemento de barganha para as negociações com o governo petista de Jaques Wagner. Mas o principal “trunfo” da greve era mesmo o clima de terror espalhado na cidade de Salvador, com o aumento dos saques a pequenos comerciantes da periferia e a morte de moradores de rua. Quando no início da semana foi revelado, por meio de escutas telefônicas feitas pelo governo estadual com a autorização judicial, que o comando do movimento organizava os saques, queima de caminhões e até os assassinatos dos indefesos moradores de rua, a greve se desmontou por completo. O governo Wagner partiu para uma ofensiva midiática, jogando a população contra a greve, qualificando “generosamente” os policiais assassinos de “baderneiros” e de cometerem “vandalismo”. A assembleia da PM foi obrigada a aceitar a “reduzida” proposta (feita antes mesmo do começo da greve) de um aumento de 6,5% e pagamentos de gratificações escalonadas até 2015! Mas, pelo menos o contingenciamento orçamentário de 2012 para a compra de mais viaturas (importadas) e armas sofisticadas para reprimir melhor a população pobre e trabalhadora foi garantido por Wagner, configurando o saldo “positivo” do movimento, ao menos para os cretinos que apoiaram a “combativa” greve dos policiais assassinos.

Setores da intelectualidade “progressista” simpáticos ao governo da frente popular trataram de caracterizar o movimento da PM como um “motim”, marcando uma posição contrária a reivindicação dos grevistas e justificando a repressão sofrida com a ajuda do Exército. Por outro lado, a esquerda revisionista apoiou freneticamente a greve policial, afirmando que os PMs são uma categoria de trabalhadores como outra qualquer, e seu movimento debilitaria os governos estaduais, quebrando a “hierarquia militar”. Existiram ainda aqueles que, tentando permanecer equidistantes entre os dois lados (PCB, por exemplo), sacaram suas “receitas democráticas” de segurança pública, fazendo a defesa de uma “polícia cidadã” nos marcos de uma ditadura de classe (capitalismo).

Nós Bolcheviques leninistas entendemos que as atuais greves da PM, estão muito distantes de assumirem uma feição de “motim”, contra a cúpula militar ou mesmo contra as “autoridades” constituídas. Não voltaram suas armas contra nenhum comandante ou governador, não tomaram quartéis ou sequestraram oficiais, no máximo ocuparam um prédio da Assembleia Legislativa, palco tradicional de manifestações de funcionários públicos. Em resumo, se houve algum “motim”, por parte dos policiais grevistas, este ocorreu covardemente contra moradores de rua e pequenos comerciantes. Esta greve policial não “ousou” quebrar qualquer hierarquia substantiva e tampouco teve qualquer móvel democrático contra as próprias barbaridades cometidas diariamente pela tropa contra a população oprimida, com aval do alto comando militar e dos governos eleitos “democraticamente”. A “luta” dos policiais se limitava ao eixo de uma recomposição salarial, fomentada pelos altos gastos orçamentários com a “segurança pública”, leia-se com a preservação da propriedade privada dos meios de produção, de uma elite corrupta e que cada vez mais concentra renda em nosso país e teme a “ira dos marginalizados” deste regime bastardo.

A tentativa de dotar esta greve policial de alguma característica “progressiva” é absolutamente inútil. Por mais que a esquerda revisionista se esforce em “glamorizar” os cães raivosos das PMs, suas ações durante o movimento apenas reproduziram o que são treinados e pagos para fazer, ou seja, assassinar pobres e reprimir trabalhadores. Não por coincidência, quando o PSTU tentou levar o apoio dos rodoviários (a COLUTAS dirige o sindicato) a greve da PM ocorrida no Ceará, a categoria respondeu com um sonoro não! Agora se desnudam os atos “combativos” da PM na Bahia onde os grevistas partiam para queimar caminhões, imaginem a categoria dos rodoviários sendo solidária com seus “chacais”, só mesmo na mente dos estúpidos Morenistas.

Como definiu brilhantemente o “velho” bolchevique L. Trotsky, em uma polêmica com Stalinistas alemães, acerca do suposto caráter “proletário” dos policiais: “O fato de que a polícia foi originalmente recrutada em grande número dentre os trabalhadores social-democratas não quer dizer nada. Aqui também a consciência é determinada pela existência. O trabalhador que se torna um policial a serviço do Estado capitalista, é um policial burguês, e não um trabalhador...” (Questões vitais para o proletariado alemão, 1932). Os soldados e cabos da PM, nada tem a ver com os recrutas e militares de baixa patente das forças armadas, os primeiros são membros de uma instituição policial, militarizada ao gosto dos regimes autoritários, os segundos são militares de fato e pertencem ao exército nacional. Deixemos que o próprio Trotsky exponha esta questão: “A multidão demonstrava um ódio furioso contra a polícia. A polícia montada era recebida com vaias, pedras, pedaços de ferro. Muito distinta era a atitude dos operários com relação aos soldados... A polícia é um inimigo cruel, inconciliável, odiado. Não há nem que se pensar em ganhá-los para a causa. Não há outro remédio que açoitá-los ou matá-los. Quanto ao exército é outra coisa...” (História da Revolução Russa, 1930). Tentar transformar o legado teórico bolchevique, de cindir a base das forças armadas, em uma etapa revolucionária, a favor do proletariado, em apoio acrítico a uma greve reacionária de policiais, não passa de uma “armadilha” do mais rasteiro sindicalismo vulgar praticado pelo PSTU e seus congêneres revisionistas. A própria história da luta de classes se encarregará de elucidar para as novas gerações de comunistas a traição cometida pelos que hoje se colocam no campo da reação, seja na greve das polícias ou ao lado da OTAN na Líbia e Síria.


sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Leia a mais recente edição do Jornal Luta Operária, nº 230, Fevereiro/2012



EDITORIAL
Um gabinete de estafetas a serviço das grandes oligarquias regionais


GREVE DA PM NA BAHIA
Diante do possível enfrentamento entre as tropas do exército e a PM baiana, a defesa do derrotismo revolucionário é a única posição de classe


UMA POLÊMICA COM O PSTU
Devemos apoiar o movimento dos policiais que assassinaram e estupraram moradores do Pinheirinho?


ATO NA PRAÇA DA SÉ EM SOLIDARIEDADE AO PINHEIRINHO
Alckmin, o rato fascista covarde, foge e Kassab é alvo de “ovos e pedras”


ENTRE AMIGOS...
Lula recebe o fascista Alckmin para felicitá-lo pela barbárie no Pinheirinho


A ESQUERDA REVISIONISTA E A DESOCUPAÇAO DO PINHEIRINHO
Crônica de uma derrota anunciada ou... como não organizar a resistência popular à ação militar do fascista Alckmin


“PRIVATARIA PETISTA”
Como nos tempos “plumados” do tucanato, Dilma “bate o martelo” e privatiza os aeroportos de Cumbica, Viracopos e Brasília!


CNJ VERSUS STF, UMA GUERRA DE QUADRILHAS
A “caixa preta” do judiciário brasileiro e seus “bandidos de toga”


UM CONVITE BASTANTE REVELADOR...
PSTU propõe integrar uma “frente de esquerda” encabeçada pelo “movimento por uma nova política”, impulsionado por Marina Silva e Heloísa Helena em Maceió


COLONIALISMO INGLÊS
A disputa diplomática pelo controle das ilhas Malvinas e a impotência da esquerda revisionista, convertida agora em força auxiliar da OTAN


EM DEFESA DO ESTADO OPERÁRIO
Após 50 anos de bloqueio econômico do imperialismo ianque, nossa resposta continua sendo a defesa incondicional de Cuba e das conquistas da revolução!


LUTAR CONTRA A RESTAURAÇÃO CAPITALISTA NA ILHA
O abraço de urso do governo neoliberal de Dilma no Estado operário cubano


A VERDADEIRA FACE DA “PRIMAVERA ÁRABE” NO EGITO
A chacina de Port Said e a “etapa democrática da revolução”


OFENSIVA IMPERIALISTA NO ORIENTE MÉDIO
Falsas manifestações populares, atentados terroristas e sabotagem cibernética: táticas de guerra do imperialismo ianque contra o Irã e a Síria


COMBATE ANTI-IMPERIALISTA NO NORTE DA ÁFRICA
Resistência nacional líbia expulsa as milícias mercenárias da OTAN, retomando o controle da cidade de Bani Walid


O REVISIONISMO DE MÃOS DADAS COM A CASA BRANCA
Senhora Clinton organiza “clube de amigos da Síria” (sic!) enquanto governo turco prepara invasão ao país para “derrubar o ditador Assad”, LIT (PSTU) afirma que apóia a iniciativa!


ONTEM NA LÍBIA, HOJE NA SÍRIA...
PTS, a um passo “à esquerda” do tradicional Morenismo, mas ainda no mesmo campo da OTAN


PUBLICAÇÕES LBI
Lançada nova edição de Marxismo Revolucionário


CAMPANHA NACIONAL DE ASSINATURAS
Assine Luta Operária, um jornal militante de combate pela revolução proletária e o socialismo!


LIGA BOLCHEVIQUE INTERNACIONALISTA