Presidente da Alemanha renuncia, um prenúncio do retorno da velha social democracia à gerência do estado capitalista
O presidente da Alemanha, Christian Wulff, renunciou ao cargo nesta sexta-feira (17/02), após o aumento da escalada de denúncias de corrupção e favorecimento pessoal, praticadas quando ainda exercia o cargo de governador do estado da Baixa Saxônia. O ápice da crise ocorreu justamente no momento em que a justiça alemã estava prestes a pedir autorização do Parlamento Nacional (Bundestag), para retirar a imunidade do presidente e iniciar um processo de investigações sobre as denúncias de corrupção. Diante da possível humilhação, Wulff um democrata-cristão conservador, decidiu pela renúncia, abrindo uma crise política para o governo de Angela Merkel , sua “madrinha” política que com muito custo o elegeu em 2010.
A coalizão conservadora cristã que governa a Alemanha atravessa um período de profundo desgaste político com a crise fiscal dos países europeus da zona do Euro, além da impopularidade em suas próprias fronteiras, em função das medidas de “austeridade” contra a população trabalhadora. A função de presidente da república na Alemanha não ocupa nenhuma responsabilidade administrativa, mas é permeada de grande influência política, uma espécie de “patriarca” moral do povo germânico. A premiê Merkel que está em plena “cruzada” para espoliar nações não-imperialistas da Comunidade Europeia, preservando seu parceiro preferencial (França) desta operação de rapina, agora terá que indicar um novo nome para a presidência alemã com o apoio da “oposição” social-democrata. Acontece que o velho SPD pretende fazer valer a cláusula da “alternância democrática”, planejando assumir o gabinete Alemão em plena bancarrota do Euro.
A social democracia alemã, a mais antiga de todo continente europeu, permitiu a ascensão da reacionária Merkel, justamente para que os democratas cristãos descarregassem sobre o proletariado todo o ônus da crise capitalista. Agora, com uma economia nacional “ saneada” às custas dos imensos sacrifícios do povo europeu, o SPD cobra o seu retorno imediato à chefia do governo alemão. Como “locomotiva” da economia europeia, a Alemanha vem saqueando financeiramente países inteiros, como a Grécia, por exemplo, fomentando novamente um sentimento antigermânico entre os povos europeus. É neste cenário de tensão que a social democracia surge mais uma vez como uma alternativa do capital para gerenciar a crise do enorme descompasso das assimétricas economias europeias.
O último governo “neoliberal” de Schroeder, dirigente do SPD, deixou muitas sequelas políticas, entre as quais um racha à “esquerda” no partido e um vertiginoso crescimento do Partido Comunista, anteriormente considerado morto. As próximas eleições ao Parlamento indicam uma dispersão de forças, sem a hegemonia absoluta da democracia cristã e do SPD, o que implica em um novo governo de “união nacional”, ou seja, as frações da burguesia unidas sob a batuta da social democracia.
Os trotsquistas devem intervir nas próximas eleições alemãs publicitando as conquistas históricas perdidas pelo proletariado com o fim do Estado operário, além da defesa vigorosa (e corajosa) do muro de Berlim, entendido como uma barreira militar de contenção às investidas da OTAN sobre o Leste europeu. Neste sentido não se pode descartar a priori uma aliança política, mesmo que absolutamente crítica do ponto de vista programático, com o Partido Comunista, sobre a base da luta para a reconstrução revolucionária do Estado operário alemão, em toda sua plenitude territorial (Ocidente e Oriente). O bom combate de classe do proletariado alemão e europeu, não é simplesmente pela dissolução da zona do euro ou da própria União Europeia, como advogam os Stalinistas e congêneres revisionistas, mas pela retomada do “cinturão” soviético, do Pacto de Varsóvia e, por que não, do próprio COMECON, estendido até as terras da “realeza” britânica, passando por todas as falsas democracias, agora sob o controle dos rentistas e tecnocratas do mercado.