Rentistas em festa: governo Dilma corta R$ 55 bilhões do orçamento para bancar a orgia do capital financeiro
Mal havia batido o martelo da privatização dos aeroportos, Dilma anunciou um corte de R$ 55 bilhões nas despesas previstas no orçamento da União para 2012. A tesoura neomonetarista do PT atingiu em cheio as aposentadorias, com uma “economia” de R$ 20 bilhões nas áreas de Previdência e Assistência Social, FGTS e outros. Impôs também a redução das despesas com a Saúde em R$ 5,47 bilhões e na Educação, onde foi contingenciado R$ 1,93 bilhões. Não escaparam nem mesmo as verbas destinadas para a Defesa Civil e prevenção de desastres – isto que as calamidades “naturais” são muito comuns nesta época do ano. Todo esse “esforço” tem como objetivo alcançar um famigerado superávit primário de R$ 140 bilhões do Tesouro Nacional em 2012 com o objetivo de pagar os juros da dívida “pública”, ampliada em duas vezes nos últimos nove anos. As altas taxas de juros pagas pelo Banco Central aos rentistas internacionais vêm atraindo para o Brasil um enorme contingente de investimentos, na busca de um mercado seguro e estável. A bolha de crescimento econômico é inflada via crédito fácil oferecido pelo grande capital, bancado em última instância através dos cortes orçamentários do orçamento estatal. Desta forma, o governo da frente popular patrocina uma ciranda financeira que se tornou essencial à valorização do capital que “investe” no país, ganhando os tubos com tal rendimento de juros dos títulos públicos, mas quem paga a conta de fato são os trabalhadores com o arrocho salarial e o corte de direitos.
Esse verdadeiro assalto ao tesouro nacional em benefício da oligarquia financeira significa um ataque direto às condições de vida do nosso povo, que morre nas filas dos hospitais e não tem acesso a educação de qualidade, sofre na carne com inundações e deslizes de encostas, cuja população fica relegada ao abandono. Aqui todo o mito acerca de qualquer vestígio progressista do governo petista de desmancha no ar! O mais tragicômico neste cassino financeiro é que por mais que o governo Dilma deixe de investir nas chamadas “áreas sociais” para engordar o bolso dos banqueiros, obviamente a questão não se resolve. A dívida pública aumenta a cada ano, uma vez que o setor público é “forçado” a contrair novos débitos para pagar a totalidade dos juros. É um círculo vicioso montado claramente a serviço do capital financeiro, um dos grandes apoiadores do governo da frente popular.
O mais hilário em isso tudo é ver a CUT, CTB, UNE e MST afirmarem na reunião da CMS que “a profundidade e a irracionalidade do montante retirado do orçamento vão na contramão dos compromissos assumidos pela presidenta Dilma nas últimas eleições e contradizem o discurso realizado recentemente no Fórum Social de Porto Alegre, onde se contrapôs à lógica da subserviência aos ditames do capital financeiro internacional. Os compromissos de campanha, setores estratégicos e altamente sensíveis como saúde, educação e desenvolvimento agrário foram guilhotinados para alimentar a agiotagem, num claro desserviço ao país e ao povo brasileiro” (sítio CUT, 16/02). Trata-se de uma verdadeira farsa montada pela burocracia sindical “chapa branca”, já que Lula em sua conhecida “Carta aos Brasileiros” e o “poste” Dilma, que teve o apoio público dos banqueiros em sua campanha, sempre se “comprometeram” com o capital financeiro e nunca em combatê-lo. Por sua vez, a esquerda reformista, inclusive os revisionistas do trotskismo que se mantêm no PT, como “O Trabalho” e Esquerda Marxista (já não falamos da DS há tempos convertida a socialdemocracia), abandonaram a defesa da consigna do não pagamento da dívida interna e externa, clamando no máximo por uma “renegociação justa”. Fingem desconhecer que a chamada “dívida pública” é hoje a principal fonte da especulação financeira do país. O perfil da dívida “pública” concentra nas mãos das grandes corporações econômicas a grande maioria dos títulos estatais negociados no mercado financeiro.
A estatização de todo o sistema financeiro, contemplando o não pagamento das dívidas interna e externa, além da adoção de uma política de juros negativos para os empreendimentos dos trabalhadores e dos pequenos produtores rurais, é a única plataforma progressista para a classe operária. Toda demagogia da burocracia sindical “chapa branca” contra os atuais cortes no orçamento, no que é seguida pela “oposição de esquerda”, não serve aos interesses imediatos e históricos do proletariado, já que não está baseada na luta direta contra o governo burguês da frente popular! Portanto, cabe aos trabalhadores e sua vanguarda classista abstrair como lição que a única forma de romper com suas miseráveis condições de vida é lutando decididamente pela liquidação revolucionária do modo de produção capitalista, rompendo com a cadeia de espoliação que a frente popular e o tucanato impõem sobre o povo pobre para manter a festa bilionária dos rentistas e banqueiros!