quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013


Em meio a crise italiana surge um “grillo” a serviço da estabilização do regime
As eleições parlamentares italianas resultaram em uma profunda divisão do quadro político nacional, abrindo uma grave crise na gerência burguesa. Nenhum partido ou coligação conseguiu número suficiente de cadeiras na Câmara e no Senado para formar um governo estável e já se discute a convocação de novas eleições. Porém, a grande surpresa foi o Movimento Cinco Estrelas, do comediante Beppe Grillo, que alcançou 25,55% na Câmara (ocupando 108 vagas) e 23,80% para o Senado (54 vagas), galvanizando o chamado “voto de protesto” contra as forças tradicionais que sustentam o regime. A coalizão liderada pelo secretário do Partido Democrata (PD), Pier Luigi Bersani, obteve 29,54% dos votos (340 deputados) em coligação com os chamados “verdes” (Ecologia e Liberdade) contra os 29,18% da coalizão de direita de Silvio Berlusconi encabeçada pelo Partido Povo e Liberdade (124 deputados). Pela legislação antidemocrática italiana, o PD recebeu o bônus por ter obtido o primeiro lugar, mas ainda assim sua frente eleitoral não alcançou a maioria no parlamento. A coalizão do ex-primeiro-ministro Mario Monti foi fragorosamente derrotada, com 10,54% dos votos para a Câmara e 9,13% para o Senado. O Partido dos Comunistas Italianos (PdCI) e a Refundação Comunista (RC) que se aliaram em torno da chamada “Revolução Civil”, sob a liderança de Antonio Ingroia, amargou um rotundo fracasso e não conseguiu atingir sequer a cláusula de barreira de 4%, ficando fora do Parlamento. Neste quadro de divisão, o movimento liderado por Grillo expressa um fenômeno político que vem marcando os países que atravessam forte crise econômica na União Européia, como França e Grécia, o voto em partidos e movimentos que se apresentam de alguma forma como dissidências abertas das legendas tradicionais de “esquerda”, um processo que marca a profunda confusão ideológica reinante a partir da própria ofensiva ideológica mundial aberta desde a queda do Muro de Berlim.

O Movimento Cinco Estrelas apareceu como o “novo” aos olhos dos setores populares descontentes tanto com a direita representada por Berlusconi como com os sociais-democratas do PD, ex-comunistas convertidos à ordem burguesa. Quem poderia galvanizar esse sentimento pela “esquerda”, a RC e o PdCI, foram pelo contrário castigados nas urnas, porque se negam a defender uma política de ruptura aberta com o regime em meio a grave crise econômica. Como reconhece Paolo Ferrero, secretário nacional do Partido da Refundação Comunista “É grande a desilusão e o desânimo. Quero agradecer aos companheiros e companheiras e propor uma reflexão. Os dados são claros: perdemos. A 'Revolução Civil' ficou esmagada entre o voto de protesto dado a Grillo e o voto útil dado a Bersani” (Vermelho, 26.02). Neste marco, Grillo personificou a repulsa ao partidos tradicionais, como já tinha ocorrido na França com a candidatura da Frente de Esquerda de Mélenchon e na Grécia com o Syriza. Note-se que estes fenômenos se inscrevem nos marcos das opções que a burguesia tem para dar um fôlego a crise política que vem atravessando os países castigados pelo debacle econômico. Em 2009, Grillo reivindicou concorrer à liderança do Partido Democrático, mas não teve sucesso em seu objetivo. Nas eleições desta semana superou em votos do PD. Grillo não é um “palhaço” como vem apresentando a mídia burguesa mas uma espécie figura que personalisa um difuso populismo de centro-esquerda, reclama um “rendimento de cidadania” de 1000 euros para desempregados e pessoas sem rendimentos, corte nas despesas militares, saída da zona euro, diminuição dos salários dos políticos ou a redução da semana de trabalho a 20 horas e o mais importante, a renovação das chamadas “instituições politicas”. Os seus ataques nos discursos contra a “classe política” em abstrato, sem questionar o sistema capitalista e sua relação de poder é um instrumento demagógico que visa canalizar o enorme descontentamento da população com o regime, principalmente das classes médias, mas mantendo os mecanismos de exploração capitalista.
Por mais “exótica” que seja esta figura midiática, Grillo também está a serviço da manutenção do regime, suas propostas “alternativas” se inserem em um contexto de contestação dos próprios partidos políticos e dos sindicatos, apoiando-se nas “redes sociais” e nos "cidadãos" de forma isolada, como deseja fazer Marina Silva e sua Rede no Brasil, que representa os interesses de setores do imperialismo ianque em nosso país. Por trás desse discurso horizontal e pretensamente libertário encontra-se os interreses do capital, encoberto por “novas formas de fazer política”. Tanto que em seu blog Grillo assegurou que “Seremos 150 dentro  do Parlamento, entre o Senado e a Câmara dos Deputados e muitos milhões fora”. Segundo Alessandro Di Battista, membro do movimento de Grillo e hoje deputado por Roma “Demonstramos que para colocar as instituições de pé não necessitamos de dinheiro público. Demonstramos que nós, cidadãos, podemos tomar nosso país. Isso nos dá uma satisfação imensa. Entramos, abrimos o parlamento como se fosse uma lata de atum e ensinamos a todo o povo da Itália que ele tem sentir orgulho de ser italiano. Caralho! Nós não somos em nada uma organização de esquerda. Pensamos que as ideias devem ser logicas e não ideológicas. Aqui no Cinco Estrelas há pessoas que vêm da esquerda, outras da direita, mas são sobretudo cidadãos lindos e honestos. Somos um grupo de cidadãos organizados que pode governar melhor que os políticos profissionais” (Carta Maior, 25.02). Como observamos, trata-se de uma “alternativa” que se propõe a colocar de pé as instituições desgastadas do regime, dando-lhes uma sobrevida no interior do capitalismo.

A derrota da direita italiana e da própria “esquerda” convertida a agente do capital não virá pela via eleitoral, ao contrário, uma nova gerência do PD a frente do Estado imperialista só reforçará as tendências direitistas presentes em um período de agravamento da crise capitalista, como vem ocorrendo na França com Hollande. Por sua vez, Grillo e seu Cinco Estrelas representam uma contestação que não ataca as raízes da crise: o poder dos capitalistas sobre a política e a economia. Os bolcheviques leninistas apontam vigorosamente a senda da frente única operária de ação direta, com absoluta independência de classe em relação aos setores “progressistas” e “alternativos” da burguesia, como é o caso tanto da atual da social democracia europeia já convertida em força política capitalista e do movimento de Grillo. Nas eleições parlamentares da Itália, a esquerda revolucionária não tinha candidato ou partido em que votar e, caso venha ocorrer um novo pleito, deve reforçar a denúncia das duas candidaturas siamesas, Partido Povo da Liberdade de Berlusconni e PD, ambas comprometidas com o draconiano programa de “ajustes” do FMI (até pouco tempo dirigido por um quadro “socialista”) além do Movimento Cinco Estrelas, que em nome do suposto "horizontalismo" combate abertamente a construção de um partido revolucionário e se opõe abertamente ao socialismo. Somente a ação direta e revolucionária das massas será capaz de estabelecer as bases, não para “uma nova política” como prega Grillo, mas sim para fundação da república socialista dos povos europeus que tenha como base a expropriação da burguesia e a liquidação de seu Estado!

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013


E o Oscar vai para... Obama e sua ofensiva contra o Irã!

Na madrugada desta segunda-feira, 25/02, foi anunciado com toda “pompa” o vencedor do “maior” evento do cinema mundial. O “Oscar” de melhor filme vai... suspense... eis que de repente aparece, para surpresa de todos, direto da Casa Branca, Michele Obama anunciando que “Argo”, do ator e “diretor” Ben Affleck, foi o grande vencedor da noite. O filme trata da chamada “crise dos reféns” durante o governo Carter, ocorrida logo após a deposição do Xá Reza Parhlev em 1979, quando partidários do novo regime tomaram a embaixada dos EUA em Teerã e mantiveram prisioneiros 56 “funcionários” norte-americanos durante 444 dias. Na verdade, agentes encarregados de conspirar e de sabotar por dentro o regime anti-ocidente recém-parido com o amplo apoio do movimento de massas. Seis agentes ianques conseguiram fugir e se refugiar na embaixada canadense, aos quais os serviços de inteligência norte-americanos dirigiram suas atenções para resgatá-los, fato que originou o roteiro do filme vencedor. Longe de retratar com fidelidade, o filme descamba para a invencionice e exaltação dos feitos da CIA. “Argo” foi, na verdade, uma artimanha proposta pela embaixada canadense que consistia na criação de um filme falso, com um roteiro e produção falsos, que serviria para resgatar (extraditar) os refugiados disfarçados de atores. Após uma série de fracassos retumbantes – inclusive com mortes durante a “Operação Eagle Claw” – a CIA resolveu encampar esta ideia. O filme, óbvio, oculta estes fatos, e consagra os “feitos” desta obscura agência de inteligência. A intervenção da “primeira dama”, direto da Casa Branca, fez rufar os tambores de guerra contra o Irã e todos os povos que não se alinham aos desígnios de Washington. Não por coincidência, outros dois filmes caminharam pela mesma trilha de prêmio à belicosidade: “A hora mais escura” (sobre o assassinato de Osama Bin Laden no Paquistão com seus 30 minutos iniciais de descarada apologia à tortura) e o ultranacionalista e conservador “Linconl” de Steve Spielberg quem ressalta o papel do presidente “humanitário” e menospreza o papel protagonista de classe dos escravos negros. A vitória de “Argo” prova mais uma vez que Hollywood é porta-voz dos interesses do Departamento de Estado ianque, alinhada com sua sanha guerreirista contra o Irã e à ofensiva ideológica aos países que não se alinham às suas determinações colonialistas de dominação do planeta.

“Argo”, em seus primeiros minutos até que poderia despontar como um filme interessante, mas logo em seguida cai em grotescas falsificações e heroificação da CIA. Aqui não há espaço para coadjuvantes, mas para apenas um protagonista, a CIA. Affleck arma um filme onde os iranianos são apenas “fanáticos histéricos” que andam pelas ruas em bandos como animais, transformados pateticamente em “vilões” da estória, na condição de “terroristas” que odeiam o “american way life”. Propositalmente, nada consta que em 1953, graças a um golpe militar dirigido pela CIA no Irã, conhecido como “Operação Ajax”, foi instalada uma ditadura militar selvagem e assassina, encabeçada pelo arquicorrupto, pró-imperialista e torturador Xá Reza Pahlevi (deposto 26 anos depois!), derrubando o governo nacionalista de Mohammed Mossadegh que havia nacionalizado a indústria petrolífera. Mais recentemente, foi responsável pela invasão e destruição do Iraque, Líbia e hoje cumpre este mesmo papel contra a Síria. Alvos militares futuros e inelutáveis, em decorrência desta ofensiva, estão as usinas nucleares e os regimes de Teerã e de Pyongueangue.

Sem dúvida, o filme coloca na ordem do dia a ofensiva ianque contra o Irã. Os revolucionários não apoiam o regime burguês-teocrático de Teerã, mas reconhecem os avanços anti-imperialistas conquistados a ferro e fogo pelas massas em 1979. Assim como defendemos o direito à autodefesa do Estado operário norte-coreano, é direito do Irã, um país oprimido, de possuir arsenal militar atômico para se enfrentar com império ianque. Assim, os comunistas não temem estabelecer uma frente única de ação com o regime dos aiatolás em caso de agressão imperialista ao país, como já aconteceu quando da derrubada do Xá Reza Pahlevi, apesar de termos plena ciência do caráter de classe das direções religiosas muçulmanas. Não nos somamos ao coro reacionário da cruzada “antiterrorista” promovido pelo Pentágono contra o Irã, a exemplo do que fazem os morenistas que declaram sem papas na língua seu vergonhoso apoio às investidas das tropas treinadas pela CIA e às bombas da OTAN contra a Líbia do coronel Kadaffi e hoje às investidas sobre a Síria.

“Yes, I can”, assim pode ser resumido o lema da Era Obama, de ocupar militarmente todos os países que não se alinhem à sua sanha colonialista. “Argo” consiste em uma espécie de “vingança hollywoodiana” à humilhante derrota dos EUA em sua tentativa de intervenção no Irã sob o governo Carter em 1979, tal qual foi feito sob as hostes de Reagan quando Hollywood criou o “Rambo” para lamber as feridas expostas com o fracasso militar no Vietnã. Como não há um contraponto militar, como havia outrora com a URSS, hoje os EUA partem para dominar à força regiões inteiras do planeta. A nova produção cinematográfica de Hollywood nada mais fez do que encampar para si os grandiosos interesses do complexo militar-industrial do Pentágono e os neo”falcões” obamistas. “Argo”, apesar de toda a pompa, é um filme extremamente medíocre do ponto de vista estético e falsifica descaradamente a história, no qual até mesmo o ator principal, e diretor, fica muito a desejar em sua interpretação. Mesmo assim, a “academia” estendeu o tapete vermelho para a CIA, este antro de espionagem, perseguição, tortura, assassinatos e de propagação de terror em todo o mundo. A tríade “Argo”, a “Hora mais escura” e “Linconl” são a expressão mais acabada da atual etapa contrarrevolucionária e de ofensiva ideológica do império que, embora em crise econômica, detém a hegemonia militar do planeta e procura através de sua força dominar todas as suas fontes energéticas.

 

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013


Quem é a “tropa de choque” que tanto defendeu Yoani Sanchez?

Durante sua visita ao Brasil a blogueira mercenária Yoani Sanchez foi alvo de justas e combativas manifestações que expressaram o repúdio de diversas correntes políticas, militantes comunistas e ativistas independentes que se reivindicam anti-imperialistas e defensores da revolução cubana contra a verdadeira cruzada de ataques a Cuba e suas conquistas sociais. A “turnê” desta agente oficiosa da Casa Branca foi financiada em nosso país pelos grandes meios de alienação de massa, com direito a ser capa da arquirreacionária revista “Veja” e alvo dos aplausos do fascista Reinaldo Azevedo em seu blog, amplo espaço na mídia venal, visita ao parlamento burguês para a exibição de um documentário provocativo a Ilha operária e, claro, hospedagem em hotel cinco estrelas na condição de hóspede de luxo. Tamanha “gentileza” da burguesia teve seus motivos: esta mercenária a soldo da sinistra SIP (Sociedade Interamericana de Imprensa), além de atacar Cuba, fazia ativa propaganda contra o comunismo e o “totalitarismo de esquerda”. Em sua defesa, estabeleceu-se uma verdadeira "tropa de choque" que agrupou os políticos burgueses mais reacionários de nosso país, figuras abjetas do quilate de Geraldo Alckmin, Ronaldo Caiado, Jair Bolsonaro, Aécio Neves, uma corja direitista que teve ao seu lado o servil senador Eduardo Suplicy (PT) e o... PSTU!

Em todas as atividades púbicas que esta mercenária realizou no Brasil, as manifestações tiveram que enfrentar os ataques da mídia "murdochiana" e o aparelho repressor do Estado burguês, como em Feira de Santana (BA), onde esta ratazana foi literalmente escoltada pela Polícia Militar a pedido do calhorda senador Eduardo Suplicy (PT). O PSDB chegou a solicitar formalmente que a Polícia Federal fizesse sua segurança frente ao ataque de "terroristas de esquerda". Na Câmara dos Deputados, Yoani foi sempre escoltada por Ronaldo Caiado (DEM), homem da assassina UDR e representante-mor do terror do latifúndio contra os camponeses pobres e sem-terra que declarou: “Essa jovem corajosa vem ao Brasil e grupos que não têm como atacá-la moralmente e eticamente tentam destruir sua imagem” no que foi acompanhado do militar fascista Jair Bolsonaro (PP), defensor público do golpe militar de 1964 e das torturas contra militantes de esquerda que colérico vociferou: “Ela é um exemplo vivo do que vive Cuba, não queremos um regime assim”. No senado, foi abraçada por Aécio Neves (PSDB), apresentado como o principal candidato da oposição burguesa. Ao saber disso, ela pediu que não a deixasse só em sua cruzada contra Cuba, reclamando que o governo Dilma era “silencioso” e não condenava os “crimes da ditadura comunista de Fidel e Raul Castro”. Em São Paulo, Alckmin, membro da Opus Dei e inimigo declarado dos trabalhadores, tanto que a qualquer protesto responde com a violenta repressão da PM, recebeu Yoani declarando que ela era uma “guerreira da Liberdade”, ao melhor estilo dos pastelões hollywoodianos que apresentavam o mercenário Rambo como defensor da democracia contra o “demônio vermelho” representado pela União Soviética. As palavras do facínora Alckmin são lapidares: “Ela é uma heroína moderna, heroína na defesa da liberdade de expressão, da liberdade nas redes sociais”.
A esta “tropa de choque” repugnante para qualquer militante de esqueda integrou-se vergonhosamente o PSTU! Em plena polarização com a direita e sua mídia venal, este partido lançou um artigo escandaloso intitulado sintomaticamente de “Quem tem medo de Yoani Sánchez?” (sítio PSTU, 22/02), não por acaso repetindo quase os mesmos termos da revista Veja, que em sua capa desta semana, com letras garrafais, tem como manchete: “A blogueira que assusta a tirania - Porque a ditadura cubana e seus seguidores no Brasil tem tanto pavor de Yoani Sanchez, a ponto de tentar calar sua voz à força”. No seu artigo inspirado na linha política do grupo Abril, da família Civita, o PSTU declara que “não integra nem apóia essas manifestações” e afirma textualmente que “Suposições sobre suas reais motivações à parte, fato é que a blogueira faz uma crítica correta a partir de um fato concreto: a ausência de liberdade de expressão e organização em seu país”. Em resumo, para os morenistas canalhas não importa que a blogueira seja agente da CIA, patrocinada pela SIP, receba gordos salários para atacar a revolução cubana, tenha direito a capa na Veja e palestra “privê” no Estadão com o “supra-sumo” dos “jornalistas” da reação midiática, o importante é que ela ajuda na luta contra a “ditadura totalitária” em Cuba. O PSTU não participou das manifestações contra Yoani porque simplesmente este partido estava no outro lado da barricada, no campo político e militar oposto à trincheira dos combatentes que se reivindicam anti-imperialistas, formando a “tropa de choque” em defesa da agente oficiosa da Casa Branca, junto com Caiado, Bolsonaro, Aécio e Alckmin, a fina-flor da direita no Brasil! Não é de se estranhar tal conduta vergonhosa, recentemente o mesmo PSTU-LIT trouxe ao Brasil a “rebelde” Sara Al Suri, apresentando-a como uma “revolucionária” síria e logo depois se descobriu com amplas provas (fotos e vídeos), como a LBI já havia denunciando na época, que esta não passava de uma agente da CIA, tanto que estava sendo elogiada em um site na internet ligado às forças armadas dos EUA! Para o PSTU, que defendeu a frente com a OTAN na Líbia em nome da “democracia” e agora reivindica a vitória dos “rebeldes” armados pela CIA e o Mossad na Síria contra a suposta “ditadura sanguinária de Assad”, nada mais normal que se postar ao lado de Yoani e declarar que ela “faz uma crítica correta a partir de um fato concreto: a ausência de liberdade de expressão e organização em seu país”. A defesa da democracia burguesa e da suposta liberdade de expressão que, segundo estes ratos revisonistas, o capitalismo permite é um direito “sagrado” que os morenistas defendem, sendo, portanto legítimo se aliar a OTAN ou a direita em nosso país para combater os regimes ou forças políticas que não tem a democracia ocidental capitalista como modelo político ou mantenham algum grau de fricção com a Casa Branca.

A LBI, que foi a primeira corrente política a convocar a importante manifestação contra Yoani realizada em São Paulo no último dia 21, quando esta foi a um “debate” a portas fechadas na Livraria Cultura na Avenida Paulista, tem o dever militante de combater tanto a “tropa de choque” da blogueira mercenária como de desmascarar os revisionistas que enlameiam o nome do trotskismo, como o PSTU, estando a serviço desta canalha reacionária unida em prol da “democraia e da liberdade”, ao melhor estilo das marchas por “Deus e pela Liberdade” que deram apoio ao golpe de 64 e depois à ditadura militar no Brasil. Ombro a ombro com outras correntes políticas e movimentos sociais (PCdoB, PCR, Inverta, Comitê de Solidariedade a Cuba, Levante Popular da Juventude e MST), apesar das enormes diferenças políticas que temos com estas forças, respondemos as provocações de um grupo de direita fascitizante pró-Yoani no hall de entrada do evento entoando palavras de ordens em defesa da liberdade dos cinco presos políticos cubanos encarcerados nas masmoras do império. O PSTU não compareceu a esta atividade internacionalista porque este partido e seus satélites revisionistas estavam ao lado das figuras mais nefastas de nosso país em seu virulento ataque ao Estado operário cubano. Os morenistas agiram da mesma forma quando saudaram recentemente o arquirreacionário STF, junto com a Rede Globo, a Veja, o PSDB e o DEM, depois do “Supremo” condenar uma parte do núcleo histórico do PT (Dirceu, Genoíno, Delúbio e João Paulo) na farsa do julgamento do chamado “mensalão” em nome da suposta moralização do Estado burguês. É preciso que a vanguarda política tire as lições desta “frente única” escandalosa que abarca desde os defensores da ditadura militar, da UDR, da Opus Dei, passando pelo PSDB-DEM e chegou até o... PSTU! Esta santa aliança que vem se consolidando em questões candentes da luta de classes (“mensalão”, Líbia , Síria e Cuba) demonstra que o PSTU passou de malas e bagagens para o campo de reação burguesa imperialista, atravessou o rubicão de classe, daí ter se integrado sem vacilar à “tropa de choque”  que defendeu Yoani Sanchez em sua visita ao Brasil!

 

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013


Ciro Gomes abre fogo contra a candidatura do “companheiro” Eduardo Campos, de olho na chapa de Dilma

O filhote “socialista” mais pujante das reacionárias oligarquias cearenses, Ciro Gomes (ex-ARENA, PDS, PMDB, PSDB e PPS), resolveu abrir fogo contra as possíveis pretensões presidenciais de seu colega de partido, o governador de Pernambuco Eduardo Campos. Em seu programa de “esportes” na Rádio Verdes Mares, Ciro declarou que o neto de Miguel Arraes, que hoje detém o controle do PSB por herança, não tem condições de governar o país. Segundo o “coronel” Ciro, seu atual partido o PSB, deveria apoiar firmemente a reeleição da presidente Dilma, apesar de considerar a maioria dos petistas um “bando de vagabundos”. A máfia dos Ferreira Gomes (Ciro, Cid e Ivo) acaba de impor uma vitória fraudulenta sobre o grupo petista da prefeita Luiziane Lins (DS) sob os auspícios da presidente Dilma que estimulou uma candidatura própria do PSB nas últimas eleições municipais, mesma tática utilizada pelo Planalto em Recife onde o PT também foi fragosamente derrotado. Aberta uma pequena possibilidade política de Eduardo Campos concorrer à presidência já em 2014, seria um fato que demoliria as pretensões dos Ferreiras Gomes de indicar um nome do clã para compor como vice a chapa de Dilma. A estratégia de Ciro é bem certeira, primeiro tenta convencer a “base aliada” da frente popular que o PSB mereceria indicar o vice em 2014, utilizando o desgaste da quadrilha que domina o PMDB (Sarney, Temer, Renan) já estar controlando a Câmara dos Deputados e o Senado Federal. Depois Ciro deverá mostrar a Eduardo Campos que não seria politicamente interessante para suas futuras pretensões presidenciais ocupar um cargo “administrativo”, sem muito “brilho”, na segunda gestão de Dilma. Ciro um especialista em fazer bons “negócios” privados com as verbas estatais tem bem mais experiência que o “jovem” Campos no manejo do acúmulo patrimonialista sob a benção do Estado burguês. Eduardo é neto de um velho político nacionalista, cassado pela ditadura militar e um dos fundadores da ala “autêntica” do antigo MDB, já Ciro Gomes é filho de um prefeito da cidade de Sobral (CE), ligado diretamente aos sinistros coronéis da ARENA, Adauto e Humberto Bezerra, podem parecer hoje diferenças  insignificantes diante de uma conjuntura pragmática da política burguesa praticada pelo PT. Mas a verdade é que enquanto Campos pretende realizar no governo central algum projeto político burguês, timidamente desenvolvimentista, os Ferreira Gomes só estão interessados em aumentar o patrimônio do clã familiar, sendo que o melhor cargo “republicano” para esta “função” atende pelo nome da vice-presidência da República, que o diga o “professor” Michel Temer que não anda muito contente com as articulações para lhe tomarem o posto.

A reação da cúpula do PSB as investidas de Ciro foi imediata. O vice-presidente do partido, Roberto Amaral, homem de confiança do finado Miguel Arraes e responsável por manter viva a ideologia “socialista” do PSB retrucou Ciro em nota oficial da seguinte forma: “lamento profundamente a opinião desinformada sobre a visão de Eduardo Campos, seja sobre a crise econômica, que tanto tem denunciado, seja relativamente à sua visão de Brasil, que não é só dele, mas do partido”. Desta vez, Ciro terá dificuldades de procurar abrigo em outra legenda, às vésperas de uma eleição, a alternativa será engolir calado a reprimenda do PSB na expectativa que o projeto de uma candidatura presidencial de Eduardo Campos não avance além das manchetes “murdochianas”. A anturragem Dilmista neste caso coincide integralmente com as posições do ex-governador cearense e muito provavelmente já deve ter acenado com uma “proposta” palaciana para o clã dos Ferreira Gomes.

O lançamento oficial da reeleição de Dilma, feita recentemente pelo próprio Lula, abriu uma disputa acirrada pela vaga da vice-presidência. No campo do PMDB não há um consenso absoluto acerca da permanência de Temer no posto. O governador do Rio de Janeiro, Sergio “Caveirão” reivindica ocupar a cobiçada função de vice e oferece ao PT o Palácio das Laranjeiras no caso de se concretizar o acordo. Lula, por sua vez, gostaria de deslocar Temer para a disputa do governo paulista deixando para Eduardo Campos a preferência para preencher a vacância do PMDB. Ao que tudo indica Dilma tem mais simpatias por um nome originário do clã dos Ferreira Gomes, Ciro ou Cid, sabendo ela que Eduardo Campos dificilmente aceitaria um convite para ocupar sua vice-presidência. Em todo caso a “troika” que dirige o PMDB já anunciou que não abre mão da permanência de Temer, prometendo lutar com seus “próprios meios” de guerra de quadrilhas pela manutenção da bilionária “boquinha” estatal.

A feroz luta fracional no interior das classes dominantes pelo controle do botim estatal desgraçadamente não tem sido aproveitada pelo movimento de massas em proveito de um projeto revolucionário de poder operário. A esquerda domesticada ao regime burguês que se divide entre as alas “chapa branca” e “oposição de esquerda” tem um horizonte limitado a institucionalidade burguesa, portanto, reféns do circo eleitoral pautado pela frente popular. A ausência de um partido revolucionário no cenário político nacional permite que as oligarquias dominantes e seu parceiro preferencial, o PT, transitem livremente em suas negociatas comerciais (com dinheiro público) e celebrem acordos políticos de rapinagem estatal em plena “luz do dia”. Somente a destruição violenta, pela via da ação direta do proletariado, deste regime social completamente apodrecido poderá apresentar uma saída progressista para a decadência humana que o capitalismo nos oferece.


sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013


Manifestação convocada pela LBI contra a blogueira da CIA inviabiliza evento contrarrevolucionário em São Paulo

Mais de 100 ativistas participaram da manifestação contra a blogueira mercenária Yoani Sanchez ocorrida no final da tarde desta quinta-feira, 21 de fevereiro, em São Paulo, durante um “debate” a portas fechadas que seria realizado na Livraria Cultura, localizada na Avenida Paulista. A realização da manifestação nacional de repúdio a presença desta contrarrevolucionária foi uma iniciativa política da LBI, a qual se somaram outras correntes políticas como o PCR, PCdoB, PCB, Jornal Inverta (PCML) e Comitê de Solidariedade a Cuba, além de outras entidades e ativistas independentes. No hall de entrada do evento, o conjunto dos manifestantes responderam às provocações de um pequeno grupo de fascistizantes pró-Yoani, entoando palavras de ordens em defesa da liberdade dos cinco presos políticos cubanos nas masmoras do império. Durante o encontro fechado de Yoani com membros da mídia murdochiana especializada em atacar Cuba e suas conquistas, os manifestantes ocuparam o auditório da livraria e, através de várias palavras de ordens, faixas e cartazes, expressaram sua defesa da revolução cubana e o rechaço a esta agente do imperialismo ianque, inviabilizando o encontro organizado para atacar a Ilha operária. Diante do combativo protesto, a blogueira mercenária que até então palestrava foi obrigada a se retirar do palco e ficou sem terminar os outros compromissos de sua agenda reacionária. A noite de “autógrafos” do seu lixo em forma de livro, montada pela mídia venal para marcar pomposamente a “turnê” desta figura abjeta no Brasil, também teve que ser cancelada por conta da manifestação. Desde a LBI, apesar de nossas pequenas forças, nos orgulhamos de ter tomado a iniciativa política de convocar esta manifestação internacionalista proletária que demonstrou concretamente a solidariedade militante com a revolução cubana e suas conquistas.

Foi sintomático que durante a “turnê” da blogueira mercenária no Brasil, que se encerra neste dia 23, outras correntes que se reivindicam trotskistas e se dizem defensoras da revolução cubana, como o PCO e a LER-QI, mantiveram seu mais profundo silêncio sobre a presença de Yoani, sem ao menos postarem qualquer matérias em seus sites na internet e não aderiram a nenhuma das manifestações contra sua presença em nosso país. Tal conduta vergonhosa se torna ainda mais grave quando sua “cruzada” contrarrevolucionária polarizou politicamente toda a semana, ganhando grande destaque nas TVs e jornais, desde a sua chegada no dia 18. Não por acaso, a direita reacionária e seus meios de alienação de massa, atacaram violentamente os protestos que denunciaram esta agente da CIA, acusando-os de “antidemocráticos e totalitários”, enquanto parlamentares ligados ao PSDB e DEM, com a ajuda do lacaio senador Eduardo Suplicy (PT), abriram espaço para Yoani no parlamento burguês. A necessidade de se estabelecer uma frente única com outras forças que se reivindicam anti-imperialistas nas manifestações contra Yoani e em defesa da revolução cubana, apesar das profundas divergências que tenhamos com estas, segue as melhores tradições do trotskismo, como o velho bolchevique nos explicou quando da defesa da URSS contra o fascismo e a reação interna: “Stalin derrotado pelos trabalhadores será um passo adiante para o socialismo, Stalin esmagado pelos imperialistas significa a contrarrevolução triunfante. Este é o sentido preciso da nossa defesa da União Soviética em escala Mundial’ (Uma vez mais a URSS e sua defesa). A pretexto de “combater o stalinismo” estas correntes revisionistas na verdade se negaram a lutar no terreno concreto da luta de classes contra a investida da direita e sabotaram a perspectiva de, desde a trincheira da defesa de Cuba, apontar o programa da revolução política para que os trabalhadores governem de fato a Ilha operária, superando a própria direção castrista. Não por acaso, estas mesmas correntes revisionistas se postaram no campo de defesa do imperialismo quando da queda do Muro de Berlim e do fim da URSS, apresentando-os como “acontecimentos revolucionários” que seriam a antessala do “socialismo”.

Se PCO e LER optaram pelo silêncio sepulcral, o PSTU-LIT tratou de sair na defesa da blogueira mercenária. No artigo “Quem tem medo de Yoani Sánchez?” (sítio PSTU, 22/02), os morenistas afirmam: “Desde o dia em que aterrissou no Brasil, a blogueira cubana Yoani Sánchez vem enfrentando protestos de militantes pró-regime castrista. Em Feira de Santana (BA), chegaram a impedir a exibição do documentário ‘Conexão Cuba-Honduras’ que tem a blogueira como uma das entrevistadas. Além de defender o governo cubano, essas manifestações impulsionadas atacam Yoani como ´agente da CIA´, supostamente bancada pelo imperialismo com o objetivo de desestabilizar Cuba. Esses protestos mostram parte do respaldo que o regime cubano ainda encontra em vários setores da esquerda. Outros setores, no entanto, como o PSTU, não integram nem apoiam essas manifestações”. O fato é que os morenistas estão na barricada da defesa de Yoani e de seu “direito de crítica” a Cuba, tentando esconder que tais ataques são financiados pela Casa Branca para acabar com o Estado operário. Fazem “frente única” com o imperialismo ianque contra Cuba, assim como estabeleceram aliança com a OTAN contra Kadaffi! Por isto, o PSTU declara cinicamente: “Suposições sobre suas reais motivações à parte, fato é que a blogueira faz uma crítica correta a partir de um fato concreto: a ausência de liberdade de expressão e organização em seu país. Ou os defensores do castrismo também dirão que vigora a democracia na ilha? Seria possível, por exemplo, organizar um partido que se coloca como oposição à burocracia castrista, como o PSTU, em Cuba? Ou como o PSOL? Ou qualquer partido ou organização sindical que tenha como objetivo organizar os trabalhadores e o povo de forma independente do governo? Sabemos muito bem que não”. Estes calhordas são os mesmos que agora seguem ao lado dos “rebeldes” made in CIA na Síria, armados e treinados pelo imperialismo e que acabaram de fazer um mega-atentado terrorista a sede do Partido Baaz, de Bashar al Assad. A LIT lava suas mãos para a defesa das conquistas revolucionárias (ainda que já bastante descaracterizadas, elas continuam existindo) da ilha e torna-se despudoradamente “um instrumento passivo do imperialismo” como diria Trotsky. Já em 2006, em sua revista “teórica”, Marxismo Vivo nº 14, a LIT incorporara definitivamente ao seu programa a plataforma contrarrevolucionária burguesa para Cuba, substituindo por completo as tarefas da revolução política pela defesa da democracia burguesa “contra a ditadura do partido único”, sem delimitar um só instante seu programa do programa capitalista, sem defender a legalização unicamente dos partidos soviéticos, a instauração de um governo operário e camponês e uma verdadeira ditadura proletária. A LIT concebe que o regime castrista é um regime “bonapartista burguês” (Marxismo Vivo nº 14). Contra estes regimes ditatoriais os morenistas adotam desde a década de 80 o programa da “revolução democrática”. Uma “ideia” nada genuína. Mera versão pseudotrotskista das velhas concepções etapistas do próprio stalinismo e da social-democracia. Do ponto de vista conceitual do marxismo, se separamos as frases usadas por estes pseudotrotskistas para se disfarçarem de “revolucionários” aparecerá a verdadeira política da LIT: a defesa da restauração capitalista democrática. Trotsky advertiu uma e outra vez sobre os perigos de confundir as bandeiras da oposição antiburocrática operária com a oposição restauracionista. Assim, por exemplo, se opôs explicitamente à palavra-de-ordem de “Abaixo Stalin” nos anos 30. “É verdade que a consigna ‘Abaixo Stalin’ no partido como no exterior está cada vez mais popular... Não obstante, acreditamos que este ‘slogan’ é falso. Alguém pode ver uma vantagem nesta consigna, mas ao mesmo tempo, indubitavelmente, seu perigo. Assumir uma camuflagem e dissolver-se politicamente no descontentamento geral com o regime stalinista é algo que nós não podemos fazer, nem devemos fazer nem faremos” (Abaixo Stalin não é nossa consigna, Escritos, março/1933).

Reconhecer a importância devida às consignas democráticas nada tem a ver com fazer da democracia burguesa o eixo central do programa trotskista, como fazem os revisionistas. Diante de um Estado operário burocratizado os marxistas revolucionários não defendem retroceder em direção à democracia burguesa, ou seja, não acreditam que em face à burocratização da ditadura do proletariado a saída esteja em retomar a ditadura da burguesia. Defendem sim o avanço em direção à democracia dos conselhos revolucionários. Por esta razão o Programa de Transição não defende a volta à democracia burguesa e a legalização de todos os partidos de uma maneira geral, mas unicamente defende a democracia soviética, a legalização dos partidos soviéticos e o conjunto das liberdades que os conselhos populares decidirem. “A Plataforma da Oposição de Esquerda não contempla, naturalmente, uma democracia absoluta e autossuficiente, acima da realidade política e social. Necessitamos da democracia para a ditadura do proletariado e dentro dos marcos desta ditadura” (Es necesario concertar un acuerdo intrapartidario honesto, 30/3/1933). É inegável que a ofensiva imperialista mundial desatada com a fantasiosa “revolução árabe” animou também a grande maioria das organizações pseudotrotskistas a engrossar a torcida junto com a Casa Branca pela “democracia” em Cuba. Com seus distintos matizes, as conclusões sobre o caráter de classe do Estado cubano variam, mas nenhuma destas escapa de lançar suas aspirações “democratizantes” para por fim ao “regime totalitário”. Objetivamente, levantam contra o proletariado cubano e mundial as bandeiras de seus inimigos de classe gusanos de Miami em favor da implementação da democracia burguesa na ilha, ou seja, o retorno à ditadura do capital.

Desde a LBI estamos na tricheira oposta dos canalhas revisionistas e nos postamos na linha de frente dos protestos contra a presença desta contrarrevolucionária em nosso país. Declaramos nossa defesa incondicional do Estado operário cubano e suas conquistas sociais. Yoani Sánchez representa, na verdade, a ofensiva do imperialismo ianque contra Cuba travestida com sua fachada “democrática”, em defesa das supostas “liberdades políticas”, quando de fato não passa de uma agente oficiosa da Casa Branca voltada a fazer propaganda contra Cuba. Ainda que como trotskistas lutemos por uma revolução política na Ilha para que os trabalhadores controlem verdadeiramente o poder e os meios de produção, acabando com os privilégios da casta burocrática castrista que governa o Estado operário segundo seus interesses de camarilha, somos conscientes de que o inimigo maior de Cuba e suas imensas conquistas sociais é o imperialismo ianque e europeu, o verdadeiro patrão de Yoani Sánchez. Por esta razão, defendemos incondicionalmente a Ilha operária e nos postamos em frente única com aquelas forças anti-imperialistas que rechaçaram a presença desta figura abjeta em nosso país e declaramos em alto e bom som: Fora Yoani Sánchez, agente da Casa Branca e de sua ofensiva contra os povos!


quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013


Ato que celebrou dez anos do governo de frente popular é marcado pela “renúncia” de Lula e hegemonia de Dilma sobre o PT

O ato comemorativo dos dez anos de gerências petistas à frente do Estado capitalista, ocorrido no último dia 20/02 em um hotel de São Paulo, tinha tudo para ser mais um evento rotineiro “chapa branca” onde o atual governo costuma revelar estatísticas oficiais acerca dos “avanços sociais” obtidos através de seus programas assistenciais de transferência de renda. Não por coincidência, há poucos dias Dilma anunciou sua intenção de erradicar a “pobreza absoluta” no país pela via da distribuição de uma bolsa de 70 Reais para “cidadãos” que tem uma renda mensal inferior a este valor. Também não se cansam de repetir em atos políticos desta natureza a “grande realização petista” de incluir 40 milhões de brasileiros no mercado de consumo ou da ampliação do cadastro de pessoas no “bolsa família”, uma espécie de “top trend” do governo da frente popular. Mas, o que seria mais um enfadonho exercício oficialista de tentar camuflar a dramática realidade do povo brasileiro, tornou-se uma peça política de lançamento do candidato do PT que disputará as eleições presidenciais de 2014, pondo um fim às especulações do retorno de Lula ao palácio do Planalto. E foi o próprio Lula quem anunciou que o candidato do partido já está definido, trata-se da ex-poste, a mesma que tinha se comprometido em 2010 a deixar o governo livre para o retorno da liderança maior do PT. Mas, parece que o “poder” estatal arraigou-se nas entranhas Dilmistas e apesar de não possuir nenhum carisma de massas a presidenta agora impôs ela mesma (com a ajuda de uma nova anturragem) a sua própria reeleição, independente da vontade política de Lula e da histórica direção do PT.

Para Dilma, que pensa que habita com Alice o “país das maravilhas”, um ser humano que sobrevive com pouco mais de dois Reais por dia não pode mais ser considerado um “pobre extremo”! Com esta mesma cínica lógica a presidenta “gerentona” apresentou no ato petista seu “cardápio de bondades” que a credenciaria a continuar sua gestão neoliberal, com a chancela do PT. Mas o trunfo decisivo de Dilma para bancar sua indicação no PT, passando por cima do nome de Lula, não se encontra nas parcas “realizações” de dois anos de seu governo. Em primeiro lugar, é preciso situar que o “vôo Dilmista” em direção à sua reeleição começa com a doença inesperada de Lula, introduzindo um certo clima de incerteza no interior do PT. Com a fragilidade física de Lula, Dilma buscou apoio político em setores fora do PT, estimulando a desmoralização pública dos antigos dirigentes da tendência “Articulação”, através da farsa do processo de julgamento do chamado “mensalão”. Depois foi só chantagear o próprio Lula, com a operação policial “Porto Seguro”, somada às ameaças de inclusão de seu nome na mesma ação penal 470 que tramitaria em foro de alguma justiça estadual (São Paulo ou Minas Gerais). Com a “espada de Dâmocles” sobre sua cabeça (PIG, STF e Roberto Gurgel -PGR) não restou outra alternativa a Lula a não ser “ungir” a presidenta Dilma como a candidata “natural” do PT a dar continuidade a mais quatro anos do que cretinamente os sociais democratas chamam de “governo democrático e popular”.

Cercada por mafiosos do quilate de Valdir Raupp ,Gilberto Kassab e Carlos Lupi, Dilma centrou seu discurso nas iniciativas econômicas de seu governo, como a redução da tarifa de energia e os 2,5 milhões de pessoas que supostamente teriam saído da faixa de extrema pobreza. Mas a plataforma que conquistou o efetivo apoio da burguesia nacional para sua reeleição, não foi mencionada por Dilma para a plateia petista, trata-se de audacioso programa de privatizações de equipamentos públicos, como portos, aeroportos, rodovias e hidrelétricas. Nesta direção, o governo trata de promover um ataque velado a maior empresa estatal do país, Petrobras, concedendo carta branca para que Graça Foster implemente o sucateamento, sob o disfarce de um duro ajuste para corrigir os “erros” da administração anterior (ligada diretamente a Lula). Obviamente, que Dilma conta com o suporte do Estado burguês para cooptar e corromper um setor da militância petista reticente a uma guinada ainda mais direitista do governo da frente popular. A luta de camarilhas no interior do PT é feroz, tendo como base comum um programa de tímidas reformas no regime político vigente, neste cenário de um partido burguês, onde são os interesses sociais dos mandatos parlamentares que determinam a linha programática do PT, Dilma não encontrou muitas dificuldades para praticar a “traição e delação” de seus companheiros, com a mira voltada para sua recondução ao Planalto.

O “decênio petista no poder” esteve muito longe de transformar o país, do ponto de vista da classe operária e da maioria do povo oprimido. Se os reformistas de vários matizes partidários consideram a criação de uma nova “banda de consumo” (os tais 40 milhões de incluídos para potenciar a acumulação de capital) como um passo para diminuir as desigualdades sociais, é porque conscientemente omitem que a concentração de renda aumentou nos últimos dez anos. O fato da frente popular ter impulsionado um setor da burguesia a ter um mínimo de “ousadia” (financiada é claro pelo BNDES) em busca de novos mercados, nada tem a ver com algum “instinto” socialista dos governos Lula e Dilma. O Brasil, sob a égide da década petista, continua a ser um país periférico e dependente dos fluxos internacionais do capital financeiro, atrasado cientificamente e subordinado à área de influência política e militar do imperialismo norte-americano. O fato do país não ter afundado no crash bursátil de 2008 apenas o reposicionou melhor no mapa da crise mundial do capitalismo, atraindo novos investimentos ancorados na relativa estabilidade social, proporcionada por um pacto social implícito que imobiliza a radicalidade do movimento de massas.

A “mágica desenvolvimentista” dos governos da frente popular se resume na combinação de dois ou no máximo três ingredientes fundamentais: estabilidade social, suporte estatal para alavancar setores estagnados da burguesia nacional e uma nova colocação do país na divisão internacional do trabalho. Os tucanos trataram de promover o duro ajuste fiscal exigido pelo imperialismo, mas não tiveram o tempo necessário para decolar a economia, seus dois governos (FHC) eram sinônimo de instabilidade social. Lula assumiu em uma etapa mundial de expansão creditícia, que precedeu o crash financeiro de 2008, nos dois últimos anos de seu governo soube remar decididamente na correnteza econômica dos BRICs, mesmo sob os protestos de Washington. Longe de representar uma corrente histórica nacionalista, o PT concentra interesses sociais de uma classe dominante tupiniquim que não pretende dissolver-se no turbilhão mundial da crise estrutural do capitalismo. O proletariado deve ter muito claro que sob o decênio da gerência petista não há nada para se reivindicar como progressista ou de viés nacionalista, somente a ação direta da classe pode assegurar e manter nossas conquistas históricas, hoje ameaçadas pela ofensiva imperialista sobre os povos e nações.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013


40 anos sem Pixinguinha, o genial neto de escravos que criou as bases da música brasileira!

Há 40 anos o Brasil se despedia de um dos maiores gênios da música popular e compositor das bases mais criativas da MPB, convertidas em requintadas partituras, comparado com toda justeza a J. S. Bach. Tudo começou no dia 23 de abril de 1898 quando o mundo agraciou a vinda do neto de escravos, Alfredo da Rocha Viana Filho, o Pixinguinha – uma derivação do dialeto africano “Pinzindin” (menino bom) dado por sua avó – considerado o “mestre dos mestres” musicais. No entanto, inicialmente fora muito incompreendido, pois na condição de pesquisador incansável de sonoridades até então desconhecidas, misturava ritmos e sons afros (frigideiras, tamborins, cuícas e gogôs usados marginalmente nos terreiros de umbanda e nos morros cariocas) com a música negra norte-americana, fundia ritmos de Ernesto Nazareth com Chiquinha Gonzaga numa mistura dialética que culminaria em “Choro” nos moldes modernos. Por esta razão, Pixinguinha estava anos luz à frente de seu tempo na elaboração mais rígida e não por isso menos improvisada de suas imemoriáveis interpretações. Aos poucos sua sonoridade ia encantando que a ouvisse e entendesse. Ganhou reconhecimento e admiração de ícones do quilate de Heitor Villa-Lobos, Louis Armstrong e mais tarde de Vinicius de Moraes, Tom Jobim... Tal foi sua importância para o cenário nacional da música popular que o dia 23 de abril passou a ser considerado o “Dia Nacional do Choro”. Portanto, o resgate da obra do grande mestre da MPB é essencial para o combate à política de deculturação do país promovida por governos burgueses e a frente popular, ambos a serviço da recolonização cultural e da ofensiva ideológica imposta pelo imperialismo ianque sobre os povos de todo o planeta.

Esta imensa verve musical foi herdada de sua família que o influenciava diretamente durante sua infância no Bairro Ramos no Rio de Janeiro. A família de músicos conduziu-o muito cedo à vida noturna de bares, cabarés, cassinos. Claro, criança não deixava de lado a bola de gude e as pipas como todo moleque se divertia; seu amadurecimento para a vida foi bastante precoce. Aos 12 anos já tocava com maestria o cavaquinho, mas sua grande paixão foi a flauta que aprendeu a tocar com o pai, sendo ao longo de sua carreira considerado o maior flautista brasileiro. Sua primeira composição foi feita aos 13 anos, em 1911, “Lata de leite” que reflete o costume dos “chorões” (os membros dos grupos de chorinho) de beberem leite deixado às portas das casas quando de madrugada retornavam as suas moradias. Com 14 anos assumiu a direção de harmonia de rancho carnavalesco e aos 17 tocava em orquestras em casas noturnas do Rio de Janeiro, tornando-se muito conhecido na zona boêmia da Lapa. Sua carreira teve o pontapé inicial, pode-se assim dizer, quando começou a tocar nas salas de espera de cinemas com seu célebre grupo “Os oito Batutas” em 1919, nas quais apenas os melhores músicos se apresentavam, chamando mais atenção do público do que os filmes que passavam nas telas! São desta época as suas primeiras experimentações, cujas melodias hoje são clássicas da MPB: “Rosa”, “Carinhoso” (instrumental) e “Sofres porque queres”. Logo despertou a curiosidade de empresários ligados aos meios musicais que lhe convidou para apresentações pelo Brasil e depois na Europa. “Os oito Batutas”, assim, chegam em Paris em 1922 para uma temporada de um mês. Contudo, o sucesso fora tão surpreendente que lá permaneceu por seis meses, período em que aproveitou para aperfeiçoar sua técnica e harmonia ao conviver nos meandros da música europeia e com o jazz (muito apreciado na França), experiência essencial para o modo de ser “Pixinguinha” e aos moldes modernos do “chorinho”. A partir daí suas composições foram profundamente marcadas por estes elementos, proporcionando que aprendesse a tocar saxofone, o qual trouxe como sua nova paixão em sua volta para o Brasil e que iria ser seu principal instrumento na década de 40.

Tal era seu talento que Pixinguinha ultrapassou com “maestria” todos os preconceitos da época ao introduzir instrumentos desconhecidos na música popular como o pistão, trombone e clarineta. Não foi fácil, nada caiu do céu. Estamos falando do final do século XIX início do XX, de um período bem recente à abolição da escravatura após a qual no Brasil o negro era considerado “vagabundo”, “bêbado”, “malandro” etc. A aristocracia dominante da época queria impedir que os “morenos” tocassem nos cinemas, pois “o lugar deles é nos cabarés e no baixo meretrício”, afirmavam os detratores; uma “orquestra de negros” era inadmissível. Mesmo com o estrondoso sucesso obtido na França – que a elite branca brasileira considerou desmoralizante para o país, chegando ao extremo de pedir ao Ministério do Exterior que impedisse a viagem –, Pixinguinha e seu grupo foram barrados num grande hotel carioca e obrigados a entrar pela porta dos fundos do mesmo, o que o levou a compor a música “Lamento” (para a qual Vinicius de Moraes fez a letra 30 anos depois). Sofreu duras acusações advindas do preconceito e ódio de classe de quem não entendia a dialética transformadora de Pixinguinha, salientando que ele não fazia música brasileira: “Lamento”, “Amigo do Povo”, “Carinhoso” segundo os críticos da época são de influência norte-americana. Na verdade, concentra em seu âmago a brasilidade e a matriz negra enraizada em obras-primas como “A vida é um buraco”, “Benguelê”, “Cafezal em flor” (parceria com Eugênio Fonseca), “Conversa de crioulo”, “Festa de branco” (com Baiano), “Patrão prenda seu gado” (com Donga e João da Baiana), “Vou vivendo”, “Fala baixinho”, “No elevador”, “Rosa” (com Otávio de Souza) e tantas outras mais. “Choro” ou “chorinho”, não obstante os críticos ignorantes representantes das classes dominantes brancas, remonta as antigas festas que reuniam escravos nas grandes fazendas em danças denominadas “xolo” que com o passar dos anos assumiu a corruptela de “Choro”, ritmo pesquisado e estudado a fundo por pelo nosso genial Pixinguinha.

Incansável, enfrentando todos os tipos de preconceitos e adversidades, organizou e participou de vários grupos musicas como a “Orquestra Tipica Pixinguinha-Donga” (1928), os “Diabos do Céu” (1930), a “Guarda Velha” (1932) e a “Orquestra Columbia de Pixinguinha”. Com o grupo “Guarda Velha” acompanhava os cantores Chico Alves, Mário Reis e Carmem Miranda. Foi o pioneiro no quesito orquestrador exclusivo de gravadora de discos pela RCA e fundador do arranjo de música. Trabalhou em arranjos celebrizados na voz de cantores como Francisco Alves e Mário Reis. Em meados da década de 40 quando trocou a flauta pelo saxofone, o mestre já estava muito fraco e debilitado, sofrendo neste período dois enfartes. Em 1964, no emblemáico ano do golpe militar que impôs a ditadura, teve uma complicação cardíaca, tendo que ficar internado por mais de um mês, mesmo assim compôs mais de 20 músicas, entre elas “Manda brasa”, “Vou para Casa”. Em 1971, a esposa Beti (sua companheira durante 45 anos) sofre um enfarto, o coração de Pixinguinha também não aguenta. Beti falece em junho de 1972, abalando profundamente a já combalida saúde do grande mestre. 17 de fevereiro de 1973, durante um batizado, em pleno Carnaval, Pixinguinha sente-se mal, com dificuldades para respirar. Desta vez o coração não lhe perdoou, deixou-o na mão e parou de bater aos 75 anos.

A obra de Pixinguinha não se encerra em si mesma, foi o fio condutor para outros compositores erguerem novos edifícios musicais sobre a sua pesquisa e a construção da gênese da MPB. Nestes tempos de ofensiva ideológica do imperialismo que visa destruir tudo que representa de resistência cultural de raízes, é tarefa de todo revolucionário publicitar a obra grandiosa de Pixinguinha para as novas gerações, cuja juventude hoje lamentavelmente está cada vez mais idiotizada e sem preocupações com a história do país por força da mídia “murdochiana” a serviço do capital financeiro internacional. Que o legado cultural de um povo seja o combate do proletariado e da maioria esmagadora dos explorados contra a dominação de um punhado de capitalistas. A obra grandiosa de Pixinguinha expressa no homem simples que era, sem menor dúvida, encontra-se no patamar das melhores criações de todo o mundo!

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013


REDE, PSOL, PCB e PSTU: será esta a nova formação da “Frente de Esquerda” para as eleições presidenciais de 2014?

O REDE, partido gerado do ventre do “Movimento por uma nova política” impulsionado pela ex-senadora Marina Silva, acabou de ser lançado no último dia 16/02 em Brasília. O primeiro encontro nacional do REDE não poderia ser definido como um “grande sucesso”, como pretendiam seus organizadores, nem do ponto de vista da militância política e tampouco da adesão de “personalidades” que habitam o mundo do parlamento burguês. Do ponto de vista virtual, o encontro do REDE, que teve seu nome inspirado na internet, não conseguiu atrair muitas atenções em sua transmissão “on line” no Twitter, mas o destaque mesmo ficou por conta da presença da vereadora Heloísa Helena, que conseguiu trazer das entranhas do PSOL a “emblemática” corrente MTL (Movimento Terra e Liberdade) dos também vereadores Jefferson Moura do Rio e Elias Vaz de Goiânia. O “experiente” (em vigarices políticas) dirigente do MTL, Martiniano Cavalcante, que disputou em 2010 as prévias internas do PSOL com o veterano Plínio de Arruda, é um dos nomes cotados para presidir nacionalmente o debutante REDE. O ingresso do MTL ao REDE acontece como produto de mais uma manobra da dupla Heloísa e Martiniano, pois formalmente o MTL se dissolveu para permitir que a deputada carioca Janira Rocha permanecesse no PSOL, ou seja, é a velha tática de um “ovo em cada cesta”, os vereadores do MTL recém eleitos embarcam imediatamente no REDE, já a deputada estadual Janira espera a legalização pelo TSE do novo partido para aderir oficialmente. O REDE tem até setembro deste ano para cumprir todos os requisitos que a legislação eleitoral vigente impõe, caso não consiga obter seu registro este ano sua participação nas eleições de 2014 fica inviabilizada completamente. Mas, mesmo na hipótese (bastante provável) de conseguir a legenda para as próximas eleições, o REDE disporá de pouquíssimos minutos de TV (propaganda gratuita obrigatória que o PIG sonha em acabar) para potenciar sua candidata ao Planalto, o que já obriga necessariamente Marina a “trabalhar” pela construção de uma frente política eleitoral com o PSOL e seus aliados de “esquerda”, PCB e PSTU.

É exatamente esta a principal “missão” do corrompido grupo de Martiniano e Janira, estabelecer uma “ponte” entre o REDE e o PSOL, deixando o antigo MTL posicionado em “duas frentes de batalha”. Mas é importante registrar que o MTL também goza de livre trânsito com o PSTU, foi a principal tendência do PSOL a permanecer no interior da CONLUTAS, após o racha de 2010, onde a quase totalidade dos psolistas se retiraram desta central sindical. Nas últimas eleições municipais em Maceió, mesmo quando Heloísa Helena já tinha anunciado sua adesão ao MNP de Marina, o PSTU reivindicou estabelecer uma frente eleitoral com o grupo de Heloísa, apesar de bastante consciente do conteúdo reacionário e pró-imperialista do MNP dirigido pela eco-capitalista Marina Silva. Quanto ao PCB, o outro aliado político de “esquerda” do PSOL, o REDE não terá grandes dificuldades de atraí-lo para uma coligação em 2014 levando em conta que os velhos reformistas participam até de alianças com o PTB e o DEM, como ocorreu recentemente na capital do Amapá. Afinal de contas, neste circo eleitoral da burguesia PSTU e PCB já se juntaram ao PCdoB, PTB, DEM e outras siglas menores de aluguel das oligarquias regionais. Quanto ao PSOL este não passa de um apêndice parlamentar da oposição Demo-Tucana no Congresso, como revelou a eleição da mesa diretora do Senado federal.

O REDE, apesar de declarar não combater o governo do PT, tem, portanto, nos integrantes da chamada “oposição de esquerda” seus melhores parceiros políticos para disputar as próximas eleições presidenciais, onde a candidatura de Marina Silva galvaniza desde os herdeiros do Banco Itaú, passando pelos ex-petistas do PRC, até a “radical” Heloísa e seus séquitos do MTL. A oposição conservadora Demo-Tucana deve desenvolver todos seus esforços para viabilizar o projeto eleitoral de Marina, sabendo de sua impossibilidade política em derrotar a frente popular. Para isto, se faz necessário maquiar de “esquerda” o máximo possível o embuste do REDE. Os tucanos até se dispuseram a ceder a sublegenda do PPS, controlada pelo venal Roberto Freire, mas os ex-estalinistas já estão “queimados” demais para posarem de “esquerda”, restando mesmo como opção preferencial para o REDE uma aliança com a “oposição de esquerda”, com a mesma formação que apoiou Heloísa Helena em 2006. Ainda é muito cedo para definir o vice na chapa de Marina, muito provavelmente o PSOL indique um de seus quadros que pertencem a hegemônica corrente APS, do deputado federal Ivan Valente, ainda que a própria Heloísa já tenha manifestado intenção de acompanhar como vice sua colega da época do Senado.

A vanguarda classista deve acompanhar atentamente os passos da chamada “oposição de esquerda” em direção o REDE que o imperialismo acaba de lançar. É bem verdade que os revisionistas mais “espertos” (PSTU e Morenistas do PSOL) tentaram confundir os melhores combatentes da classe com declarações “contundentes” contra o fechamento da aliança com o REDE, para depois admitirem que não há outro caminho possível para tentar eleger seus candidatos “socialistas”, já assistimos este filme recentemente na cidade de Belém. Os marxistas revolucionários desde agora denunciam vigorosamente este novo “projeto de poder”, batizado de REDE, urdido diretamente nos bastidores imundos da Casa Branca. Qualquer tentativa de aliança ou mesmo de um suposto “diálogo” com agentes do imperialismo, disfarçados de “apologistas da sustentabilidade”, deve ser caracterizada como uma enorme traição de classe aos interesses históricos do proletariado.


segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013


Fora Yoani Sánchez, agente da Casa Branca e sua ofensiva contra os povos! Em defesa da revolução cubana e suas conquistas!

Yoani Sánchez desembarcou no Brasil neste dia 18 de fevereiro como primeiro país a visitar em sua “turnê” internacional de ataques a Cuba, que incluiu obviamente uma passagem pelos Estados Unidos e, certamente, um encontro com seus chefes da CIA, além de um “stop” no México para um congresso da sinistra SIP. No Brasil estão programadas uma série de entrevistas e longas reportagens nos grandes meios de alienação de massas (jornalões e TVs) para que a blogueira mercenária desfira seu veneno anticomunista contra Cuba. Desde a LBI nos somamos aos protestos contra a presença desta contrarrevolucionária em nosso país e declaramos nossa defesa incondicional do Estado operário cubano e suas conquistas sociais. Yoani Sánchez representa na verdade a ofensiva do imperialismo ianque contra Cuba travestida com sua fachada “democrática”, em defesa das supostas “liberdades políticas”, quando de fato não passa de uma agente oficiosa da Casa Branca voltada a fazer propaganda contra Cuba. Ainda que como trotskistas lutemos por uma revolução política na Ilha para que os trabalhadores controlem verdadeiramente o poder e os meios de produção, acabando com os privilégios da casta burocrática castrista que governa o Estado operário segundo seus interesses de camarilha, somos conscientes que o inimigo maior de Cuba e suas imensas conquistas sociais é o imperialismo ianque e europeu, o verdadeiro patrão de Yoani Sánchez. Por esta razão, defendemos incondicionalmente a Ilha operária e nos postamos em frente única com aquelas forças anti-imperialistas que rechaçam a presença desta figura abjeta em nosso país. A destruição da Líbia pela OTAN em nome do combate a “ditadura totalitária” e da “democracia”, ou seja, os mesmos “valores universais” propagados pela blogueira mercenária e, vergonhosamente, também defendidos por setores da esquerda, demonstram que tal cantilena falaciosa não passa de uma cortina de fumaça para atacar as conquistas históricas de países cujos regimes políticos não estão alinhados com a Casa Branca.

O fato de sua primeira escala ser o Brasil, a pretexto de assistir um filme provocativo a Cuba, do cineasta Dado Galvão (O “documentário” Conexão Cuba Honduras) demonstra justamente que a Casa Branca confia no governo Dilma para ser o primeiro anfitrião de sua mercenária ilustre. Também pudera, setores do PT e do governo da frente popular sempre expressaram abertamente a intenção de receber de “braços abertos” e com tapete vermelho esta personagem patrocinada pelos grandes grupos econômicos como uma prova de que o Brasil havia conseguido mais uma concessão do governo cubano. A reforma migratória em Cuba é, em tese, para que cidadãos possam viajar sem restrições, mas o caso de Yoani Sánchez é completamente diferente: ela é uma “ativista” contrarrevolucionária financiada abertamente pelo imperialismo e suas agências, deveria ser presa por tramar contra Cuba. Não por acaso, tem conferências previstas no México, onde será a convidada de honra da SIP (Sociedade Interamericana de Imprensa) e nos Estados Unidos, com encontros em Nova York, onde será recebida pomposamente pela redação do New York Times e vai obviamente até Miami, quando se reunirá com seus amigos “gusanos” e agentes de CIA!!! Oficialmente, Yoani Sánchez, ganha um salário mensal de seis mil dólares concedido pela SIP que decidiu nomeá-la vice-presidente regional por Cuba de sua “Comissão de Liberdade de Imprensa e Informação” e ainda conta com os gordos honorários de correspondente em Havana do raivoso jornal espanhol El País, vanguarda nos ataques contra Cuba na Europa. Na verdade, Yoani Sánchez vem ao Brasil, apresentado como “país amigo”, se compararmos a Venezuela, Bolívia, Equador ou mesmo Argentina, porque hoje a principal agenda do governo Dilma para a Ilha é aprofundar as relações econômicas tendo por base o processo de restauração capitalista em curso promovido pela burocracia castrista, principalmente após o último congresso do PCC, em que copia parcialmente a chamada “via chinesa”. Trata-se da entrega de setores da economia para o controle de grupos capitalistas, estreitando cada vez mais os vínculos da casta dirigente com grandes empresas estrangeiras que investem no país, ao mesmo em tempo que se fragiliza e ataca conquistas históricas da revolução. Enquanto patrocina parcerias comerciais com Cuba via empresas capitalistas nacionais, o governo brasileiro já havia no ano passado, com o apoio decisivo do senador Eduardo Suplicy (PT), se somado à ofensiva política do imperialismo contra a ilha. O Itamaraty liberou o visto de entrada no Brasil para a blogueira mercenária Yoani Sánchez há vários anos, mesmo sabendo que ela estava na época impedida de viajar, como forma de pressionar pela chamada reforma migratória. Desta forma, setores da frente popular petista se somaram ao coro contra a “ditadura” em Cuba promovido por Obama e seus asseclas, ainda que de maneira “tímida” devido aos vínculos políticos da esquerda reformista brasileira com a burocracia castrista.

A opção do imperialismo ianque no momento é fomentar a “reação democrática”, ou seja, minar as bases do Estado operário “por dentro”. Inspira-se na própria dinâmica política da mal chamada “revolução árabe”. Fornecendo milhões de dólares a grupos contrarrevolucionários (Igreja católica, Damas de Branco, Comissão Cubana de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional etc.) assim como a Yoani Sánchez, o Pentágono pretende criar uma alternativa política ao castrismo capaz de se alçar como direção do processo de restauração capitalista em Cuba, para transformá-la em mais um território aberto para seu capital. O governo dos EUA, cujo objetivo abertamente expresso é uma mudança do regime em Cuba por meio do financiamento de uma oposição interna, fez de Yoani Sánchez sua prioridade. Considera, em documentos confidenciais publicados pelo Wikileaks, que “Yoani Sánchez pode desempenhar um papel a longo prazo em uma Cuba pós-Castro”. De fato, a opositora cubana está em estreita relação com a diplomacia norte-americana em Cuba, como é assinalado em um telegrama classificado como “secreto” por seu conteúdo sensível. A administração Obama valoriza muito a blogueira cubana, como demonstra a reunião secreta ocorrida no apartamento da opositora com a subsecretária de Estado norte-americana Bisa Williams durante sua visita a Cuba, entre 16 e 22 de setembro de 2010. Através das organizações contrarrevolucionárias cinicamente apresentadas como paladinas da defesa da “democracia” e dos “direitos humanos”, os EUA infiltram agentes da CIA no território cubano, colocando toda a infraestrutura necessária para espionar, sabotar e organizar motins contra o Estado operário. Vale-se também de medidas econômicas como o criminoso embargo mantido contra Cuba durante décadas e de novas pressões como o impedimento de famílias cubanas que moram nos EUA de enviarem dólares para seus parentes, a expulsão de 14 diplomatas cubanos dos EUA, a prisão de cinco cubanos na cidade de Miami acusados de espionagem e até o cancelamento de voos diretos para Cuba.

Suas iniciativas acenam também para a aproximação com setores da própria burocracia castrista que cada vez mais se acercam do imperialismo europeu almejando transformar-se em novos ricos diante de uma futura queda de Cuba. As bases materiais da divisão da burocracia são as próprias relações comerciais de Cuba com os Estados capitalistas, principalmente europeus e agora os chamados BRICs, que fortalecem no interior da camarilha burocrática a tendência a que em pouco tempo um setor desta rompa com o aparato central do castrismo e se lance em luta aberta pela restauração capitalista do Estado operário. Esse perigo torna-se ainda maior diante da avançada idade de Fidel e Raúl Castro. Por essa razão, a burocracia castrista tenta aparentemente copiar parcialmente a “via chinesa” de restauração capitalista, em um processo ordenado e centralizado de medidas que, levadas a frente sob seu controle político, avançam o ritmo da restauração capitalista. Cuba permite há mais de uma década a entrada do capital estrangeiro para o desenvolvimento de indústrias estratégicas como o turismo e, recentemente, a do petróleo, na qual um consórcio da Repsol-YPF começará a explorar este ano em águas cubanas. Não é a adoção de medidas de mercado em si pela burocracia que colocam em decomposição o Estado operário e o fazem retornar gradualmente ao capitalismo. Se fosse assim, Lenin e Trotsky seriam os ideólogos da restauração capitalista ao defenderem em 1921 a NEP, uma política de concessões às empresas capitalistas para investirem na URSS, inclusive em setores estratégicos, como a exploração de petróleo. Na verdade, qualquer Estado operário, para não se “decompor” em uma economia mundial capitalista, terá que adotar, em função do cerco econômico internacional, determinadas medidas de mercado para garantir sua sobrevivência. O que os trotskistas combatem a fundo é a estratégia da burocracia stalinista que, enquanto faz essas concessões, aniquila a existência dos sovietes e da democracia proletária, instrumentos que colocariam essas medidas sob controle operário e segue com sua política de “socialismo em um só país” e de colaboração de classes em escala mundial, sabotando a revolução. Desta forma, as concessões feitas pela burocracia do PCC como as expressas no “Projeto” aprovado no último congresso do partido não são uma continuação da luta de classes sob outra forma para fortalecer a luta pelo socialismo, como defendia Lenin, mas constituem um fim em si mesmo que termina provocando objetivamente um processo de restauração capitalista aberto. Nos últimos meses, o governo cortou subsídios, desvalorizou o CUC (peso conversível cubano), eliminou 500 mil cargos públicos, autorizou a compra e a venda de casas e permitiu a abertura de mais de 400 mil pequenos negócios.

Para os marxistas, a alternativa colocada no horizonte político é dar um duro combate às posições revisionistas e pró-imperialistas, como as expressas pelo PSTU, que já entrega Cuba às garras do capitalismo. Ao mesmo tempo, desmascaramos a falsa “idolatria” que os “amigos de Cuba” de ocasião, como o PCdoB, fazem do regime dos irmãos Castro, identificando-o como o genuíno socialismo. Em resposta ao regozijo do grande capital, as aspirações pró-capitalistas crescentes da burocracia castrista e do sorriso cínico das hienas revisionistas que torcem pela derrubada contrarrevolucionária do regime stalinista e junto com ele as conquistas da revolução, levantamos a necessidade urgente da construção do partido trotskista defensista e conspirativo em Cuba, o único instrumento capaz de deter de forma consequente o retrocesso ao capitalismo. Contra o programa da restauração democrática, do sufrágio universal onde os mais ricos compram e corrompem o poder político, da legalização de partidos burgueses, Ongs capitalistas e do fim da tutela da economia pelo Estado, apregoado pelo governo neoliberal de Dilma e a frente popular petista, defendemos o programa da revolução política proletária, que passa pela defesa incondicional de Cuba e das conquistas da revolução! Por isto, dizemos em alto e bom som: Fora Yoani Sánchez do Brasil! Neste sentido, para concretizar nosso repúdio a esta “cruzada” imperialista, se faz necessário organizar desde já uma grande manifestação nacional com o objetivo de desmascarar o verdadeiro caráter desta “jornada” da blogueira “sipiana”, na próxima quinta-feira (21/ 02) em São Paulo, onde Yoani será recebida à tarde na livraria Cultura (conjunto nacional na Avenida Paulista).


domingo, 17 de fevereiro de 2013

Leia o Editorial do Jornal Luta Operária nº 251, 1ª Quinzena de Fevereiro/2013
Líbia, há dois anos de uma “revolução” que arrasou o país

Neste 17 de fevereiro de 2013 completa-se dois anos das primeiras “manifestações” pró-imperialistas que se iniciaram na Líbia tendo como foco principal a cidade de Benghazi, localizada no leste do país. Depois de ter sido bombardeado pela OTAN na maior operação militar desde a II Guerra Mundial, com as tropas das metrópoles imperialistas atuando em socorro aos “rebeldes” mercenários que acabaram por assassinar o coronel Kadaffi, o território líbio foi arrasado. Estima-se que mais de 200 mil pessoas foram mortas e o país encontra-se agora divido sob o controle de grupos armados que disputam o domínio das reservas petrolíferas. O frágil governo do CNT, títere das potências capitalistas, na verdade não passa de um gerente que representa os interesses das grandes transnacionais. Esses são os resultados de uma suposta “revolução” entusiasticamente saudada pelos revisionistas do trotskismo e, de fato, patrocinada pela Casa Branca e a União Europeia. O quadro de desestruturação é tão grave que o governo do CNT anunciou que fechará durante quatro dias, a partir deste dia 15 de fevereiro, suas fronteiras com Tunísia e Egito em função das festividades previstas para comemorar o segundo aniversário da “revolução” que derrubou o regime de Kadaffi. Para tanto, o país recebeu o apoio de centenas de tanques vindos da Itália e do Catar assim como de “assessores” em segurança ianques, já que os fantoches do CNT temem movimentos coordenados tanto pela resistência nacional a ocupação imperialista como pelos grupos islâmicos que estão enfrentando as tropas francesas que desembarcaram no Mali. Sem dúvidas, estamos presenciando uma nova e turbulenta onda colonialista na região do norte da África, rica em recursos naturais e minerais.

Desde o início, apesar da intensa campanha da mídia “murdochiana”, ficou claro que os “protestos” em Benghazi se tratam de mobilizações reacionárias patrocinadas por forças políticas pró-imperialistas, com a imprensa burguesa mundial amplificando seu peso social e super-dimensionando a repressão estatal supostamente desferida. Encerrado o capítulo da saída de Mubarak no Egito, como um rastilho de pólvora, as “oposições” saem em cena em toda a região arábica. Em países onde sócios menores do capital financeiro ianque demonstraram incapacidade social em continuar do poder, a Casa Branca orientou a transição “lenta, gradual e segura”, já que estavam ou ainda estão na lista negra do “terrorismo internacional” o “conselho” foi armar a oposição e dotá-la de todo apoio político na mídia mundial. Na Líbia, logo os apoiadores do antigo monarca Idris, apeado do governo pelos coronéis em 69, foram a ponta de lança inicial para fazer eclodir o suposto movimento de massas contra o “tirano sanguinário” Muammar Kadaffi. Os monarquistas não tiveram muito trabalho para agrupar várias oligarquias tribais, muitas das quais tinham estabelecido laços financeiros e comerciais com empresas imperialistas sediadas na cidade de Benghazi. Não demorou muito, os “rebelados” contra o caudilho nacionalista já dispunham de sofisticadas armas pesadas que passaram a apontar contra o próprio povo líbio que insistia em permanecer ao lado da “ditadura sanguinária” de Kadaffi. Os primeiros confrontos resultaram em centenas de mortes de civis logo atribuídas pela mídia imperialista ao exército regular líbio, espalham-se os boatos da fuga de Kadaffi e da contratação de mercenários africanos pagos para defender o regime de Trípoli. Surgem as primeiras dissidências e fissuras no campo do regime, “nutrindo” a reacionária oposição agora composta por generais que se venderam a OTAN, jovens yuppies funcionários das petroleiras europeias e os pioneiros monarquistas com sua bandeira do monarca Idris. Forma-se um governo provisório em Benghazi reconhecido pelo covil de bandidos conhecido como ONU, que já conta com um Banco Central e até uma empresa de exportação de petróleo, isto tudo em meio a uma guerra civil. Como sabemos muito bem, o imperialismo ianque não costuma fornecer armas a movimentos sociais e, muito menos, colocar suas tropas a serviço de nenhum agrupamento de rebeldes que lutam contra uma ditadura. A história da luta de classes nos ensinou que as armas do imperialismo servem a movimentos contrarrevolucionários, como no Vietnam, na Nicarágua, em Cuba ou Angola só para citarmos alguns exemplos mais cristalinos.

Toda esta orquestração estava voltada a debilitar o regime de Kadaffi no lastro do “efeito do dominó” desencadeado pela suposta “revolução árabe”, tudo ao melhor estilo das manipulações midiáticas feitas contra Chávez na Venezuela quando da época do golpe de abril de 2002 desferido em nome da “democracia” e “contra o autoritarismo”. A LBI foi a primeira corrente política a denunciar o caráter pró-imperialista das reacionárias “manifestações” em Benghazi e depois desmascarar os “rebeldes” mercenários a serviço da CIA, treinados no Catar com o apoio do Mossad. No curso do conflito denunciamos a genocida ação da OTAN contra o país norte-africano e defendemos a frente única militar com o governo de Kadaffi e a vitória da resistência contra as tropas abutres invasoras. No desenrolar da guerra se deu o brutal assassinato de Kadaffi em uma operação conjunta entre os “rebeldes” mercenários e os bombardeios da OTAN, que depois de meses atacando Sirte, centro da resistência, acabaram por dominar o país, ainda que existam de forma dispersa focos de oposição ao controle da Líbia pelos títeres do CNT.

Enganou-se toda a matilha pró-imperialista que pensou que a morte de Kadaffi foi o ponto final da resistência nacional às tropas da OTAN, sem sombra de dúvida o tombamento em plena luta do coronel Kadaffi foi uma grande derrota de todos os povos do mundo que enfrentam a ofensiva imperialista, mas a guerra de libertação continua até hoje como reconhece inclusive o alto comando do Pentágono. A situação política atual da Líbia está marcada por uma guerra civil fratricida, só que desta vez com características bem mais complexas e totalmente fragmentadas. As milícias “rebeldes” iniciaram uma luta intestina pelo saque do país, disputando a “preferência” da intermediação dos negócios com as metrópoles imperialistas. Nem mesmo a cidade de Benghazi escapou da disputa “fratricida” dos rebeldes, a própria sede atual do governo do CNT foi invadida várias vezes por manifestantes que exigiam o cumprimento das inúmeras “promessas” feitas durante a empreitada para destruir as conquistas da revolução democrática que derrubou a monarquia corrupta. Por sua vez, houve o ataque, em setembro de 2012, à representação diplomática dos EUA na cidade de Benghazi, cidade até então considerada segura pela OTAN, que resultou na morte do embaixador na Líbia Christopher Stevens. O embaixador ianque teve um papel decisivo na operação militar que derrubou o regime nacionalista do coronel Kadaffi no ano passado. Stevens coordenou desde Benghazi a oposição pró-imperialista que durante o regime dos coronéis já estabelecia profundos vínculos com empresas transnacionais de petróleo sediadas no litoral do Magreb. O ataque à representação ianque em Benghazi surpreendeu a equipe de segurança da CIA, realizada com morteiros e lança foguetes de alta precisão, fornecidos pela OTAN aos “rebeldes” anti-Kadaffi durante a guerra civil que destruiu o país, ou seja, foi obra de seus próprios aliados, as milícias fundamentalistas islâmicas que combateram junto a OTAN para depor o legítimo regime da revolução popular que destituiu a monarquia entreguista. Por ironia da história, as armas que assassinaram o embaixador ianque foram fornecidas pelos próprios abutres imperialistas que hoje saqueiam as riquezas do país.

Neste quadro de crise da ocupação imperialista, que tenta inutilmente dar uma fachada democrática ao novo regime, a tendência das massas é de luta contra o embuste que prometia “liberdade”, mas acabou trazendo a fome e o desemprego para o proletariado líbio, destruindo suas conquistas sociais históricas que o colocavam no mesmo patamar de países europeus, segundo a própria ONU. O desemprego a falta de habitação e a fome castigam severamente as massas, destituídas de todas as suas conquistas sociais históricas após a ascensão do governo do CNT. Os amos imperiais dos bandos “rebeldes” só cobram a “fatura” da guerra e pouco se importam com a miséria do povo. O país que apresentava, até o início de 2011, o maior IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) da África, um PIB per capta superior ao brasileiro e uma taxa de crescimento de 10,64%, segundo dados do próprio FMI, encontra-se agora às voltas com uma infraestrutura liquidada, principalmente pelos “bombardeios humanitários”. Está em curso a divisão do país por grupos tribais ligados ao imperialismo ianque, francês e britânico. Longe dos salões luxuosos dos “Amigos da Líbia”, as ruas das principais cidades do país são ocupadas agora por milícias armadas, onde tiroteios, sequestros e torturas tornaram-se lugares comuns. As vítimas preferenciais desses grupos formados pelos ex-rebeldes são os simpatizantes do antigo regime e africanos subsaarianos. Registre-se que essas ocorrências são todas pós-queda de Kadaffi e, obviamente, não têm causado sequer suspiros de indignação em nome dos “direitos humanos”. Dois anos depois do suposto início da “revolução” na Líbia está claro que a vitória da OTAN, que teve o apoio de grande parte da esquerda revisionista do trotskismo sob o pretexto de combater uma suposta “ditadura sanguinária”, significa o recrudescimento da ofensiva imperialista contra os povos e nações oprimidas que se incrementa desde a queda do Muro de Berlim e o fim da URSS. Os alvos imediatos desta arquirreacionária cruzada moderna são particularmente no Oriente Médio o Irã e a Síria, mas também tem como objetivo próximo a Venezuela, o Estado operário cubano e a aniquilação das FARC. Por outro lado, está ocorrendo uma verdadeira invasão da África, na medida em que o imperialismo ianque via AFRICON (Comando Militar da África) está instalando tropas em 35 países a começar pela Líbia, Sudão, Argélia e Níger. O objetivo desta ofensiva é recuperar o mercado e a exploração do território que estava sendo alvo da influência chinesa. A nova intervenção imperialista na região do Magreb africano foi extremamente facilitada pela ação da OTAN na Líbia ano passado. Agora que as potências capitalistas fizeram do território líbio uma verdadeira base militar, se sentem mais livres para impor seus interesses na região. O “socialista” Hollande, que foi apoiado nas eleições por setores da esquerda que inclusive se reivindicam trotskistas, aprofunda com a agressão ao Mali a política de seu antecessor, o direitista Sarkozy. Trata-se de fortalecer o domínio colonialista sobre a região.

Hoje, o genuíno trotsquismo se posta ao lado da resistência nacional líbia em combate aos trânsfugas que, como a LIT, se colocam a serviço da Casa Branca em nome da defesa da fantasiosa “revolução árabe”, clamando para que a mesma sanha neocolonialista seja vitoriosa na Síria e no Irã. Neste contexto político, onde todas as ilusões acerca das imensas “vantagens” de se livrar da “ditadura Kadaffi” já caíram por terra, a canalha revisionista e seus satélites começam a praguejar por mais uma “ajudinha” do Pentágono para derrotar de uma vez por todas os “resistentes kadaffistas”. Por isto silenciaram completamente sobre a chegada de mais de dez mil soldados norte-americanos na Líbia às vésperas dos dois anos da “revolução”, dos tanques italianos e ainda por cima “vendem o conto de fadas” acerca do caráter anti-imperialista das milícias que combateram sob a bandeira da monarquia e coordenadas pela OTAN, proclamando que elas reivindicam uma suposta “segunda revolução”. Somente correntes de “esquerda” muito degeneradas moral e ideologicamente podem admitir estabelecer uma frente única militar com a Casa Branca para derrotar um regime nacionalista burguês, como era o de Kadaffi, por maior que fossem as divergências de classe com um caudilho deste calibre. Não contente, fazem o mesmo agora na Síria! O genuíno trotsquismo não foi enlameado pela conduta criminosa destes revisionistas a serviço de Washington, colocando-se nestes dois anos de luta incondicionalmente no campo militar da resistência nacional líbia para expulsar os invasores ianques e abrir caminho para a luta revolucionária contra o imperialismo e as servis burguesias árabes!

LIGA BOLCHEVIQUE INTERNACIONALISTA