Eleição no senado: PT e o grupo de
Dirceu apoiaram o oligarca corrupto Renan, PSOL seguiu com a oposição Demo-Tucana
A eleição para a mesa diretora do
Senado da República não apresentou muitas surpresas, mas foi um episódio “rico”
em revelações políticas. O senador alagoano do PMDB, Renan Calheiros, com uma
rica trajetória na política burguesa nacional foi eleito para presidente do
Senado com 56 votos contra os 18 votos de Pedro Taques (PDT-MT) representando
uma frente da oposição Demo-Tucana em aliança com o PSOL e alguns dissidentes
do próprio PMDB. Renan volta à presidência da casa após renunciar ao cargo em
2007 em função de um escândalo amoroso envolvendo, é claro, favores estatais.
Nestes trinta anos que atuou na “vida pública” Calheiros passou pelo PCdoB
(junto ao seu irmão Renildo atual prefeito de Olinda), para depois ancorar no
PMDB até a eleição de Collor em 1989 quando se mudou para o PRN. Com a
deposição de Collor, Renan volta ao PMDB para impulsionar a aproximação do
partido com o governo FHC, do qual foi ministro da justiça. Finalmente, com a
eleição de Lula, o senador alagoano “vira a casaca” para chefiar o bando
mafioso peemedebista que vai integrar a base aliada da frente popular. Renan em
conjunto com Temer, Sarney e o governador Sérgio Cabral faz parte do comando do
PMDB que controla grande parte dos negócios do governo petista com as
empreiteiras e grupos econômicos internacionais, trata-se de um legítimo
escroque mais identificado com os interesses das oligarquias corruptas
enfronhadas no Estado burguês. Até aí nenhuma grande novidade a não ser pela
defesa entusiástica feita por José Dirceu da candidatura do “companheiro”
Renan. Dirceu comandou o apoio da bancada petista no Senado a Renan, abrindo
mão da própria candidatura do PT à presidência da casa. Mas a movimentação
política de Dirceu não se limitou aos aspectos institucionais da manutenção da
chamada base aliada, em seu Blog o dirigente da “Articulação” não poupou
elogios pessoais a Renan, revelando o grau de decomposição ideológica em que se
encontra.
A defesa “apaixonada” feita por Dirceu
de uma das figuras mais corruptas do país acontece poucos dias após a
realização de um ato público, promovido pela CUT-RJ e apoiado por organizações
da esquerda revisionista. Neste evento realizado na sede da ABI, Dirceu
prometeu “enfrentar a ofensiva da direita”, quando foi ovacionado pela
militância de base “iludida” com a demagogia reformista do “capo” petista. A
tentativa de “vender” a imagem de Dirceu como o “herói revolucionário”, feita
pelos pilantroskos de “O Trabalho” e “Esquerda Marxista” não resistiu poucas
horas depois, pela própria dinâmica real da luta de classes. Como Dirceu e sua
ala do PT irá enfrentar a “ofensiva da direita” do STF aliando-se a direita
mais reacionária e corrupta do país, como Collor, Sarney e Renan? Se a ofensiva
do capital teve como primeiros alvos a antiga cúpula do PT, “vítima” de sua
própria política de subordinação aos interesses das oligarquia burguesas,
também é certo que a classe operária não poderá contar com os agentes da
colaboração de classes para derrotar a ofensiva imperialista em curso.
Mas a eleição da nova mesa do Senado
não só revelou a subordinação do PT, e seu arco interno de “esquerda”, às
oligarquias dominantes, o PSOL, cabeça da “combativa” ( segundo as palavras do
PSTU) oposição de esquerda, seguiu a mesma trilha política e retirou a
candidatura do jovem senador Randolfe para apoiar o bloco parlamentar formado
pelos Tucanos e Demistas. Também nenhuma grande surpresa para aqueles que no
Amapá se coligaram com as oligarquias locais para eleger o prefeito de Macapá,
o “curioso” mesmo é o fato dos Morenistas do PSTU ainda afirmarem o caráter “classista”
da oposição de esquerda, mesmo depois deste “campo” se mostrar tão íntimo dos
setores burgueses mais corrompidos da política brasileira. O PSOL segue
inexoravelmente seu curso de um partido pequeno burguês, apêndice político da
oposição conservadora Demo-Tucana, como demonstrou nos recentes acontecimentos
do julgamento da ação penal 470, mais conhecida como “Mensalão”. Como papagaios
da mídia “murdochiana”, PSOL e PSTU se juntaram cretinamente ao coro da reação,
para tentar “faturar” algum dividendo eleitoral em outubro, o que de fato
acabou acontecendo com a eleição de uma dezena de vereadores.
O proletariado e sua vanguarda mais
consciente não pode ficar atada às variantes de uma esquerda que por várias
vezes já demonstrou ser um dócil e servil instrumento político das classes
dominantes. Para enfrentar o curso guerreirista do imperialismo contra os
povos, que se apresenta de várias facetas em cada nação (desde a eliminação
neoliberal das conquistas sociais até a própria guerra de devastação) se faz
necessária uma plataforma programática de completa independência de classe,
crivando desde a gênese a construção do partido revolucionário. Não será como
caroneiros da mídia “murdochiana”, com o mesquinho objetivo de eleger poucos
vereadores, que se conquistará a hegemonia do processo político, sempre
pautando como questão estratégica a revolução socialista e a instauração da
ditadura do proletariado.