quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013


Capital financeiro, PIG e a dupla Dilma/Foster desferem ofensiva contra a Petrobras a fim de abrir caminho para a privatização

Neste início de ano, encerrado o “grande espetáculo” do julgamento reacionário do “Mensalão”, os principais pastelões da midia “murdochiana” ao lado da família Marinho começam a desferir uma ofensiva coordenada contra a Petrobras, assinalando que esta empresa estaria beirando a agonia financeira e administrativa, haja vista que seus lucros, segundo o “PIG”, tiveram uma retração de 36% se comparados ao ano de 2011, em decorrência da “antiga administração” encabeçada pelo petista Sergio Gabrielli desde 2005, homem de confiança de Lula e virtual candidato ao Palácio da Ondina no estado da Bahia. A presidente Dilma substituiu-o pela neoliberal confessa Maria das Graças Foster em janeiro de 2012, encarregada de “abrir” de vez a Petrobras para os grandes grupos financeiros nacionais e internacionais. Não é a toa que a Folha de S.Paulo (6/2) festejou em editorial: “A troca de comando no governo da presidente Dilma Rousseff, com a saída de José Sergio Gabrielli e a ascensão de Maria das Graças Foster, foi bem recebida por investidores, que veem disposição na nova presidente para consertar estragos”. O Globo (6/2) também bate de frente afirmando que “o lucro de R$ 21,2 bilhões foi 36% inferior ao de 2011, e o pior resultado nos últimos oito anos”, praticamente colocando a Petrobras “no buraco” e dá seu veredito: “No governo Lula, o uso político-partidário da companhia chegou ao ponto de comprometer a administração, com reflexo negativo visível em quase todas as suas atividades operacionais. No governo Dilma, há uma nova orientação, para que a companhia recupere eficiência — o que possibilitou essa melhora nos resultados do quarto trimestre” (idem). O velho e reacionário “Estadão” (6/2) não deixa de dar seu pitaco: “Os danos impostos à companhia são parte da herança desastrosa deixada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva à sua sucessora”. Chega a ser notória esta verdadeira operação da mídia murdochiana orientada para desvalorizar as ações da Petrobras e assim preparar a sua entrega de bandeja para os rentistas internacionais através da política privatista do governo Dilma, que deve ganhar peso em seu segundo mandato.

Como resultado desta operação, é anunciada pelos quatro cantos que as ações da Petrobras já caíram cerca de 9% e que a empresa hoje vale 65% de seu patrimônio em relação à megacapitalização ocorrida em 2010 quando possuía um patrimônio líquido de R$ 343,1 bilhões. Justamente a serviço dos grandes grupos econômicos a imprensa faz um tremendo alarde em cima de algo que não existe, criando um factoide segundo o qual a Petrobras teve estrondoso prejuízo, quando na verdade apenas lucrou menos, mas lucrou, devido a não ter reajustado até então o valor dos combustíveis, majorados na semana passada! Só para mencionar, nos três últimos meses de 2012 obteve lucros acima de R$ 7 bilhões e possui um ativo que a credencia fortemente no mercado e no crédito internacional! Nenhuma empresa no país lucrou tanto quanto a Petrobras!

Contudo, por trás de tudo está a reacionária campanha da burguesia contra os petistas históricos ligados ao ex-presidente Lula, iniciada com o julgamento dos “mensaleiros” no STF. Assim, Sérgio Gabrielli foi acusado de ter dilapidado o patrimônio da estatal e de estar vinculado ao grupo de José Dirceu, razão pela qual está sendo “fritado” sistematicamente pela “opinião pública” a soldo do capital especulativo. Pesa sobre suas costas a acusação feita pela revista escroque “Veja” de ter provocado um rombo de um bilhão de dólares na compra de uma refinaria supostamente sucateada no Texas – Pasadena Refining System Inc. (“PRSI”) em Pasadena (EUA) em 2006 – rendendo-lhe um processo criminal e pedido de prisão. Tal campanha acontece porque os dirigentes da “Articulação” (atual Campo Majoritário) barraram parcialmente o processo de privatizações durante os oito anos do governo Lula, o que tem sido gradualmente rompido pela “gerentona” Dilma (privatização dos aeroportos e outras obras da infraestrutura), alinhada com os interesses neoliberais dos investidores ianques. Maria das Graças Foster foi empoçada na presidência da Petrobras sob a incumbência de aprofundar o processo de privatização das reservas de petróleo iniciado com o chamado “marco regulatório do pré-sal” e ampliar o controle da Total francesa sobre a companhia brasileira.

O cerne da questão consiste em aplainar o terreno para a segunda gestão de Dilma e aprofundar a submissão de sua administração aos interesses do imperialismo ianque e dos rentistas internacionais e, para tanto, é necessário eliminar de vez o “núcleo histórico” do PT das hostes do Estado. Não que este tenha alguma discrepância ideológica com a “neopetista” Dilma, mas atende a ritmos distintos de abertura da economia para os “investidores” abutres estrangeiros. O que já vem sendo colocado em prática: Graça Foster discute com a mexicana Pemex (holding norte-americana) e com a Statoil (norueguesa) ceder parte do refino de petróleo (cerca de 30%). O alarde catastrofista do PIG, em meio à fase de relativa expansão econômica (crédito fácil, poupança interna recorde etc.), é parte integrante das exigências do imperialismo e seus trustes para disciplinar ainda mais a frente popular a seus anseios colonialistas e de rapinagem do subsolo brasileiro.

O proletariado brasileiro, longe de embarcar no conto de sereia difundido pela mídia “murdochiana”, de que a Petrobras está “quebrando”, deve fazer uma vigorosa denúncia deste verdadeiro engodo montado pelo imperialismo e seus associados como a “famiglia” Marinho e o submisso governo Dilma, fiel representante dos rentistas internacionais na entrega dos recursos naturais e suas fontes energéticas. Somente a ação direta das massas trabalhadoras poderá se opor às investidas imperiais no solo brasileiro, único caminho para a nacionalização plena de nossos recursos naturais e garantir a completa independência dos grandes trustes do petróleo que detém para si o controle militar da energia em todo o planeta. A classe operária em seu conjunto deve empunhar a bandeira do controle da gestão e produção da empresa estatal, em confronto direto com os “tecnocratas de esquerda” privatistas pela sua própria natureza de classe.