Coreia do Norte responde as provocações do imperialismo ianque com novo teste nuclear! Pelo direito de autodefesa do Estado operário!
O Estado operário norte-coreano (RPDC) acaba de realizar seu terceiro teste nuclear, com a detonação de uma bomba mais leve, menor e mais potente do que as usadas em 2006 e 2009. O Conselho de Segurança da ONU logo condenou o teste e a Casa Branca ameaçou com novas sanções, alegando que o considera “uma ameaça à segurança americana”. No texto da declaração aprovado pelas Nações Unidas, com o voto de China e Rússia, os 15 países membros afirmaram que a Coreia do Norte “desrespeitou” três resoluções anteriores, incluindo a 2087, votada no mês passado. Obama no seu discurso da União declarou que “O perigo representado pelas atividades ameaçadoras da Coreia do Norte demanda da comunidade internacional ações imediatas e dignas de crédito”. Tal declaração é uma farsa, já que o teste é um ato de autodefesa do Estado operário norte-coreano diante das provocações do imperialismo. O teste foi o primeiro conduzido sob o comando de Kim Jong-un, o novo dirigente da burocracia stalinista que substituiu seu pai, Kim Jong-il, há pouco mais de um ano e conseguiu o objetivo de dominar a tecnologia para disparo de armas nucleares contra alvos predeterminados. O desenvolvimento dos programas de energia nuclear e comunicação na Coreia do Norte é uma necessidade de obtenção de uma alternativa de fonte energética e de monitoramento climático-militar diante do brutal bloqueio a que o país está submetido, tecnologia fundamental para possibilitar que Estado possa desenvolver projetos nesse setor com condições de enfrentar os períodos de adversidade climática, marcado também por secas e inundações. Nesse sentido, esta estrutura de energia atômica legitimamente desenvolvida também pode e deve ser utilizada pelo Estado operário norte-coreano para se defender das ameaças do imperialismo norte-americano através de seu enclave, a Coreia do Sul e o Japão, onde os EUA mantém bases militares desde o final da Segunda Guerra Mundial.
Frente à
reação do imperialismo ianque e seus organismos, a Coreia do Norte lançou um
comunicado em que declara: “O objetivo principal do atual teste nuclear é
demonstrar a indignação do nosso exército e povo ante o ato hostil criminoso
dos EUA, a vontade e a capacidade da Coreia de Songun de defender a todo custo
a soberania do país. Nosso teste nuclear é uma medida justa de autodefesa que
não contravém qualquer lei internacional. Já faz muito tempo que o império
colocou a RPDC na lista de alvos de golpes nucleares preventivos; enfrentar,
através do poder nuclear dissuasivo, a essa recrudescente ameaça nuclear dos
EUA é uma medida de autodefesa absolutamente justa. Caso escolha o caminho de
confrontação, o mundo verá corretamente como defenderão até o fim os
uniformizados e os civis da RPDC a sua dignidade e soberania no combate de vida
ou morte entre a justiça e a injustiça e com isso, acolherão com o triunfo
final, o grande evento revolucionário da reunificação da pátria”. Principal
“aliada” de Pyongyang, a China declarou que se opõe “firmemente” ao teste e
pediu ao país vizinho que não realize ações capazes de piorar a situação na
região. A imprensa pró-imperialista faz todo um alarde acerca dos testes
nucleares promovidos pela Coreia do Norte, afirmando serem uma “ameaça à
humanidade”. Oculta, criminosamente, que só na Coreia do Sul, um enclave criado
e militarizado pelos EUA, há um contingente militar acima de 40 mil soldados,
mais de mil ogivas nucleares apontadas para o Norte. Como explicar que a Coreia
do Norte não pode lançar um satélite ou inclusive testar um míssil de longo
alcance, se quem a condena, os EUA, têm 439 satélites em órbita, sendo 98 deles
para uso especificamente militar?
O certo é que
com a morte do Kim Jong-Il a pressão pela restauração capitalista, que ganhou
grande incremento com a liquidação contrarrevolucionária da URSS e a conversão
da China ao capitalismo, vem se recrudescendo para impor o fim do Estado
operário norte-coreano. A política contrarrevolucionária da burocracia
stalinista, hoje formalmente dirigida por Kim Jong-un, mas de fato controlada
pelos generais do exército, está buscando uma mediação com as potências
imperialistas através da China para uma transição ordenada ao capitalismo.
Porém, a tomar como exemplo os planos do imperialismo para a Síria e a
investida “democrática” contra Putin na Rússia, o imperialismo deve pressionar
para haver uma ruptura por dentro do aparato estatal, ainda mais com uma
liderança frágil a frente do Estado e do PTC. O controle de como será esse
processo e quem o comandará é justamente o ponto de tensão entre a China e o
imperialismo ianque. A Casa Branca está se aproveitando do quadro de
instabilidade interna na Coreia do Norte para acelerar o processo de
restauração capitalista no país a seu modo e patrocinar grupos civis que
busquem insuflar protestos made in CIA no Estado operário norte-coreano aos
moldes dos que vem patrocinando no Oriente Médio e na Rússia. Com o fim da URSS
e a perda dos parceiros comerciais do Leste europeu, a Coreia do Norte viu sua
economia contrair-se em 30% nos cinco anos que se seguiram a 1991. Restou a China,
hoje convertida ao capitalismo. A intensa reação ideológica mundial patrocinada
pela mídia imperialista e o cerrado bloqueio econômico tendem, cada vez com
maior intensidade, a estrangular o Estado operário, aumentando as tensões
intraburocráticas.
Oficialmente,
a Coreia do Norte está em situação de guerra contra os EUA e a Coreia do Sul, o
armistício de Panmunjom, assinado em 1953, apenas estabeleceu uma trégua
temporal entre os dois lados. O imperialismo ianque sabe que ao contrário de
1953, a Coreia do Norte não pode mais apoiar-se na URSS, hoje Rússia, e
tampouco na China. Como diz o provérbio popular, que a vingança é um prato que
se deve saborear a frio, os EUA esperam pacientemente responder a humilhante
derrota sofrida na Guerra da Coreia, que só não foi maior devido à política stalinista
de Mao Tsé Tung de contenção da revolução em toda a Ásia e Europa. Para os
marxistas leninistas a tarefa da unificação socialista da Coreia se mantém tão
vigente como na década de 50, mas sabemos muito bem que o primeiro passo para
concretizar este objetivo passa pela derrota política e militar do imperialismo
ianque, obstinado em liquidar as conquistas operárias ainda existentes na RDPC.
Convocar o proletariado mundial, em particular a poderosa classe operária
sul-coreana a defender incondicionalmente a Coreia do Norte, o que não significa em
hipótese alguma depositar a menor confiança política no regime stalinista, como
nos ensinou o “velho” Trotsky, “lutamos lado a lado de Stalin contra os
inimigos da revolução, para depois acertarmos nossas próprias contas”. Como
genuínos revolucionários, jamais nos somamos à sórdida e criminosa campanha da
Casa Branca que sataniza o regime político da Coreia do Norte para debilitar o
Estado operário; ao contrário, defendemos incondicionalmente suas conquistas
sociais revolucionárias. Justamente por esta razão, nos opomos a essa “trégua
nuclear” que a China deseja impor a Coreia do Norte e reivindicamos o legítimo
direito de defesa da Coreia do Norte, inclusive utilizando seu arsenal bélico
nuclear, para responder às provocações imperialistas. Para tanto, é preciso que o
proletariado norte-coreano se oponha ao processo de restauração capitalista, seja
pelas mãos da China ou dos EUA, pela via de uma revolução política para colocar
à frente do Estado operário um autêntico partido comunista como alternativa
proletária à empedernida burocracia stalinista.