segunda-feira, 21 de outubro de 2024

“MULTIPOLARIDADE OU BARBÁRIE”: NOVA PALAVRA DE ORDEM DA ESQUERDA BURGUESA REPRESENTA UMA TRAIÇÃO BRUTAL AO SOCIALISMO 

Na véspera da reunião dá cúpula dos BRICS, em Kazan na Rússia, a esquerda burguesa lança sua nova palavra de ordem:”Multipolaridade ou Barbárie”. Não se trata de um mero slogan publicitário dos governos capitalistas que conformam o bloco comercial liderado pela China, mas sim de toda uma concepção ideológica que macula profundamente o socialismo revolucionário. Quando os Marxistas Leninistas levantaram historicamente a consigna “Socialismo ou Barbárie”, em plena consonância com Rosa Luxemburgo, estavam afirmando categoricamente a morte do modo de produção capitalista, pela via da ruptura violenta, e não a “humanização do capital”, como agora defendem os “ideólogos” da multipolaridade imperialista. Um destes epígonos do “bricianismo”, apresentado falsamente como uma alternativa ao socialismo, é o jornalista funcionário da burocracia restauracionista chinesa, Pepe Escobar. Pepe e seu séquito reformista, afirmam que a luta de classes acabou e que agora o mundo atravessa a contradição fundamental “Ocidente versus BRICS”. O chamado “Sul Global”(países emergentes), nas palavras do próprio Escobar, deveriam formar uma aliança estratégica para conviver em um novo “mundo multipolar“ com os Estados imperialistas, liderados pela hegemonia militar norte-americana. Para Escobar, tudo o que está acontecendo no cenário internacional pode ser entendido como parte de uma "ofensiva anti-BRICS". Estes apologistas do proto imperialismo chinês, são na verdade a velha escória Social Democrata, os mesmos que assassinaram Rosa Luxemburgo na Alemanha do século passado e que agora querem “assassinar” sua Teoria Revolucionária, traficando o engodo contrarrevolucionário de “Multipolaridade ou Barbárie”.


A “tese” da “Multipolaridade ou Barbárie”, que praticamente engloba todo o campo do reformismo e neostalinismo, não é somente um “equívoco teórico”, significa que a esquerda domesticada foi corrompida materialmente pelos interesses econômicos e políticos de uma classe social antagônica ao proletariado mundial. A ascendente burguesia chinesa, que elevou seu patamar mundial a categoria de segunda “potência mundial”, é produto direto dos investimentos trilionários do capital financeiro no país asiático, este montante de reservas monetárias que vieram das corporações imperialistas não foi “doado filantropicamente” a China para que se desenvolvesse, foi investido para reprodução e retorno do capital, agora multiplicado, para as mãos dos grandes rentistas globais, que tem na sino burguesia sua sócia minoritária. Logicamente o “segredo” encoberto do “milagre econômico” do gigante asiático não é o pseudo “socialismo chinês” com suas “peculiaridades nacionais”, mas o enorme potencial da classe operária, educada cientificamente e formada tecnicamente nas excelentes escolas e faculdades do antigo Estado Operário, agora destruído e substituído por um simulacro de regime “socialista de mercado”.


Outro “engano”  teórico, totalmente perigoso para o Marxismo, é levantando por aqueles que se dizem “críticos” ao “imperialismo chinês”, fazendo uma equivalência simétrica ao imperialismo norte-americano, grave equívoco defendido por toda família Morenista (LIT, PTS, UIT) campeã em “revisar” o genuíno Trotskismo. Assim como o imperialismo alemão e japonês, o proto imperialismo chinês é totalmente subordinado e dependente ao capital financeiro ianque, que tem sua matriz dominante em Wall Street e não em Berlim, Tokyo ou Pequim. O mito lendário criado após a Segunda Guerra Mundial, de que a Alemanha teria se reconstruído da devastação completa como potência econômica mundial, apenas com o seu “capital humano”, não passa de uma aberrante fraude da teoria marxiana. Todas as grandes corporações imperialistas que trazem a formalmente a bandeira alemã, como Volkswagen, Bayer, Bosch, Allianz, Mercedes Benz, etc..), na verdade deixaram de ser alemãs após a derrota e expropriação de toda a burguesia nazista. Estes gigantes capitalistas foram “recriados” (fisicamente e financeiramente) pelos rentistas que controlam o imperialismo anglo-ianque, e só mantiveram a a “identidade alemã” como forma de disfarçar a neocolonização pós guerra. A submissão do Estado alemão, na guerra da Ucrânia,  aos interesses econômicos do imperialismo ianque, levando o país germânico a maior crise social desde os anos 40, não deixa margem de dúvidas sobre o caráter secundário e subordinado do imperialismo alemão. O que se passou no Japão com a rendição do imperador Hirohito aos EUA, é muito semelhante ao que ocorreu na Alemanha com o “default” do nazismo. A conversão do Estado Operário chinês a globalização capitalista, embora tenha sido controlada com “mão de ferro” pela burocracia maoísta, catapultou o país asiático como uma espécie de subimperialismo, embora com características gigantescas.

Entretanto a transição do regime econômico da China, ou seja, do Estado Operário burocratizado para as leis do mercado capitalista, ocorreu sob o intacto controle do Governo do Partido Comunista (PCC), portanto ao contrário da Alemanha e Japão onde seus regimes políticos anteriores implodiram completamente frente a ofensiva militar do imperialismo ianque, os neomaoistas chineses tornaram-se “sócios soberanos” do capital financeiro internacional, mantendo incólume seu regime político burocrático. Esta “particularidade” chinesa irá explicar o fato de que apesar do governo do PCC ser um importante associado nacional da Governança Global do Capital Financeiro, inclusive seguindo sua disciplina programática como demonstrou na farsa da Pandemia Covid, ainda mantenha atritos significativos com o imperialismo ianque, tanto na área comercial como militar. Exatamente por isso os burocratas restauracionistas resolveram impulsionada o mito ideológico do chamado “Sul Global” e do “Mundo Multipolar”, não para confrontar o imperialismo ianque e seus apêndices europeus, mas para delimitar seu próprio espaço mercantil, principalmente na rica região de recursos naturais da Eurásia , onde a “locomotiva capitalista chinesa” pretende ser hegemônica. Este não é um cenário sem fortes contradições, existem “atores” que não se encaixam perfeitamente, nem como seções nacionais do Governo Global e tampouco no “Mundo Multipolar” imaginado pelos chineses, estamos falando da Rússia, e também em menor escala da Índia, mas essa questão ficará para um próximo artigo, vamos retomar a crítica radical das falaciosas teses “bricianas”.

A formação dos Brics, incluindo sua expansão “+”, apesar do esforço dos publicitários reformistas, continuará sendo uma força econômica global muito pequena e bem mais fraca do que o bloco imperialista “tradicional” do G7. Sequer existe um consenso no grupo sobre a necessidade de lançar uma moeda própria. Além disso, os BRICS são países muito diversos em termos de população, PIB per capita, composição comercial e principalmente identidade política. Os gerentes estatais destes países estão frequentemente em conflito: China contra Índia, Irã contra Arábia Saudita, etc. Ao contrário do G7, que tem objetivos econômicos cada vez mais homogêneos sob o firme controle hegemônico dos Estados Unidos, o grupo dos Brics é totalmente díspar em termos de uma real estratégia mundial, nem mesmo a demagogia multipolar é consensual no Bloco.Os Brics são uma miscelânea de nações sob a égide de governos burgueses que não têm uma perspetiva internacionalista e muito menos socialista. Em resumo o projeto dos Brics, sob a direção chinesa (a China fornece a maior parte do PIB dos Brics, representando 17,6% do PIB mundial, seguida pela Índia, em um distante segundo lugar 7%, enquanto a Rússia 3,1%, o Brasil 2,4% e a África do Sul 0,6%) é  fortemente ligado aos interesses econômicos do bloco imperialista e se propõe a constituir um parceiro confiável na repartição da mais valia mundial.