segunda-feira, 30 de abril de 2012

Dilma confirma Brizola Neto no comando do MT, um “presente de grego” para os trabalhadores neste 1º de Maio

Após uma longa espera, desde dezembro quando Carlos Lupi foi exonerado do Ministério do Trabalho por denúncias de corrupção, a ex-presidente “poste” nomeou nesta segunda-feira (30/04) o suplente de deputado federal pelo PDT do Rio de Janeiro, Brizola Neto, para a pasta do trabalho. A escolha de Dilma é contrária à cúpula do PDT que se opunha a predileção política manifestada pela presidente já há algum tempo. Dois nomes de “confiança” foram apresentados a Dilma pela direção do PDT quando da saída de Lupi, o do secretário geral do partido, Manoel Dias e o do deputado federal (RGS) Viera Cunha. Apesar da Força Sindical, ligada ao PDT, também vetar o nome de Brizola Neto, Dilma resolveu bancar o nome do neto do velho caudilho “nacionalista”, com claro objetivo de controlar indiretamente o PDT, através de potenciar artificialmente lideranças mais “jovens” e submissas aos ditames neoliberais do Palácio do Planalto. Brizola Neto que não conseguiu sua reeleição para a Câmara dos Deputados em 2010, iniciou sua trajetória política reivindicando o legado “nacionalista” de seu avô, além de afirmar sua identidade com os ideais anti-imperialistas da chamada “revolução” bolivariana de “Hugo Chávez”. Mas os arroubos mais “radicais” do jovem Brizola parecem que ficaram definitivamente para trás, passando rapidamente a ser um defensor fervoroso do programa neomonetarista levado a frente pelo atual governo da frente popular.

A escolha de Brizola Neto para chefiar o Ministério do Trabalho deve ter conseguido fazer revirar o cadáver do ex-governador Brizola no túmulo, traído por todos seus “seguidores” desde Cézar Maia passando pelo casal Garotinho e a própria Dilma, agora pelo próprio neto “post mortem”. Acontece que o histórico fundador do PDT, que inicialmente apoiou o governo de Lula, havia rompido com o PT em função da opção entreguista e do arco de aliança reacionário montado para dar apoio político a frente popular.O velho Brizola pouco antes de morrer em 2004 travava um dura batalha no interior do PDT para tirar completamente o partido da “base aliada”, apesar dos inúmeros arrivistas sedentos por cargos e verbas estatais do Planalto. Pessoalmente Brizola se preparava para sua candidatura à prefeitura do Rio em 2004, com uma plataforma política de oposição frontal ao governo de Lula, mas a sua vida faltou a este último e decisivo “encontro”, deixando o PDT “órfão” como mais um partido fisiológico e nas mãos de picaretas sem nenhuma história de luta, como Lupi e seus comparsas mafiosos.

O novo Ministro do Trabalho é apenas uma marionete no formato de um governo pró-imperialista e subordinado às ordens da Casa Branca. Brizola Neto será mais um cúmplice da política de arrocho salarial e “ajuste”, do governo Dilma como o que condena os servidores públicos federais a estarem sem aumento salarial por quase quatro anos. Além disto, o cobiçado Ministério do Trabalho controla as verbas do FAT (fundo de garantia) utilizada para financiar com juros subsidiados as grandes empreiteiras do país. O PDT como um partido burguês “domesticado” à nova ordem mundial, segue seu curso oportunista, chegando a seguir a orientação da fascista UDR na recente votação da reforma do Código Florestal na Câmara dos Deputados.

Lentamente e de forma “discreta” Dilma vem reordenando seu governo ainda mais à direita, com uma composição de estafetas das oligarquias e tecnocratas alinhados com a ofensiva burguesa mundial contra as conquistas sociais dos trabalhadores. A etapa de expansão econômica do país com o alargamento das margens de crédito do proletariado, facilita a execução de um pacto social implícito, com a aquiescência das burocracias sindicais do PT, PCdoB, PDT, mas também com a ajuda da esquerda revisionista do PSTU e PSOL. Nesta conjuntura, a indicação de Brizola Neto no MT e Graça Foster na presidência da PETROBRAS, esta última acaba de condenar a estatização “meia boca” da YPF pelo governo argentino, deve acentuar o curso neoliberal da frente popular e preparar o retorno de Lula em 2014, sobre “novas” bases já alicerçadas, isto é, se o imponderável do destino não resolver atuar.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Leia a mais recente edição do Jornal Luta Operária, nº 234, 2ª Quinzena de Abril/2012



EDITORIAL
Dia Internacional de Luta dos Trabalhadores: Por um 1º de Maio classista e anti-imperialista! Abaixo a política de “compromisso nacional” da CUT, Força Sindical, CTB e CSP-Conlutas com o governo Dilma! Fora as garras da OTAN da Líbia, Síria e Irã!


O PSTU E SEU “COMPROMISSO NACIONAL” COM OS PATRÕES
Operários de Belo Monte entram em greve e desmascaram “câmara setorial” montada pelo governo Dilma e as grandes empreiteiras com o apoio da CSP-Conlutas


REFORMA DO CÓDIGO FLORESTAL
Vitória dos ruralistas na Câmara revela o caráter da chamada “base aliada”


GRANDES CORRUPTORES PRESERVADOS
As “quatro irmãs” e o ocaso da Delta


“AS RAPOSAS TOMANDO CONTA DO GALINHEIRO”
A serviço de que e de quem está a CPI do esquema Cachoeira?


A “OPOSIÇÃO DE ESQUERDA” COM O RABO PRESO
Vereador Elias Vaz, PSOL (MTL), candidato a prefeito pela “frente de esquerda” em Goiânia, é “homem-chave” do esquema de Carlinhos Cachoeira


INTERRUPÇÃO DE GRAVIDEZ DE FETO ANENCÉFALO
STF, Governo Dilma e Igreja Católica em “santa aliança” pela criminalização do aborto!


ESCÂNDALO DO “CARTÃO ÚNICO” NO CEARÁ
Esquema mafioso de “empréstimos” aos servidores estaduais para alimentar o caixa da oligarquia Ferreira Gomes


38 ANOS DA REVOLUÇÃO DOS CRAVOS
Crise econômica, política de colaboração de classe do PCP e ascensão da direita frente a bancarrota do PS marcam o 25 de abril em Portugual


FALÊNCIA DO PROJETO DA “REVOLUÇÃO BOLIVARIANA”
Dez anos após o golpe de abril, Chávez fracassa em sua “via pacífica” ao “Socialismo do Século XXI”


“ÁSIA PARA OS AMERICANOS”
Provocação contra a China é parte da “nova estratégia” belicista de Obama


PARALISAÇÃO “OFICIALISTA”
COB convoca “greve geral” para pressionar governo Evo Morales a “mudar de rumo”


ELEIÇÕES NA FRANÇA
Todos juntos para derrotar Sarkozy?


MÉLENCHON E SUA “FRENTE DE ESQUERDA” DEFENDEM A
HUMANIZAÇÃO DO CAPITALISMO
A esquerda revolucionária não tem candidato às eleições presidenciais francesas


FORA HILLARY CLINTON E O IMPERIALISMO DO BRASIL!
A “Madame” do clube dos muy “amigos da Síria” vem ao nosso país para buscar apoio em sua empreitada macabra contra o Irã


OFENSIVA DO IMPÉRIO
Observadores-espiões da ONU estão a serviço dos muy “amigos da Síria” para assessorar agressão imperialista da OTAN


“NACIONALISMO” ARGENTINO
A estatização “trucha” da Repsol e o enorme fortalecimento do projeto “nacional e popular” dos K


LIGA BOLCHEVIQUE INTERNACIONALISTA


quinta-feira, 26 de abril de 2012

Vitória dos ruralistas na Câmara revela o caráter da chamada “base aliada”

A imprensa “murdochiana” não deixou por menos e estampou em suas manchetes a “derrota do governo”, na votação em segundo turno na Câmara dos Deputados da reforma do Código Florestal nesta última quarta-feira (25/04). O confronto anunciado se deu entre o texto (apoiado por Dilma) vindo do Senado, após ter passado pela Câmara em primeira votação, e o parecer do Deputado Paulo Piau (PMDB-MG) apoiado por ruralistas e a reacionária bancada evangélica. A diferença entre os dois textos propostos (Senado e maioria da Câmara) para o novo Código Florestal é muito pequena, ambos representam os interesses do “agronegócio” e a mão assassina do latifúndio. Mas, o governo ao bancar o acordo da reforma feito no Senado, que teve o aval de lideranças do latifúndio, como a senadora Katia Abreu (PSD), presidente da arquiconservadora Confederação Nacional da Agricultura (CNA), tentou passar um colorido “progressista” ao texto que retornaria à Câmara dos Deputados. A proposta do novo código pactuado com os ruralistas do senado era tão “progressista”, que somente “idiotas úteis”, como o PT, PSOL e ONGs poderiam crer neste verdadeiro conto de fadas, que entre outras “pérolas” continha o seguinte: “1- A possibilidade de recuperar só metade das áreas que foram desmatadas em beiras de rios e nascentes até junho de 2008. 2- A permissão do plantio de lenhosas em áreas com inclinação maior de 45° e topos de morros. 3- A desobrigação de recuperar as RLs desmatadas até 2008 para todos os imóveis com até quatro módulos fiscais. 4- A autorização das RLs e APPs serem recompostas com até 50% de espécies exóticas, o que aumentaria os desertos verdes de eucalipto e pinus. 5- A possibilidade de recuperar ou preservar a RL e/ou a APP em outra propriedade de um mesmo bioma. 6- Permissão da regularização da expansão da carcinocultura nos mangues”. Armado o cenário na Câmara do duelo entre “progres” e “reaças”, estes últimos comandados pela extinta UDR, do deputado goiano Ronaldo Caiado (DEM) e os primeiros pela liderança “vestal” do PT, o resultado da votação revelou que a grande maioria da chamada “base aliada” do governo da frente popular prefere seguir a orientação política da fascista UDR e não a dos cretinos petistas convertidos em “socialistas neoliberais”.

Mas se enganou redondamente quem pensou que no “bloco do não” (voto pelo não para a proposta vinda do senado) cabiam somente os ruralistas tradicionais e “similares”. Os partidos da “esquerda” social-democrata praticamente racharam nesta votação. Os parlamentares do PCdoB, apesar da orientação do Comitê Executivo em votar pelo “sim”, dada por Renato Rabelo, se dividiram meio a meio (6/6), refletindo o peso do ministro dos esportes Aldo Rebelo que articulava abertamente o “bloco do não”. O racha no interior do PCdoB, que ironicamente na semana passada publicou um artigo em defesa do “marxismo leninismo”, assinado pelo próprio Renato, é produto das poderosas forças centrífugas para liquidar a farsa da “foice e martelo”, em uma organização que já se encontra totalmente rendida à burguesia. Também o PSB, os “socialistas” das oligarquias regionais, verteu a maioria dos votos de seus deputados para o pântano do “não”, no que foi seguido pelos falsos “nacionalistas” do PDT, ao melhor estilo do finado Brizola. Até mesmo na bancada do PT o “não” conseguiu colher um votinho, “pureza” mesmo só entre os deputados do PV, aderentes na plenitude ao circo montado para vender a incautos o conto “progressista” do novo Código Florestal.

A “derrota” do governo Dilma no seio de sua própria base de apoio na Câmara dos Deputados não foi propriamente uma surpresa política. Apesar dos altos índices de popularidade e da ampliação da base social do governo, Dilma conhece muito bem o caráter reacionário e fisiológico de seus “companheiros” parlamentares, que não vacilam em apoiar todas suas medidas de ataques às conquistas históricas da classe trabalhadora, como a recente aprovação por ampla maioria da previdência privada para os servidores públicos federais. Quando lhe convém vestir a “aura” de progressista, Dilma conta permanentemente com o apoio da “oposição de esquerda” (PSOL e PSTU), como agora na votação do Código Florestal, onde os deputados do PSOL vestiram vergonhosamente a camisa do “bloco do sim”, fazendo mais uma vez o jogo de dar uma cobertura de “esquerda” a um governo que é declaradamente inimigo da mais tímida reforma agrária. Já o PSTU, mesmo sem representação no Congresso Nacional, apesar de todos seus malabarismos oportunistas, chancela integralmente a “prática” parlamentar de seus “camaradas” do PSOL, descarregando nos ombros do governo Dilma a exclusividade da capitulação aos latifundiários do Senado.

Não podemos nos esquecer que a votação de ontem (25/04) na Câmara, ocorre no mesmo momento que precede a instalação da “CPI do Cachoeira”, tendo sido já indicados o presidente (PMDB) e o relator (PT) da “explosiva” comissão. Tendo como parâmetro político a derrota do governo, podemos esperar que a quase totalidade do Congresso Nacional, comprometida até a medula com a corrupção das empreiteiras e grandes corporações capitalistas, não investigue seriamente absolutamente nada. A CPI do “bicheiro” que se envolveu em todos os generosos negócios da “república dos barões”, no máximo deve servir como palco de “vingança” entre bandos mafiosos, decapitando alguns cadáveres insepultos como o próprio senador Demóstenes e alguns deputados do chamado “baixo clero”. Enquanto a CPI serve como instrumento de distração política das massas, com a ajuda dos reformistas arautos da “ética” do capitalismo, o próprio congresso dos “picaretas” deve seguir a pauta do “ajuste” contra a classe operária e o campesinato pobre, onde o novo Código Florestal aprovado é apenas o “aperitivo” de uma receita monetarista violentíssima, imposta pela ofensiva mundial do capital financeiro contra povos e nações.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

“Ásia para os americanos”: provocação contra a China é parte da “nova estratégia” belicista de Obama

Quase ocultada pela “grande mídia”, há cerca de duas semanas a disputa pelo arquipélago situado no Mar da China (meridional) vem servindo de pretexto para o imperialismo ianque lançar novas provocações contra a China. As Filipinas violaram o território chinês a fim de reivindicar para si, entenda-se para os EUA, o domínio colonial das centenas de ilhotas no Mar da China, desabitadas, porém ricas em jazidas de petróleo e gás natural. “Os EUA viraram a página após uma década de guerra no Afeganistão e no Iraque e, oficialmente, dirigem seus olhos à crítica região da Ásia e do Pacífico”, proclamou no início do ano, Barack Obama em sua “doutrina” voltada para cercar a China. Manobras militares acontecem de forma sistemática desde o dia 22 de abril, envolvendo as forças navais das Filipinas, EUA, Japão, Austrália e Coreia do Sul, as quais já ocuparam a ilha de Huangyan, onde realizam simulações de guerra. Em contrapartida, China e Rússia deslocaram armadas para as proximidades da ilha: quatro mil homens, 16 navios, cinco destróieres, 13 aviões de guerra, navios de combate, cruzadores de mísseis etc., o que somente aumenta o nível de tensão bélica nesta região do globo terrestre. A crise iniciou-se no dia 10 último, quando navios militares filipinos tentaram prender pescadores chineses que trabalhavam nos atóis de Scarborough. Pequim argumentou que os filipinos violaram o território chinês e impediram as prisões. Assim, estavam colocadas as escaramuças e iniciadas as provocações tanto para intimidar a China, “aliada” da Coréia do Norte, como parte dos preparativos da futura guerra ao Irã.

A estratégia de defesa do Pentágono tem a China como alvo e por isso intensifica suas manobras no Oceano Pacífico: “EUA e Filipinas têm um tratado de defesa comum que garante nosso compromisso na proteção mútua” (Terra Notícias, 23/4), afirmou o tenente-general Duane Thiessen, comandante dos soldados americanos no Pacífico. Evidentemente que as “intenções” ianques não se resumem à questão meramente petrolífera. Trata-se, não obstante, da expansão de seu domínio geopolítico e militar na região em litígio, ou seja, visa não só minar a influência chinesa nesta parte do globo, como principalmente “ganhar terreno” em direção a Coreia do Norte a fim de enfraquecer a todo custo o Estado operário. De quebra, pressiona militarmente a China visando neutralizá-la diante da futura agressão imperialista ao Irã. Não por coincidência, as tensões subiram de tom pouco depois que Kim Jong-un anunciou seu próximo teste nuclear: “A República Popular Democrática da Coreia (RPDC), já realizou dois testes em 2006 e 2009, utilizando plutônio. Desta vez, ela poderia usar urânio enriquecido por ele. Um eventual sucesso lhe permitiria desenvolver mais facilmente com um arsenal, incluindo ogivas nucleares para os mísseis” (Le Monde, 25/4).

A mídia murdochiana qualifica a China como uma grande potência imperialista aliada, por exemplo, a Coreia do Norte, no que é grotescamente imitada pela esquerda revisionista do trotsquismo. A realidade, no entanto, é bem distinta deste mundo idílico. A China, após a restauração capitalista, se transformou no maior entreposto comercial e industrial do mundo, uma grande consumidora de commodities e é nisto que consiste a sua “exuberância” econômica. Caracteriza-se por ser uma economia semicolinal com fortes induções estatais, remanescentes da herança stalinista. Em suma, por maior que seja o crescimento do PIB chinês, a hegemonia militar em todo o planeta concentra-se plenamente nas mãos da Casa Branca. A China, sendo um país capitalista, com pesados investimentos do imperialismo, certamente se vergará às pressões, assim como a própria Rússia o faz também no papel de semicolonia dos EUA em que se transformou após a destruição do Estado operário soviético. Não por acaso, Putin acaba de autorizar a instalação de uma base militar da OTAN na cidade onde nasceu Lênin. Ambos governos, por não terem autonomia política perante o imperialismo, vão capitular no quesito enfrentamento aberto com as grandes potências capitalistas ianque e europeias, como já o fizeram na guerra de rapina contra a Líbia e agora vem ocorrendo na Síria, com a aceitação dos observadores-espiões da ONU. Obama foi claro ao explicar sua nova “doutrina”: “Nosso exército será menor (do que o da China), mas o mundo deve saber que os EUA manterão sua superioridade militar, com forças armadas que serão de intervenção imediata e dispostas a enfrentar qualquer eventualidade e qualquer ameaça”.

A nova campanha militar na região está eminentemente voltada para colocar em prática a fragmentação territorial da China e, com isto levar à desestruturação social, política e econômica do país. A Casa Branca e o imperialismo europeu vêm realizando um operativo para desestabilizar o país, tal como aconteceu com a questão da independência do Tibet, o estímulo ao separatismo islâmico e muçulmano em algumas províncias chinesas por força atuante da CIA, sabotagens amplamente aceitas e apoiadas pela esquerda revisionista do trotsquismo como fazem os morenistas da LIT em nome de um “Tibet Livre”. As constantes provocações contra o Estado nacional chinês cumprem, em última instancia, o objetivo de acabar com qualquer possibilidade de que algum regime ao redor do planeta se oponha ainda que minimamente ao “american way life”, como são os casos específicos da Coreia do Norte e Irã. Somente a revolução proletária, encabeçada por um autêntico partido revolucionário poderá retomar o controle para si da economia planificada na China e o controle do Estado por parte dos trabalhadores e enfrentar frontalmente a barbárie imperialista rumo à construção do socialismo.

terça-feira, 24 de abril de 2012

COB convoca “greve geral” para pressionar governo Evo Morales a “mudar de rumo”

Teve início neste 24 de abril uma paralisação de dois dias convocada pela COB em apoio a luta dos médicos e estudantes bolivianos. La Paz foi palco de uma jornada de protestos contra a política de arrocho salarial do governo de Evo Morales, que desferiu uma brutal repressão através da polícia para dispersar manifestações de mineiros, médicos e estudantes. O protesto reuniu pela manhã milhares de trabalhadores, que se defenderam jogando pedras e bananas de dinamite contra a polícia na Praça Murillo, próximo à sede do governo. Os trabalhadores reivindicam aumento salarial superior a 8% e denunciam o aumento no custo de vida. A manifestação começou em El Alto e prosseguiu até o centro de La Paz, com a direção da COB limitando a luta a reivindicações econômicas sem apontar nenhum eixo de denúncia política do caráter burguês da gestão de colaboração de classe do MAS porque acredita que pode pressionar Morales “a mudar o rumo de seu governo”, algo bastante parecido com a cantilena distracionista que a CUT faz no Brasil com o governo Dilma ou praticou durante todos os dois mandatos de Lula.

No último dia 19 de abril, um ampliado da COB rejeitou a proposta feita pelo governo Morales que estipulou em míseros 7% o aumento dos salários de várias categorias e em 18% no salário mínimo nacional. Apesar disso não convocou a greve geral por tempo indeterminado, mas apenas uma paralisação de dois dias. Segundo o presidente da COB, Juan Carlos Trujillo, “a central não é nem oposição nem oficialismo ante Morales”, criticando no máximo a “direitização do governo”, o que na prática significa que a burocracia cobista se nega a denunciar a gestão do MAS como inimiga de classe dos trabalhadores bolivianos, fazendo dos protestos um instrumento de barganha para que Morales possa atender algumas reivindicações, diminuindo a pressão da bases sobre a burocracia sindical.

Frente a essa limitada resistência convocada pela COB, o governo se recusa a propor um novo aumento salarial, tentando impor sua política pela via da cooptação das direções sindicais. Apesar disso, desde o final do ano passado, Evo vem enfrentando várias lutas populares. Um exemplo foi a mobilização dos povos originários contra a construção de uma estrada no meio de um parque indígena. Mais uma vez a reação do governo foi lançar uma violenta repressão contra a marcha indígena. Esta é uma clara evidência do esgotamento do chamado “Socialismo do Século XXI”. A via “bolivariana” de gestão do Estado capitalista é uma alternativa burguesa com corte demagógico “socialista” que se nega a atender as demandas populares mais elementares. Está claro que Evo efetivou um pacto com as oligarquias regionais e os imperialismos ianque e europeu para “estabilizar” o regime político e arrefecer os ânimos das massas através da repressão estatal e da cooptação. A repressão aos indígenas e aos trabalhadores em geral nada mais é do que a expressão deste vergonhoso pacto oligárquico.

A cada confronto das massas exploradas bolivianas fica patente a ausência de uma direção revolucionária dos trabalhadores, onde a COB joga todo seu peso para isolar e dispersar as lutas em curso, no máximo utilizando-as para pressionar o governo. Para romper com este quadro é necessário que os trabalhadores estejam orientados por uma clara plataforma revolucionária, mas tragicamente as correntes políticas que se reivindicam trotskistas no país, mais particularmente o POR boliviano, não passa hoje de um apêndice de “esquerda” da direção da COB. Está colocada na ordem do dia a luta por forjar uma alternativa de direção revolucionária para o proletariado boliviano e essa tarefa passa por ganhar os trabalhadores do campo e da cidade para se colocar no terreno da oposição operária e revolucionária a governo Evo, superando a política de colaboração de classes da direções sindicais oficialistas e da própria COB que finge ser “independente” diante do governo do MAS, mas na verdade bloqueia a luta política para que a vanguarda classista encare a gestão da frente popular como um instrumento da burguesia contra os trabalhadores.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Todos juntos para derrotar Sarkozy?

Como já havíamos prognosticado há dois meses, os dias de Sarkozy no palácio do Élysées parecem estar com os dias contados. No último domingo (22/04), no primeiro turno das eleições presidenciais francesas, o partido socialista (PS) obteve uma significativa vitória contra a UMP do fascistizante Nicolas Sarkozy, ainda que por uma pequena margem de 1,5% de votos. Em terceiro lugar, com uma votação excepcional (cerca de 18%), ficou a neonazista Frente Nacional, da candidata “filhote” Marine Le Pen. Atrás da extrema direita, com uma votação abaixo da expectativa gerada, aparece Jean Luc Mélenchon da Frente de Esquerda com um pouco mais de 11% dos votos. Com o segundo turno marcado para o próximo 06 de maio, o burocrata do PS François Hollande parte com o importante trunfo de pela primeira vez na história da V República um presidente ter sido derrotado no primeiro turno das eleições.

A derrota parcial de Sarkozy, castigado politicamente por uma gestão de profundos ataques às conquistas sociais da classe operária, ocorre em uma etapa de “pico” do ciclo da crise capitalista e de nítido ascenso do neonazismo europeu. Pela margem apertada do triunfo do PS, ganha peso no segundo turno a decisão da Frente Nacional, que tende a referendar Sarkozy apesar de considerá-lo “frouxo” no combate xenófobo aos imigrantes. No outro campo da “esquerda” social-democrata, começou a cruzada de apoio ao programa neoliberal do “socialista” Hollande, começando é claro pela Frente de Esquerda de Mélenchon. Se alguns ainda nutriam “esperanças” que a Frente de Esquerda viesse a delimitar com o PS, co-responsável pela política de “ajuste” da troika levada a cabo por Sarkozy, enganaram-se redondamente. Enquanto o velho traidor do proletariado, Partido Comunista integrante da Frente de Esquerda, negocia descaradamente sua participação em um futuro governo do PS, Mélenchon posando de “vestal” declara: “Convoco todos para que nos reunamos dia 6 de maio – e sem nada pedir em troca de nosso voto –, para derrotar Sarkozy!”.

Mas se se a posição tomada pela Frente de Esquerda, de apoio envergonhado ao PS, já era esperada, “surpresa” mesmo foi o rápido anúncio feito pelo Novo Partido Anticapitalista (NPA) de legitimar Hollande na segunda volta presidencial. O revisionista NPA que obteve 1% dos votos com a candidatura de Philippe Poutou, retrocedendo quase cinco vezes de sua votação de 2007, declarou ao canal France 2 Television que: “No próximo dia 06 de maio a eleição servirá a um propósito: colocar para fora Nicolas Sarkozy”. Outro “segmento” do revisionismo francês, Luta Operária (LO), que cravou meio ponto percentual no último domingo, perdendo cerca de dez vezes de seus votos em comparação a sua melhor eleição em 2002, afirmou cinicamente que: “Obviamente aconselharemos a classe trabalhadora a não votar por Nicolas Sarkozy, o presidente dos ricos”. Outros grupos pseudotrotsquistas sem nenhuma expressão real na luta de classes da França, como o de Alan Woods e do finado Lambert, também engrossam o caudal frente populista de “todos juntos para derrotar Sarkozy”. Estes arautos das reformas no putrefato regime capitalista, “todos juntos” pretendem repetir as escandalosas traições de classe praticadas durante os quatorze anos do governo “socialista” de Mitterrand.

A derrota da direita francesa, UMP e Frente Nacional, não virá pela via eleitoral, ao contrário, uma nova gerência do PS a frente do Estado imperialista só reforçará as tendências fascistas presentes em um período de agravamento da crise capitalista. A velha receita estalinista de “frente ampla” parlamentar contra a direita, hoje desgraçadamente seguida pela grande “família” do revisionismo trotsquista, é historicamente o caminho mais curto para “colher” as piores derrotas para a classe operária. Os bolcheviques leninistas apontam vigorosamente a senda da frente única operária de ação direta, com absoluta independência de classe em relação aos setores “progressistas’ da burguesia, como é o caso atual da social democracia europeia já convertida em força política capitalista. Nas eleições da França, assim como no primeiro turno, a esquerda revolucionária não tinha candidato, no próximo dia 06 de maio a vanguarda classista do proletariado deve reforçar a denúncia das duas candidaturas siamesas, UMP e PS, ambas comprometidas com o draconiano programa de “ajustes” do FMI (até pouco tempo dirigido por um quadro “socialista”). Somente a ação direta e revolucionária das massas será capaz de estabelecer as bases, não para a “refundação da V República” como pregam os reformistas de todos os matizes, mas sim para fundação da república socialista dos povos europeus.

As “quatro irmãs” e o ocaso da Delta

A construtora Delta emergiu dos “subterrâneos do mundo dos negócios”, que envolve os milionários contratos de governos municipais, estaduais e federal, para as páginas dos principais “jornalões” brasileiros depois que seus altos executivos foram flagrados em conversas com Carlinhos Cachoeira. Este, apresentado como o “grande corruptor” pela imprensa murdochiana, está preso por “contravenção” e sob investigação por participar de um poderoso esquema de fraudes em torno de obras públicas. Muito embora Cachoeira tenha inúmeros contatos com partidos da chamada “base aliada” do governo Dilma e também com os da “oposição conservadora” e até com a esquerda, as fraudes da Delta são apenas uma ponta do iceberg da podridão burguesa. Os contratos da Delta entre 2009 e 2010 chegam aos R$ 220 milhões, claro, alimentados por superfaturamentos de materiais e serviços. Apenas em uma obra, no Mato Grosso, por exemplo, na recuperação da via rodoviária federal dos R$ 39 milhões previstos o preço do serviço aumentou mais de 22% em um ano. Como a Delta tem grande participação nas obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) do governo Dilma, o esquema expõe um verdadeiro saque das máfias burguesas sobre o botim estatal. Contudo, as denúncias acerca das fraudes desta construtora cumprem um papel bastante prático: o de preservar os principais “corruptores”, ou seja, aqueles que financiaram a campanha eleitoral do governo Lula/Dilma. Entram de soslaio nesta questão as chamadas “quatro irmãs”, a Camargo Correa, Norberto Oldebrech, Andrade Gutierrez e Queiróz Galvão.

Para se ter uma ideia, somente estas quatro maiores empreiteiras concentram para si mais de R$ 138 bilhões em obras no país, entre elas Belo Monte (Pará), Rio Madeira (Roraima). Graças aos contratos multimilionários se converteram em autênticos conglomerados da infraestrutura (petróleo, energia elétrica, telecomunicações, agronegócio) e integram, ao mesmo tempo, as maiores obras do PAC, além de “ganharem” as licitações para as reformas e construção dos estádios de futebol voltados para a Copa do Mundo de 2014. Neste sentido, os “negócios” da Delta perante os das “quatro irmãs” são brincadeira de criança!

Aqui repousa a principal questão, ou seja, são as “quatro irmãs” que concentram em suas mãos todo o poder decisório das “licitações”, dos contratos das grandes obras. Determinam, portanto, quem pode entrar e aqueles que devem ficar fora dos projetos e “consórcios” por elas montados referentes à subcontratação de empresas para executar as várias etapas das obras país afora. Trata-se do “toma lá dá cá” da política burguesa, quando o governo Dilma “retribui” as gordas quantias doadas pelas empreiteiras a sua campanha eleitoral com favorecimentos econômicos. Figuras como Cachoeira, Demóstenes Torres e todos os envolvidos devem ser rifados como “peixes pequenos” em benefício das oligarquias regionais e governos que abrem os cofres para as empreiteiras saquearem. Aliás, o papel ativo como corruptores de empreiteiras não é nenhuma novidade. Há muito isto ocorre, como a “Operação Navalha” em 2007, ocasião em que se descobriu um esquema da construtora Gautama que envolvia até o governador do Maranhão e diversos empresários. Em 2009, no conhecido escândalo do DNIT, quando o ministro Anderson Adauto foi pego favorecendo a Queiroz Galvão na cobrança de dívidas contraídas desde 2002.

Assim funciona o Estado burguês, como um comitê executivo dos grandes negócios dos capitalistas. Qualquer tentativa de moralizá-lo, como fazem os deputados do PSOL e os falsos vestais do PT, significa eliminar de vez a participação ativa neste processo da classe operária e semear a ilusão de que é possível reformar o Estado. Somente o proletariado em sua ação revolucionária, através da ocupação das obras destas megaconstrutoras, da ação direta das massas com manifestações, passeatas, ocupações de fábricas e terras, rumo à estatização completa dos meios de produção, poderá por um fim à corrupção. A finalidade da ação do proletariado é a destruição completa do Estado capitalista e, sobre as suas ruínas, edificar as novas bases para um novo modo de produção.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

A esquerda revolucionária não tem candidato às eleições presidenciais francesas

Como já havíamos afirmado há cerca de dois meses, o ciclo da gerência neoliberal “clássica” a frente do Estado capitalista francês tinha se esgotado sob o mandato de Sarkozy. A crise capitalista que atingiu em cheio o centro do “velho mundo” exigia o retorno da gestão social-democrata em países imperialistas protagonistas como França, Alemanha e Inglaterra. A França será a vanguarda deste processo reconduzindo o Partido Socialista, apeado do “poder” desde o histórico governo de Mitterrand encerrado em 1995. Desde então, uma sequência de governos da direita “conservadora”, com Chirac e Sarkozy, vem assumindo a tarefa de descarregar sob a classe operária o ônus da crise capitalista, desencadeando uma ofensiva contra as conquistas sociais obtidas com a derrota da ocupação nazista e a iminência da revolução socialista em um país “hegemonizado” pela heróica resistência e os partisans. A eleição de Sarkozy em 2007 foi em certa medida um prolongamento forçado do ciclo “neoliberal” que tomou conta da Europa em meados dos anos 90 com a aniquilação do Estado operário soviético e suas conquistas proletárias, nesta época os partidos “socialistas” europeus foram duramente golpeados pela “onda” privatista que pregava a primazia do “deus” mercado sobre o Estado do “bem-estar social”. O PS francês foi “humilhado” eleitoralmente, chegando mesmo a ficar atrás da Frente Nacional, do fascista Jean Marie Le Pen, nas eleições presidenciais de 2002. Em 2007 uma nova derrota para um “playboy” sem muito peso na política dos Gauleses. Mas, tudo indica que no próximo domingo (22/04) os “socialistas”, tendo como candidato o “vestal” François Hollande, um burocrata de segunda linha do partido, emergirão novamente à gerência do Estado imperialista francês.

O caminho do retorno do PS à presidência da França, todavia, não foi tão tranquilo assim. Primeiro, a burguesia tratou de “eliminar” os dirigentes “carismáticos” como Lionel Jospin e Strauss Kahn, ambos com passagem pela “ultra-esquerda” trotsquista do revisionista Pierre Lambert, já falecido em conjunto com sua corrente política. O nome forte do PS nestas eleições seria do ex-diretor gerente do FMI, Kahn, “vítima” de uma sórdida armação onde foi acusado de estupro em pleno território norte-americano. Demolida a candidatura do “fanfarrão” Strauss Kahn, figura identificada com a opulência e luxo, assim como Sarkozy, restou o nome no interior do PS do “vestal” Hollande, que sequer possuía um automóvel, dirigia uma motoneta como símbolo de uma vida monástica, um típico político pequeno-burguês fácil de ser removido nas próximas eleições de 2017, quando a velha direita pretende assumir seu lugar por “direito” após o PS realizar o trabalho “sujo” de “ajuste” fiscal exigido pela troika Europeia. Neste cenário de crise financeira, parece se esvairem as poucas chances de uma reação eleitoral de um desgastado Sarkozy no segundo turno presidencial a se realizar em maio próximo.

Mas, realmente o fato novo destas eleições foi o surgimento do Partido de Esquerda, uma cisão do PS, que encabeça uma aliança com o Partido Comunista Francês, batizada de “Frente de Esquerda”. O candidato desta inusitada composição Jean Luc Mélenchon, outro quadro Lambertista do PS e ex-ministro do governo “socialista” do primeiro ministro Jospin, vem atraindo as atenções do eleitorado mais jovem e com características nitidamente populares. Representa um fenômeno político similar ao que foi Heloísa Helena no Brasil ou Pino Solanas na Argentina, ou seja, uma espécie de populismo “radicalizado” de esquerda. Não gastaremos muitas linhas tentando “provar” que Mélenchon não é revolucionário ou algo parecido, quando o próprio mesmo se define como um “defensor do capitalismo cidadão, avesso a qualquer forma de estatização autoritária”. Mas, quando se trata de fazer demagogia “nacionalista”, Mélenchon revela que teve uma boa escola, passando a atacar o “lucro excessivo” da banca financeira, além de prometer aumentar o salário mínimo do proletariado francês. Com um discurso “radical”, mas sem conteúdo programático marxista, a Frente de Esquerda passou rapidamente a polarizar as eleições presidenciais, ameaçando inclusive tomar a posição de terceira colocada da xenófoba Frente Nacional dos Le Pen. Mas quando foi perguntado acerca da recente “estatização trucha” da YPF, Mélenchon desconversou e disse que “respeitaria contratos”, espelhando-se no exemplo de Lula, o qual afirma ser um “grande admirador”.

O esgotamento prematuro do Novo Partido Anticapitalista (ex-SU) e a fadiga crônica da organização revisionista Luta Operária, abriram em muito o caminho para o crescimento da demagogia de “esquerda” do populista Mélenchon e o relativo “renascimento” do Partido Comunista, que já negociam abertamente uma participação ministerial no futuro governo do Partido Socialista. Os bolcheviques leninistas não se reconhecem em nenhuma das candidaturas desta “esquerda” pequeno-burguesa que pretendem “humanizar” o capitalismo. A verdade é que a burguesia imperialista francesa intensifica sua ofensiva contra as conquistas das massas, tanto no terreno doméstico como internacional (Hollande já anunciou seu apoio à intervenção da OTAN sobre a Síria e Mélenchon silenciou mais uma vez), necessitando “renovar” seus gerentes para esta “empreitada” sinistra. A tarefa que se coloca nesta conjuntura de falsas “mudanças” é preparar a ação direta da classe operária, rompendo com o tradeunismo das burocracias sindicais do PS e PC. Está aberta uma etapa de profundos ataques à organização e consciência independente do proletariado, onde falsos “messias” da colaboração de classes se apresentarão para a apologia das “reformas possíveis”.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Observadores-espiões da ONU estão a serviço dos muy “amigos da Síria” para assessorar agressão imperialista da OTAN

O governo de Bassar Al-Assad assinou nesta quinta-feira, 19/04, em Damasco, um acordo com a ONU autorizando o envio de seus observadores-espiões à Síria sob a justificativa de supervisionar o cessar-fogo no país. O acordo foi mediado por Kofi Annan, representando a ONU e a Liga Árabe e teve o apoio da China e da Rússia, sendo aprovado por unanimidade pelo Conselho do Segurança (CS) das Nações Unidas. Mais de 300 observadores devem compor a missão. Esta tem como verdadeiro objetivo monitorar o governo sírio enquanto a debilitada oposição financiada pelo imperialismo se recompõe na fronteira do país com a Turquia, onde a OTAN montou uma base de apoio ao chamado ELS (Exército Livre da Síria), mercenários a serviço das potências abutres imperialistas.

Segundo Kofi Annan “Este acordo detalha as funções dos observadores no cumprimento de seu mandato na Síria e as tarefas e responsabilidades do governo sírio a respeito” (Actualidad-RT, 19/04). Ele foi assinado pelo governo sírio, sob forte pressão da China e da Rússia, depois que o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, ventríloquo da Casa Branca, declarou em carta ao CS que a Síria não cumpriu suas obrigações determinadas por um “plano de paz” que previa a retirada de tropas e armamentos pesados de áreas urbanas, ou seja, manteve os ataques aos agentes do imperialismo mesmo durante o chamado “cessar-fogo”. Nesta mesma carta, Ban Ki-moon defendeu que sejam fornecidos aviões e helicópteros aos “observadores”, já pedidos à União Europeia, leia-se OTAN, para que seja montada uma base militar das forças da ONU dentro da Síria! Não por acaso, o CS se reúne ainda nesta quinta-feira para discutir o relatório de Annan e as ordens de Ban Ki-moon, enquanto grupos de oposição tem em Paris um encontro com os ministros de Relações Exteriores da Europa e a Secretária de Estado, Hillary Clinton, para discutir como agirão de forma conjunta frente à presença de seus novos aliados no país, os espiões da ONU na Síria.

Inicialmente uma equipe de seis observadores chegou esta semana passada à Síria, como parte do “plano de paz” negociado por Kofi Annan. Entre eles estavam um oficial militar brasileiro, o que demonstra que assim como a China e a Rússia, o Brasil vem pressionando Bassar Al-Assad a cumprir as exigências da ONU que nada mais são que ditames voltados a barrar a ofensiva do exército nacional contra os grupos mercenários organizados no ELS e sob orientação política do Conselho Nacional Sírio (CNS), ambos financiados pela Casa Branca, como anunciou a própria víbora Hillary Clinton recentemente na Turquia. A visita da Secretária de Estado dos EUA ao Brasil antes da reunião dos "Amigos da Síria" em Paris teve como objetivo justamente fechar a “parceria” com os BRICS para que estes países “emergentes” incrementem as pressões sobre o regime sírio. Como se vê, por trás dos vetos no CS na ONU da Rússia e China e do discurso por uma “saída política” na Síria e no Irã proferido pelo chanceler Antônio (nada)Patriota durante a visita da Madame Clinton, está em curso uma avançada negociação para neutralizar a resistência síria à futura agressão imperialista ao país e ao próprio Irã.

Não esqueçamos que esses observadores-espiões repassam informações chaves sobre o poder de fogo do exército sírio, dados que vão diretamente para o Pentágono e a OTAN melhor planeja sua ofensiva sobre a região. Justamente por isso, o carniceiro presidente francês, Nicolas Sarkozy, afirmou também nesta quinta-feira durante a reunião com os mercenários sírios em Paris que a solução para a crise na Síria é o estabelecimento de “corredores humanitários” pela ONU que possam permitir a sobrevivência da oposição e arrematou comparando a Síria à Líbia: “Bashar al-Assad está mentindo... ele quer varrer Homs do mapa assim como Gaddafi queria destruir Benghazi. Nós pedimos que esta reunião una todos que não aceitem que um ditador esteja matando seu povo. A solução é o estabelecimento de corredores humanitários de modo que a oposição possa existir na Síria” (G1, 19/04). No mesmo sentido foram as declarações da Secretária de Estado norte-americana, a víbora Hillary Clinton, que também está na reunião dos “Amigos da Síria” em Paris com ministros árabes e europeus.

Pressionado pela China e a Rússia, que vetaram a agressão militar via OTAN, porém buscam um acordo com a Casa Branca para uma “solução política” do conflito, o governo Sírio vem cedendo sistematicamente. Anteriormente havia aceitado uma missão de avaliação humanitária preliminar da ONU para viabiliza o cessar-fogo, agora perminte o envio de centenas de observadores-espiões a serviço da CIA, Mossad e M-16 para mapear as debilidades internas do exército nacional sírio visando uma nova ofensiva militar na região. Como se vê, Rússia e China, pelo caráter de classe burguês de seus governos, são incapazes de levar adiante uma oposição consequente aos planos do imperialismo, buscando simplesmente preservar defensivamente suas zonas de influência na região. Lembremos o exemplo líbio, onde em nome do suposto combate a “ditadura Kadaffi,” o imperialismo, com o aval da China e da Rússia que se abstiveram no CS da ONU, bombardeou o país e agora está dividindo seu território para melhor explorar as reservas de petróleo da Líbia, como se comprova com a declaração de “autonomia regional” da zona oriental do país, onde se localiza Benghazi e se concentra até 66% dos poços de óleo cru líbio. Ao lado das potências imperialistas, a esquerda revisionista do trotskismo, como a LIT e seus satélites, apoiou a farsesca “revolução árabe” na Líbia e agora faz o mesmo na Síria alegando combater a “sangrenta ditadura de Assad”.

Para derrotar a ofensiva política e militar das potências abutres e de seus aliados internos é preciso que o proletariado sírio em aliança com seus irmãos de classe do Oriente Médio se levante em luta contra a investida imperialista na região, travestida pela retórica de defesa dos “direitos humanos e democracia”. Neste momento é fundamental estabelecer uma clara frente única anti-imperialista com as forças populares que apoiam o regime nacionalista burguês sírio assim como com o Hezbollah para derrotar a ofensiva da OTAN e da ONU sobre o país. Combatendo nesta trincheira de luta comum, os revolucionários têm autoridade política para rechaçar inclusive as concessões feitas pelo governo de Bashar Al-Assad a esses organismos imperialistas que pretendem subjugar o país, forjando no calor do combate as condições para a construção de uma genuína alternativa revolucionária as atuais direções burguesas que via de regra tendem a buscar acordos vergonhosos com a Casa Branca.


quarta-feira, 18 de abril de 2012

A estatização “trucha” da Repsol e o enorme fortalecimento do projeto “nacional e popular” dos K

A presidente Cristina Kirchner acaba de anunciar nesta segunda-feira (16/04) a retomada de 51% das ações da YPF, privatizada no final da década de 90 pelo governo Menem, para o controle do Estado Argentino. A fração acionária majoritária da YPF (Yacimientos Petrolíferos Fiscales), fundada em 1922, foi vendida a espanhola gigante do setor de energia Repsol em 1999 em plena “queima” total das estatais argentinas. Agora Cristina enviou ao Congresso Nacional um projeto de lei de recompra compulsória das ações que a Repsol detém no controle da YPF, como ela mesmo definiu em uma movimentada coletiva a imprensa mundial: “não se trata de estatização mas sim da recuperação da soberania hidrocarburífera da república Argentina”. A operação planejada pelos K, não expropria nenhum grupo econômico privado nacional, que continuam a ter incólumes cerca de 30% das ações da YPF, tampouco confisca a Repsol que será remunerada pelas suas ações nos marcos estabelecidos pelos preços do mercado internacional. Na própria segunda-feira a “indignada” direção da Repsol em Madrid, coberta de solidariedade pelo governo franquista de Rajoy e pelos “socialistas” do PSOE, estipulou em oito bilhões de dólares o preço de sua “indenização”, para logo depois elevar em mais de dois bilhões o valor a ser pago pelo governo Argentino. Por sua vez, Cristina já mandou avisar que não pagará os dez bilhões de dólares reivindicados pela Repsol (talvez chegue a US$ 6 bi), iniciando assim um longo processo de negociações portenhas e ameaças imperialistas, que obviamente em muito interessa ao governo argentino, que assiste sua popularidade política atingir níveis só alcançados pelo lendário general Juan Domingo Perón.

Mas engana-se redondamente quem pensa que a recompra da YPF representaria apenas uma manobra “eleitoral” de demagogia nacionalista, como parece ser o caso dos dementes do Partido Obrero (PO). A Argentina tem um enorme potencial em reservas de petróleo e gás natural, estima-se que detenha o segundo maior manancial ainda não explorado de gás de toda a América e o terceiro do planeta. Recentemente foi descoberta a jazida petrolífera de “Vaca Muerta”, no sopé dos Andes, o que poderá multiplicar por oito a produção de hidrocarburetos do país. Acontece que pelo intenso processo de sucateamento vivido pela YPF nos últimos quatro anos, a Argentina perdeu sua autossuficiência histórica em petróleo, atingida bem antes mesmo do Brasil. A multinacional espanhola Repsol, em função da crise financeira europeia, vinha canalizando seus investimentos para a rapinagem imperialista sobre os países árabes, incluindo a Líbia recentemente saqueada pelas “gigantes europeias”, deixando a YPF argentina sobreviver as suas “próprias custas”. Sob o “abandono” da matriz não restou outra alternativa ao governo argentino senão a “desapropriação” remunerada da Repsol e o mais importante no momento, impulsionar com a própria burguesia argentina um projeto energético de grande fôlego e de bem mais consistência do que o falacioso “pré-sal” brasileiro.

O “modelo” pensado pelos K para a “nova” YPF não tem o menor traço de “estatismo” e tampouco de “nacionalismo”, ao contrário, “copia” a estrutura acionária da Petrobras e suas “parcerias” com as multinacionais do setor na exploração das reservas nacionais de petróleo. Como é provável que em um primeiro momento as bravatas do imperialismo resultem em um certo “boicote” a investimentos diretos na YPF, o governo argentino já conta com o apoio decidido da China, expulsa da Líbia pelo cartel de piratas saqueadores, que está disposta a “tocar” a parceria com a YPF, principalmente na exploração do gás natural, investindo imediatamente cerca de dois bilhões de dólares, dinheiro que será utilizado pelos K para amortizar sua “dívida” com a Repsol. Portanto, estaremos em breve assistindo um enorme potenciamento da economia argentina em um setor que estava “congelado” e arrastando várias províncias a bancarrota. Também a semelhança do que ocorre no Brasil e Venezuela, núcleos da burguesia serão diretamente beneficiados com o “aquecimento” do setor energético, principalmente em época de alta dos preços das commodities minerais no mercado internacional. Obviamente, estes segmentos capitalistas ascendentes emergirão no cenário político 100% governistas, gerando uma base de apoio confortável ao projeto de longo prazo “nacional e popular” dos K.

O movimento operário classista argentino deve compreender toda a complexidade da conjuntura aberta, para não ficar simplesmente repetindo como os idiotas catastrofistas de PO que “Cristina va al derrumbe”, como fizeram às vésperas da eleição presidencial quando a viúva K conquistou uma vitória acachapante. Em primeiro lugar, é preciso denunciar e mobilizar as massas contra o pagamento escandaloso aos abutres imperialistas da Repsol, que levaram do canalha Menem a empresa estatal a preço de banana. Em segundo lugar, para uma nacionalização efetiva de YPF, como é a verdadeira aspiração popular, se faz necessário colocar a empresa sob controle dos seus operários, sob uma nova gestão anticapitalista, expulsando os burgueses nativos do controle (minoritário) da empresa. E, por último, mas não menos importante, é fundamental a construção de uma ferramenta política independente dos explorados que polarize o cenário nacional, sempre a frente do projeto de colaboração de classes da família K.

Representa uma vergonha para o trotsquismo revisionista argentino, agrupado na “Frente de Esquerda” sempre se colocar como “furgón de cola” (reboque) das tímidas ações de desbotada coloração “nacionalista” dos K. Assim ocorreu na questão das Malvinas quando recentemente afirmaram ser contra uma ocupação militar das ilhas, declarando o seu apoio apenas “platônico” à reivindicação nacional de retomada do arquipélago, roubado pelos piratas imperialistas ingleses do povo e da nação argentina. Agora novamente repetem o “erro” e voltam a minimizar o impacto sobre as massas das medidas adotadas por Cristina na questão da YPF. Talvez quando a “Frente de Esquerda” começar a ser rechaçada nos bairros operários da grande Buenos Aires resolvam dar um passo a frente diante do engodo K e pelo menos assumir uma postura anti-imperialista minimamente consequente, mas por enquanto devem seguir “torcendo” com a OTAN de Rajoy, Sarkozy e Madame Clinton por uma intervenção “humanitária” na Síria...

terça-feira, 17 de abril de 2012

Esquema mafioso de “empréstimos” aos servidores estaduais para alimentar o caixa da oligarquia Ferreira Gomes

O escândalo envolvendo a empresa Administradora Brasileira de Cartões (ABC), gerenciadora dos empréstimos consignados dos servidores estaduais do Ceará, trouxe à tona um esquema mafioso montado diretamente pelo governo Cid Gomes (PSB, PT, PMDB, PCdoB). Criada desde o gabinete do governador especialmente para “vencer” a licitação realizada em 2009, a ABC conhecida pelo funcionalismo público como “Cartão Único”, não passa de uma empresa laranja e seu proprietário, Bruno Barbosa Borges, um reles testa-de-ferro da oligarquia dos Ferreira Gomes. Isto fica ainda mais evidente pelo fato da ABC, ter contratado para intermediar os empréstimos consignados as empresas Promus e CCI que pertencem a Luiz Antônio Valadares, nada mais nada menos do que o genro do chefe da Casa Civil, Arialdo Pinho. Por ser uma operação extremamente segura para os agiotas institucionalizados (bancos públicos e privados), com o tesouro estadual garantindo o pagamento da dívida através do desconto das parcelas diretamente na folha de pagamento dos salários dos servidores, o empréstimo consignado é uma verdadeira mina de ouro. Mesmo com juros um pouco menores do que os cobrados em outras modalidades de empréstimos, por não haver risco de inadimplência, o consignado não deixa de ter uma altíssima taxa de juros. Isto porque o Brasil é um verdadeiro paraíso para a agiotagem capitalista com o spread bancário (diferença entre a remuneração que o banco paga para captar um recurso e o quanto esse banco cobra para emprestar o mesmo dinheiro) mais alto do mundo. Somado a cobrança de elevadas tarifas de serviços bancários, o resultado não poderia ser outro, ou seja, um lucro recorde dos bancos todos os anos.

Em 2011 o crédito consignado movimentou cerca de R$ 160 bilhões no Brasil. Grande parte desse valor foi operado pelas “empresas de softwares”, terno técnico dado as empresas que controlam a margem de comprometimento do contracheque do servidor, informando quanto do salário ainda está disponível para empréstimo, assim como intermediando diretamente os empréstimos com as agências bancárias. No Ceará a Promus faz empréstimos a 150 mil servidores, movimentando R$ 40 milhões por mês. A criação das empresas de software como pré-condição para a realização dos empréstimos consignáveis foi uma forma dos governadores, prefeitos e demais membros das oligarquias regionais fazerem caixa, abocanhando parte do vultuoso montante da agiotagem, extorsão dos já achatados salários dos servidores públicos, que anteriormente era exclusivamente usurpados pelos banqueiros. O governador Cid e seu partido, o PSB, têm um grande know-how nesta área, conforme a matéria da revista Época (30/03): “Na Paraíba, o sistema de crédito consignado é administrado pela MCF Administradora de Crédito e Cobrança, contratada sem licitação. Ela pertence ao grupo empresarial MCF, do qual faz parte o deputado federal Mario Feitoza (PMDB-CE)”. Diferente da MCF que teve seu contrato suspenso temporariamente pelo Tribunal de Contas do Estado da Paraíba por sido contratada sem licitação, Cid realizou um processo licitatório de fachada, é claro, para dar uma capa legal ao esquema, ou “rolo”, como costuma dizer o próprio governador. Para isso, se associou à quadrilha a do PMDB do senador Eunício de Oliveira, envolvido em inúmeros escândalos de corrupção. Em meio ao escândalo e como parte da disputa por quem indicará o candidato da frente popular a prefeitura de Fortaleza, Ciro Gomes saiu em socorro de seu irmão e denunciou que também na administração municipal petista ocorria o mesmo: “Na Prefeitura acontece a mesma coisa. É o filho do (deputado federal) Mário Feitoza (PMDB) que administra o crédito consignado e a taxa cobrada é o dobro” (O Povo, 17/04). Como se vê, são todos “farinha do mesmo saco” rapinando o botim estatal e buscando utilizar a lama que vem à tona com os escândalos de corrupção para catapultar suas candidaturas burguesas.

Este episódio deve ser abstraído pelo conjunto dos trabalhadores como mais uma lição do quanto à corrupção e aos esquemas mafiosos realizados pelos governos do PSB e do PT, que são intrínsecos ao Estado burguês e ao sistema capitalista. Longe de clamar por “ética na política” como faz o PSOL frente aos escândalos com o intuito de moralizar o capitalismo e diante do silêncio das direções sindicais chapa branca que não convocaram nenhuma mobilização contra o verdadeiro assalto aos servidores, é necessário rechaçar o engodo eleitoral montado pela frente popular e construir uma alternativa revolucionária contra a farsa de democracia dos ricos, fazendo desde já, diante da impossibilidade de lançar uma candidatura revolucionária devido às regras draconianas impostas pela legislação burguesa, uma vigorosa campanha pelo voto nulo programático contra a frente popular e a direita conservadora. Desde essa tribuna de denúncia é preciso propagandear que somente a revolução socialista poderá garantir a expropriação da burguesia e a estatização dos meios de produção, colocando todo o sistema financeiro sob controle do proletariado, para extirpar o câncer da agiotagem que saqueia o bolso dos trabalhadores em favor dos “novos barões” a serviço da política de colaboração de classes.

segunda-feira, 16 de abril de 2012



Vereador Elias Vaz, PSOL (MTL), candidato a prefeito pela “frente de esquerda” em Goiânia, é “homem-chave” do esquema de Carlinhos Cachoeira

A cachoeira de lama acaba de atingir definitivamente o PSOL em Goiás. As gravações da Operação Monte Carlo revelaram nos últimos dias as relações da quadrilha do empresário/bicheiro com o Ministério Público de Goiás. O órgão é comandado por ninguém menos que o irmão do senador Demóstenes Torres. Em um diálogo Cachoeira pede ao ex-“xerife” do DEM que converse com o irmão, Benedito Torres, procurador-geral de Justiça de Goiás, para receber o vereador de Goiânia pelo PSOL e do MTL, Elias Vaz, e atendesse aos seus pedidos. O assunto é a licitação de um parque ambiental em Goiânia que será construído pela prefeitura do PT. Elias Vaz, representando os interesses de Cachoeira, queria barrar a obra para que esta não fosse feita por uma empreiteira concorrente da construtora Delta ligada ao bicheiro. Obviamente, todas as “denúncias” de Elias Vaz ao Ministério Público (MP) foram feitas em nome da “ética na política”... munidas de vídeos e gravações fornecidos por Cachoeira e seus arapongas, em um modus operandi igual ao usado pelo então vestal Demóstenes Torres no Senado!

Como reconhece Benedito Torres, procurador-geral de Justiça de Goiás, ele confirma que seu irmão Demóstenes intermediou o encontro: “Sim, ele pediu para que eu atendesse o vereador Elias Vaz. Aquelas informações que o vereador trouxe eu encaminhei para o promotor da execução. Essa decisão se encontra ainda no Judiciário” (G1, 14/04). O megacontraventor ordenou que Demóstenes acionasse Benedito para receber o vereador do PSOL a fim de que este fizesse uma representação no MP de Goiás para barrar licitação do Parque Mutirama, na capital goiana, já que seria prejudicado em um negócio bilionário. Demóstenes, como nos episódios anteriores, prontifica-se a pedir a interferência do irmão: “Vou ligar lá. Te ligo daqui a pouco” (Idem). O fato é que Elias Vaz integra informalmente a bancada aliada do governador Marconi Perillo (PSDB), financiada por Cachoeira na Câmara de Goiânia e adversária do prefeito do PT, Paulo Garcia. O petista estava direcionando a obra do Parque Mutirama para outra empreiteira, ligada ao esquema petista e logo Elias saiu a denunciar “irregularidades” na licitação para barrar a obra e, no mínino, chegar a um acordo para o “bem de todos”, leia-se, para dividir o botim estatal entre as quadrilhas burguesas, como é forçado a admitir o vereador do PSOL diante das gravações da PF: “O encontro que tive com o Senhor Carlos Cachoeira para tratar de assuntos da Prefeitura de Goiânia, foi realizado a pedido da própria administração municipal. A pauta da reunião seria um possível acordo para contornar a crise da compra de brinquedos usados para o Parque Mutirama” (Site do Elias Vaz).

Elias é pré-candidato da “frente de esquerda” entre PSOL e PSTU a prefeitura de Goiânia, estando em segundo lugar nas pesquisas, atrás a apenas do prefeito Paulo Garcia que busca a reeleição. O escândalo envolvendo-o com Cachoeira, atingiu em cheio o prefeiturável da coligação PSOL/PSTU, que para se defender do tiroteio político nessa verdadeira guerra de quadrilhas, denunciou que o chefe de gabinete da prefeitura do PT, Cairo de Freitas, exonerado dias depois, também havia se encontrado com Cachoeira. Como revela o Jornal Tribuna de Anápolis: “A informação de que Cairo participou de reunião com Cachoeira foi divulgada pelo vereador Elias Vaz (PSOL), outro pré-candidato que viu a sua situação se complicar após as revelações da Operação Monte Carlo. Vaz foi apontado pelo portal Brasil 247, na segunda, 26, como ‘porta-voz’ do empresário na Câmara de Goiânia. Um dia depois, o vereador subiu à tribuna e revelou o envolvimento de Cairo de Freitas com o bicheiro. Assim como Demóstenes no Senado em relação ao governo federal, o vereador Elias Vaz é o opositor mais agressivo do prefeito Paulo Garcia. Foi ele quem questionou a compra dos brinquedos do Mutirama e criou todo o imbróglio para o petista. Tem uma ligação forte com o PSDB do governador Marconi Perillo. Prova disto é que seus maiores aliados na Câmara são dois tucanos – os vereadores Maurício Beraldo e Geovane Antônio, ambos também citados na reportagem como prováveis participantes do esquema de Cachoeira. Após as denúncias, resta saber se o vereador ainda terá fôlego para articular sua candidatura” (Jornal Tribuna de Anápolis, 15/04).

O PSOL, como um partido integrado plenamente o regime burguês, está mergulhado neste esquema de corrupção estatal até o pescoço. Lembremos que logo no início das “denúncias” contra Demóstenes o senador Randolph Rodrigues eleito pelo PSOL do Amapá com o apoio do oligarca José Sarney, saiu em defesa do “probo” xerife direitista contra as “precipitações da mídia” e chegou a fazer uma fala da tribuna acerca do “julgamento sem precipitações” em relação ao parlamentar do DEM! Só depois das novas revelações ficou insustentável manter o script para blindar o ex-promotor de justiça de Goiás metido a vestal e logo o PSOL deu um giro de 180º graus, tendo o mesmo palhaço Randolph protocolado uma representação contra o senador do DEM por quebra de decoro parlamentar, visando capitalizar o escândalo como paladino da “ética na política”. Agora é a vez de Elias Vaz, do MTL, ser pego defendendo diretamente os interesses de Cachoeira e sua máfia de sangria aos cofres públicos!

Por fim, cabe a pergunta: como se portará agora o PSTU diante dessas denúncias a seu tradicional aliado em Goiânia? Ficará calado? Não é demais recordar que em 2010 o PSTU conformou em Goiás uma frente eleitoral com o mesmo MTL, então o mais aguerrido defensor de que o PSOL apoiasse Marina Silva à presidência da república e favorável a que o partido recebesse contribuições de empresários em suas campanhas eleitorais, a exemplo do ocorrido no Rio Grande do Sul, quando Luciana Genro recebeu uma bolada do grupo Gerdau. Na época, denunciamos que para nós não havia grande surpresa no fato do “ortodoxo” PSTU, que alegava ter rompido com a candidatura de Plínio de Arruda Sampaio a presidente por pretenso apego ao “programa socialista”, se aliasse com o PSOL em Goiás, controlado por Martiniano Cavalcante e seu MTL. Não por coincidência, a aliança eleitoral entre PSTU e MTL para o governo do estado de Goiás em 2010 foi precedida do próprio acordo sindical entre essas forças no Conclat, o fracassado “Congresso de Unificação”. Esse pacto está vigente até hoje, já que o MTL irá participar do congresso da CSP-Conlutas que ocorrerá no final de abril. Naquele momento alertamos que o acordo podre de bastidores selado pela direção do PSTU e MTL estava baseado em uma enorme concessão do PSTU no campo do programa e na acomodação burocrática de aparatos completamente distantes das necessidades da luta direta dos trabalhadores. Foi uma negociação tanto no campo sindical, privilegiando a representação do MTL, membro da ala direita do PSOL, na direção da “nova central”, como no próprio campo eleitoral e partidário. Hoje essa aliança torna-se ainda mais escandalosa, além de Elias Vaz estar envolvido até o último fio de cabelo no esquema Cachoeira, sendo um aliado do próprio PSDB em Goiás, a deputada estadual pelo PSOL, Janira Rocha, também do MTL e dirigente do Sindsprev-RJ, um dos principais sindicatos filiados a Conlutas, é ardorosa defensora da aliança entre PSOL e PV de Gabeira para disputar a prefeitura do Rio de Janeiro!

Como se vê, a correnteza da corrupção burguesa do esquema de Cachoeira chegou com toda força ao PSOL, arrastando para a lama esses falsos vestais “socialistas”. Não duvidamos que o PSTU, que está levando uma “pontinha” da Casa Branca para defender a fantasiosa “revolução árabe” made in CIA no Oriente Médio, na verdade uma contrarrevolução aberta para derrotar as massas árabes, fique em completo silêncio diante das corrompidas relações de seu fiel aliado, o MTL, com a burguesia e a mafiosa direita demo-tucana! Quem viver (ou sobreviver) verá!

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Fora Hillary Clinton e o imperialismo do Brasil! A “Madame” do clube dos muy “amigos da Síria” vem ao nosso país para buscar apoio em sua empreitada macabra contra o Irã

Nesta próxima segunda-feira chegará em Brasília a Sra. Clinton, chefe da diplomacia ianque (Secretária de Estado) e a atual responsável pela ofensiva imperialista criminosa sobre os povos árabes, em particular contra a Síria. A Madame Hillary organizou recentemente um “clube” muito “seleto” de “amigos (sic!) da Síria” com objetivo de apoiar e promover ações terroristas contra o regime de Bashar al Assad, o qual o império considera como “uma ditadura sangrenta”. Poderíamos perguntar a esta carniceira da Casa Branca, desde quando o imperialismo norte-americano, maior fomentador de regimes fascistizantes e genocidas pelo mundo, combate “ditaduras”? Somente muito tolos ou “inocentes úteis” poderiam acreditar que agora o Consenso de Washington resolveu se preocupar com os “direitos humanos”, patrocinando a ação de terroristas para derrubar governos adversários aos interesses do capital financeiro global. Qualquer ativista honesto de esquerda deveria saber que quando o império resolve assumir alguma “causa” supostamente humanitária, é porque estão sendo ameaçados seus interesses econômicos e militares. Este é caso concreto da Síria, onde o governo burguês da oligarquia dos Assad recusou-se a “facilitar” a escalada de provocações da CIA contra o Irã. O governo Sírio, ao contrário de seu vizinho turco totalmente submisso a OTAN, representa hoje uma barreira de contenção militar aos planos expansionistas do gendarme de Israel, que “sonha” chegar até o Líbano e as fronteiras do Irã. Como resposta ao seu “não”, o governo Assad, do qual não nutrimos a menor simpatia política, “ganhou” do império uma guerra civil “pré-fabricada”, com “tecnologia” já testada recentemente na Líbia.

Segundo a mídia Hillary teria declarado: “Quando eu for ao Brasil na semana que vem, minhas conversas serão sobre os grandes desafios da atualidade, da Síria e o Irã ao crescimento e desenvolvimento” (site G1, 12/04). Na verdade, a estadia de Hillary de dois dias em nosso país (16/17), após a recente viagem de Dilma aos EUA, tem como objetivo amarrar o compromisso “informal” do Itamaraty com o apoio a investida guerreirista do imperialismo sobre o Irã. Ao contrário do que ocorreu na guerra de ocupação a Líbia, onde formou-se um verdadeiro consórcio de chacais imperiais para saquear a nação oprimida, a empreitada macabra contra o Irã terá somente as digitais de Obama e do nazi-sionista Netanyahu. Acontece que os bandidos parceiros da Casa Branca “amarelaram” diante de um enfrentamento que se anuncia muito severo, com implicações para a luta de classes mundial. A estratégia diplomática do departamento de estado norte-americano para o Irã é neutralizar os BRICS, a partir do aval às provocações contra a Síria, chanceladas como “ajuda humanitária”. A subserviência do governo Dilma às ordens de Obama, já foi acertada na última semana em Washington em troca da assinatura de alguns acordos comerciais para beneficiar setores da burguesia brasileira, agora faltava “aparar arestas” com o staff do Itamaraty ainda ressentido com o humilhante tratamento recebido pelos ianques durante a tentativa de Lula em estabelecer um “compromisso” de desarmamento com o regime dos Aiatolás.

Como representante mor do clube dos muy “amigos da Síria”, Hillary percorre a América Latina recolhendo o apoio vergonhoso dos governos da centro-esquerda burguesa, que não se cansam de utilizar sua verborragia “anti-imperialista” para enganar as massas, quando lhes é útil. Agora, quando se impõe estabelecer a mais ampla solidariedade com os países agredidos pela bestial ofensiva militar imperialista, os governos que se reclamam “populares” como os de Dilma, Cristina, Mojica e Lugo, se perfilam covardemente atrás da Casa Branca. Mais que nunca a tarefa de combater nas ruas, praças e trincheiras as investidas desesperadas de um imperialismo, em plena crise financeira, sobre os povos, recai novamente nos ombros da classe operária e seus aliados históricos.

Desde nossas modestas forças, a LBI convoca todo o ativismo classista e anti-imperialista para a realização de um ato nacional em Brasília nesta segunda-feira (16/04), para repudiar ativamente a presença da “Madame” carniceira Clinton em solo brasileiro. Nesta ocasião deve ser afirmado em “alto e bom som” para a representante do clube dos “amigos da Síria” que o imperialismo continua sendo o principal inimigo dos povos, e que seu atual “disfarce humanitário” (na Líbia e na Síria), que tanto vem atraindo a esquerda revisionista, não passa de sua outra face genocida, a mesma das guerras da Coreia e Vietnam, que receberam o enérgico rechaço do proletariado mundial. A denúncia política da presença da Sra. Clinton no Brasil exige da esquerda revolucionária uma atitude de delimitação principista, diante da esquerda “chapa branca”, assim como da chamada “oposição de esquerda”, ambos os campos de colaboração com imperialismo. Quem é de luta tem um compromisso marcado nesta segunda em Brasília, para gritarmos juntos: “Fora Hillary Clinton e o imperialismo do Brasil!”


STF, Governo Dilma e Igreja Católica em “santa aliança” pela criminalização do aborto!

Após dois dias de debate, o STF decidiu nesta quinta-feira, 12/04, que grávidas de fetos sem cérebro poderão optar por interromper a gestação com assistência médica. Apesar da decisão, o “Supremo” não considerou a sugestão para que fosse recomendado ao Ministério da Saúde e ao Conselho Federal de Medicina que adotassem medidas para viabilizar o aborto nos casos de anencefalia e também foram desconsideradas as propostas de incluir regras para a implementação da decisão. Em resumo, até mesmo para a interrupção de gravidez de feto anencéfalo a decisão é ainda extremamente limitada. Os ministros ressaltaram que o entendimento não autoriza “práticas abortivas”, nem obriga a interrupção da gravidez de anencéfalo. Apenas dá à mulher a possibilidade de escolher ou não o aborto em casos de anencefalia. A criminalização do aborto impedindo que a mulher disponha livremente de seu corpo continua e foi defendida pelo governo Dilma, sua “secretaria das mulheres” e o STF. Só nos casos de estupro e risco grave para gestante o aborto é permitido legalmente.

Tão logo foi proferida a decisão do STF, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), representante da arquirreacionária Igreja Católica no Brasil, lançou nota declarando que “legalizar o aborto de fetos com anencefalia é descartar um ser humano frágil e indefeso”. A entidade reafirma que esses fetos não podem ser considerados “mortos cerebrais” e que devem ser protegidos em seus direitos fundamentais. A Igreja Católica trata de se opor até mesmo a essa medida limitada do STF e vai para a ofensiva contra o governo Dilma. Nessa empreitada, conta com o apoio de Heloísa Helena, cristã e devota da Virgem Maria, que é ícone da cruzada burguesa reacionária contra os direitos democráticos das mulheres exercerem sua maternidade como e quando lhes convier, sem qualquer interferência do Estado. O mais escandaloso é que mesmo com todas suas posições aberrantes e sua aliança com Marina Silva, Heloísa foi chamada pelo PSTU para compor uma “frente classista” como candidata para a prefeitura de Maceió!

Enquanto a justiça burguesa e a Igreja Católica se unem ao governo da frente popular para defender a criminalização do aborto, as mulheres trabalhadoras sofrem com o desamparo à saúde pública, pelas perseguições do moralismo cristão-burguês do Estado capitalista que introduz a polícia na vida íntima da mulher, forçando-lhe, sob pena de prisão, a conhecer os “prazeres da maternidade”. Nega-se às mulheres trabalhadoras o direito democrático de disporem do seu corpo e de sua liberdade sexual, controlada pela família e Estado burguês. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), no Brasil, 31% das gestações acabam em aborto. Anualmente, portanto, ocorre aproximadamente um milhão de abortos, espontâneos e inseguros, com uma taxa de 3,7 abortos para cada cem mulheres de 15 a 49 anos. É uma verdadeira carnificina já que os abortos admitidos pela legislação no país são por razões médicas e legais, conforme previsto no artigo 128 do Código Penal que trata de risco de morte para a mulher e de gestação, fruto de estupro.

Esta é a democracia da desigualdade. Enquanto as filhas da classe média e da burguesia recorrem, à sombra da legislação hipócrita, às clínicas “clandestinas” sofisticadas com inteira segurança e higiene, as mulheres do proletariado sujeitam-se aos abatedouros de carne humana, já que abortam sem qualquer segurança ou auxílio profissional e em péssimas condições higiênicas, elevando as cifras de mutilações e complicações como perfurações uterinas, esterilidade, histerectomia e morte materna. Esta situação monstruosa é mais um exemplo que revela a farsa do chamado Estado democrático de Direito e sua democracia farsante a serviço dos ricos. Afinal, como dizia Lênin, toda classe dominante necessita, para garantir sua dominação, de duas funções básicas: a do carrasco, isto é, a repressão, e a do sacerdote, isto é, a ideologia. O Estado burguês, portanto, com suas instituições é um instrumento da violência organizada para manter a exploração da classe operária pelo capital.

Para combater essa realidade é preciso levantar um programa que defenda: salário igual para trabalho igual, descriminalização do aborto e direito universal sem qualquer restrição a todas as mulheres que queiram fazê-lo, realização do aborto com acesso gratuito e garantido pelo Estado nos hospitais da rede pública para as mulheres trabalhadoras, assim como o pleno direito de uso de preservativos, anticoncepcionais e pílulas do dia seguinte, distribuídos gratuitamente pelo Estado. Aposentadorias custeadas pelo Estado para donas de casa e empregadas domésticas. Criação de creches, lavanderias, restaurantes públicos e gratuitos próximos aos locais de trabalho, estudo e moradias. A erradicação completa da opressão social sobre a metade feminina do gênero humano requer a revolução socialista, liquidando o modo de produção capitalista e sua barbárie que usa o fantasma da crise para atacar as conquistas das trabalhadoras e seus companheiros de classe!

Para se opor à investida reacionária da Igreja Católica e à capitulação vergonhosa dos reformistas como Heloísa Helena e os setores que se dizem “progressistas” do governo Dilma, mas não desejam se indispor com os arquirreacionários representantes da classe dominante que sustentam a gestão burguesa de Dilma Rousseff, é necessário compreender que a luta pela descriminalização e legalização do aborto, tornando-o livre, gratuito e incondicional, soma-se a tantas outras reivindicações de caráter democrático dos trabalhadores, mas cuja realização é impossível nos marcos da senil democracia dos países atrasados. Desse ponto de vista, portanto, a defesa do aborto livre, legal e gratuito para as mulheres trabalhadoras deve ligar-se indissoluvelmente à destruição do regime capitalista e a superação de suas podres instituições. O fim da opressão feminina depende da capacidade da classe operária, mobilizada de forma centralizada e com seus próprios métodos de luta, liquidar o Estado burguês e sua exploração capitalista como parte da luta pela revolução socialista.