Dispara a popularidade do governo Dilma enquanto a “oposição de esquerda” continua desorientada em sua via eleitoral reformista
A última pesquisa do IBOPE, encomendada pela burguesia (CNI) com o objetivo de aferir a real base de apoio social do governo Dilma, revelou níveis surpreendentes de popularidade da presidente neopetista. Com um índice de 77% de aprovação Dilma superou seu “recorde” anterior de 72% (dezembro), além de ultrapassar a popularidade do próprio “mito” Lula em seus primeiros anos de governo. O resultado da pesquisa IBOPE que, por mais manipulada que seja, serve como uma importante referência para os próprios capitalistas (exatamente por isso é encomendada por eles) calibrarem sua política diante da frente popular, é produto direto do novo “milagre” econômico que atravessa o país. Muito mais que o simples resultado do fraco PIB em 2011, a economia brasileira atravessa um ciclo “virtuoso” de grandes investimentos (com capital internacional mascarado) que ainda estão em curso e, portanto, não poderiam apresentar resultados já no ano passado. Soma- se a este processo de ampliação industrial e da infraestrutura nacional, a imensa expansão do crédito para quase todas as camadas sociais, gerada pela atual capacidade brasileira de atração de capitais especulativos “ociosos” em função da crise dos principais mercados financeiros. Como um reflexo direto do “boom” econômico a caderneta de poupança, uma típica reserva de valor das camadas mais populares, atingiu em março último um saldo positivo (depósitos menos retiradas) de cerca de 2,5 bilhões de reais, o melhor resultado desde março de 1995, em pleno auge do plano Real de FHC.
Também os níveis de desemprego são os menores da história recente do país, embora se mantenham em patamares altos se comparados aos das economias centrais em crise. O índice de desemprego, relativamente dilatado para uma época de “milagre” é um fator “nacional” próprio de uma nação semicolonial, que tem na informalidade da prestação de serviços um emento não desprezível da economia. Em flagrante contradição com os índices aquecidos do “boom” estão os salários, represados há vários anos em categorias importantes como a do funcionalismo público (federal e estadual), além do forte arrocho salarial dos trabalhadores da chamada “iniciativa” privada. Acontece que a política monetária do governo da frente popular incentiva o congelamento dos salários em troca da farta liberação de crédito, além da pesada indução ao que denominam de “estímulo ao empreendedorismo”, facilitando os programas de demissão voluntária e a abertura de “negócios” a massa de desempregados. O Brasil superou inclusive a China e os EUA em 2011, na abertura de micro e pequenas empresas, que contam hoje com o “apoio” de linhas de créditos dos bancos estatais.
É exatamente este imenso contingente de “emergentes empreendedores”, muitos dos quais oriundos do mundo formal do trabalho, que formam uma base sólida de apoio ao governo da frente popular. Mas os chamados “emergentes” não são os únicos beneficiados pelas políticas estatais da equipe econômica palaciana, os governos da frente popular tem apostado no desenvolvimento de novos setores da burguesia nacional. Avalizando os riscos da captação internacional de capitais, o estado tem fomentado empresas “brasileiras” a tornarem- se verdadeiras gigantes do mercado mundial, as chamadas “global players”, como é o caso do conglomerado do megabilionário Eike Batista, não por acaso “fã de carteirinha” do ex-poste Dilma Rousseff. Os agroexportadores logicamente não ficariam de fora da sombra frondosa da árvore da frente popular, recebendo os “favores” de uma política cambial que força artificialmente a desvalorização do Real (eleito o mais novo vilão da pátria), tudo em nome da competitividade de nossas commodities nacionais. Como resultado de tanta “filantropia” estatal, os salários da classe operária e do proletariado rural é que acabam pagando a conta do “milagre” econômico petista, que simplesmente não chegou para os serviços públicos de saúde e educação, completamente sucateados.
A “oposição de esquerda” (PSOL e PSTU) navega completamente à deriva diante do “sucesso” do governo Dilma, a procura de um farol eleitoral que possa tirá-la da paralisia. Procurando inclusive estabelecer alianças parlamentares com a “oposição de direita”, como foi o caso da tentativa com o DEM, é pega de “saia justa” no recente escândalo do senador bicheiro Demóstenes Torres. O PSTU em particular, parece que trocou o tradicional discurso da “iminência de uma catástrofe”, uma total estupidez para a atual conjuntura, para uma “tática” de flexibilização policlassista de suas coligações eleitorais, o que abarca o movimento “Marina Silva” e o PCdoB. Tanto a política oportunista descarada do PSOL, “compadre” da família Sarney e similares, como o nano frente populismo do PSTU, tem em comum (e por isso mesmo ambos integram a oposição de esquerda) a centralidade do caminho eleitoral burguês para “derrotar” o governo Dilma nas urnas, uma tarefa ao menos patética neste momento. Privilegiando a via do cretinismo parlamentar de “poucos resultados”, a “oposição de esquerda” deixa livre para a frente popular a “missão” de semear as ilusões do novo “milagre” econômico no campo do proletariado e camadas populares embriagadas com a possibilidade de “emergirem” socialmente.
Somente o combate direto das massas, por fora das vias institucionais, será capaz de infringir uma derrota significativa ao engodo do “boom” econômico, lastreado na superexploração da mão de obra mais pauperizada. Os operários das megaobras “milagrosas”, vendidas como símbolo do “pujante” momento econômico, já mostraram o caminho da luta de da ação direta que devem seguir todos os explorados do país. Não se pode esperar que uma esquerda revisionista “perdida” nos delírios eleitorais, possa dirigir nenhum combate vitorioso contra o estado burguês, o trágico exemplo da traição a luta dos moradores do Pinheirinho deve servir como exemplo de como atua na prática a “oposição de esquerda”, sempre em busca de eleger algum vereador arrivista. É necessário debater amplamente com todos os ativistas classistas, a formação de uma Frente Única Revolucionária (FUR), para postular a construção de uma alternativa de poder proletário, em confronto direto com a podridão das instituições “republicanas” deste regime da democracia dos ricos.