terça-feira, 10 de abril de 2012

Bancos lucraram 50 bilhões em 2011! BB e CEF anunciam drástica redução de juros para potenciar mais “emergentes”

Na semana em que o Banco do Brasil (BB) e a Caixa Econômica Federal (CEF) anunciaram a redução de suas taxas de juros para correntistas ou pessoas interessadas em empréstimos, um levantamento da consultoria Economatica, divulgado nesta terça-feira, 10/03, confirmou o que todos já sabiam, porém não tinham a exata dimensão: o setor bancário, representado por 25 bancos, foi o que registrou o maior volume de lucro entre as empresas de capital aberto em 2011 no Brasil. Os bancos tiveram ganhos de R$ 49,4 bilhões no ano passado, alta de 14,48% com relação a 2010. Alguma contradição entre os dois anúncios publicados na “grande mídia”? Nenhuma! A redução dos juros do BB e da CEF nada mais é que uma agressiva medida tomada pelo governo Dilma para ampliar ainda mais os lucros dos bancos estatais, abarcando uma rede maior de “clientes” que resistiam até então a entregar-se a agiotagem bancária. Em resumo, os empréstimos a “juros mais baixos” servirão para incrementar o consumo e o surgimento de mais “emergentes”, além do endividamento dos assalariados já pendurados no cheque especial e nos empréstimos, para alavancar a compra de bens como automóveis, eletrodomésticos, enfim, para concretizar o “sonho de ingressar na classe média”!

A esquerda catastrofista, crédula que 2012 seria... o “ano da crise” no Brasil, leva mais uma bofetada na cara. PSTU, PCO e delirantes afins, ficam mais uma vez com a sensação de completo desnorteamento político, já que as medidas anunciadas servem para amortecer mais a luta de classes, ampliando a base social da frente popular enquanto as categorias organizadas submetidas a um brutal arrocho salarial seguem sob o controle sindical das direções “chapa branca”. Tudo ao contrário do que apregoavam! De fato, a gestão estatal da frente popular, enquanto arrocha draconianamente os salários da classe trabalhadora, vem estimulando o surgimento de “empreendedores”, ou seja, pequenos e médios empresários, fomentando assim uma nova “capa” social, completamente reacionária.

Com o anúncio da medida do BB e da CEF, a esquerda “chapa branca” saiu a comemorar. O presidente do PCdoB escreveu artigo em que afirma: “Agora sim, está institucionalizada a concorrência pelo crédito. Vai levar quem oferecer mais e melhores vantagens para os clientes. A prática como o critério da verdade está aí” (Vermelho, 09/04). Trata-se do novo garoto propaganda “comunista” dos bancos estatais que supostamente sacrificariam seus lucros em nome da “leal concorrência”. Nada mais falso! O anúncio de que os bancos tiveram ganho de R$ 49,4 bilhões no ano passado, alta de 14,48% com relação a 2010, demonstra cabalmente que eles tem grande margem para tal “demagogia”, que serve a lógica do mercado: vender mais (empréstimos, cartões de crédito, seguros...) para lucrar mais. Os funcionários do BB e da CEF que o digam, obrigados a “empurrar” empréstimos e seguros aos clientes através de metas draconianas cobradas pelos gerentes.

Não há nada de progressivo em emprestar dinheiro a juros um pouco mais reduzidos, nos patamares que serão praticados pelo BB e a CEF, à população trabalhadora. Os salários estão arrochados com média de aumento anual máximo de 7% enquanto o BB e a CEF prometem praticar juros mensais que variam até 2,65%, mantendo a política de juros sobre juros se houver atraso, o que geralmente ocorre! Lembremos que as altas taxas de juros pagas pelo Banco Central aos rentistas internacionais vêm atraindo para o Brasil um enorme contingente de investimentos, na busca de um mercado seguro e estável, ao contrário dos velhos centros imperialistas. China, Índia e Brasil vêm se “beneficiando” deste fluxo migratório, apresentando taxas de crescimento anual do PIB bem superiores aos países do “velho mundo”. A bem-nutrida massa de crédito internacional depositada nos bancos tupiniquins gerou dois grandes gigantes do setor, Bradesco e Itaú, que somados aos bancos estatais consolidaram um dos segmentos financeiros mais rentáveis do mundo. Está aí a chave de tanta “benevolência” do governo Dilma!

A classe operária deve sim lutar pela estatização de todo o sistema financeiro sob seu controle absoluto, ao invés de “mendigar” junto ao governo a redução da taxa de juros e comemorar a política do BB e da CEF de se tornarem ainda mais bancos indutores do endividamento da população trabalhadora. Os bancos, estatais ou privados, no atual sistema financeiro servem apenas para potenciar a acumulação do capital. A estatização integral, sob controle do proletariado, é a única via para colocar o sistema financeiro nacional como indutor de um verdadeiro desenvolvimento econômico para os trabalhadores e o país, rompendo assim com a lógica da cadeia que alimenta a agiotagem internacional.