terça-feira, 15 de outubro de 2024

DO ANTISOVIETISMO A RUSSOFOBIA: IMPERIALISMO CONTINUA SUA GUERRA IDEOLÓGICA MESMO SENDO O KREMLIN OCUPADO HOJE POR UM GOVERNO CAPITALISTA

Nos tempos da “Guerra Fria” o antisovietismo era uma arma ideológica fundamental na propaganda imperialista ianque, devido à diferença radical entre um Estado Operário e um país capitalista central. Entretanto quando a URSS caiu sob o golpe contrarrevolucionário, liderado pela dupla Gorbachev e Yeltsin, o “envenenamento“ ideológico contra um país da mesma condição capitalista não deveria fazer mais sentido, porém não foi isso que ocorreu. Também pensavam assim os que promoveram a restauração capitalista, e que acreditavam na harmonia da Rússia com imperialismo nos anos noventa, porque tinham “padronizado” o país com o Ocidente.

Alguém com um “par de neurônios“ deveria explicar com mais cuidado por que isso não aconteceu e é muito possível que a explicação esteja na história, na da URSS e na da própria da Rússia. O primeiro objetivo do imperialismo no processo de restauração capitalista foi desmembrar o território da Rússia, tal como foi desmembrado o da URSS, criando 16 novos Estados. A segunda é impedir que estes Estados mantenham boas relações com a Rússia, ou seja, confrontem os países que antes viviam sob a bandeira da URSS.

Não é por acaso que o Parlamento Europeu tenha aprovado uma resolução sobre a “descolonização” da Rússia porque o desmembramento não deveria ocorrer apenas no antigo território soviético, como ocorreu em 1990, mas deveria continuar dentro da própria Rússia. A reivindicação europeia tem a sua origem nos Estados Unidos, na lei dos “povos escravizados” adotada em meados do século passado, que incluía não só os antigos povos da URSS, mas também as grandes regiões da Rússia.

Os governos imperialistas já tinham tentado na década de 1920, durante a guerra civil russa, quando uma parte importante do território estava ocupado: na Sibéria estavam os norte-americanos, no Extremo Oriente os japoneses, no norte os britânicos com os seus campos de concentração e no ao sul, os franceses. Também os imperialistas alemães tentavam criar uma “Ucrânia independente” sob o seu domínio. Sim, Putin estava completamente errado quando explanou a “Operação Militar Especial” em 2022: aqueles que tentaram criar uma “Ucrânia independente” cem anos antes não foram Lenin e os Bolcheviques, mas os alemães!

Não há absolutamente nada de novo agora. Os imperialistas estão tentando por todos os meios isolar a Rússia do resto do mundo e aqueles que têm tido mais dificuldade em compreender isto são os próprios líderes do Kremlin, até receberem um “tapa” da realidade, um após o outro. O maravilhoso “Projeto Ocidental” pós-Guerra Fria da Casa Branca não não só incluiu a Rússia, como teve de ser executado às custas da própria Rússia.

Após o colapso da URSS, os dirigentes russos tentaram mostrar ao Ocidente que eram como eles: bons burgueses. “Somos parceiros”, disseram à União Europeia. Daí surge mais uma questão: por que a OTAN e a União Europeia estão tão interessadas em incorporar a Ucrânia na Aliança Atlantista e ainda assim nunca admitiram a Rússia, que há pouco tempo atrás demonstrou o mesmo interesse em ser admitida?

Os imperialistas não queriam a Rússia como sócia, mas como uma escrava. A Rússia, mesmo sendo capitalista e governada pelo nacionalismo burguês, nunca será admitida na “comunidade internacional”. O que as potências imperialistas procuram é uma espécie de “Somália” em ambos os lados dos Urais, um país mergulhado na crise econômica, fragmentado e envolvido em “revoluções coloridas”permanentes.