E o Oscar vai para... Obama e sua ofensiva contra o Irã!
Na madrugada desta segunda-feira, 25/02, foi anunciado com toda “pompa” o vencedor do “maior” evento do cinema mundial. O “Oscar” de melhor filme vai... suspense... eis que de repente aparece, para surpresa de todos, direto da Casa Branca, Michele Obama anunciando que “Argo”, do ator e “diretor” Ben Affleck, foi o grande vencedor da noite. O filme trata da chamada “crise dos reféns” durante o governo Carter, ocorrida logo após a deposição do Xá Reza Parhlev em 1979, quando partidários do novo regime tomaram a embaixada dos EUA em Teerã e mantiveram prisioneiros 56 “funcionários” norte-americanos durante 444 dias. Na verdade, agentes encarregados de conspirar e de sabotar por dentro o regime anti-ocidente recém-parido com o amplo apoio do movimento de massas. Seis agentes ianques conseguiram fugir e se refugiar na embaixada canadense, aos quais os serviços de inteligência norte-americanos dirigiram suas atenções para resgatá-los, fato que originou o roteiro do filme vencedor. Longe de retratar com fidelidade, o filme descamba para a invencionice e exaltação dos feitos da CIA. “Argo” foi, na verdade, uma artimanha proposta pela embaixada canadense que consistia na criação de um filme falso, com um roteiro e produção falsos, que serviria para resgatar (extraditar) os refugiados disfarçados de atores. Após uma série de fracassos retumbantes – inclusive com mortes durante a “Operação Eagle Claw” – a CIA resolveu encampar esta ideia. O filme, óbvio, oculta estes fatos, e consagra os “feitos” desta obscura agência de inteligência. A intervenção da “primeira dama”, direto da Casa Branca, fez rufar os tambores de guerra contra o Irã e todos os povos que não se alinham aos desígnios de Washington. Não por coincidência, outros dois filmes caminharam pela mesma trilha de prêmio à belicosidade: “A hora mais escura” (sobre o assassinato de Osama Bin Laden no Paquistão com seus 30 minutos iniciais de descarada apologia à tortura) e o ultranacionalista e conservador “Linconl” de Steve Spielberg quem ressalta o papel do presidente “humanitário” e menospreza o papel protagonista de classe dos escravos negros. A vitória de “Argo” prova mais uma vez que Hollywood é porta-voz dos interesses do Departamento de Estado ianque, alinhada com sua sanha guerreirista contra o Irã e à ofensiva ideológica aos países que não se alinham às suas determinações colonialistas de dominação do planeta.
“Argo”, em seus primeiros minutos até que poderia despontar como um filme interessante, mas logo em seguida cai em grotescas falsificações e heroificação da CIA. Aqui não há espaço para coadjuvantes, mas para apenas um protagonista, a CIA. Affleck arma um filme onde os iranianos são apenas “fanáticos histéricos” que andam pelas ruas em bandos como animais, transformados pateticamente em “vilões” da estória, na condição de “terroristas” que odeiam o “american way life”. Propositalmente, nada consta que em 1953, graças a um golpe militar dirigido pela CIA no Irã, conhecido como “Operação Ajax”, foi instalada uma ditadura militar selvagem e assassina, encabeçada pelo arquicorrupto, pró-imperialista e torturador Xá Reza Pahlevi (deposto 26 anos depois!), derrubando o governo nacionalista de Mohammed Mossadegh que havia nacionalizado a indústria petrolífera. Mais recentemente, foi responsável pela invasão e destruição do Iraque, Líbia e hoje cumpre este mesmo papel contra a Síria. Alvos militares futuros e inelutáveis, em decorrência desta ofensiva, estão as usinas nucleares e os regimes de Teerã e de Pyongueangue.
Sem dúvida, o filme coloca na ordem do dia a ofensiva ianque contra o Irã. Os revolucionários não apoiam o regime burguês-teocrático de Teerã, mas reconhecem os avanços anti-imperialistas conquistados a ferro e fogo pelas massas em 1979. Assim como defendemos o direito à autodefesa do Estado operário norte-coreano, é direito do Irã, um país oprimido, de possuir arsenal militar atômico para se enfrentar com império ianque. Assim, os comunistas não temem estabelecer uma frente única de ação com o regime dos aiatolás em caso de agressão imperialista ao país, como já aconteceu quando da derrubada do Xá Reza Pahlevi, apesar de termos plena ciência do caráter de classe das direções religiosas muçulmanas. Não nos somamos ao coro reacionário da cruzada “antiterrorista” promovido pelo Pentágono contra o Irã, a exemplo do que fazem os morenistas que declaram sem papas na língua seu vergonhoso apoio às investidas das tropas treinadas pela CIA e às bombas da OTAN contra a Líbia do coronel Kadaffi e hoje às investidas sobre a Síria.
“Yes, I can”, assim pode ser resumido o lema da Era Obama, de ocupar militarmente todos os países que não se alinhem à sua sanha colonialista. “Argo” consiste em uma espécie de “vingança hollywoodiana” à humilhante derrota dos EUA em sua tentativa de intervenção no Irã sob o governo Carter em 1979, tal qual foi feito sob as hostes de Reagan quando Hollywood criou o “Rambo” para lamber as feridas expostas com o fracasso militar no Vietnã. Como não há um contraponto militar, como havia outrora com a URSS, hoje os EUA partem para dominar à força regiões inteiras do planeta. A nova produção cinematográfica de Hollywood nada mais fez do que encampar para si os grandiosos interesses do complexo militar-industrial do Pentágono e os neo”falcões” obamistas. “Argo”, apesar de toda a pompa, é um filme extremamente medíocre do ponto de vista estético e falsifica descaradamente a história, no qual até mesmo o ator principal, e diretor, fica muito a desejar em sua interpretação. Mesmo assim, a “academia” estendeu o tapete vermelho para a CIA, este antro de espionagem, perseguição, tortura, assassinatos e de propagação de terror em todo o mundo. A tríade “Argo”, a “Hora mais escura” e “Linconl” são a expressão mais acabada da atual etapa contrarrevolucionária e de ofensiva ideológica do império que, embora em crise econômica, detém a hegemonia militar do planeta e procura através de sua força dominar todas as suas fontes energéticas.