segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013


Ciro Gomes abre fogo contra a candidatura do “companheiro” Eduardo Campos, de olho na chapa de Dilma

O filhote “socialista” mais pujante das reacionárias oligarquias cearenses, Ciro Gomes (ex-ARENA, PDS, PMDB, PSDB e PPS), resolveu abrir fogo contra as possíveis pretensões presidenciais de seu colega de partido, o governador de Pernambuco Eduardo Campos. Em seu programa de “esportes” na Rádio Verdes Mares, Ciro declarou que o neto de Miguel Arraes, que hoje detém o controle do PSB por herança, não tem condições de governar o país. Segundo o “coronel” Ciro, seu atual partido o PSB, deveria apoiar firmemente a reeleição da presidente Dilma, apesar de considerar a maioria dos petistas um “bando de vagabundos”. A máfia dos Ferreira Gomes (Ciro, Cid e Ivo) acaba de impor uma vitória fraudulenta sobre o grupo petista da prefeita Luiziane Lins (DS) sob os auspícios da presidente Dilma que estimulou uma candidatura própria do PSB nas últimas eleições municipais, mesma tática utilizada pelo Planalto em Recife onde o PT também foi fragosamente derrotado. Aberta uma pequena possibilidade política de Eduardo Campos concorrer à presidência já em 2014, seria um fato que demoliria as pretensões dos Ferreiras Gomes de indicar um nome do clã para compor como vice a chapa de Dilma. A estratégia de Ciro é bem certeira, primeiro tenta convencer a “base aliada” da frente popular que o PSB mereceria indicar o vice em 2014, utilizando o desgaste da quadrilha que domina o PMDB (Sarney, Temer, Renan) já estar controlando a Câmara dos Deputados e o Senado Federal. Depois Ciro deverá mostrar a Eduardo Campos que não seria politicamente interessante para suas futuras pretensões presidenciais ocupar um cargo “administrativo”, sem muito “brilho”, na segunda gestão de Dilma. Ciro um especialista em fazer bons “negócios” privados com as verbas estatais tem bem mais experiência que o “jovem” Campos no manejo do acúmulo patrimonialista sob a benção do Estado burguês. Eduardo é neto de um velho político nacionalista, cassado pela ditadura militar e um dos fundadores da ala “autêntica” do antigo MDB, já Ciro Gomes é filho de um prefeito da cidade de Sobral (CE), ligado diretamente aos sinistros coronéis da ARENA, Adauto e Humberto Bezerra, podem parecer hoje diferenças  insignificantes diante de uma conjuntura pragmática da política burguesa praticada pelo PT. Mas a verdade é que enquanto Campos pretende realizar no governo central algum projeto político burguês, timidamente desenvolvimentista, os Ferreira Gomes só estão interessados em aumentar o patrimônio do clã familiar, sendo que o melhor cargo “republicano” para esta “função” atende pelo nome da vice-presidência da República, que o diga o “professor” Michel Temer que não anda muito contente com as articulações para lhe tomarem o posto.

A reação da cúpula do PSB as investidas de Ciro foi imediata. O vice-presidente do partido, Roberto Amaral, homem de confiança do finado Miguel Arraes e responsável por manter viva a ideologia “socialista” do PSB retrucou Ciro em nota oficial da seguinte forma: “lamento profundamente a opinião desinformada sobre a visão de Eduardo Campos, seja sobre a crise econômica, que tanto tem denunciado, seja relativamente à sua visão de Brasil, que não é só dele, mas do partido”. Desta vez, Ciro terá dificuldades de procurar abrigo em outra legenda, às vésperas de uma eleição, a alternativa será engolir calado a reprimenda do PSB na expectativa que o projeto de uma candidatura presidencial de Eduardo Campos não avance além das manchetes “murdochianas”. A anturragem Dilmista neste caso coincide integralmente com as posições do ex-governador cearense e muito provavelmente já deve ter acenado com uma “proposta” palaciana para o clã dos Ferreira Gomes.

O lançamento oficial da reeleição de Dilma, feita recentemente pelo próprio Lula, abriu uma disputa acirrada pela vaga da vice-presidência. No campo do PMDB não há um consenso absoluto acerca da permanência de Temer no posto. O governador do Rio de Janeiro, Sergio “Caveirão” reivindica ocupar a cobiçada função de vice e oferece ao PT o Palácio das Laranjeiras no caso de se concretizar o acordo. Lula, por sua vez, gostaria de deslocar Temer para a disputa do governo paulista deixando para Eduardo Campos a preferência para preencher a vacância do PMDB. Ao que tudo indica Dilma tem mais simpatias por um nome originário do clã dos Ferreira Gomes, Ciro ou Cid, sabendo ela que Eduardo Campos dificilmente aceitaria um convite para ocupar sua vice-presidência. Em todo caso a “troika” que dirige o PMDB já anunciou que não abre mão da permanência de Temer, prometendo lutar com seus “próprios meios” de guerra de quadrilhas pela manutenção da bilionária “boquinha” estatal.

A feroz luta fracional no interior das classes dominantes pelo controle do botim estatal desgraçadamente não tem sido aproveitada pelo movimento de massas em proveito de um projeto revolucionário de poder operário. A esquerda domesticada ao regime burguês que se divide entre as alas “chapa branca” e “oposição de esquerda” tem um horizonte limitado a institucionalidade burguesa, portanto, reféns do circo eleitoral pautado pela frente popular. A ausência de um partido revolucionário no cenário político nacional permite que as oligarquias dominantes e seu parceiro preferencial, o PT, transitem livremente em suas negociatas comerciais (com dinheiro público) e celebrem acordos políticos de rapinagem estatal em plena “luz do dia”. Somente a destruição violenta, pela via da ação direta do proletariado, deste regime social completamente apodrecido poderá apresentar uma saída progressista para a decadência humana que o capitalismo nos oferece.