Senhora Clinton organiza “clube de amigos da Síria” (sic!) enquanto governo turco prepara invasão ao país para “derrubar o ditador Assad”, LIT (PSTU) afirma que apóia a iniciativa!
“Durante todos estes meses foram reprimidas, de maneira brutal e impiedosa, todas as mobilizações populares que reivindicam a saída do ditador e que exigem liberdades democráticas. Até o mês de dezembro do ano passado, organismos da ONU, igual que outras entidades de direitos humanos, tinham contabilizado cerca de 5.500 vítimas mortais” (04/02/2012). Não, esse não é o texto da resolução proposta pelo governo Obama ao conselho de (in)segurança da ONU, para apoiar a intervenção “humanitária” da OTAN na Síria. Trata-se da última declaração política da LIT, colocando-se integralmente no campo militar dos sabotadores armados por Israel e Turquia, para depor o governo nacionalista burguês de Bachar Al Assad. Com o subtítulo “Fortalece-se o exército da Síria livre” o artigo dos Morenistas segue defendendo descaradamente e sem pruridos a intervenção da OTAN no pais que abriga o suporte militar do Hezbolah e Hamas, adversários encarniçados do sionismo, mais além de suas posições teocráticas e nacionalistas. Para a LIT os “rebeldes” Sírios, igual a seus pares sicários líbios, são “autênticos revolucionários”, a despeito do “insignificante” detalhe de estarem sendo armados pelo Mossad do Estado terrorista de Israel. Se muitos enxergaram como um exagero a denúncia feita pela LBI, durante a guerra civil na Líbia, de que a LIT havia se transformado em uma agência política da OTAN, agora é só comprovar como defendem explicitamente as ações dos governos imperialistas contra um país semicolonial, vejamos o que afirmam nesta mesma declaração: “Neste sentido, o ministro francês de Relações Exteriores, Alain Juppé, condenou no Conselho de Segurança o que chamou de ‘silêncio escandaloso’ por parte da ONU, em relação à violência na Síria. O premiê britânico, David Cameron, solicitou em 31 de janeiro ao Conselho de Segurança a ‘não proteger’ o presidente sírio: ‘Os assassinatos devem parar e o presidente Assad deve ir embora’, indicou o premiê britânico.” (Homepage da LIT, 04/02/2012). Para mostrar claramente que estão do lado das potências imperiais da OTAN, os Morenistas denunciam a formação de um eixo de países “Castro-Chavistas” para salvar Assad: “O castro-chavismo continua apoiando a ditadores assassinos. O concreto é que a El Assad restam poucos aliados no cenário internacional. Podemos contar nos dedos das mãos e são: Rússia, China, Irã, Cuba, Venezuela e Nicarágua.” (Idem), ou seja, no “democrático” clube dos “amigos da Síria”, onde estão os carniceiros Cameron, Sarkosy etc., a LIT e seus parceiros gusanos são bem vindos!
A verdade é que o veto da China e Rússia, no CS da ONU, obrigou o imperialismo ianque a trabalhar “por fora” da chamada multilateralidade, convocando parceiros diretos, como Israel e Turquia a acelerarem o cerco militar ao governo Assad. O cenário montado pela Casa Branca é o mesmo da Líbia, onde supostas manifestações populares contra o regime Assad, teriam sido reprimidas violentamente, causando a morte de milhares de “civis inocentes”. A solução então encontrada pelos “nobres” chacais da OTAN, seria a intervenção “humanitária”, chancelada pela ONU. A Rússia que antes já tivera sinalizado com o apoio a uma resolução de condenação moderada a Assad, agora volta atrás temerosa de que se acelerem vertiginosamente os planos da invasão do Irã, o destino final da empreitada bélica ianque no Oriente Médio e Ásia. O governo Putin também acossado por mobilizações “made in Washington”, após a fraude nas últimas eleições parlamentares, tenta buscar uma saída de “compromisso” entre o regime Assad e a oposição pró-sionista. Esta mesma posição é seguida pela diplomacia brasileira, que tanto condena as supostas mortes causadas pelo exército regular Sírio, como os inúmeros atos de sabotagens terroristas praticados pelo “exército livre” da oposição.
O tal “exército livre da Síria”, que de livre não tem absolutamente nada, é pacientemente formado pelos EUA há quase dois anos, exatamente quando o Pentágono começou a por em marcha a operação chamada de “primavera árabe”. No início os planos do gabinete Obama eram de eclodir a guerra civil primeiro na Síria e depois no Irã, acontece que a oposição Líbia saiu na “frente”, conjuntamente com a iraniana que foi sufocada rapidamente pelas mobilizações populares em favor do regime dos Aiatolás. Os dissidentes sírios todos exilados na “city” londrina, tiveram que aguardar o imperialismo terminar seu trabalho sujo no Magreb, para entrarem em ação, com o respaldo do “know how” da vitoriosa “revolução” na Líbia. A oligarquia Assad que domina o país há varias décadas, controla um regime que representa uma verdadeira barreira de contenção ao expansionismo estatal sionista. Humilhado com as derrotas sofridas nas guerras contra Israel, chegando a perder parte do seu território, como as colinas de Golan, o regime Assad dedicou-se a apoiar as guerrilhas árabes anti-sionistas, como uma forma de estabelecer uma guerra não convencional com Israel, no sentido de pressionar pela devolução de seus territórios ocupados até hoje pelas forças do gendarme imperialista. A eliminação do apoio logístico e político as guerrilhas do Hezbolah e do Hamas, dado pela Síria, é considerado um ponto de honra pelo staff sionista, que colocou seu aparelho de segurança militar inteiramente à disposição da oposição aos Assad.
Por sua vez, o voto diplomático dado pela Rússia e China, no CS da ONU, de forma alguma significa apoio militar a Síria em uma eventual invasão militar da OTAN, apoiada pelas tropas da Turquia. Ao contrário do que proclama a “intelectualidade progressista” e o reformismo, Putin e a burocracia restauracionista chinesa estão muito longe de serem heróis anti-imperialistas. Dentre as emendas sugeridas pelos diplomatas russos na ONU, ao projeto de sanção norte americana, havia a exigência de que o governo sírio retirasse soldados e forças de segurança das cidades mais importantes do país, inclusive Homs, centro da oposição. O bloco dos BRICs, exceto a Índia que segue os EUA, defende a transição ordenada e “pacífica” do regime Assad, nos moldes do que aconteceu no Egito e Tunísia.
Neste momento, mais além da demagogia russa, a Síria só pode contar mesmo com o apoio militar decidido do Irã e das heróicas guerrilhas do Hezbolah (Líbano) e do Hamas (Palestina), contra a invasão de seu território, ou mesmo do recrudescimento de uma guerra civil, financiada por Israel. O proletariado mundial tem um campo político bem delimitado neste conflito, qual seja do lado dos combatentes palestinos e libaneses que já organizam brigadas internacionais em solidariedade ao regime nacionalista da oligarquia Assad. Os próprios combatentes palestinos, que já combateram no passado o regime burguês sírio, sabem muito bem que Assad deposto por forças pró-sionistas, como esta oposição “democrática”, significa uma vitória para Israel e um tremendo reforço na marcha imperialista para atacar o Irã, com um “corredor” aberto na Síria. Sem depositar nenhuma confiança política no regime Assad, os marxistas leninistas lutarão ombro a ombro, na mesma trincheira militar, com todas as forças que se proponham a derrotar os mercenários “livres” pró-sionistas, a serviço da OTAN.