Sob pressão do PT Dilma entra na campanha de Haddad, mas não abandona o “pastor” Russomano
Sofrendo
ultimatos da cúpula do PT, principalmente em virtude de sua conduta dúbia
durante o julgamento do chamado “mensalão”, a presidente Dilma resolveu entrar
na campanha eleitoral da cidade de São Paulo para catapultar a candidatura de
Fernando Haddad, ameaçada de não conseguir ingressar no segundo turno.
Estacionado em terceiro lugar nas pesquisas fraudadas, logo atrás do veterano
tucano Serra, Haddad precisa de uma “força extra”, já que o “empurrão” do
padrinho Lula parece não ter sido suficiente para liquidar politicamente o
fatigado tucano. Dilma aproveitou a oportunidade para reforçar sua anturrage no
Planalto, convocando a senadora “socialite” Marta Suplicy para ocupar o
ministério da cultura, sob o pretexto de reforçar o petista Haddad na periferia
paulista. Assim, Dilma aproveita para se livrar da incômoda Ana de Holanda,
após esta ter declarado apoio às reivindicações salariais dos funcionários e do
próprio irmão ter entrado de cabeça na campanha do PSOL carioca. Russomano
continua artificialmente na primeira posição da disputa municipal e seu lugar
no segundo turno já está praticamente assegurado por uma composição de forças
da elite reacionária paulista. O destino de Serra, que iniciou a campanha
ponteando as pesquisas fajutas, está selado há bastante tempo, desde o
esgotamento da “oposição de direita” acossada pela expansão econômica ocorrida
no Brasil no último período. Com um provável embate entre partidos da base
aliada na capital paulista, o governo Dilma tenta centralizar a conjuntura
eleitoral no seu próprio campo político, amenizando derrotas que se desenham em
capitais importantes como Salvador e Belém.
O caráter
fraudulento das eleições que ocorrem a cada dois anos no Brasil, considerando
até mesmo sob a ótica da própria democracia burguesa, “contamina” todo o arco
político nacional, da “extrema” esquerda até a direita mais recalcitrante. O
velho “partidão”, agora “renovado” do mesmo reformismo, quando não está
coligado ao PSOL, alia-se a legendas governistas ou da direita tradicional como
o DEM. O PSTU que ainda reivindica formalmente o discurso classista pratica a
mais sórdida política de alianças com partidos burgueses e similares menores. Mas patético talvez seja o PCO que vem nos oferecer a “prova material” da farsa
eleitoral, quando registra uma candidatura a prefeito no Rio de Janeiro, de um
professor do interior do estado de São Paulo, isto sem falar da inexistente
convenção “obrigatória” na capital carioca. A lógica da burguesia é a seguinte:
se um partido de “esquerda” consegue registrar uma candidatura a prefeito em
uma cidade onde sequer existe, porque então outro candidato de “direita” que
sequer foi vitorioso (segundo a vontade popular) não pode ser empossado como o
governante eleito. Em um “vale tudo” eleitoral, recheado de pesquisas falsas
sob encomenda, o que menos importa são os princípios programáticos, jogados na
lata do lixo pela esquerda oportunista.
Por outro
lado, as organizações políticas que defendem o voto nulo ou o boicote
eleitoral, preferem atuar dispersa e covardemente neste processo, enterrando a
cabeça como avestruz ou emitindo declarações passivas acerca da “justeza” do
voto nulo. O chamado realizado pela LBI para a realização de um encontro
nacional, que centralizasse politicamente a iniciativa de um boicote ativo ao
engodo eleitoral foi “solenemente” ignorado pelas correntes que não convergiram
para o caudal revisionista da frente de esquerda entre o PSOL e PSTU. Sem uma
unificação mínima acerca do processo eleitoral, os grupos da esquerda classista
seguem sem um eixo de ação nacional, verbalizando a defesa do voto nulo sem o
confronto real com o reformismo “chapa branca”, e o que é pior, à margem de uma
inserção concreta junto à classe operária e o movimento de massas.
O legado
teórico do leninismo, que orienta o partido revolucionário a ocupar o papel do “tribuno
do povo” nas eleições burguesas, vai aos poucos se transformado nas mãos de uma
esquerda palatável ao regime vigente em uma máxima política do “vote em mim”.
Mesmo tendo clareza absoluta das profundas limitações da política do boicote
eleitoral na atual conjuntura do país, nós da LBI nos esforçamos ao máximo no
marco de nossas pequenas forças, para dotar o eixo do “voto nulo” em uma
referência ativa para as massas. De outra forma a defesa da abstenção eleitoral
poderá ser confundida com uma despolitizada crítica (típica dos anarcóides) aos
“políticos” de uma forma geral. Por esta razão, insistimos no chamado a uma
ação centralizada das correntes e do ativismo classista, através de uma
plataforma programática mínima e principista, que desemboque na denúncia
política viva deste regime fraudulento da democracia dos ricos.