terça-feira, 11 de setembro de 2012


Sob pressão do PT Dilma entra na campanha de Haddad, mas não abandona o “pastor” Russomano

Sofrendo ultimatos da cúpula do PT, principalmente em virtude de sua conduta dúbia durante o julgamento do chamado “mensalão”, a presidente Dilma resolveu entrar na campanha eleitoral da cidade de São Paulo para catapultar a candidatura de Fernando Haddad, ameaçada de não conseguir ingressar no segundo turno. Estacionado em terceiro lugar nas pesquisas fraudadas, logo atrás do veterano tucano Serra, Haddad precisa de uma “força extra”, já que o “empurrão” do padrinho Lula parece não ter sido suficiente para liquidar politicamente o fatigado tucano. Dilma aproveitou a oportunidade para reforçar sua anturrage no Planalto, convocando a senadora “socialite” Marta Suplicy para ocupar o ministério da cultura, sob o pretexto de reforçar o petista Haddad na periferia paulista. Assim, Dilma aproveita para se livrar da incômoda Ana de Holanda, após esta ter declarado apoio às reivindicações salariais dos funcionários e do próprio irmão ter entrado de cabeça na campanha do PSOL carioca. Russomano continua artificialmente na primeira posição da disputa municipal e seu lugar no segundo turno já está praticamente assegurado por uma composição de forças da elite reacionária paulista. O destino de Serra, que iniciou a campanha ponteando as pesquisas fajutas, está selado há bastante tempo, desde o esgotamento da “oposição de direita” acossada pela expansão econômica ocorrida no Brasil no último período. Com um provável embate entre partidos da base aliada na capital paulista, o governo Dilma tenta centralizar a conjuntura eleitoral no seu próprio campo político, amenizando derrotas que se desenham em capitais importantes como Salvador e Belém.

O caráter fraudulento das eleições que ocorrem a cada dois anos no Brasil, considerando até mesmo sob a ótica da própria democracia burguesa, “contamina” todo o arco político nacional, da “extrema” esquerda até a direita mais recalcitrante. O velho “partidão”, agora “renovado” do mesmo reformismo, quando não está coligado ao PSOL, alia-se a legendas governistas ou da direita tradicional como o DEM. O PSTU que ainda reivindica formalmente o discurso classista pratica a mais sórdida política de alianças com partidos burgueses e similares menores. Mas patético talvez seja o PCO que vem nos oferecer a “prova material” da farsa eleitoral, quando registra uma candidatura a prefeito no Rio de Janeiro, de um professor do interior do estado de São Paulo, isto sem falar da inexistente convenção “obrigatória” na capital carioca. A lógica da burguesia é a seguinte: se um partido de “esquerda” consegue registrar uma candidatura a prefeito em uma cidade onde sequer existe, porque então outro candidato de “direita” que sequer foi vitorioso (segundo a vontade popular) não pode ser empossado como o governante eleito. Em um “vale tudo” eleitoral, recheado de pesquisas falsas sob encomenda, o que menos importa são os princípios programáticos, jogados na lata do lixo pela esquerda oportunista.

Por outro lado, as organizações políticas que defendem o voto nulo ou o boicote eleitoral, preferem atuar dispersa e covardemente neste processo, enterrando a cabeça como avestruz ou emitindo declarações passivas acerca da “justeza” do voto nulo. O chamado realizado pela LBI para a realização de um encontro nacional, que centralizasse politicamente a iniciativa de um boicote ativo ao engodo eleitoral foi “solenemente” ignorado pelas correntes que não convergiram para o caudal revisionista da frente de esquerda entre o PSOL e PSTU. Sem uma unificação mínima acerca do processo eleitoral, os grupos da esquerda classista seguem sem um eixo de ação nacional, verbalizando a defesa do voto nulo sem o confronto real com o reformismo “chapa branca”, e o que é pior, à margem de uma inserção concreta junto à classe operária e o movimento de massas.

O legado teórico do leninismo, que orienta o partido revolucionário a ocupar o papel do “tribuno do povo” nas eleições burguesas, vai aos poucos se transformado nas mãos de uma esquerda palatável ao regime vigente em uma máxima política do “vote em mim”. Mesmo tendo clareza absoluta das profundas limitações da política do boicote eleitoral na atual conjuntura do país, nós da LBI nos esforçamos ao máximo no marco de nossas pequenas forças, para dotar o eixo do “voto nulo” em uma referência ativa para as massas. De outra forma a defesa da abstenção eleitoral poderá ser confundida com uma despolitizada crítica (típica dos anarcóides) aos “políticos” de uma forma geral. Por esta razão, insistimos no chamado a uma ação centralizada das correntes e do ativismo classista, através de uma plataforma programática mínima e principista, que desemboque na denúncia política viva deste regime fraudulento da democracia dos ricos.