De barbas de
molho com processo do “mensalão”, direção do PT centraliza “aliados” na defesa
de Lula
Nos últimos
dias está havendo uma ofensiva de parte de mídia burguesa, o chamado PIG (Veja,
Estadão, Folha e O Globo) e da oposição demo-tucana contra Lula e o núcleo
histórico do PT. Embalados pelo resultado do julgamento do “mensalão”, que em
pleno governo Dilma e com a maioria esmagadora dos membros do STF indicados
pelas gestões do PT, já condenou João Paulo Cunha e irá fazer o mesmo com José
Genuíno, Delúbio e Dirceu, a direitona e seus pastelões se voltaram
agressivamente contra Lula, anunciando que vão pedir abertura de processo
contra o ex-Presidente da República por comandar o esquema de compra de
deputados desde o Palácio do Planalto. Em resposta a esse processo, logo depois
que FHC atacou Lula e foi advertido por Dilma que o tucanato estava ultrapassando
os “limites”, já que tentava desmoralizar o principal pilar de sustentação do
regime político hoje, houve uma articulação do PT e dos partidos da base aliada
para defender Lula. A nota assinada neste 20 de setembro por PT, PSB, PMDB,
PCdoB, PDT e PRB é claramente uma articulação preventiva, apesar de ter um
efeito mais midiático do que político propriamente dito. Isso ocorre porque a
ofensiva contra Lula acontece justamente porque Dilma deu sinal verde para o
STF “guilhotinar” de Dirceu, Genuíno, Delúbio e João Paulo como parte da
construção de um novo núcleo de poder no Planalto e no Partido dos Trabalhadores,
ligado diretamente a gerentona e distante do lulismo. O grosso da burguesia,
apesar de ter acordo em manter Lula fora do alvo das denúncias, já optou por
reeleger Dilma em 2014 e prefere deixá-lo de “pijamas”, como reserva a ser
acionado sempre que preciso.
A nota
denuncia que “As forças conservadoras revelam-se dispostas a qualquer aventura.
Não hesitam em recorrer a práticas golpistas, à calúnia e à difamação, à
denúncia sem prova. O gesto é fruto do desespero diante das derrotas
seguidamente infligidas a eles pelo eleitorado brasileiro. Impotentes, tentam
fazer política à margem do processo eleitoral, base e fundamento da democracia
representativa, que não hesitam em golpear sempre que seus interesses são
contrariados”. O tom alarmista da declaração não é só uma manobra de fachada da
frente popular contra o já surrado “golpe da direita”. Reflete um alerta diante
da conduta dos setores mais reacionários da burguesia que desejam manter a
oposição de direita demo-tucana viva, degastando sempre que possível Lula. Não
por acaso, esse mesmo espectro político tenta desesperadamente “eleger” Serra
prefeito de São Paulo ou pelo menos levá-lo ao segundo turno na capital
paulista, já que o tucano é um homem ofensivo no ataque ao lulismo e mantém
boas relações com Dilma. Ao mesmo tempo, nesse processo de reorganização de
forças, está claro que o imperialismo estrategicamente aposta em Marina Silva como
sua escolha futura para o Brasil como uma “alternativa” no arco da
centro-esquerda burguesa diante do desgaste do PT.
Ao afirmar
que “Os partidos da oposição tentam apenas confundir a opinião pública. Quando
pressionam a mais alta Corte do país, o STF, estão preocupados em fazer da ação
penal 470 um julgamento político, para golpear a democracia e reverter as
conquistas que marcaram a gestão do presidente Lula” está claro que a nota foi uma
iniciativa própria da direção nacional do PT, que nos últimos dias pressionou
Dilma, principalmente em virtude de sua conduta dúbia durante o julgamento do
chamado “mensalão”, a entrar de cabeça em campanha por Haddad e a defender
publicamente Lula. Dilma o fez protocolarmente, já que o tucanato exagerou na
dose no ataque ao ex-presidente, porém esses desdobramentos possibilitaram que
a direção nacional do PT centralizasse a base aliada do governo da frente
popular no apoio a Lula e fosse para a ofensiva política além dos limites que
gostaria o Planalto.
Essas
escaramuças burguesas não estão voltadas “apenas”, como alega a nota, a
defender um “Brasil que entrou na rota do desenvolvimento com distribuição de
renda, incorporando à cidadania milhões de brasileiros marginalizados, e buscou
inserção soberana na cena global, após anos de submissão a interesses
externos”. Na verdade, os partidos burgueses aliados de hoje são os mesmos que
durante a gestão do tucanato estiveram na vanguarda das privatizações,
submissão ao imperialismo e ataques a direitos dos trabalhadores. O melhor
exemplo disso é o PMDB. Acontece que a frente popular é hoje o eixo de poder da
burguesia e para manter assegurada sua política de “paz social” precisa
preservar Lula. Os trabalhadores devem entender que os mesmos interesses
políticos e sociais que desestabilizaram Getúlio Vargas, levando-o ao suicídio e
perpetraram o golpe militar contra Jango em 1964, hoje estão integralmente
representados no governo petista, assim como estiveram na gestão do tucanato,
não é o contrário como tenta vender espertamente a nota petista. O fantasma do
“golpismo” utilizado como “espantalho” pela direção do PT é mais uma chantagem
para prender a vanguarda dentro do velho esquema da “direita versus esquerda”,
sempre muito útil em época de circo eleitoral, mas que em nada reflete
interesses de classes distintos, já que todo esse espectro político, do PT ao
PSDB, representam a burguesia de conjunto em suas diversas variantes. Não cabe
aos trabalhadores defender Lula, seu “legado” e muito menos os “mensaleiros” do
PT em sua guerra de quadrilha interburguesa que agora tem como palco o STF e
seus bandidos de toga, mas sim buscar construir uma alternativa política a
frente popular e ao tucanato, o que nada tem haver prestar qualquer apoio a
“oposição de esquerda” (PSOL, PSTU e PCB), mergulhada até último fio de cabelo
no eleitoralismo mais vulgar.