Assim como na Líbia e Síria a família revisionista se junta a extrema direita argentina para torcer pelo “derrumbe” de Cristina
Na semana passada as principais cidades argentinas e centralmente Buenos Aires foram palco de “massivos” protestos contra o governo de Cristina Kirchner. Organizados pela extrema direita “sojera” em aliança com a reação portenha, estas “mobilizações”, denominadas de “cacerolazos” tiveram como eixo o descontentamento da alta classe média com as recentes iniciativas da presidenta Cristina, a qual com cartazes e faixas consideraram uma “Égua comunista”. Não são propriamente uma novidade as manifestações “callejeras” da direita contra o governo dos “K”, ainda mais neste momento em que Cristina enfrenta uma verdadeira guerra dos barões da mídia no curso de medidas como a estatização da YPF e de um maior controle institucional dos meios de comunicação. Incomodada com a possibilidade de uma mudança na legislação eleitoral que permita um quarto mandato para os “K”, a reação argentina resolveu “atirar” primeiro, lançando uma vasta campanha em que identifica Cristina com os rumos “autoritários” do governo de Hugo Chávez na vizinha Venezuela. Mas a “surpresa” política desta vez ficou por conta da família da “esquerda” revisionista (PO, PTS, MST e afins) que saudou entusiasticamente a iniciativa dos novos “companheiros” da direita, como Macri e De Narvaez. Esta “esquerda” revisionista, postando-se até mesmo à direita de um governo burguês “neoliberal” como os do “K”, perdeu completamente a noção política do trotsquismo e também qualquer conteúdo de classe, repetindo a mesma “santa” aliança imperialista realizada na Líbia e na Síria contra governos nacionalistas burgueses.
Após uma folgada reeleição em 2011, o governo “K”, que reclama ser “nacional e popular”, impulsionou uma pauta “populista” que vem desagradando interesses de setores das classes dominantes rurais e seus congêneres urbanos. O controle do câmbio e uma proposta de revisão constitucional em curso, que permitiria inclusive o voto opcional aos dezesseis anos, parece ter atiçado a ira da direitona “sojera” e de seus comparsas políticos da burocracia sindical. Somado a este elemento está em pleno ápice uma crise de comando no próprio campo “Justicialista”, de olho nas próximas eleições legislativas de 2013, onde se renova um terço do Congresso Nacional. No terreno econômico, há uma certa estagnação das exportações argentinas, em função da crise internacional, acrescida da forte concorrência dos produtos brasileiros no mercado externo, como por exemplo a carne bovina. Neste cenário de relativa estagnação, onde o movimento operário não foi capaz de produzir politicamente uma alternativa revolucionária de poder, a direita “levanta a cabeça” e com o apoio da mídia “murdochiana” (o periódico Clarin cumpre a função de um verdadeiro partido fascista) se lança em uma cruzada reacionária pelas supostas “liberdades”, contando desgraçadamente com o suporte político de uma esquerda revisionista absolutamente degenerada e corrompida ideologicamente.
Não se pode acusar a canalha revisionista de desconhecimento da composição política dos “cacerolazos”, são estes senhores mesmos que nos relatam o “universo” dos protestos anti-“K”. Segundo o Partido Obrero, PO: “simplemente está señalando que la protesta contra el régimen actual se manifiesta en todas las clases sociales - incluso las menos necesitadas.” ( Jorge Altamira). Já para o outro agrupamento morenista, Convergência Socialista (integrante da FIT), ainda mais descarado, não há porque omitir a presença das personalidades da direita nos protestos: “Es cierto que se notaba la presencia de activistas de derecha y de varios de sus representantes más notorios – como Macri, De Narvaez o Binner” (Notícias Socialistas). Segundo a caracterização do “patriarca” revisionista MST, que agora integra o “projeto Sur” do nacionalista Solanas, os protestos “sojeros” foram um marco na conjuntura do país: “Las masivas movilizaciones del jueves 13/9 en Plaza de Mayo y muchos de los principales centros urbanos del país, significaron una importante demostración de sectores medios de la población que han expresado un profundo y justo descontento con el gobierno”. Como se pode aferir, a empolgação desta “esquerda” com a velha e tradicional direita antiperonista só não é maior do que quando vibraram com os covardes bombardeios da OTAN sobre o “ditador Kadaffi”.
Os Marxistas leninistas não nutrimos a menor simpatia política pelo governo burguês da senhora Cristina, ainda mais no momento em que este comprime os salários da classe trabalhadora através de um pacote de novos impostos, mas jamais nos uniremos à escória direitista como Macri, De Narvaez ou o grupo Clarin para “derrubar os K”, com métodos típicos do fascismo clerical, em sua cruzada contra o “comunismo e por liberdade”. O proletariado argentino está convocado a cerrar fileiras contra a política do embuste peronista da colaboração de classes, mas sem nunca abdicar de sua completa independência de classe. Não serão estes incuráveis catastrofistas (dos quais o PO e a LIT são os campeões), que sonham alucinadamente com a “chegada da crise” para poder aspirar um lugarzinho no parlamento burguês, que poderão apresentar uma perspectiva revolucionária para a classe operária. A tarefa de construção de um genuíno partido operário (favor não confundir com a fraude política Altamirista) se coloca na ordem do dia, diante da tentativa de ascenso da direita latino americana, apoiada na atual ofensiva imperialista sobre os povos.