Dilma e Alckmin dois padrinhos que “torcem” pela derrota de seus afilhados políticos
O quadro eleitoral da disputa paulistana (a mais importante do país) vai se definindo e nesta medida confirmando plenamente os prognósticos originais feitos pela LBI, quando a conjuntura política ainda se apresentava turva para os “cérebros” obtusos e comprometidos com o reformismo de vários matizes. A inusitada disparada nas pesquisas da candidatura de Celso Russomano pelo PRB, um notório carreirista ex-pupilo de Paulo Maluf, vem surpreendendo a muitos, não a nós. Filiado ao partido da Igreja Universal no ano passado, teve sua candidatura a prefeitura de São Paulo muito bem costurada pelo então “bispo” senador Marcelo Crivella, hoje ministro do governo Dilma. Na ocasião da posse de Crivella na pasta da Pesca, afirmou que teria uma missão específica na capital paulista, que por sinal não é banhada por nenhum oceano. Russomano vem recebendo o apoio político diretamente do Palácio do Planalto, enquanto a candidatura de Haddad está escorada exclusivamente na figura de Lula e na própria estrutura do PT paulista. A musculatura política até aqui apresentada pelo “outsider” Russomano é produto direto dos canais que o governo Dilma vem abrindo para o PRB, possibilitando a visualização de um segundo turno em São Paulo entre os dois partidos da base aliada. A questão ainda a definir é se o debutante Haddad conseguirá ultrapassar Serra, tendo o peso estatal do próprio governo “petista” de Dilma impulsionando outro “barco de pesca”.
A arapuca do ninho tucano foi meticulosamente armada para pegar Serra e parece que o veterano caiu feito um “patinho”. Primeiro o Planalto desmontou a aliança do PT com o PSD, costurada pessoalmente por Lula. Animado com o apoio do prefeito Kassab, considerado perdido depois que o PSD ingressou na base governista, e tendo a promessa do governador Alckmin de retirar as candidaturas internas alimentadas pelo PSDB “Aecista”, Serra decide aceitar a difícil empreitada e arriscar todo seu futuro político na aventura paulistana. Não é demais lembrar que em 2008, quando era governador, Serra sabotou a candidatura do companheiro de partido Alckmin (sem mandato na ocasião) a prefeitura de São Paulo, para gerar politicamente a criatura do fascistinha Kassab. Agora chegou a vez do “troco” e a entourage do Bandeirantes não demonstra o menor empenho em conduzir o fracassado Serra a uma vitória eleitoral, que poderia representar uma ameaça ao atual staff estabelecido do PSDB.
Mas se a luta fracional no interior do PSDB é “escancarada” e sem dissimulações, no campo partidário do PT o cenário é bem distinto. O governo Dilma conta com vasto apoio social, e tenta construir uma liderança em torno do seu nome, desvinculando-se da figura do “poste” implantado por Lula. Apesar das previsões catastrofistas que unem desde a “esquerda revisionista” até a “direita golpista” a economia brasileira vem reagindo satisfatoriamente, do ângulo da burguesia nacional, à crise financeira europeia. Como exemplo do desempenho da economia podemos observar o recorde mundial brasileiro na venda de veículos novos, nos últimos três meses, perdendo somente para a China no mercado internacional automotivo. Mesmo com uma projeção de crescimento mediano do PIB para 2012, o Brasil vem sedimentando ramos importantes da economia o que permite a manutenção dos mesmos níveis de emprego alcançados no “boom” de 2010. Em uma conjuntura política favorável, Dilma projeta sua reeleição por sobre a sombra de Lula, abalado com um câncer não debelado. Neste universo nada melhor para as aspirações de sua reeleição do que “bombardear” as candidaturas petistas mais identificadas com o grupo de Lula e José Dirceu, formando uma base de apoio mais ampla e com novos partidos burgueses mais frágeis.
Estas eleições são um elemento político absolutamente nulo para os interesses estratégicos da classe operária. A fissura aberta no seio das classes dominantes, em função das disputas eleitorais e pelo controle do botim estatal, não podem ser aproveitadas pelas alternativas postas por uma esquerda revisionista, adaptada e palatável ao regime da democracia dos ricos. Como não há como intervir no plano institucional neste cenário de farsa eleitoral, os marxistas leninistas impulsionam o boicote eleitoral ativo, publicitando a necessidade da construção de uma alternativa de poder revolucionário dos trabalhadores.